PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Opinião: PARTILHAS…

I. Todos nós sabemos como as coisas funcionam em Portugal, que há um princípio de entendimento entre PS e PSD – o chamado “centrão” protagonizado pelo bloco central – que passa pela tácita aceitação de um princípio de distribuição mais ou menos equitativa de lugares e de tachos em empresas públicas e/ou instituições tuteladas pelo Estado por pessoas ligadas aos dois partidos. Com o actual governo socialista esse entendimento não tem sido mais evidente como no passado, o que explica certas críticas social-democratas. Dou-vos dois exemplos: o actual Presidente da Bolsa de Lisboa foi ministro da economia de um anterior governo do PSD, mas foram os social-democratas quando no poder, que nomearam Vítor Constâncio para a liderança do Banco de Portugal ou Almerindo Marques para a RTP.
Recordo-me ainda de uma situação, noticiada há uns anos e que em certa medida “institucionalizou” esta ideia da partilha de lugares e de postos – chave entre os dois maiores partidos, de que Almeida Santos (PS) e Ângelo Correia (PSD) terão feito uma total redistribuição de pessoas por diversas funções e cargos de nomeação política, sem que ninguém na altura se tivesse incomodado muito com uma notícia nunca desmentida. A verdade é que, desde então, esse entendimento mantém-se, opção que acaba por ajudar o partidos no poder (e o respectivo governo) na medida em que evita a acusação de uma apropriação política do aparelho e da estrutura empresarial do Estado por parte de quem assume a responsabilidade política pela governação, originando muitas vezes, e por fica da legislação vigente, rescisões de contratos que acarretam para o Estrado o pagamento der elevadas somas a título de indemnizações compensatórias, sendo hoje voz corrente que é mais barato manter os nomeados até final do respectivo mandato (regra geral de 3 anos) do que efectuar mudanças antes de tempo.
Mas para tudo há limites. A polémica em torno de todas estas encenações no BCP, as quais têm mais a ver com os interesses de investidores e com a salvaguarda do lucro por parte dos accionistas, do que com a preservação dos interesses dos desgraçados dos seus clientes (e que a tempo vão pagar os custos de todas as anormalidades, negociatas e suspeições a merecerem uma adequada investigação criminal com vista ao cabal esclarecimento do que se passou e salvaguarda da imagem da instituição em questão), a que se juntam uma luta de galos pelo poleiro e uma atitude de vingança pela não intenção de financiamentos para determinados negócios que não se concretizaram, acabaram por misturar o que antes nunca se misturou, pelo menos de uma forma tão descarada, os negócios privados com os negócios do Estado.
As transferências de dois gestores da Caixa Geral de Depósitos, claramente conotados com o PS (um deles, Armando Vara, antigo ministro e amigo pessoal de Sócrates), para o BCP, acabaram por lançar uma indesmentível suspeição de partidarização de negociatas que vão muito para além do que se pensava ser possível. Neste contexto, provavelmente por causa dos antecedentes, o PSD pela voz de Filipe Meneses, acabou, lamentavelmente, por meter o pé na poça, ao deixar-se ser levado por comportamentos pouco dignificantes, reclamando uma partilha de lugares e poder (leia-se de gestores encarados não pela sua competência mas pela cor política!) entre instituições privadas (BCP) e instituições públicas (CGD), numa promiscuidade inédita, a que não faltou o envolvimento da liderança do Banco de Portugal. Tratou-se, de facto, de um discurso absurdo e despropositado, porque coloca o PSD ao mesmo nível do PS e, portanto, sem moral para criticar o que deveria merecer a repulsa dos cidadãos quando lhes for dada oportunidade para tal.

II. Eu acredito que os portugueses já perceberam que estão a tentar arranjar uma tramóia para não promoverem a realização em Portugal de um referendo do novo Tratado Reformador. Mas em, 2009, quando for para eleger deputados, ou seja, quando se tratar de distribuir tachos no parlamento Europeu com o voto dos cidadãos, não tenham dúvida que terão à porta partidos e políticos em procissão de caça ao voto, com grande alarido e a vender uma ideia de Europa que pelos vistos alguns defendem que deve ser imposta por políticos oportunistas e iluminados que não hesitam em enganar a pessoas, fazendo exactamente o contrário do que prometeram em programas eleitorais. A esta banda de opositores ao referendo juntou-se agora Mário Soares que segundo li ontem na imprensa “defende que o Tratado de Lisboa deve ser ratificado pela Assembleia da República, sem o recurso ao referendo prometido no programa eleitoral socialista de 2005 e por outras forças políticas, à esquerda (PCP e BE) e à direita (CDS)”. O que é facto, lembra o jornal, é que Soares “nem sempre pensou assim, pois há 15 anos, quando era Presidente da República, foi um acérrimo defensor do referendo europeu, utilizando argumentos similares aos que hoje são invocados pelos que advogam uma consulta popular. E chegou mesmo a criticar Cavaco Silva, então primeiro-ministro, por não convocar o referendo em 1992, a propósito do Tratado de Maastricht, que abriu o caminho à união monetária”. Lamento esta tramóia, esta patifaria se quiserem. Sou um europeísta por convicção, não acredito que Portugal (e a Madeira) fora da Europa tivesse qualquer possibilidade de se desenvolver, assumo que tenho reservas perante uma certa noção de federalismo fundamentalista que Bruxelas pretende impor, mas votaria sempre a favor do Tratado, respeitando a vontade soberana do povo, o mesmo povo que parece ser “burro” para votar agora mas que passa a ser o “maior” quando se trata de eleger deputados e que mantém a abstenção nas europeias a níveis vergonhosos.

Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 01 de Janeiro de 2008)

domingo, 30 de dezembro de 2007

Soares rejeita referendo que defendeu em 1992...

Num texto do jornalista Pedro Correia, o DN de Lisboa noticiou recentemente que "Mário Soares defende hoje que o Tratado de Lisboa deve ser ratificado pela Assembleia da República, sem o recurso ao referendo prometido no programa eleitoral socialista de 2005 e por outras forças políticas, à esquerda (PCP e BE) e à direita (CDS). Mas o fundador do PS nem sempre pensou assim. Há 15 anos, quando era Presidente da República, Soares foi um acérrimo defensor do referendo europeu, utilizando argumentos similares aos que hoje são invocados pelos que advogam uma consulta popular. E chegou mesmo a criticar Cavaco Silva, então primeiro-ministro, por não convocar o referendo em 1992, a propósito do Tratado de Maastricht, que abriu o caminho à união monetária. "Mostrei-me favorável a uma consulta popular acerca de Maastricht por saber que, no futuro, iriam ocorrer perturbações que conduziriam provavelmente a que os portugueses se interrogassem: 'Se tivéssemos seguido outro caminho, as coisas teriam sido diferentes e melhores?!' Da interrogação a culpar o Governo e os partidos vai um breve passo. Assim, a consulta - de cujo resultado positivo nunca duvidei - seria uma válvula de segurança para o futuro. Mas pensou-se no imediato e não a longo prazo, no futuro", declarou Soares no último volume do extenso livro-entrevista de Maria João Avillez, dedicado à década em que foi Presidente".

Universidade da Flórida: aluno dominado com arma Taser

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Nem imaginem a polémica que esta cena da política e dos seguranças viria a causar na opinião pública da Flórida...

Futebol: Plano Platini sacrifica Portugal?

"Após seis meses de duras negociações, Michel Platini deu por encerrada a prometida democratização da Liga dos Campeões, a sua bandeira eleitoral na corrida ao cadeirão da UEFA, sem beliscar os «big five», a sigla que denomina os países-sede das cinco mais ricas e poderosas Ligas europeias. Para alargar de nove para 12 o número de países cujos campeões nacionais garantem acesso directo à prova milionária, o reformador Platini acabou por despromover o segundo mundo do futebol, onde deambulam, além de Portugal, países como a Grécia, Holanda ou Escócia. “A ideia peregrina de que Platini iria tirar aos ricos para dar aos descamisados ficou na gaveta, como já era de prever”, afirma Emanuel Medeiros, líder da Associação das Ligas Europeias e acérrimo defensor do figurino actualmente em vigor, contra o gizado para o triénio 2009/12. Apesar de considerar o novo modelo “um mal menor” para países como Portugal, face ao projecto original que contemplava a entrada directa dos vencedores das Taças nacionais, Medeiros teme, mesmo assim, que a perda de lugares na Liga dos Campeões dos países da “classe média venha cavar ainda mais o fosso” entre as potências futebolísticas, como Manchester, Milan ou Real Madrid, e clubes da dimensão dos três grandes portugueses. Esta opinião é partilhada por Hermínio Loureiro, que lamenta que Platini tenha reformado a mais prestigiada competição europeia à custa dos “remediados e não dos ricos”, que mantêm três vagas fixas na prova que rendeu ao campeão europeu, Milan, €40 milhões só em prémios. “O impacto para Portugal é claramente negativo, o que nos coloca na encruzilhada de ter de continuar a trabalhar para não perder competitividade”, refere o presidente da Liga de Clubes". Leia no Expresso, um texto da jornalista Isabel Paulo, aqui.

Na Internet, as pessoas desistem da privacidade em nome da conveniência

"Tem escrito e falado muito sobre a terceira era da Internet e da Web, que se chamará World Wide Computer. Isso significa que os computadores pessoais deixarão de existir? Significa que os PC se estão a tornar muito menos importantes. Não significa que deixarão de existir, pelo menos nos próximos tempos, mas os computadores pessoais são actualmente muito mais utilizados como terminais. Os dados e o software importante não estão no disco rígido, mas na Internet. É como as pessoas estão a usar os seus PC, os smartphones e as consolas de jogos... Cada vez mais, são terminais que abrem a Internet ao utilizador. O que é importante é o que está a acontecer na Internet, ou como lhe chamo, no World Wide Computer. O Facebook lançou um novo sistema de publicidade que levantou muitas questões sobre privacidade. Considera que haverá um limite à forma como estas redes sociais e empresas como a Google controlam as nossas vidas? Acho que não. Estamos a ver um grande protesto contra o Facebook e o seu sistema de "picking", que segue as pessoas fora do Facebook e informa sobre o que estão a comprar, e as pessoas dizem que não querem isso. Mas penso que as pessoas estão dispostas a abdicar da sua privacidade em nome de mais conveniência ou de um preço mais baixo. Por isso, acredito que pode haver alguma resistência, como no Facebook, mas ao longo do tempo, as pessoas irão permitir cada vez mais que as empresas sigam o rasto a basicamente tudo o que fazem online". Leia um artigo de Inês Sequeira no "Publico".

Bloggers japoneses, os bons gigantes da Web

"Em comparação com o mundo anglo-saxónico, os japoneses são loucos por blogues. Escrevem blogues a taxas per capita sem comparação a nível mundial. Embora os falantes de inglês sejam cinco vezes mais que os de japonês, há ligeiramente mais entradas em blogues escritas em japonês que em inglês, segundo o Technorati, um motor de busca para a blogosfera. De acordo com algumas estimativas, até 40 por cento dos artigos em blogues japoneses são escritos em telemóveis, frequentemente por passageiros da rede mais extensa de metropolitano e comboios urbanos do mundo. O blogue no Japão é, contudo, um animal muito mais manso que nos Estados Unidos ou no resto do mundo anglo-saxónico. A cultura conformista do Japão acolheu uma tecnologia que os americanos frequentemente usam para uma autopromoção berrante, e reconverteu-a num meio tranquilo e de consensos.
Fugir à controvérsia
Os bloggers nipónicos fogem à política e à linguagem contundente. Raramente se gabam da sua sabedoria. Enquanto os americanos fazem blogues para se destacarem, os japoneses fazem-nos para se integrarem. São blogues sobre coisas da vida quotidiana: gatos e flores, bicicletas e pequenos-almoços, gadgets e estrelas da TV. Os seus blogues têm artigos mais pequenos que os dos blogues ocidentais, são normalmente anónimos, e actualizados muito mais regularmente. "O comportamento é mais importante que a tecnologia", disse Joichi Ito, administrador do Technorati e especialista em comportamentos globais na Internet. "No Japão, não é socialmente aceitável procurar a fama." O Technorati apurou que, de todos os artigos em blogues no último trimestre de 2006, 37 por cento eram escritos em japonês, 36 por cento em inglês, e oito por cento em chinês. Isto não é uma aberração.Nos últimos três anos, o japonês tem estado empatado ou ligeiramente à frente do inglês como língua dominante da blogosfera. Ora, há 130 milhões falantes de japonês; o inglês tem 1100 milhões". Leia um artigo de Blaine Harden, publicado no "Publico"

Japoneses sem reformas e sem mulheres

"Os assalariados das empresas - os guerreiros de fatos escuros que trabalham longas horas, passam horas bebericando com clientes, cantam Karaoke e chegam demasiado tarde a casa onde os esperam esposas sofredoras - estão em perigo. Estão a ser ameaçados pelo divórcio. Uma mudança na legislação japonesa vai permitir que as esposas que pedem o divórcio obtenham metade da reforma dos maridos. A nova lei só entrará em vigor em Abril, mas já levou a que a percentagem de pedidos de divórcio aumentasse em 6,1 por cento. E, dizem os conselheiros de matrimónio, o número vai aumentar. Porque as esposas - cansadas de décadas de negligência - estão a usar calculadoras para saberem qual é a sua quota nas pensões dos maridos. Conscientes de que estão em apuros, 18 homens, a maior parte deles à beira da reforma, juntaram-se num restaurante para beber uma cerveja, comerem porco cozido e falarem do casamento. A noite começou com um brinde. Os maridos lembraram a eles próprios os princípios da sua organização - que dá pelo nome de Associação Nacional dos Maridos Chauvinistas - e, depois, encheram-se de cerveja. "O facto de uma mulher poder agora ganhar metade da reforma do marido levou os homens a pensar nos seus frágeis casamentos". diz Shuichi Amano, de 55, fundador da associação e "publisher" de uma revista. A palavra chauvinista no nome do grupo não se refere a homens mandões. Refere-se à palavra origem da palavra japonesa que, actualmente, é traduzida como chauvinismo: kanpaku, um dos homens de maior confiança do imperador". Leia um artigo de Blaine Harden, publicado no "Publico".

Cientistas deitam por terra alguns mitos muito populares

"Beber oito copos de água diários pode não ser tão saudável como se pensa, a crença popular de que apenas utilizamos 10 por cento da nossa capacidade cerebral é infundada e a barba não cresce mais forte quando é feita à máquina Estes são alguns dos mitos que caíram por terra depois das investigações de um grupo de cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Indiana, segundo um comunicado divulgado pelo centro académico. «Entusiasmamo-nos com isto porque sabíamos que os médicos aceitam estas ideias e transmitem essa informação aos seus pacientes e estas crenças são citadas frequentemente nesses meios» , sublinhou Aaron Carroll, um dos co-autores do estudo, publicado no último número do British Medical Journal. Carroll e a sua equipa começaram a analisar a ideia de que beber oito copos de água por dia é bom, uma recomendação que remonta a 1945: «Quando examinamos essa crença, vemos que não existem provas médicas que sugiram que uma pessoa necessita de tanta água», afirmou em comunicado emitido pela Universidade de Indiana, Rachel Vreeman, participante no projecto". Leia no "Sol" online, aqui.

Planeta sofreu mais cem catástrofes naturais este ano do que em 2006

"O planeta sofreu em 2007 mais cem catástrofes naturais do que no ano passado, passando das 850 para as 950, segundo dados do relatório anual da resseguradora alemã Munich Re. A evolução deve-se, em parte, ao sobre-aquecimento global.Este número é o mais elevado alguma vez avançado pela Munich Re desde 1974, ano em que começou a reunir a base de dados sobre catástrofes naturais.Além de mais numerosas, estas catástrofes custaram mais caro em relação a 2006. O seu custo total eleva-se a 75 mil milhões de dólares (51,9 mil milhões de euros), contra os 50 mil milhões (34,6 mil milhões de euros) do ano passado. As seguradoras tiveram de desembolsar mais, porque os prejuízos que cobriram atingiram os 30 mil milhões de dólares (20 mil milhões de euros), duas vezes mais do que em 2006.Um sismo no Japão, em Julho, causou os maiores prejuízos, orçados em 12,5 mil milhões de dólares (8,6 mil milhões de euros)". Leia no Público, aqui.

Avô de Paris Hilton doa 97% da sua fortuna

Segundo o "Sol" online, "a futura herança da socialite Paris Hilton ficou drasticamente reduzida quando o seu avô, Barron Hilton, anunciou a vontade de doar 97% da fortuna familiar a instituições de caridade A família Hilton conta com um património avaliado em 2,3 bilhões de dólares, já com a venda da rede hoteleira Hilton e a possível venda da maior empresa mundial de casinos, a Harrah Entertainment. O dinheiro será colocado num fundo a ser utilizado no futuro pela Fundação Conrad N.Hilton. Paris Hilton ainda não se manifestou sobre a perda da herança. Jerry Oppenheimer, responsável por um perfil da família em 2006, disse que Barron, de 80 anos, fica constrangido com o comportamento da neta, a quem supostamente acusa de ter manchado o nome dos Hiltons. A fundação que preside apoia projectos que fornecem água potável na África, educação para crianças cegas e habitações para doentes mentais".

Circulação dos diários pagos continua em queda

Segundo o "Publico", num texto da jonalista Joana Amaral Cardoso, "os jornais gratuitos, as newsmagazines e os diários de economia são sectores em crescimento na imprensa portuguesa, segundo mostram os dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), relativos aos primeiros nove meses deste ano. Nos diários generalistas, o PÚBLICO continua a ser o terceiro mais vendido, com o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias a ocuparem a primeira e a segunda posição, respectivamente. Mas a circulação dos diários pagos, no seu conjunto, está em queda.A distribuição de jornais gratuitos quase duplicou em relação a 2006. Ao Metro (distribuição de 180 mil exemplares) e Destak (173 mil) juntaram-se este ano o Global (151 mil), o Meia Hora (84.675 mil) e o Oje (22 mil), perfazendo uma circulação total de 611.213 exemplares, um crescimento de 82 por cento no segmento. O balanço da APCT divulgado ontem não contempla ainda o gratuito do PÚBLICO e do jornal A Bola, Sexta.A luta entre as revistas semanais continua a ser ganha pela Visão, cuja circulação paga média entre Janeiro e Setembro foi de 102.673 exemplares, um crescimento de 9,4 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. A Sábado teve, no entanto, o maior crescimento relativo, de 18,5 por cento para vendas médias de 66 mil exemplares. O segmento cresceu 11,7 por cento em relação ao período homólogo de 2006".

Sexo em autocarro escolar está a escandalizar Argentina

Segundo o semanário "Sol", seis professoras de um povoado argentino costumavam ter relações sexuais dentro de um autocarro escolar, com o motorista, "que as fotografava com o telemóvel. A noiva do homem descobriu as imagens e difundiu-as no seu blogue.Uma história no mínimo bizarra está a escandalizar a Argentina. Todos os dias na localidade rural com o sugestivo nome de Sítio do Desejo, o condutor do autocarro da escola local passava por Saladas, o povoado mais próximo, para recolher seis professoras. A distância até ao estabelecimento de ensino não ultrapassava os 15km, mas as mestras chegavam habitualmente atrasadas. O que ninguém desconfiava é que, no percurso de casa para o trabalho, as mulheres (quase todas casadas e com filhos) entretinham-se em orgias sexuais com o condutor, deixando-se fotografar. Uma noiva ciumenta veio estragar a festa. As cenas escaldantes no autocarro e as caras dos protagonistas - o motorista, protótipo de 'macho latino', de 35 anos, e as professoras, com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos - acabaram por circular na web. Graças à noiva do condutor que, vasculhando a sua caixa de correio electrónico, encontrou as fotografias das orgias. Despeitada, vingou-se do noivo, difundindo-as na Internet.
Poder da web
As chamadas 'orgias das mestras' - um prato apetecível para a comunicação social na falta de escândalos políticos - são uns dos assuntos mais comentados esta quinta-feira pelos órgãos de comunicação social argentinos. Também os jornais espanhóis estão a divulgar o caso. Consta que o filho de uma das professoras, um rapaz de 18 anos, deu entrada no hospital de Saladas, vítima de um ataque de nervos, depois de ter descoberto alguns amigos a observarem as fotografias da sua mãe a praticar sexo com o motorista
". Leia também aqui e aqui.

Vídeo "Obama Girl" dos mais visitados

Num texto da jornalista Catarina Vasquez Rito do DN de Lisboa foi noticiado que "o YouTube fez o balanço do ano e decidiu divulgar a lista dos vídeos mais visitados em 2007. O portal de vídeos online divulgou a lista dos mais vistos e mais valorizados (com mais ou menos estrelas). O grande vencedor do ano que está agora está a terminar foi o vídeo Obama Girl, protagonizado por uma jovem cantora que apela ao voto em Barack Obama, o candidato dos democratas norte-americanos às eleições presidenciais de Novembro de 2008.Neste vídeo, a intérprete aparece a cantar com roupas quase sempre reduzidas, com o seu cabelo preto e longo, a beijar várias fotos do candidato em vários ambientes diferentes - dentro do metro, onde interage com outros transeuntes na rua, num escritório, entre outros espaços. Este vídeo, onde a jovem "sedutora" declara o seu amor pelo candidato norte-americano, foi visto mais de quatro milhões de vezes, tendo já sido notícia em vários programas e talk shows na televisão, segundo o jornal El País.Mas este não é o único eleito a partilhar o top dos vídeos mais visitados, onde também consta o de Chris Crocker, um fã de Britney Spears, que defende que todos os problemas da cantora têm origem nos meios de comunicação e nos paparazzi. O terceiro mais visitado é um vídeo amador, da autoria de Jason Schlosberg, que mostra uma manada de búfalos de água a serem atacados por leões e um crocodilo, durante um safari no Parque Nacional Kruger, na África do Sul".

O golo de Lionel Messi contra o Getafe


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Porque não te calas?

Pivô rasga notícia sobre Paris Hilton em directo

Plano de Desenvolvimento Rural para a Região Autónoma da Madeira

Perfil da Região:
- A Madeira é uma região ultraperiférica, na acepção do n.º 2 do artigo 299.º do Tratado CE, com uma taxa de co-financiamento de 85% do FEADER para os quatro eixos do PDR (Plano de Desenvolvimento Rural).
- Encontra-se em fase de integração progressiva (phasing in) relativamente ao objectivo «Competitividade Regional e Emprego».
- Constitui um arquipélago de quatro ilhas, com uma população total de 245.197 habitantes. População activa: 124.560 trabalhadores.
- A área total é de 828 km² e a densidade populacional de 304,7 habitantes/km² (residentes nas duas ilhas habitadas – Madeira e Porto Santo).
- As zonas rurais cobrem 81,4% do território e albergam 34,43% da população.
- Todo o território está classificado como zona desfavorecida (zona afectada por desvantagens específicas).
- A superfície agrícola utilizada (SAU) representa 4.458 hectares.
- 25% do território é abrangido pela rede Natura 2000. Não há actividade agrícola nas zonas Natura 2000. As zonas Natura 2000 designadas localizam-se essencialmente em zona florestal.
- A agricultura representa 5% da utilização do solo, contra 66% para a silvicultura.
- Há 11.589 explorações, com uma dimensão média individual de 0,38 ha.
- O PIB por habitante corresponde a 82,19% da média da UE-25.
- O sector agro-florestal contribui para 0,97% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) e para 9,9% do emprego.
- A taxa de desemprego em 2006 era de 5,8%, inferior à de Portugal Continental e à média da UE-25.
- Uma parte considerável da população activa no sector agrícola completou apenas o ensino básico, e o analfabetismo é ainda significativo neste grupo populacional.
- A agricultura mista é a actividade com maior impacto no rendimento agrícola regional, para o qual contribui com 59%. A agricultura especializada representa 38% do rendimento e, nesta subcategoria, a horticultura tem o maior impacto, com 21% do rendimento total.
Estratégia adoptada de acordo com o perfil:
O objectivo geral é «promover a sustentabilidade e a qualidade na agricultura».
Definiram-se três objectivos estratégicos:
- aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal
- beneficiação do ambiente e da paisagem rural mediante a gestão das zonas rurais
- promoção da qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação económica.
Objectivo geral do programa
Em coadunação com as orientações estratégicas, o PDR visa aumentar a competitividade regional melhorando as estruturas de produção, transformação e comercialização, bem como promover a protecção ambiental, a segurança alimentar e a qualidade de vida das populações rurais.
Dotação orçamental para o eixo 1 e principais prioridades:
FEADER: 99 802 016 € (57,03% do total do programa).
Financiamento público total: 117 414 136 €
Principais prioridades deste eixo:
- beneficiação e criação de infra-estruturas
- modernização de explorações agrícolas
- aumento do valor dos produtos agrícolas e florestais.
Dotação orçamental para o eixo 2 e principais prioridades:
FEADER: 52 425 758 € (29,96% do total do programa).
Financiamento público total: 61 677 362 €
Principais prioridades deste eixo:
- apoio à manutenção de actividades em zonas desfavorecidas
- pagamentos agro-ambientais
- florestação de terras agrícolas.
Dotação orçamental para o eixo 3 e principais prioridades:
FEADER: 1 275 000 € (0,73% do total do programa; medidas aplicadas principalmente através do eixo 4).
Financiamento público total: 1 500 000 €
Principais prioridades deste eixo:
- diversificação económica
- conservação e valorização do património rural.
Dotação orçamental LEADER e principais prioridades:
FEADER: 18 412 125 € (10,52% do programa).
Financiamento público total: 21 661 324 €
Inclui apoio a uma selecção de estratégias integradas, de acordo com os princípios LEADER. A medida contribuirá para a realização dos objectivos do eixo 3. A prioridade principal é Qualidade de Vida/Diversificação. Prevê-se cooperação interterritorial e transnacional.

Opinião: REFLEXÃO (I)

No início de um novo ano, e correndo o risco de repetir exactamente a mesma lenga-lenga dos anos anteriores, acabando tudo por ficar na mesma, depois de cumpridos os 365 dias que temos pela frente, optei por recordar alguns dos 25 principais destaques do Relatório de Desenvolvimento Humano 2006, recentemente divulgado pelas Nações Unidas, documento que pretende constituir, mais do que uma denúncia para situações que todos conhecemos, um alerta para o impacto negativo que resulta de muitas delas:
· “No início do século XXI, uma em cada cinco pessoas residentes em países em desenvolvimento — cerca de 1,1 mil milhões de pessoas — não tinha acesso a água potável. Cerca de 2,6 mil milhões de pessoas, quase metade da população total dos países em desenvolvimento, não têm acesso a saneamento básico.
· Os governos deveriam ter como objectivo mínimo um gasto de 1% do PIB para água e saneamento. Lidar com a desigualdade exigirá um compromisso com estratégias de financiamento — incluindo transferências fiscais, subsídios cruzados e outras medidas — que ofereçam às pessoas pobres água e saneamento a um custo acessível;
· No mundo actual, cada vez mais próspero e interdependente, morrem mais crianças devido à falta de água potável e de instalações sanitárias do que por qualquer outra causa. A exclusão do acesso à água potável e ao saneamento básico destrói mais vidas humanas do que qualquer conflito armado ou acção terrorista. E também acentua as profundas desigualdades de oportunidades de vida que separam os países e as suas populações;
· No início do século XXI, o mundo tem oportunidade de dar mais um passo à frente em termos de desenvolvimento humano. A crise mundial no sector de água e saneamento básico poderá ser superada no espaço de uma geração. O mundo dispõe da tecnologia, dos meios financeiros e da capacidade humana para acabar de vez com a praga da insegurança da água na vida de milhões de seres humanos. O que falta é a vontade política e a visão necessárias para aplicar esses recursos em prol do bem comum;
· O preço da água potável reflecte um princípio de injustiça muito simples: quanto mais pobre se é, mais se paga. Vinte por cento dos mais pobres na Argentina, El Salvador, Jamaica e Nicarágua gastam mais de 10% do seu rendimento na aquisição de água potável e cerca da metade dessas famílias vivem no limiar da pobreza absoluta, com menos de 1 dólar por dia;
· As pessoas mais pobres nas áreas urbanas dos países em desenvolvimento não só pagam, pela água, mais do que os residentes da mesma cidade que têm rendimentos mais elevados, como também despendem mais por este bem do que as populações dos países mais ricos. Algumas das pessoas mais pobres do mundo que vivem em favelas de Acra (Gana) e Manila (Filipinas) pagam mais pela água do que as pessoas que vivem em Londres, Nova Iorque ou Roma;
· Durante a década de 90, defendeu-se muito a privatização como solução para os fracassos do sector público. O sector privado, conforme se defendia, iria criar ganhos de eficiência, gerar novos fluxos financeiros e ser mais transparente. Embora os resultados tenham sido divergentes, o sector privado não se mostrou uma solução mágica. Em muitos casos, não se materializaram as vantagens financeiras, de eficiência e de governança que se esperavam do sector privado. Ao mesmo tempo, são indiscutíveis os problemas do sector público existentes em diversos países;
· Uma política visando a recuperação total dos custos da implantação dos serviços de água colocaria a segurança hídrica fora do alcance de milhões de pessoas que actualmente não têm acesso a água. Basta lembrar que mais de 363 milhões de pessoas que não tem acesso à água pura, vivem com menos de 1 dólar por dia.
· Para alcançar a meta dos “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio” de reduzir pela metade o défice global de cobertura existente em 1990, seria necessário levar o saneamento adequado a mais de 120 milhões de pessoas todos os anos, até 2015. Mesmo que esse objectivo fosse atingido, ainda restariam 1,9 mil milhões de pessoas sem acesso;
· Em 2025, mais de 3 mil milhões de pessoas poderão viver em países sujeitos a pressão sobre os recursos hídricos — e 14 países vão passar de uma situação de pressão sobre os recursos hídricos para uma de escassez efectiva. Países densamente povoados, como a China e a Índia, integrarão o clube mundial dos ameaçados por falta de água;
· Desde há um século a esta parte, pelo menos, que o consumo de água tem crescido a um ritmo muito mais rápido que a população – tendência que se mantém. Nos últimos cem anos, a população quadruplicou, enquanto o consumo de água cresceu sete vezes. À medida que o mundo vai se enriquecendo, também vai se tornando mais sedento por água.

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 31 de Dezembro de 2007)

Opinião: NOTAS SOLTAS

- O Conselho Europeu reunido no final do ano em Bruxelas, mais do que ter assinalado o final da presidência portuguesa, ficou marcado pela tentativa da nomenclatura europeia de colocar em evidencia as regiões, em contra-ciclo com o que tem sido o comportamento sistemático da União, o de reforçar o poder dos estados em detrimento da perspectiva de ditar de maior protagonismo as regiões: “Haverá também que reforçar o papel das regiões em prol do crescimento e do emprego, tal como se reconhece na nova geração de programas da política de coesão que abrangem o período de 2007 a 2013. Os instrumentos de Lisboa deverão ser plenamente utilizados reforçando a coordenação horizontal existente, desenvolvendo uma comunicação adaptada às situações específicas e envolvendo todas as partes interessadas”.
- Ficamos recentemente a saber, por declarações de um dos antigos administradores da RTP, Jorge Ponce, que esta empresa poderá ter que despedir 200 trabalhadores, “a médio prazo, caso não sejam feitos cortes orçamentais”.Diz ele, para justificar esta sua declaração, que a RTP perderá cerca de 25 milhões de euros em receitas na sequência do provável lançamento de um novo canal com emissão em sinal aberto, situação pela qual "é necessário poupar". “Teremos de ter cortes significativos no futebol. Não podemos continuar a gastar o que se gasta no acompanhamento dos estágios das equipas de futebol e mesmo as transmissões de jogos vão levar obrigatoriamente um enorme corte. Tudo isso irá permitir uma poupança de 5 a 6 milhões". A minha dúvida é saber até que ponto este corte de verbas, será possível num ano, 2008, marcado pela presença da selecção portuguesa na fase final do campeonato da Europa de futebol. Quererá isto dizer que o operador televisivo nacional continua a revelar desequilíbrios financeiros que serão disfarçados com injecções financeiras directa sou indirectas?
- Canárias é a oitava região da União Europeia com a taxa de desemprego mais elevada em 2006, a qual se situou nos 11,7% contra uma média de 8,2% da União. Dados do Eurostat, envolvendo 16 regiões comunitárias da taxa de desemprego mais que duplicava a média dos vinte e sete entre as quais na Alemanha (Berlim incluída, com 18,7%), quatro em França, duas na Eslováquia e Polónia, e uma na Bélgica (Bruxelas, com 17,6%) y Espanha. No extremo contrário tínhamos 30 regiões com um desemprego inferior a 4,1% (metade da média comunitária), lideradas pela britânica Escocia Noreste e pela italiana de Bolzano, com apenas 2,6%, a holandesa de Zeeland (2,7%) e a capital checa, Praga (2,8%). Em Espanha, o desemprego no ano passado, situou-se nos 8,5% e em apenas dez comunidades autonómicas era inferior à média da UE. Navarra era no final de 2006 a melhor com uma taxa de 5,3%, seguida de Aragão (5,5%), La Rioja (6,2%), Madrid (6,4%), Baleares (6,5%), Catalunha e Cantábria (ambas com 6,6%). Depois de Ceuta, com 21% de desemprego, aparecem a Estremadura (13,4%), Andaluzia (12,7%) e Canárias (11,7%). Quanto ao desemprego feminino, que na União Europeia se situou nos 9% e em Espanha nos 11,6%, ele revelou-se particularmente elevado em Ceuta (29,9%) e Melilla (22,2%), apesar dos dados serem considerados pouco fiáveis pelo Eurostat. A Estremadura aparecia entre as dez regiões da União com os piores indicadores, com uma taxa de 19%. Navarra (com 7,1% de desemprego entre as mulheres), La Rioja (7,8%), Aragão (8%), Baleares (8,3%), Catalunha (8,4%) e Madrid (8,6%) estavam melhor posicionadas que a média comunitária. Por outro lado, as regiões espanholas com mais desemprego feminino eram, depois das duas cidades autónomas e da Estremadura, as da Andaluzia (17,9%), Castilla-La Mancha (14,9%), Astúrias (12,6%) e de Castilla e León (12,4%)". Segundo os dados do Eurostat, o desemprego total em Portugal era no final de 2006 de 7,7% (7,6% em 2005). A Madeira apresentava 5,4% (4,5%), mas curiosamente os Açores não constam do documento divulgado, o que não deixa de ser estranho. O Alentejo tinha 9,2% de desempregados em 2006 (9,1% em 2005), contra 8,5% em Lisboa e Vale do Tejo (8,6%), 5,5% no Centro (5,2%), 5,5% no Algarve (6,2%), 8,9% no Norte (8,8%). O Continente apresentava um desemprego de 7,8% em 2006, tal como em 2005. Espero que alguém trate de saber os motivos da ausência dos Açores desta relação. No caso da Madeira, os dados relativos a mulheres e jovens dos 15 aos 24 anos, também não foram divulgados. Refira-se que o desemprego nas Baleares era de 6,5% em 2006 (7,2% em 2005) e que nas Canárias era de 11,7% em 2006 e 2005. A Córsega, França, passou de 10,9 em 2005 para 10,6% em 2006, contra 13,5% na Sicília (16,2% em 2005) e 10,8% na Sardenha (12,9% em 2005).

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 28 de Dezembro 2007)

Opinião: NATAL E O MUNDO DOS IDOSOS

A propósito do Dia Mundial da Terceira Idade, a jornalista Bárbara Simões do jornal “Publico” registou os depoimentos de diversos idosos na esperança de perceber o que vai na sua alma, quais as suas desilusões e prioridades de vida. Recordando que em Portugal há mais de um milhão e 800 mil idosos, que representam mais de 17% da população total (os jovens são quase 16%)., a jornalista registou 65 depoimentos, na sal maioria de reformados, sublinhando:
- “O mundo é cada vez mais deles. E, se eles mandassem, o mundo que os rodeia seria assim”:
- "O meu maior sonho era ter uma casinha com um quintal para plantar salsa e coentros" (Joaquim Dias Diogo, 72 anos, funcionário público)
- "A primeira coisa que fazia era aumentar as pensões. E depois dava muito carinho, muito amores... Porque os idosos são como as crianças: precisam que olhem para eles com amor" (José Barros, 84 anos, funcionário dos CTT)
- "Eu gostaria que houvesse um espaço reservado, com um tracejado, à entrada do centro de dia, para a nossa carrinha poder estacionar e os outros carros não" (Lurdes Santos, 74 anos, costureira)
- "Um 25 de Abril para o povo. E ter médico quando preciso" (Francisco Palminha Franco, 80 anos, professor do ensino básico)
- "Vou morrer com o desgosto de não ter ido para a escola. Mas o que eu gostava mesmo era de ter um emprego. Continuo a trabalhar muito, mas já ninguém me dá emprego" (Alzira Gonçalves Ferreira, 79 anos, jornaleira e tecedeira)
- "Era bom que não pagássemos alguns medicamentos, pelo menos os da diabetes. Metade do ordenado do meu marido vai para medicamentos para os dois" (Martinha Brito, 73 anos, doméstica)
- "O que faz falta é um lar para a terceira idade. Moro sozinha. Quando estiver doente, não tenho quem trate de mim" (Isaltina Félix, 77 anos, empregada de biblioteca)
- "Como não posso ser feliz – porque ninguém pode ser feliz assistindo ao que se assiste no mundo – o meu desejo é ser apenas não infeliz" (Raul Solnado, 78 anos, actor)
- "Há muitos velhos que estão abandonados. Devia haver quem os visitasse em casa uma ou duas vezes por semana, quem os levasse a passear ou a beber um chazinho no café" (Maria do Rosário Fernandes, 79 anos, empregada de escritório)
- "Às vezes gostávamos muito de ir ao teatro, mas não temos transportes. E os espectáculos acabam muito tarde" (Maria Helena Borges Fernandes, 73 anos, modista)
- "Que houvesse cura para o cancro, que está a matar a minha mulher" (José Catalino Guerreiro, 67 anos, pescador)
- "Eu gostava de viajar. Um abatimento de 50 por cento no preço das viagens já não era nada mau. O primeiro sítio onde ia era o Brasil" (Carmina Cardoso de Almeida, 71 anos, servente de limpeza)
- "Mudaria a educação das crianças e dos jovens no sentido de nos transportes e lugares públicos darem o seu lugar; numa porta, ou passagem estreita, deixarem a outra pessoa passar primeiro" (Maria da Conceição Afonceca, 72 anos, tradutora)
- "Moro num quatro andar. O prédio não tem elevador. Vou pelas escadas e nem corrimão para me agarrar tenho" (Palmira de Carvalho, 83 anos, mulher-a-dias)
- "Precisava de ter uma pessoa que me limpasse a casa, desse cera, tratasse da roupa e a quem eu não pagasse nada ou pagasse muito pouco. É que já não posso fazer essas coisas..." (Albertina Segundo, 86 anos, dona de casa)
- "Ser feliz" (Elvira Josefa Mendonça, 73 anos, camponesa)
- "Adoro a minha casa, está é quase toda a cair. A senhoria quer vender o prédio, mas ninguém lhe pega. Queria ao menos que me deixassem lá estar até morrer" (Maria da Piedade, 84 anos, operária da indústria de lanifícios)
- "O meu marido e eu termos saúde" (Luísa da Conceição Esteves, 89 anos, dona de casa)
- "Ter menos idade. Só queria ter uns 70..." (Emília Cardoso, 87 anos, arrumadora de cinema)
- "A coisa que eu mais queria ter era uma casinha com um bom quarto, uma boa cozinha e uma casa de banho" (Manuel Sousa Morais, 72 anos, pintor da construção civil)
- "Receber uma melhor reforma que os 14 contos que recebo" (Almerinda Cordeiro, 69 anos, camponesa)
- "Gostava que me arranjassem a rua, que está indecente. Até aqueles que andam bem têm medo de cair, quanto mais eu" (Dinah Baptista, 92 anos, doméstica)
- "Algum dia ter governantes sérios que olhem pelos pobres" (Artur António, 80 anos, emigrante, trabalhador na construção civil)
- "Punha na linha alguns funcionários públicos que são pequenos ditadores: tratam da vida deles, maquilham-se, saem para o café ou para fumar o cigarro e os utentes dos serviços ficam à espera" (Leonel Gonçalves, 73 anos, militar)
- "Há idosos que não saem de casa, nem de cadeira de rodas, porque não há uma rampa no bairro" (Etelvina Sampainho, 81 anos, empregada comercial)
- "Não queria morrer sem ir à Madeira" Maria Adelaide Carvalho, 72 anos, comerciante)
- "À Madeira já fui. Agora era aos Açores..." (Maria Beatriz Tavares, 80 anos, costureira)
- "Gostaria de ter condições para continuar a trabalhar, como faço actualmente" (Gentil Martins, 67 anos, cirurgião)
- "O meu desejo era conseguir ainda uma casa nova. Os quartos e a casa de banho são no primeiro andar e tenho muito medo de cair" (Isabel Maria Lopes, 76 anos, ajudante de lar e centro de dia)
- "Nas cidades as pessoas estão muito afastadas umas das outras. Gostava que os vizinhos e as famílias fossem mais unidos e ajudassem mais os mais velhos" (Olinda Marçal Silva, 72 anos, dona de casa)
- "Que cuidassem mais das pessoas de idade. A atravessar a rua, numas escadas, a entrar num transporte – ninguém ajuda, ninguém dá uma mãozinha" (Leonor Serafim, 79 anos, costureira de calças)
- "Se pudesse, trocava o quinto andar onde moro por um rés-do-chão. Custa-me muito subir e não posso levar pesos" (Emília da Conceição, 85 anos, mulher-a-dias)
- "Devia haver uma preocupação de todas as pessoas em ajudar os mais velhos a ter uma vida mais digna" (Lucinda Carvalho, 86 anos, funcionária pública)
- "Uma pessoa que me desse apoio em casa. Sou viúvo há 17 anos. Já viu o que é não ter ninguém que diga assim: deixa lá ver se esta alma está morta... ou se precisa de uma camisa lavada?" (Abílio Augusto Moiço, 86 anos, trabalhador do tráfego de Lisboa)

Propositadamente foram estes pequenos desabafos que escolhi como tema de reflexão neste dia de Natal. Através deles podemos pesar o Natal, através do que pensam o que e desejam os nossos idosos que tantas esquecemos. Neste Natal recordo com saudade os meus “velhos” e”velhas” que foram morrendo ao longo deste meu percurso de vida, aos quais muito devo, a uns mais do que a outros, mas que a todos guardo com saudade e emoção no meu coração. E já quantas vezes, senti a falta deles, dos seus conselhos, dos seus sorrisos, da sua sabedoria, da sua tranquilidade de espírito e da sua amizade? Quantas vezes se interrogo, se terei sido injusto para alguns deles, pela pouca atenção que porventura lhes tenha dispensado, quando eles esperavam mais de mim? Mas essa dúvida permanecerá enquanto por cá andar. Neste Natal, mais um, mais do que ficar refém do pragmatismo de alguns para quem “contam os vivos”, não hesitarei, sem que ninguém dê por isso, a guardar um espaço nesta alegria natalícia, festa da família, para todos eles que partiram, porventura incapaz de conter uma lágrima que mais do que tristeza representará sempre a saudade pelos que embora tendo par tido, estarão presentes. E aos quais estarei eternamente grato por tudo o que fizeram por mim, sempre e quando deles precisei. Eles estarão comigo, podem crer, tal como dos os vivos. Porque um dia vou ficar finalmente a saber se morrer afinal não é continuar vivo. Bom Natal.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 24 de Dezembro 2007)

Opinião: NOTAS NATALÍCIAS (II)

Continuando a falar de pobreza no mundo, ou de situações com ela associadas, porque o Natal deve ser um tempo de reflexão, e não apenas de consumismo desenfreado, gostaria de lembrar que um estudo recente, do Banco Mundial, diz que mais de 80% dos indígenas latino-americanos continuam a viver na pobreza extrema, tendência que pouco mudou desde a década de 1990. Por exemplo, sabiam os leitores que a inexistência de saneamento adequado está na origem de quase 500 milhões de faltas escolares por ano, que a falta de água e de esgotos tem impacto na educação, afectando cerca de 150 milhões de crianças? Estes dados constam do “Relatório de Desenvolvimento Humano” relativo a 2006, recentemente lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que denuncia elevados números de “crianças impossibilitadas de irem à escola por estarem constantemente acometidas por doenças causadas por água imprópria não podem, de modo algum, desfrutar do direito à educação”. Ou seja, “a igualdade de oportunidades, uma exigência fundamental para a justiça social, é reduzida pela falta de água segura”.
Preocupante é o facto do documento do PNUD confirmar que 115 milhões de crianças estão fora da escola (54%, 62 milhões, são do sexo feminino), que a taxa de analfabetismo entre jovens (entre os 15 e os 24 anos) é de quase 13% nos países em desenvolvimento, que aumenta no mundo árabe (quase 15%), no Sul da Ásia (cerca de 25%) e na África Sub-saariana (quase 29%). O relatório confirma que são as mulheres as mais prejudicadas por esta triste realidade social: a falta de água e saneamento adequados é um factor que aprofunda ainda mais a desigualdade entre sexos e dificulta a saída do ciclo da pobreza. “As mulheres e as meninas são duplamente afectadas, já que são elas que sacrificam o seu tempo e a sua educação para recolher água. Para as jovens, a falta de serviços básicos de água e saneamento se traduz em perda de oportunidades em educação”, acrescenta.
Uma agência de notícias do Brasil, país que pela sua natureza e pela realidade social dedica particular atenção a estas questões, traçou, a propósito deste relatório do PNUD, um quadro que é preocupante:
“O mundo que tem 1,1 mil milhões de pessoas sem acesso a água e 2,6 mil milhões sem saneamento básico. Esta falta de acesso à água e ao saneamento básico mata uma criança a cada 19 segundos, devido a diarreia, reconhece o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2006, recentemente divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O estudo, intitulado “Além da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água”, mostra que, ao ritmo actual, o mundo não conseguirá cumprir a meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio que apontava para a redução para metade, até 2015, da pobreza no mundo. As estimativas do relatório apontam para 1,1 mil milhões de pessoas sem acesso a água limpa, e que, neste grupo, praticamente duas em cada três vivem com menos de dois dólares por dia. Das cerca de 2,6 mil milhões de pessoas que vivem em casas sem esgoto, 660 milhões sobrevivem com menos de dois dólares por dia. O relatório do PNUD não tem dúvidas: “A crise da água e do saneamento é, acima de tudo, uma crise dos pobres”.
Neste contexto, e num mundo onde milhões de pessoas não têm ainda acesso à água potável, li num jornal nacional que enquanto um habitante de Moçambique “usa, em média, menos de 10 litros de água por dia, um europeu consome entre 200 e 300, e um norte-americano, 575 (em Phoenix, no Arizona, o volume ultrapassa 1 mil). No Reino Unido, um cidadão médio usa mais de 50 litros de água por dia, ou seja, mais de dez vezes o volume disponível para as pessoas que não têm acesso a uma fonte de água potável na maior parte da zona rural da África Sub-saariana. Um norte-americano usa mais água num banho de cinco minutos do que um morador de favela de um país em desenvolvimento usa num dia inteiro”, sublinha o relatório do PNUD.
Os especialistas falam, numa relação entre este cenário de privação e as metas estabelecidas nos chamados “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”, nomeadamente em matéria de recursos hídricos, saneamento básico e instalações sanitárias. Para conseguir que esses objectivos sejam cumpridos, como pretendido, até 2015, “assegurar preciso garantir o acesso a água a mais 900 milhões de pessoas e propiciar o saneamento a 1,3 mil milhões, o que explica uma descrença transformada quase em certeza, a de que essas metas não serão atingidas dentro do prazo se for mantida a tendência actual”. Estas projecções do RDH relativo a 2006 admitem que, a manter-se o ritmo actual, o compromisso seja atingido em 2016 (no que diz respeito à água) e apenas em 2022 (quanto ao saneamento). Mas mesmo que as metas sejam atingidas, em 2015 ainda haverá 800 milhões de pessoas sem acesso a água e 1,8 mil milhões sem saneamento.

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 24 de Dezembro 2007)

Opinião: NOTAS NATALÍCIAS (I)

No final de 2006, foi noticiado que 36,5 milhões de americanos, viviam abaixo do limiar da pobreza, valor que está a subir desde 2000, no último ano a taxa de pobreza passou de 12,6% para 12,3% da população, a mais baixa da última década. Pior outro lado, e segundo a comunicação social, aumentou do número de pessoas que não têm seguro de saúde – de 44,8 milhões, em 2005, passou para 47 milhões. Uma agência noticiosa internacional referiu, a propósito que “o pequeno recuo na percentagem de pobres deve-se sobretudo à melhoria do nível de vida da comunidade hispânica (44 milhões de pessoas). Enquanto brancos, negros e asiáticos mantiveram valores semelhantes a 2005, o número de hispânicos pobres diminuiu 1,2%, de 21,8% para 20,6%. Mesmo assim a comunidade negra (40 milhões de pessoas) continua a ser mais a pobre: 24,3% vivem com dificuldades”. Refira-se que segundo a entidade promotora dos censos nos Estados Unidos, “um agregado familiar de duas pessoas é pobre se o seu rendimento anual for inferior a 13167 dólares (9676 euros). Numa família de três pessoas o limite é de 16079 dólares”.
E para se comprovar a gravidade desta realidade naquele que é regularmente considerado o país mais rico e um dos mais desenvolvidos do mundo, constate-se este comentário: “Os menores de 18 anos, um quarto da população dos EUA, constituem 35% dos pobres (12,8 milhões). Quanto aos idosos (mais de 65 anos), com 3,4 milhões de pobres (9,4%), atingem a menor percentagem desde 1959. Em termos geográficos, os estados do Sul dos EUA (como a Luisiana ou o Mississipi) são, em média, mais pobres do que os do Norte (como New Jersey ou Connecticut). Mark Rank, um dos autores do estudo diz que "a pobreza pode não ser tão visível nos EUA, mas está mais disseminada". Para os analistas americanos, o aumento das pessoas sem seguro de saúde – de 44,8 milhões, em 2005, para 47 milhões em 2006 – é o número mais preocupante deste estudo, na medida em que "estas estatísticas são mesmo uma má notícia. Significam que, ou cada vez mais americanos vão viver sem assistência médica, ou o Governo terá uma factura mais pesada a pagar", explicou o economista Ron Haskins”.
Num outro nível ficamos também a saber que apesar do mundo ter feito grandes progressos na luta contra a pobreza extrema, a verdade é que continua longe de atingir os oito objectivos definidos na Cimeira do Milénio, em 2000: “Entre 1990 e 2004, o número de pessoas a viver com menos de um dólar por dia baixou de 32 para 19%, uma redução que aumenta a esperança da ONU em atingir até 2015 (data escolhida para apresentar os resultados finais da luta contra a pobreza) os "Objectivos do Milénio". As reduções mais expressivas ocorreram no sul, sudeste e leste da Ásia, enquanto que na Ásia Ocidental a miséria aumentou para mais do dobro. Quanto à África sub-saariana, continua a ser a zona mais pobre do planeta”.
De facto, quando falamos na África falamos de pobreza, mas falamos também de ausência de respeito pelos direitos humanos em muitos países e de SIDA que persiste em ser um problema já que “o relatório revela que o número de mortes provocadas pela doença aumentou de 2,2 milhões para 2,9 milhões entre 2001 e 2006. Para além disso, todos os anos há mais de meio milhão de mulheres que morrem devido a complicações relacionadas com o parto”.
A contrastar com tudo isto constata-se que 10% da população da Noruega com rendimentos Maios baixos ganham mais do que os 10% mais ricos em 57 países considerados num estudo divulgado recentemente pelo PNUD no seu Relatório de Desenvolvimento Humano, entre eles Ucrânia, Egipto, Índia e Paquistão. Mas há que ter presente que a Noruega aparece na posição cimeira do índice de desenvolvimento humano do PNUD e que a diferença entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres na Noruega é de apenas seis vezes. Segundo os dados do PNUD divulgados na comunicação social, em sete países (Noruega, Japão, Finlândia, Irlanda, Suécia, Áustria e Bélgica) o rendimento anual dos 10% mais pobres ultrapassa os 10 mil dólares anuais. Do outro lado, constata-se que em 42 países o rendimento médio dos 10% mais ricos não ultrapassa os referidos 10 mil dólares, casos da na Índia, no Paquistão, em Bangladesh e no Vietname.
Meditemos nestas tristes realidades, tantas vezes esquecidas.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 21 de Dezembro 2007)

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