PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Curiosidades fotográficas (II)








Empregos na UE: perspectiva optimista, mas com progressos desiguais

"O Relatório Conjunto sobre o Emprego, a adoptar pelos Ministros do Emprego a 29 de Fevereiro, dá conta de um crescimento impressionante do emprego no ano passado. Quase 6,5 milhões de novos empregos foram criados nos últimos dois anos, estando previstos mais 5 milhões até 2009. Espera-se que o desemprego na UE baixe para menos de 7% em 2008, o nível mais baixo desde meados dos anos 80. O relatório – que avalia a forma como os Estados-Membros aplicaram os respectivos programas nacionais de reformas na área do emprego – revela grande optimismo. Porém, também destaca algumas áreas de persistente preocupação, nomeadamente o desemprego dos jovens e o investimento insuficiente em educação e formação. «As recentes reformas do mercado de trabalho estão a começar a dar frutos», declarou Vladimír Špidla, Comissário Europeu responsável pelo Emprego. «O desemprego estrutural teve uma quebra de um terço desde 2004 e a taxa de emprego da UE, actualmente em 66%, aproximou-se bastante do nosso objectivo global de 70%. Todos os Estados-Membros lançaram reformas de fundo desde 2005, mas alguns responderam com mais vigor do que outros. Precisamos de redobrar os nossos esforços para responder eficazmente aos desafios da globalização e do envelhecimento, em particular investindo mais e de forma mais selectiva na formação ao longo da vida". Leia no site da Comissão Europeia.

Curiosidades fotográficas (I)








Opinião: EDUCAÇÃO

É errado concluir, com base no meu artigo de ontem, qualquer subscrição da minha parte relativamente à política educativa do governo socialista. Em primeiro lugar porque não o referi, depois porque nunca o faria, até por razões de coerência política e de princípio (se ainda há dias critiquei a submissão a acordos de regime, como é que teria uma atitude diferente especificamente em relação à educação?). Finalmente, porque é mais do que evidente que a educação continua a ser, neste momento, a área de intervenção que maior desgaste causa ao governo de Sócrates, situação que me parece irá continuar assim por mais tempo, tendo eu a percepção - obviamente que é apenas uma dedução meramente pessoal - que a ministra da Educação não foi “apanhada” na última remodelação governamental pelo facto - e isso é público – de já ter sido elogiada por Cavaco Silva, ao contrário do que aconteceu com o antigo titular da Saúde. A esta minha constatação, juntaria uma quase incontornável dificuldade em ser encontrada uma alternativa, dada a persistência, confirmada pelo próprio Sócrates, de que a actual política e a orientação para o sector da educação, vai continuar. Como poderia um primeiro-ministro, que não deixa de mudem a política educativa, conseguir substituir uma ministra por uma outra qualquer pessoa na certeza de que esta, mais cedo ou mais tarde, veria a sua imagem esturricada publicamente, particularmente junto dos principais protagonistas do sector educativo, tal como hoje acontece com a actual titular do cargo? Estaria alguém a passar por essa situação, impedido de propor mudanças?
Também referi ontem dois aspectos distintos: por um lado o impacto negativo causado por manifestações convocadas para sedes partidárias, embora exista toda a liberdade para o fazerem, como é evidente, pelo facto de eu entender – mas quem pensar de forma diferente da minha respeite ao menos a minha liberdade de pensar assim - que não se deve confundir actividade governativa com actividade partidária. E digo isto não para branquear seja o que for, mas por ter a noção de que ninguém do PSD da Madeira ficaria satisfeito se, por exemplo, em dia de reunião de um qualquer seu órgão partidário, fosse convocada uma manifestação para a porta da sede para prolongar manifestações públicas quase diárias e, como se viu, para insultar pessoas. O que eu escrevi, e mantenho, é que é preciso separar a questão institucional e profissional do protesto legítimo por parte de quem se considera prejudicado, perseguido ou descontente com decisões tomadas pelo poder, de outros aspectos que acabam por ser desvalorizados, por comportarem uma forte componente partidária. Não será que tenho razão?
Relativamente à política educativa nos seus múltiplos aspectos - tal como a maioria das pessoas que não estão directamente ligadas ao sector educativo - temos uma limitada visão global do problema que, no que me diz respeito, constitui um condicionalismo que me impede de emitir juízos de valor ou fazer avaliações mais aprofundadas e fundamentadas. Limito-me apenas a ter uma visão superficial do problema, conhecendo, como todos, a existência de contestação quase diária ao Ministério, a par da de sinais de arrogância e de auto-convencimento por parte de alguns membros do Ministério da Educação (sobretudo nas audições nas comissões parlamentares da Assembleia da República, algumas das quais tenho seguido em directo). Tal como acompanho as manifestações sindicais, a polémica em torno de questões mais concretas, como a avaliação dos professores – princípio que defendo – o modelo de gestão proposto para as escolas, a falta de recursos financeiros para o sector, os problemas causados pela acção social escolar, o absurdo de algumas das normas do estatuto do aluno, sobretudo no plano avaliativo e comportamental que não dignificam ninguém nem o sistema, o contestado estatuto da carreira docente, os graves problemas decorrentes da falta de alunos, consequência da preocupante realidade demográfica do país (embora o fenómeno seja europeu), e o impacto dessa realidade incontornável no encerramento de centenas de escolas e no desemprego de milhares de professores, mais de 16 mil segundo li recentemente, nos rankings das escolas, nas notas médias obtidas em exames nacionais que questionam o próprio modelo educativo português, provavelmente desde a sua base e princípios essenciais, etc. Não falei no ensino superior, nos problemas das universidades, estruturais e financeiros, na falta de alunos, nos cursos frequentados por meia dúzia de estudantes, no processo avaliativo das universidades e respectivo ranking, na disputa entre o governo e as universidades, nas situações de quase falência financeira em que muitas delas se encontram, etc, porque o ensino superior não é tutelado pelo Ministério da Educação. Não falei em nada disso. Limitei-me a referir-me à natural divergência de opiniões quanto ao modelo de gestão das escolas, bem como à inegável polémica em torno dos critérios e da metodologia que o governo pretende impor no âmbito desse modelo avaliativo dos professores e que tanta contestação tem gerado entre a classe. Na Madeira, por exemplo, não foi aprovado um Estatuto da Carreira Docente contestado pelos sindicatos? Mas esse Estatuto não está aprovado e publicado? Referi-me aos 16 mil desempregados, que vão aumentar, como uma realidade incontornável que coloca desafios novos aos sindicatos, aos próprios professores e ao governo, embora todos reconheçam ser de difícil resolução. Por acaso este desemprego crescente entre os professores começou com este governo ou com os anteriores dois governos do PSD/PP? Então o que foi feito, antes deles, para suster esta tendência?
Portanto, e em resumo, não me apontem intencionalidade de branqueamento ou sequer de apoio a uma política educativa que, embora necessitando de reformas, está a ser conduzida de forma conflituosa, gerando naturais manifestações de descontentamento, compreensíveis e legítimas. Aliás, não creio que qualquer Ministro da Educação, porque é desse que falamos, possa ter sucesso na implementação de mudanças se não pugnar pelo diálogo, sem submissões, é certo, mas tentando gerar alguns consensos com todos os parceiros, o que não me parece que tenha sido feito. A verdade é que a “doença” do sistema educativo e todos os seus vícios - tal como na Saúde - são legados que têm a sua origem em meados dos anos setenta, depois do 25 de Abril, quando foram introduzidas aceleradamente reformas a martelo, perfeitamente populistas e demagógicas, inspirados em modelos políticos e sociais esgotados com o tempo e empurrados por num conceito de mudança rápida de procedimentos e de orientações, procedimentos que causaram os problemas que hoje estão na origem de muita da polémica e das insuficiências estruturais, organizativas e funcionais do sistema.

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira, 29 de Fevereiro de 2008)

Reportagem: "Maior edifício do mundo é na China"


A jornalista do Publico, Francisca Gorjão Henriques, publicou um texto sobre aquilo que designou de "Maior edifício do mundo é na China": "O novo terminal 3 do aeroporto da capital chinesa vai acolher 90 milhões de passageiros por ano. "Novos Olímpicos, Nova Pequim", dizem. E o mundo assiste boquiaberto. A inauguração está marcada para hojeApertem os cintos e preparem-se para a aterragem. O novo terminal 3 do aeroporto de Pequim serve para nos deixar em estado de choque, num deslumbramento paralisante. Pelo menos é o que diz quem já viu. Como tantas coisas que acontecem na China, o terminal, que foi inaugurado hoje às 8h horas (zero horas em Lisboa) exibe proporções de Guiness. Será o edifício maior do mundo, com os seus 99 hectares. Ou para se ter uma ideia mais concreta: cabem lá 170 estádios de futebol. Ou ainda de outra forma: é 17 por cento maior do que os cinco terminais de Heathrow (o aeroporto mais movimentado do mundo) juntos. A BBC online resumia: "é mais um país pequeno do que um terminal de aeroporto". Norman Foster e os arquitectos do seu atelier quiseram que quem olhasse do céu visse um dragão. No seu site, escrevem que o Terminal 3 e o Centro de Transportes atingem, juntos, 1,3 milhões de metros quadrados - ultrapassando pela primeira vez a barreira do milhão -, quase sempre debaixo do mesmo telhado".

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Publicidade: Naviera Armas

Por falar em paraísos...

Koh Phi Phi

A vida de repórter às vezes é complicada...

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Opinião: "Situação piorou desde o último relatório de 2004"

Quando, em 2003, Portugal já ocupava um dos últimos lugares na lista de países mais expostos à pobreza, a principal abordagem estratégica apontada pela Comissão Europeia para combater a situação portuguesa passava por aumentar a empregabilidade das pessoas, com "uma taxa de actividade elevada, através de medidas que permitam às pessoas encontrar um emprego". E, em consequência, "uma redução do número de portugueses expostos aos risco de pobreza até 2010". Outra recomendação era ainda a de melhorar a integração numa perspectiva de igualdade entre homens e mulheres. A dois anos do prazo estabelecido, os dados mostram que a situação melhorou ligeiramente ao nível da população geral, mas poderá ter piorado na situação concreta das crianças. Até porque no relatório daquele ano, Portugal apresentava ainda uma taxa de desemprego das melhores da Europa, o que era realçado no documento como ponto positivo. O relatório não só destacava "a taxa de emprego muito elevada e a taxa de desemprego muito baixa", como a "intensificação dos esforços consentidos em matéria de inserção social e diminuição da percentagem de beneficiários da assistência social".A crítica apontada prendia-se com as metas assumidas. Consideravam os autores que os objectivos propostos seriam "difíceis de alcançar". E estes passavam pela "redução para metade da dependência da assistência social" e também pelo aumento da taxa de emprego para 80%".O relatório de hoje deve inverter as recomendações, tendo em conta a mudança na taxa de desemprego ocorrida nestes anos, com Portugal a sair de uma das melhores posições para uma das piores no contexto europeu.As seis prioridades definidas pela Comissão Europeia para reforçar a inclusão social, na linha da Estratégia de Lisboa, passam por garantir que os regimes de protecção social são adaptados e acessíveis a todos e que proporcionam incentivos reais ao trabalho para as pessoas que podem trabalhar. Outra linha passa por investir em medidas que favoreçam um mercado de emprego activo e assegurar a sua adaptação para responder às necessidades das pessoas com maiores dificuldades de acesso ao emprego. Reforçar os esforços no combate ao abandono escolar precoce e promover uma transição tranquila da escola para o mundo laboral era outro ponto fundamental. Colocar a tónica na erradicação da pobreza infantil e definir uma política dinâmica de redução da pobreza e da exclusão social dos imigrantes completavam as directivas.
Texto complementar ao artigo da jornalista Carla Aguiar, do DN de Lisboa

Opinião: "Um quinto das crianças em risco de pobreza"

Pobreza
Relatório da Comissão Europeia diz que Portugal é o segundo país da UE onde o risco de pobreza infantil é maior. A subida do desemprego, o baixo nível de vida e a elevada taxa de abandono escolar são factores que explicam o retrato negro. Uma em cada cinco crianças portuguesas está exposta ao risco de pobreza, o que faz de Portugal o País da União Europeia, a seguir à Polónia, onde as crianças são mais pobres ou correm maior risco de cair nessa situação. O retrato negro consta do relatório conjunto sobre a protecção social e inclusão que é hoje apresentado em Bruxelas (Bélgica) e que deverá ser adoptado no dia 29 pelo Conselho de Ministros do Emprego e Segurança. O mesmo relatório permite concluir que a situação portuguesa nesta matéria não só piorou em termos absolutos face ao último balanço realizado sobre a matéria em 2005 ( referente a rendimentos apurados em 2004) como também ficou mais isolada em termos comparativos.
Portugal em penúltimo
No balanço anterior, o nível de exposição à pobreza infantil em Portugal estava em 20% e alinhava com países como a Espanha, Irlanda e a Grécia, estando, ainda assim, abaixo dos níveis registados na Lituânia e na Polónia. Agora, de acordo com dados do novo relatório, o risco de pobreza infantil só é pior na Polónia, e já superou o patamar de 20%. Uma situação que está relacionada com a escalada do desemprego em Portugal. Enquanto em 2004, Portugal ainda apresentava das taxas de desemprego mais baixas de toda a União Europeia, nos últimos anos, a situação inverteu-se. Em Julho do ano passado, por exemplo, Portugal já era, a par de países como a Grécia, Polónia e Eslováquia, um dos três países com as mais elevadas taxas de desemprego, em torno dos 8,2%.
Baixos salários
O desemprego não é, no entanto, o único factor a explicar o crescimento do risco de exposição infantil à pobreza, que remete também para o baixo nível salarial praticado em Portugal, para a crescente precariedade do emprego ou para níveis mais baixos de transferências sociais. Nunca é demais lembrar que mais de 20% da população empregada tem actualmente contratos a prazo - que não garantem estabilidade de rendimentos - e que o salário mínimo não vai, este ano, além dos 426 euros. Em 2006, por exemplo, o salário médio nacional rondava os 712 euros. Isso mesmo é possível concluir do relatório conjunto sobre protecção social e inclusão, quando refere que o risco abrange tanto as crianças que vivem no seio de famílias desempregadas como as que vivem em lares onde os pais estão empregados. Isto, porque, de acordo com dados do Eurostat de 2005, relativos a rendimentos de 2004, os trabalhadores portugueses são, juntamente com os polacos, os que apresentam a mais elevada taxa de risco de pobreza, em torno dos 14%, no seio da União Europeia. Ou porque os salários não são suficientes ou porque o emprego não é sustentável. Mesmo assim, relativamente ao risco para as crianças, há outros países que partilham com Portugal níveis relativamente altos de pobreza, como sejam a Espanha, Grécia, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo e Polónia. "É uma situação que tem de ser superada, porque afecta direitos básicos de cidadania", afirma Armando Leandro. O presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças em Perigo diz mesmo que "o combate à pobreza deve ser um desígnio nacional" e que existem já iniciativas para a combater. O responsável separa a situação da pobreza do risco para a criança, mas refere que há perigos, como "menor disponibilidade dos pais ou menor escolarização". Os estudos realizados sobre a pobreza coincidem na conclusão de que os riscos de pobreza aumentam nas famílias com crianças e idosos, mas também, e sobretudo, nas famílias monoparentais.
Deficiente alimentação
A situação de desestruturação familiar é apontada pela presidente do Banco Alimentar, para explicar "o agravamento das condições de vida" de muitas famílias. "Muitas crianças apenas se alimentam com o que lhes é servido nas instituições de solidariedade social, nem sequer tomam pequeno-almoço em casa", disse Isabel Jonet. Acrescentando que "quando vão de férias regressam mais magras". O abandono escolar é outro factor incontornável para medir o risco de exposição infantil à pobreza, sabendo--se que os desníveis nas qualificações são a causa fulcral das desigualdades sociais. A este respeito, Portugal também está numa posição preocupante: a percentagem de jovens até os 24 anos com baixa educação secundária era de 39% em 2006 (ano lectivo de 2004-2005), a segunda pior de toda a União Europeia, a seguir a Malta. A taxa de abandono escolar baixou entretanto para valores da ordem dos 35%, mas, ainda assim, Portugal continua, neste campo, na cauda da União Europeia.
Texto da jornalista Carla Aguiar, do DN de Lisboa

Futebol sem "porrada" não é futebol...

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Coisas do futebol

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Opinião: MANIFESTAÇÕES

Por razões várias – e confesso que algumas me escapam quanto à sua lógica e sustentabilidade – os professores têm sido nos últimos meses, “acalmada” que está (pelo menos temporariamente) a instabilidade no Ministério da Saúde, um dos grupos profissionais que mais vezes se tem manifestado contra a política governativa, sobretudo com acções de rua que, não sendo muito mobilizadoras, mostram pelo menos uma capacidade de mediatismo sempre que necessário. Recentemente, registou-se no largo do Rato, junto à sede do PS, um episódio que, confesso, pareceu-me despropositado e nada usual, quando um grupo de professores, numa acção cuja paternidade ainda hoje ninguém descobriu (?), se manifestou ruidosamente contra Sócrates, claramente incomodado e agastado com os acontecimentos. O primeiro-ministro estava ali na qualidade de líder socialista para estar presente numa reunião com professores socialistas, cuja intencionalidade política era mais do que óbvia. Terá sido este – a reunião com docentes afectos ao PS – o pretexto para as ruidosas manifestações, cuja organização Sócrates atribuiu claramente ao PCP, apesar da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) se ter demarcado da acção junto à sede do PS, “dizendo que a estrutura não tem nada a ver com o protesto e que não faz a mínima ideia de quem o organizou”. Ainda segundo a Fenprof, esta organização “não convoca manifestações para a porta de partidos políticos em dias em que se realizam reuniões internas dos seus militantes". Vários dos presentes disseram à comunicação social que foram convocados por SMS para se juntarem no Largo do Rato, mas admitiam desconhecer quem convocou o protesto” o que revela hipocrisia ou, sendo verdade, não deixa de ser um absurdo e de constituir pretexto para que se questionem legitimamente várias questões mais pertinentes ligadas à mobilização de docentes.
Ressalvando esta introdução, julgo que é muito importante que os professores – que admito tenham razões de queixa de algumas medidas do Ministério da Educação ou que estejam a organizar-se corporativamente, quer contra os novos modelos de gestão das escolas, quer contra a anunciada avaliação ou novos métodos de progressão na carreira – percebam, aliás tal colmo outros grupos profissionais, que o fundamental não é o mediatismo que se alcança na comunicação social, a capacidade de oratória de alguns dirigentes sindicais mais conhecidos, nem as entrevistas que os dirigentes sindicais concedem ou a amplitude do ruído de manifestações, mas antes a capacidade de negociação, a quiserem de persuasão também, e, mais do que tudo, a disponibilidade evidenciada pelo governo para aceitar dialogar e, eventualmente, inverter a tendência de algumas das medidas anunciadas ou em fase final de estudo ou aprovação legislativa. Neste quadro, puramente profissional e institucional, é errado confundir-se a liberdade de protestar, de reivindicar e de discordar de um governo, com acções junto de sedes de partidos políticos, sejam eles quais forem e os motivos que estão na sua origem. Penso que não estarei a dizer nenhuma enormidade se garantir que a esmagadora maioria das famílias portuguesas têm pelo menos um(a) professor(a) entre os seus membros e que estes problemas acabam por ser acompanhados por todos os membros desse agregado familiar com natural expectativa e ansiedade. Julgo que não é demais lembrar, também, os mais de 16 mil professores desempregados, o que exige que a questão seja encarada com o realismo que muitas vezes não se compadece com fundamentalismos tontos que não conduzem a nada.
Mas o essencial, neste contexto, é ter presente que o próprio José Sócrates reafirmou as “suas” regras do jogo, garantindo nessa reunião partidária no Rato (na qual a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e os seus dois secretários de Estado também estiveram presentes) que reuniu pouco mais de uma centena de docentes socialistas, que “mantém a política educativa porque o país precisa dela e que não governa para obter simpatias”. Obviamente que José Sócrates não podai ser mais claro quanto à sua orientação em matéria de política educativa, que disse será mantida, o que coloca aos professores e aos sindicais – mais àqueles que a estes – desafios novos. Revelou um jornal que, “de acordo com um dos presentes na reunião, uma das 30 intervenções foi de um militante que declarou a José Sócrates que muitos dos professores que votaram no PS em Fevereiro de 2005 não o fariam neste momento. Sócrates respondeu que não estava a trabalhar para as corporações, mas para o país, e que o país precisa das medidas que o Governo está a tomar. Outro militante presente na reunião relatou que o secretário-geral do PS assinalou que não governa para obter simpatia e que não está preocupado em obter simpatias”. Ora esta reafirmação das linhas essenciais do seu programa mostra uma determinação que, francamente, não parece compadecer-se com manifestações como a do Largo do Rato que acabam opor ter um efeito exactamente contrário ao pretendido. Quanto à questão da avaliação dos docentes, e sem querer envolver-me em polémicas que não me dizem respeito, direi apenas que em termos de competência, de esforço, de dedicação, de esforço, de disponibilidade, de preparação, inclusivamente em casa, etc, os professores não podem ser todos colocados num mesmo patamar avaliativo. É assim que eu penso, é isto que eu digo, é esta uma realidade incontornável, gostem ou não de ouvi-la. Podem-se discutir procedimentos, prazos, metodologias, implicações, salvaguarda de manipulações, etc, Mas não me parece que se possam discutir os princípios essenciais subjacentes a toda esta polémica.

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 28 de Fevereiro de 2008)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Opinião: DÉFICES E EXPECTATIVAS…

Ficamos ontem a saber que ninguém sabe ainda qual foi o défice público do Estado em 2007, na medida em que a Comissão que vai calcular esse valor “ainda não decidiu como irá contabilizar os 150 milhões de euros injectados pelo Estado em dez hospitais transformados em Entidades Públicas Empresariais”. De concreto, apenas se ficou a saber que a posição da referida comissão não é subscrita pelo governo socialista, já que o gabinete de Sócrates pretende que aquele montante “não seja classificado nas contas públicas como transferência de capital, já que dessa forma conseguirá evitar um impacto ao nível do défice público e apresentar um resultado orçamental mais positivo em 2007”. A comissão, liderada pelo Instituto Nacional de Estatística, vai também pronunciar-se sobre se estão ou não “reunidas as condições para que as dotações do Estado possam realmente ficar fora do cálculo”. Esta divergência resulta do facto das regras contabilísticas europeias “dizerem que isto só poderá acontecer se se considerar que o Estado está a agir como um accionista privado e se não houver dúvidas sobre a possibilidade de o projecto empresarial ser lucrativo”. Apesar de tudo, dizem os especialistas que, mesmo com esta “contrariedade” continuam a existir fortes possibilidades do governo socialista poder apresentar um défice público, em 2007, inferior aos 3%, perspectiva que já foi contestada, naturalmente, pela oposição, mas que o gabinete de Sócrates precisa que seja confirmada. Sublinhe-se que estamos a falar de uma verba da ordem dos 150 milhões de euros, correspondentes a cerca de 0,1% do PIB português.
Diz o jornal em questão (Publico) que no ano passado Portugal acabou mesmo por não conseguir evitar o impacto no défice destas duas injecções de capital, “já que, em Abril de 2007, o Eurostat – que tem a palavra final nas contas públicas – forçou as autoridades portuguesas a corrigir os dados de 2005, agravando o défice”.
Mas enquanto Portugal – governo e a tal comissão – discutem afinal qual o défice público que apresentarão a Bruxelas, e que depois terá que ser aceitem ou não, pelos organismos comunitários a quem cabe a última palavra nesta matéria, ficamos a saber que Portugal ocupa a 15ª posição como destino preferido pelos investidores estrangeiros ao nível da União Europeia, segundo dados constantes de um estudo realizado por uma empresa de consultoria, para quem "desempenho de Portugal em 2007 surpreende pela positiva”, mantendo em 2007 a mesma posição que tinha 2005, no âmbito da União Europeia, à frente da Dinamarca, Áustria e Noruega. Quer isto dizer que o governo socialista tem assentado muita da sua retórica quanto á recuperação da economia e quanto á estabilidade e controlo das contas públicas em informações da autoria de entidades públicas ou privadas consistentes, dispersas, mas que nalguns casos têm alguma credibilidade.
Deixando para trás as questões formais, vamos ao encontro do país real – utilizando o mesmo procedimento que na Região a oposição usa quando quer confrontar os resultados do PIB regional (mas não é disso que estamos a falar) com a realidade social interna – e constatar, ou tentar constatar, se nos últimos anos tem existido ou não. Por parte da governação em Lisboa, uma dependência crónica perante um predomínio imposto do primado economicista em elação a todos os demais, nomeadamente as questões humanas.
E é a mesma Comissão Europeia que o governo quer ver aprovar o défice abaixo dos 3% a traçar um retrato, a propósito da pobreza em Portugal, particularmente dos idosos e das crianças que nos envergonha a todos (mas esse será tema de um meu próximo artigo), já que revela o efeito pernicioso de orientações economicistas, onde apenas o défice das contas públicas é essencial. Eu esclareço desde já, até para evitar interpretações erradas ou deturpações, que considero uma obrigação dos governos e dos Estados o equilíbrio das suas contas públicas, porque insistir sistematicamente em gestões deficitárias acaba por constituir um ónus que em nada abo na a favor dos governantes. Considero, e nem sequer discuto isso, que este governo, na fase inicial do seu mandato, depois das eleições de 2005, teve necessidade de suster o agravamento do défice público. O que se pode questionar, com toda a legitimidade, são as medidas adoptadas, a natureza e a intencionalidade eventualmente subjacentes a nalgumas delas, mas sobretudo a sua prorrogação temporal até hoje a par de muitas contradições – e amanhã falaremos disso – reveladoras de hesitações ou de cumplicidade com determinadas realidades financeiras do Estado que parecem passar ao lado de tudo o que tem sido feito noutros níveis, nomeadamente com as Regiões Autónomas, os Municípios e alguns departamentos governamentais.

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 27 de Fevereiro de 2008)

Reportagem: "Como se faz um sucessor presidencial à russa"

Dulce Furtado, jornalista do Publico, escreveu recentemente um importante e oportuno texto com o título em epígrafe, através do qual procura explicar o surgimento do pretenso sucessor de Putin na presidência da Rússia: "A Rússia está pronta a votar em Dmitri Medvedev para novo Presidente. E o Kremlin só teve que mexer um dedo: Putin apontou-o como sucessor. O Ocidente parece satisfeito com "a melhor das escolhas possíveis""Mantém a câmara neles, esquece o resto", disparou numa ordem quase gritada o produtor de um dos maiores canais de televisão russos ao operador de câmara, durante uma cerimónia solene em Sófia, em meados de Janeiro passado. Era a primeira visita oficial ao estrangeiro feita em conjunto pelo chefe de Estado russo, Vladimir Putin, e pelo "herdeiro" escolhido para assegurar a sucessão no Kremlin, desde o arranque da campanha presidencial na Rússia. E o herdeiro era Dimitri Medvedev, o homem de porte tímido e rosto de traços infantis que se aproximara de Putin para lhe sussurrar algo ao ouvido."No mesmo instante, dezenas de dignitários e jornalistas ficaram especados a olhar para os dois, às risadinhas, como fãs que tinham encontrado por acaso uma estrela pop", observou o correspondente da Reuters, Oleg Tchedrov, no blogue desta agência noticiosa sobre as eleições presidenciais russas do próximo domingo - às quais Medvedev se apresenta com mais de 70 por cento das intenções de voto nas sondagens. "Putin permaneceu calmo. Mas Medvedev, o primeiro vice-primeiro-ministro que - caso não haja um grande contratempo - receberá muito em breve a presidência da Rússia, corou como um adolescente. Estava claramente embaraçado por desviar a atenção dos media do seu patrão e mentor", descreveu ainda Tchedrov".

Reichstag: o incêndio do século XX

O jornalista do Publico, Jorge Almeida Fernandes, recorda hoje que "o incêndio do Reichstag, na noite de 27 de Fevereiro de 1933, foi um dos mais impressivos acontecimentos do século XX. Não mudou a História, mas acelerou dramaticamente a montagem do sistema totalitário de Hitler. Ainda hoje encerra algum mistérioAinda com o Reichstag (parlamento alemão) em chamas, na noite de 27 para 28 de Fevereiro de 1933, a polícia prendeu um jovem holandês de 24 anos, Marinus van der Lubbe. Foi apanhado de tronco nu, ateando pequenos focos de incêndio. Desempregado, tinha chegado a Berlim dez dias antes. Fizera parte das Juventudes Comunistas holandesas, que teria abandonado em 1931. Reivindicou o incêndio e disse ter agido sozinho. Foi esta a opinião dos polícias que o interrogaram e o tomaram por desequilibrado. Terá dado a entender que queria fazer algo de grandioso para sublevar a classe operária alemã e teria já falhado duas tentativas de fogo posto.Os líderes nazis começaram por interpretar a acção como o sinal de uma insurreição comunista, ou nas palavras de Goebbels, como uma "última tentativa, através do fogo e do terror para semear a confusão e criar o pânico para deitarem a mão ao poder." Goering alimentou a efabulação: deputados comunistas teriam sido vistos a fugir do Reichstag durante o incêndio.Imediatamente surgiu a tese oposta, largamente difundida no estrangeiro e na oposição alemã, segundo a qual o incêndio teria sido ateado por um destacamento das Secções de Assalto (SA) nazis que teria entrado no Reichstag por um túnel que partia da residência de Goering - ministro do Interior da Prússia e futuro número dois do III Reich".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Um sistema planetário semelhante ao nosso?

Escreve a jornalista Ana Gerschenfeld, do Publico, que "a 5000 anos-luz de nós, há uma estrela com metade da massa do nosso Sol e com dois planetas parecidos com Júpiter e Saturno, embora não tão grandes, que giram à sua volta. A distância entre as suas órbitas é proporcional às que separam o Sol, Júpiter e Saturno. Uma espécie de sistema solar em ponto pequeno.Scott Gaudi e Andrew Gould, da Universidade Estadual do Ohio, com colegas profissionais e amadores de 11 países - Nova Zelândia, Israel, Chile, Espanha, EUA, etc. - e uma rede global de telescópios, descobriram estes dois longínquos planetas extra-solares em torno da estrela OGLE-2006-BLG-109L graças ao efeito de "microlente gravitacional". Mais precisamente, os planetas denunciaram a sua presença quando a referida estrela se intrometeu entre a Terra e uma estrela mais distante. A luz da estrela distante foi então desviada, distorcida, pela gravidade da outra e dos seus companheiros - e amplificada como se tivesse atravessado uma autêntica lupa cósmica".

Norte do País vítima do desemprego

Conforme escreve Alexandra Figueira, do "Jornal de Notícias", o "Norte tornou-se, no ano passado, a região com mais desemprego de todo o país, ultrapassando o Alentejo que, na última década, esteve sempre à frente. O "mérito" é todo do Alentejo, o único a conseguir baixar a taxa de desemprego registada em 2007 face ao ano anterior. O Norte, pelo contrário, terminou o ano com uma taxa superior à homóloga, de 9,4%, bem acima da média nacional de 8% que, por sua vez, é a mais alta desde, pelo menos, as duas últimas décadas, atingindo 448,6 mil pessoas não tinham trabalho.Os números finais de 2007 ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma subida do desemprego face a 2006, mas a evolução ao longo do ano deixa ver que o fenómeno dá sinais de abrandar. O ano arrancou com uma taxa de 8,4%, que baixou para 7,9% no segundo e terceiro trimestres. O último trimestre terminou com uma taxa menor, de 7,8% - ainda assim, um valor alto e só comparável a meados da década de 90. Ou seja, o desemprego foi baixando ao longo dos 12 meses, mas, contas feitas, o valor médio do ano ficou acima do verificado em 2006. Se o desemprego baixou no final do ano é porque pessoas sem trabalho passaram a ter outra condição e, aqui, o INE trouxe uma boa notícia quase duas em cada dez pessoas desempregadas no terceiro trimestre encontraram trabalho nos três meses seguintes, um ritmo mais rápido do que o notado até então". Este mesmo assunto é abordado pelo "Primeiro de Janeiro": "O desemprego em Portugal atingiu em 2007 os oito por cento, o valor mais elevado desde que existe a série estatística do INE. Já em termos homólogos, no quarto trimestre a taxa baixou 0,4 pontos percentuais, para 7,8. O Norte, com 9,4 por cento, é a região mais afectada. A taxa de desemprego portuguesa atingiu em 2007 o valor mais elevado em pelo menos 10 anos, tendo quase duplicado nesse período, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) ontem divulgados. A série estatística do INE só vai até 1998, altura em que a taxa de desemprego se encontrava nos 4,9 por cento. Desde 2001 que a taxa de desemprego tem vindo a subir, encontrando-se, no final de 2007, nos 8,0 por cento (taxa anual), ou seja, no valor mais elevado dos últimos 10 anos. O número de desempregados aumentou 78 por cento entre 1998 e 2007, passando de 252 mil para 448,6 mil.Os anos de 1999 e 2001 foram de redução da taxa de desemprego em Portugal, de 0,5 pontos percentuais em cada ano, mas todos os anos seguintes foram de subida deste indicador".

Cinema: recordando o filme "A Praia"

Caça a um tesouro nazi...

Segundo o "El Pais", "una excavadora busca dos toneladas de oro escondido en el subsuelo entre Alemania y la República Checa. Un gigantesco taladro ha comenzado hoy a horadar el suelo de un bosque cercano a la localidad de Deutschneudorf, en la frontera entre Alemania y la República Checa. Busca dos toneladas de oro que, sospecha los investigadores, fueron escondidas ahí por los nazis al término de la Segunda Guerra Mundial. Los trabajos de excavación han comenzado en el lugar donde el fin de semana pasado los cazatesoros afirmaron haber detectado la presencia de metales preciosos a 20 metros de profundidad. "La gente está fascinada. Se trata de objetos relacionados con la Segunda Guerra Mundial", ha señalado en la televisión Heinz-Peter Haustein, alcalde del pueblo y diputado liberal en el Bundestag (Parlamento federal). "Es bueno hablar de todo aquello porque la guerra no es un capítulo acabado y representa una ocasión para evocar el pasado", ha añadido ante numerosos curiosos mientras que la maquinaria ha empezado a horadar el suelo al pie de una pequeña colina, cerca de una estación abandonada. La semana pasada el alcalde declaró a la prensa que el metal precioso se encuentra en una sima en una pared de rocosa que fue construida por el hombre y que ahora se encuentra semiderruida. La sima está conectada con un pozo que es al que están intentado acceder las máquinas. Los análisis realizados con aparatos electromagnéticos, según Haustein, han confirmado que el metal hallado no es hierro y que "solo puede ser oro, quizás plata".

Para onde viajam os nossos deputados?

Segundo escreve hoje o "Correio da Manhã" num texto do seu jornalista António Sérgio Azenha, "as deslocações ao estrangeiro dos 12 deputados mais viajados, em serviço pela Assembleia da República, implicaram, em 2007, uma despesa de quase 351 mil euros, montante que representa 11 por cento de um total de 3,1 milhões de euros orçamentados para viagens e estadas no ano passado. No pódio dos parlamentares mais viajados surgem três rostos bem conhecidos: Mota Amaral, José Luís Arnaut e Mendes Bota, todos do PSD, que em conjunto fizeram 38 viagens.No ano passado, os 12 deputados mais viajados realizaram um total de 112 deslocações ao estrangeiro, a fim de participarem nas assembleias parlamentares da União da Europa Ocidental (UEO), do Conselho da Europa (CE) e da NATO, organismos dos quais Portugal é membro. E essas deslocações abrangeram países na Europa, África, Ásia e América do Norte.Com o transporte e o alojamento das 112 viagens ao estrangeiro, foram gastos cerca de 351 mil euros, dos quais mais de 256 mil euros dizem respeito a despesas com transportes. Ao orçamento global de 3,1 milhões de euros para viagens acresceu ainda uma verba de quase 500 mil euros em ajudas de custo para os deputados. A subida do preço do petróleo, com consequências no preço dos bilhetes de avião, acabou por exigir um aumento no orçamento para viagens ao estrangeiro. José Luís Arnaut, que foi presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros até Outubro de 2007, não tem dúvidas de que estas deslocações ao estrangeiro são “um trabalho necessário para ajudar no trabalho de decisão política”. Para o deputado do PSD, “se Portugal não está lá, a sua ausência é aproveitada por outros”. Mais: essas viagens “são custos de soberania".

Opinião: ACORDOS?

Passado um período em que PS e PSD pareciam mais interessados em construir pontes viabilizadoras de pactos de regime a pataco, por tudo e por nada – Filipe Meneses quando substituiu Marques Mendes, também vinha com esse discurso consensualista, embora tenha refreado essas ânsias… – do que em sublinhar as diferenças existentes, naturalmente, entre os dois partidos, parece que agora andam socialistas e social-democratas de candeias às avessas, tudo por causa do recuo laranja em relação ao acordo em matéria de justiça que chegou a ser assinado, e do acordo sobre legislação eleitoral autárquica que chegou a ser negociado. No primeiro caso, o PSD quer outro mapa judiciário para o país, substancialmente diferente do que foi proposto pelo governo socialista. No segundo caso, depois de ter negociado com o PS, os social-democratas de Meneses, pressionado pelos autarcas, exige alterações, na medida em que quer agora devolver às Juntas de Freguesia os poderes e a representatividade que presentemente têm, enquanto membros das Assembleias Municipais. Pessoalmente, e digo-o sinceramente, estou-me borrifando para estes acordos, porque acho que a pouco mais de um ano de eleições legislativas, os portugueses querem saber o que é que diferencia os partidos e não o que os une (?), regra geral por causa de pressões de interesses manipuladores de alguns grupos corporativistas que não querem perder poder e influência.
Acho um absurdo que o PSD – salvo se este partido de Meneses, em que me parecem ser cada vez menos os que nele acreditam, não quer ganhar as legislativas de 2009 - se ponha agora a negociar seja o que for. Se o governo socialista diz que não altera o mapa judiciário, se os socialistas dizem que não recuam na legislação autárquica (embora neste caso pareça existir ainda uma réstia para algum entendimento, - então esqueçam os pactos de regime e preparem mas é a estratégia política para 2009, porque é disso que precisamos, é isso que se exige ao PSD, a progressiva construção de uma imagem consistente de competência, de coerência, de seriedade, porque sem esses atributos ninguém lhe atribui crédito, n em olha para os social-democratas como a alternativa que dizem ser e querer (?) ser. Portanto, acho que não vale a pena dramatizar o assunto: se houver acordo, há que cumpri-lo, caso não seja possível um entendimento, partamos para outra.
Mas, e este é o reverso da medalha, o PSD não pode dar, seja em que circunstâncias for, a ideia de ser um partido instável, de avanços e recuos, que tanto dá dois passos em frente, como depois, pressionado pelos seus múltiplos interesses corporativistas internos, dá o dito por não dito e recua dois ou passos atrás. Numa expressão, o PSD não pode dar uma imagem – ou deixar que a construam na comunicação social – de que é um partido pouco sério, que não cumpre acordos, que tem uma liderança que vagueia ao sabor de pressões ou de interesses próprios de quem tudo faz para manter-se no poder, porque poder significa sobrevivência, e porque sobrevivência significa o usufruto de mordomias ou outras vantagens inerentes.
Uma segunda questão (e não vou falar no crescente número de figuras social-democratas que acham que o partido precisa urgentemente, ainda em 2008, caso não haja uma grande mudança interna, de procedimentos, de discurso e de estratégia, de medidas preventivas extremas) que me irritou profundamente – porque, em certa medida, pode ser reveladora (oxalá me engane) do carácter de quem se encontra hoje na liderança do maior partido da oposição – tem a ver com a rápida tentativa, ainda por cima de forma contraditória (o seu secretário-geral tinha dito, nesse mesmo dia, que o partido assumiria a penalização), de Meneses em demarcar-se da multa que foi imposta ao PSD pelo Tribunal Constitucional, por alegado financiamento ilegal por parte de uma empresa de construção (estamos a falar de procedimentos no cumprimento da lei vigente), pretendendo com isso dizer que o “seu” partido terá outro procedimento e que não correrá tais riscos. Ainda bem, oxalá que assim seja, porque todos estes casos em torno do financiamento dos partidos, funcionam sempre como implacáveis ”pregos no caixão” dos partidos cuja credibilidade entre os portugueses está muito por baixo. Mas para além disso, Meneses tem que perceber que não há reinados nos partidos, que existe uma continuidade que apenas conhece, esporadicamente, protagonistas, uns mais competentes que outros (alguns não passam de páraquedistas caídos em tachos, não se sabe bem de onde, como, para quê e porquê, para os quais não estão minimamente preparados). Se em 2009 o PSD perder as eleições legislativas e Meneses for rapidamente posto a andar, ninguém vai andar a falar dele daqui a uns anos. Foi apenas mais um erro que, por não ter dado nada de útil ao partido e ao país, cairá rapidamente no implacável esquecimento da História, regra geral caracterizada por uma tremenda memória curta…

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 26 de Fevereiro de 2008)

Castelos de França

Qual o golo mais estúpido?

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La Cucaracha Revolucionaria

Glaciares da Antárctida derretem depressa

Escreve a jornalista do DN Lisboa, Paula Lobo, que "dois cientistas britânicos acabam de descobrir, numa região inóspita que não era visitada desde 1961, que há glaciares da Antárctida a deslocarem-se mais rapidamente do que aquilo que se julgava. As massas de gelo podem estar a derreter devido a correntes oceânicas e fontes geotermais Uma equipa de cientistas britânicos acaba de descobrir que há uma zona da Antárctida que está a derreter mais rápido do que se previa. Claro que o processo poderá demorar várias décadas ou mesmo um século, mas todo o gelo ali acumulado pode fazer subir a água do mar 1,5 metros em todo o planeta.Segundo a BBC, na região ocidental da Antárctida, um local remoto e inóspito que não era visitado por cientistas desde 1961, existe um conjunto de três glaciares, do tamanho do Texas, cuja deslocação em direcção ao oceano tem sido acelerada nas últimas décadas. E a maior dessas colossais massas de gelo, o glaciar de Pine Island, é a que está a deixar mais preocupados os especialistas.Graças à utilização de satélites, foi possível constatar que a aceleração do referido glaciar - capaz, sozinho, de fazer subir em 25 centímetros o nível da água do mar - é já de 7%, e não de 1% como se julgava durante a década de 90."Trata-se de um glaciar muito importante, e está a transportar mais gelo para o mar do que qualquer outro glaciar na Antárctida. Tem um par de quilómetros de espessura, 30 quilómetros de largura e está a deslocar-se 3,5 quilómetros por ano", declarou à BBC o cientista Julian Scott, membro da British Antarctic Survey".

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Futebol: lembrando Van Basten

Futebol: o erro mais estúpido?

Futebol: violência...

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Futebol: jogadas incríveis

Futebol e asneiradas

A tal cimeira...

No final de Janeiro realizou-se em Londres uma cimeira entrre os quatro grandes da União. O jornalista Sérgio Aníbal, do Publico, acompanhou (aqui) um encontro que agora recordo: "Desconforto e mal-estar: a minicimeira que reuniu em Londres os quatro maiores países da União Europeia (UE) - França, Alemanha, Reino Unido e Itália - para discutir a crise financeira internacional está longe de ser consensual entre os restantes Estados-membros.Assumida por Gordon Brown, a iniciativa é largamente interpretada como uma tentativa de contrariar a imagem de distância face à UE que deu de si próprio nomeadamente com a assinatura atrasada do novo Tratado de Lisboa.Brown começou por convidar a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, na lógica de que cabe aos três maiores países assumir a liderança da UE. Depois dos protestos de Roma, o convite estendeu-se ao primeiro-ministro italiano, agora cessante, Romano Prodi. Oficialmente, Londres justificou o encontro por se tratar dos quatro membros europeus do G7 que teriam de preparar a reunião dos respectivos ministros das Finanças a 9 de Fevereiro, em Tóquio.Perante o desconforto que a iniciativa suscitou entre vários dos países mais pequenos, Brown decidiu incluir Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia. O convite, feito à última hora, pretende fornecer uma "caução europeia" à iniciativa.Mas nem a presidência eslovena da UE foi convidada - uma bofetada tanto mais séria quanto a estabilidade financeira é uma das prioridades para o actual semestre - nem o porta-voz do euro, o primeiro ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker. Profundamente incomodados, os eslovenos limitam-se a afirmar que o tema discutido em Londres interessa à totalidade dos Vinte e Sete, e que a UE dispõe das instâncias apropriadas de discussão e decisão.A mesma posição foi assumida pelo ministro português das Finanças: "Ao nível europeu, temos órgãos próprios para discutir essa matéria", afirmou Teixeira dos Santos na semana passada, referindo-se às cimeiras de lideres e aos conselhos de ministros das Finanças da UE. O seu homólogo dos Negócios Estrangeiros tem uma posição diferente: "Não tenho nenhuma dificuldade em aceitar um modelo de participação na solução das grandes questões internacionais em função de uma geometria variável", afirmou Luís Amado.As maiores críticas partiram do primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt: "A Europa não é feita unicamente para os grandes, mas para todos os cidadãos europeus, Estados e populações, incluindo os pequenos", disse. Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas".

Opinião: REFORMAS…

Li num jornal nacional na semana passada, que “os portugueses estão mais preocupados com as suas pensões de reformas do que em 2006, o que pode ser uma consequência das alterações no regime de Segurança Social que entraram em vigor no ano passado”. Esta parece ser, segundo o jornal, uma das conclusões de um inquérito feito por uma empresa de estudos de mercado para uma gestora de fundos de pensões Fidelity Internacional. A segunda "vaga" do estudo, apresentado em Lisboa, indica que “mais de um terço dos inquiridos – 36% - já começou a preparar financeiramente a sua reforma, 11% mais do que no inquérito anterior, realizado há pouco mais de um ano. Os valores registados em Portugal são idênticos aos da França, mas a Suécia, onde 81% da população se preocupa mais a sério com complementos de pensão, lidera o grupo”. Estes resultados estão na linha dos constantes de num outro estudo, anterior, divulgado no início deste ano.
De facto, a seguradora AXA realizou um estudo sobre as reformas em 2008 que concluiu que elas não cobrem as despesas dos beneficiários. O estudo, divulgado em Janeiro deste ano, fala na existência de um "défice de 109 euros entre a pensão e os gastos dos reformados portugueses, na medida em que o valor médio da pensão dos reformados portugueses em 2007, situou-se no montante de 646 euros mensais, valor insuficiente para cobrir as despesas que se situaram nos 755 euros, gerando um défice de 109 euros".
Segundo o estudo que tenho feito alusão, Portugal é o país europeu com o mais baixo valor da pensão de reforma, logo depois da República Checa (331 euros) e da Hungria (300 euros), embora a diferença necessária para cobrir a despesa mensal seja inferior no nosso país do que a de países como a Bélgica (271 euros) ou a França (362 euros). Estas conclusões do “Barómetro Reforma 2008” daquela seguradora, realizado pelo quarto ano consecutivo, “com o objectivo de analisar e comparar as atitudes e comportamentos de activos e reformados face à reforma”, comparam os resultados de Portugal com os de países como a Austrália, Bélgica, Canadá, China, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Marrocos, Espanha, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos da América, Polónia e Eslováquia, entre outros. Diz a seguradora que o inquérito realizado em Portugal “envolveu 608 pessoas, das quais 309 no activo, com mais de 25 anos, e 299 reformados ou em situação de reforma antecipada, com menos de 75 anos”. Curiosamente constata-se que, “quatro em cada dez portugueses começou a preparar a reforma”, apesar do estudo concluir que no caso do nosso país “apenas 40% dos activos iniciou o processo de preparação da sua reforma, uma percentagem que, entre os checos, os primeiros da lista, é de 79%”. Os indicadores do nosso país estão abaixo da média da Europa Ocidental (55%) e do próprio estudo (54%), mas não somos os piores pois em Espanha e em Itália a percentagem de activos que antecipadamente preparou a sua reforma varia entre os 30 e os 38%. Outro dado interessante, segundo o estudo desta seguradora, é que a média de idade dos portugueses que antecipadamente iniciaram a preparação da sua reforma, logo aos 34 anos, “é das mais altas, apenas ultrapassados pelos húngaros (38 anos), pelos checos (36) e dos chineses (35), mostrando os espanhóis, franceses e os suíços indicadores iguais aos dos portugueses”.
Estes dados apenas desmistificam a ideia de que o governo socialista de Lisboa anda a fazer tudo o que pode, quer pelos reformados, quer em matéria de incentivo da poupança e do recurso a soluções que o mercado coloca á disposição das pessoas para garantirem antecipadamente uma reforma sem problemas. Obviamente que é sabido que as famílias não têm possibilidade de poupança, que os níveis de endividamento têm aumentado – e voltaram a aumentar mais de 10% em2007 – pelo que nada resta para ser investido noutras opções, por exemplo nestas. Mas, por favor, se assim é, e julgo que ninguém de bom senso e sério negará esta evidência, então deixem de andar a vender a ideia, outra propaganda, de que os reformados estão hoje melhor do que no passado. Não estão, e ponto final. O estudo da seguradora AXA, que venho citando, revela, por exemplo, que 60 por cento dos portugueses activos que reconhecem que ainda não se preocuparam com isso, que só vão encetar diligências para a preparação da sua reforma aos 45 anos. E só 16% dos activos conhecem o valor da sua reforma futura, o que explica que Portugal seja o segundo país onde os activos menos conhecem esse montante da sua futura reforma. E diz o estudo que, “mesmo entre os que estão mais próximos da reforma (mais de 55 anos), menos de 3 em cada 10 activos conhece o valor da sua reforma futura” (os mais informados são os alemães, 54%, os norte-americanos e os suíços, ambos com 44%. Refira-se, finalmente, que mais do que uma “visão negativa da Segurança Social”, ao portugueses reconhecem o seu pessimismo quanto à reformulação do sistema, embora “mais de metade dos activos (55%) espera uma reformulação do sistema de reformas nos próximos dez anos, traduzida no aumento do número de anos de trabalho e na redução do valor da pensão de reforma”.

Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 25 de Fevereiro de 2008)

Airbus à frente da Boeing

Segundo a agência de notícias francesa France Press, a Airbus está a levar a melhor sobre a Boeing. Só no mês de Janeiro, o construtor europeu de aviões captou 238 encomendas, bem mais do que as 65 que desde o início do ano e até 5 de Fevereiro o fabricante norte-americano tinha acrescentado à sua carteira, nota a agência AFP. Para o bom desempenho da Airbus contribuíram em muito 110 aparelhos do tipo A320 que a China anunciou em Novembro que ia adquirir. Em matéria de entrega de aviões, a vantagem, ainda que estreita, também está do lado da Airbus: 37 aparelhos contra 34 da sua rival. No ano passado foram atingidos valores recorde de encomendas, tanto pela Airbus, com 1341 unidades, como pela Boeing, com 1413, mas este ano esses valores não devem repetir-se. O director comercial do fabricante europeu, John Leahy, foi prudente quando estabeleceu como objectivo para o conjunto do ano entre 500 e 750 encomendas, bem longe dos picos dos anos de 2005 a 2007.

Alasca rende-se à exploração petrolífera

Li no Publico que "os protestos dos ambientalistas não chegaram para travar a venda dos direitos de exploração de petróleo e gás no Mar Chukchi, no Alasca, que atingiu este mês o valor recorde de 2,66 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros). O montante ultrapassou mesmo os preços estabelecidos em 1980 pelo serviço de gestão de minério do governo norte-americano mostrando, sublinha a Reuters, a forma como os preços elevados do barril transformaram regiões indesejáveis para quem quer controlar custos em locais de exploração. No último orçamento, o governo estimava receber apenas 67 milhões de dólares (45,9 milhões de euros) pela operação. "Neste momento é rentável explorar em áreas tão caras como estas", disse Randall Luthi, director do serviço de gestão de minério. Segundo a Reuters, a proposta mais alta veio da Royal Dutch Shell, que considera o Alasca uma zona estratégica. A empresa ofereceu 105,3 milhões de dólares pela exploração de um único bloco. A ConocoPhillips, a Eni, a StatoilHydro e a Repsol YPF também licitaram activamente. "Não foi uma surpresa porque sempre houve muito interesse nesta área. O facto de existirem vários interessados indica que há ali um grande potencial de exploração de recursos", disse Marilyn Crockett, director executivo da Alaska Oil and Gas Association. O departamento norte-americano de gestão de minério acredita que há 15 mil milhões de barris de petróleo e 77 milhões de milhões de metros cúbicos de reservas de gás no Mar Chukchi. Os elevados custos de exploração nas águas do oceano Ártico têm vindo a travar a actividade de exploração. Em 1991 o custo de 30 blocos era de apenas 7,4 milhões de dólares (cerca de cinco milhões de euros). A notícia não foi bem recebida pelos ambientalistas, que protestaram contra o leilão de 5355 blocos que abrange uma área de 11,9 milhões de hectares. Argumentam que ainda não se conhecem os efeitos da exploração de petróleo na população de ursos polares".

Começou o "abandonar do barco" de Durão Barroso

Diz o Expresso, num texto dos jornalistas Luísa Meireles e Daniel do rosário, correspondente em Bruxelas, que "o comissário Franco Frattini, responsável pela Justiça e Assuntos Internos, comunicou esta semana a Durão Barroso que deixará o cargo em meados do próximo mês para participar nas eleições de Abril no seu país. O britânico Peter Mendelson, responsável pela pasta do Comércio, também já foi informado pelo seu primeiro-ministro, Gordon Brown, que não terá o mandato renovado. E Benita Ferrero-Waldner, comissária das Relações Externas, bem como Joaquim Almunia, o espanhol responsável pelos Assuntos Monetários, poderão não cumprir até ao fim os respectivos mandatos, se entretanto entrar em vigor o novo Tratado, o qual determina a criação do cargo de Alto Representante para a Política Externa, acabando com o posto da primeira. Se for Javier Solana o escolhido, Almunia terá que voltar para casa, porque não pode haver dois comissários com a mesma nacionalidade. Nos gabinetes, o clima de fim de festa ainda é mais acentuado. É uma verdadeira ‘deserção’. “Isto é uma espécie de trampolim, e para arranjar coisas melhores tem de ser agora, não no fim do mandato”, explicou ao Expresso um eurocrata. Ao nível do serviço de porta-vozes, por exemplo, um terço da equipa que assumiu funções em 2004 já foi renovada, entre mudanças de serviço e troca da função pública europeia pelo sector privado. Nesta altura, é quase um segredo de polichinelo Durão Barroso querer ficar mais cinco anos em Bruxelas, seja para cumprir um segundo mandato como presidente da Comissão Europeia seja mesmo para estrear o novíssimo cargo de presidente do Conselho Europeu, se a maioria resultante das próximas eleições europeias, em Junho de 2009, não for favorável à sua família política, o Partido Popular Europeu (PPE). O novo Tratado ‘ata’ o seu cargo à maioria no Parlamento Europeu. Mas esta é apenas uma das incógnitas dos debates que já se iniciaram em Bruxelas sobre os futuros titulares dos supremos cargos da União, a saber, os de presidente da Comissão, presidente do Conselho Europeu e Alto Representante, o futuro ‘MNE europeu’. E se Barroso não tem praticamente concorrentes no seu cargo, “desde que não se cole demasiado aos ‘grandes”, como afirmava um bom conhecedor dos corredores do Barlaymont, para os dois últimos já são lançados nomes, ao mesmo tempo que se mantêm as dúvidas sobre o seu perfil, funções, peso e orçamento. “Está-se na fase de apalpar terreno e de lançar as lebres”, dizia o secretário de Estado para os Assuntos Europeus, Manuel Lobo Antunes, que concorda que o primeiro presidente do Conselho “irá moldar o cargo e abrir o caminho futuro”. Tony Blair, lançado pelo Presidente francês, é um nome que suscita muitas resistências, por ser oriundo de um país que não participa nas principais políticas europeias (há mesmo uma petição «online» a correr contra ele, www.stopblair.eu). Lobo Antunes, todavia, não o descarta só por essa razão: “os ingleses sempre fizeram bons cargos europeus e há que dar um sinal de envolvimento ao Reino Unido”. Já Maria João Rodrigues acha que, antes de se discutirem nomes, tem de se debater critérios. Para a veterana conselheira da Comissão, o principal é que o presidente do Conselho não “eclipse” o da Comissão, o verdadeiro cargo executivo. O ideal seria discutir em pacote, até porque vai ser preciso equilibrar critérios partidários, nacionais e regionais (e acomodar os países do Leste) - o que só será possível se o Tratado de Lisboa entrar em vigor não em Janeiro mas depois. A pressão vai ser intensa".

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