PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

segunda-feira, 31 de março de 2008

Opinião: IVA

Assisti sexta-feira ao debate na Assembleia da República (já agora será que aquele modelo regimental é realmente um debate parlamentar na verdadeira acepção da palavra, com primeiro-ministro e os próprios grupos parlamentares a ficarem sem tempo disponível, a dada altura, levando a que deputados coloquem perguntas aos membros do governo sabendo que não vão receber respostas, porque não há tempo disponível?) no qual a anunciada descida do IVA (em Julho) e a contenção do défice das contas públicas para valores que não eram registados há 30 anos. Não sendo eu um especialista nesta temática, direi apenas que penso que esta descida de um ponto percentual da taxa máxima do IVA é sobretudo simbólica, embora tenha um natural impacto, mesmo que reduzido no consumo. Admito que para os cidadãos com mais rendimentos, esta descida do IVA pouco ou nenhum significado possa ter, ao contrário dos cidadãos com menores rendimentos. Mas não vale a pena fazer festanças, até porque estamos a falar de um país que ainda não sabe se vai passar incólume à crise que agita os mercados internacionais.
O que as pessoas esperam é uma redução mais significativa no IVA, uma redução nos impostos sobre rendimentos, caso do IRS, ou do IRC que tributa as empresas. Recordo que o nosso país faz parte do lote dos países europeus com a taxa de IVA máxima mais elevada: Suécia e Dinamarca, ambos com 25,0 %, Polónia e Finlândia com 22%, Bélgica, Irlanda, Portugal, todos com 21%, Áustria, Hungria, Bulgária, Itália e Eslovénia, todos com 20%, França com 19,6%, Grécia, Alemanha, Roménia, República Checa, Países Baixos e Eslováquia, todos com 19%, Estónia, Lituânia, Letónia e Malta, todos com 18%, Reino Unido com 17,5%, Espanha com 16% e Chipre e Luxemburgo com 15%. E prescindo de cruzar estes valores, por exemplo, com os valores do salário mínimo em cada país…
Mesmo assim, admito que esta decisão do governo, associada ao controlo do défice público (resta saber se à custa da despesa, conjugada com a receita, como sustenta o governo, ou se apenas por causa da contenção da despesa, como argumenta a oposição) e do anuncio de que novas descidas dos impostos poderão acontecer este ano ou em 2009, é uma realidade que naturalmente incomoda a oposição ou, pelo menos, não lhe facilita o trabalho.
Porque há o reverso da medalha. As declarações do ex-ministro das Finanças de Sócrates, Campos e Cunha, contundente desta medida do governo, ou o pedido de esclarecimento feito ao governo no debate que atrás referi, e que ficou sem resposta. Falo do facto do governo socialista, interpelado por um deputado do Bloco de Esquerda sobre quais os ginásios que reduziram os preços de adesão aos seus serviços apesar do governo ter descido o IVA obrigado pela transposição de uma norma comunitária.
Outra questão que inevitavelmente tem que ser colocada, neste contexto, tem a ver com a alegada crise, no sector bancário nacional, que se está borrifando para o facto do povo estar cada vez mais endividado e sem dinheiro, mas que apenas aposta nos lucros – que aumentaram 2.490 milhões de euros em 2007, mais 290 milhões que no ano anterior – ou na pouca vergonha escandalosa das reformas atribuídas pelo BCP a administradores saneados e a falcatruas ainda não esclarecidas, e que se este povo tivesse alguma dignidade seriam motivo mais do que suficiente para uma reacção popular como deveria ser, agravando ainda mais as dificuldades da instituição bancária, neste caso por falta de clientes em carteira…
É esta contradição e esta libertinagem descarada por parte de instituições com falta de seriedade, que ninguém consegue explicar. Tal como referiu Jerónimo Sousa na Assembleia da Republica, nesse tal debate, os lucros da banca aumentaram mas o sector pagou menos 156 milhões de euros em impostos em 2007 comparativamente ao que se passou em 2006.
Em resumo, o IVA é um imposto cego porque indiscriminadamente afecta a todos, dado que incide sobre consumo e não sobre os rendimentos não sendo por isso aplicado em função do que ganham pobres ou ricos. O IVA já foi considerado o imposto mais injusto, embora dificilmente posamos considerar viável um mecanismo económico privado dessa tributação. Podemos é discutir valores, mas nunca a sua existência.
Uma nota final para referir que continuo a pensar que o grande problema do PSD no parlamento nacional, quer queira, quer não queira, é o de que o maior partido da oposição será sempre confrontado com o passado, e nisso Sócrates insiste sistematicamente e já admitiu que o fará as vezes que entender, porque essa responsabilidade passada, partilhada pelo PSD e pelo CDS/PP, não pode ser escamoteada. De facto, foi com esse governo que o défice das contas públicas fugiu ao controlo atingindo valores superiores aos 5,3%, pelo que quando vemos um Santana Lopes ou um Paulo Portas, os dois homens fortes desse governo demitido por Sampaio em 2005, serem confrontados com esses factos, facilmente percebemos o desconforto e constatamos que os dois partidos ficam com um campo de actuação claramente condicionado. E isso não ajuda.

Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 31 de Março de 2008)

P.S. Joana, 13 anos, é nome de uma jovem de Santa Maria da Feira, afectada por uma doença grave, e que precisa de apoio refugiando-se, e ao seu drama, na escrita. A mãe foi obrigada a deixar de trabalhar para se dedicar à sua filha. Naquela casa apenas o ordenado do pai é rendimento garantido. Já deixaram de pagar ao banco as prestações da casa que tinham comprado, quando os rendimentos eram outros. Agora aguardam a decisão do tribunal para que procedam à entrega da habitação à instituição bancária credora. A Câmara Municipal compara-se a um rol de promessas, sem qualquer sensibilidade para um caso humano e para o drama de uma família atingia pelo infortúnio. Mas é este país que somos, é este o mundo em que vivemos, é esta Humanidade de que fazemos parte. Enquanto isso a pequena Joana – e quantos dramas iguais ou semelhantes não existirão por esse país fora? - quase sente remorsos da sua doença e das dificuldades causadas aos seus pais. Uma reportagem emitida na SIC e que me emocionou, porque não sou capaz de perceber como é que esta injustiça acontece, porque não aceito que o poder político não resolva com rapidez e de forma consistente estes dramas. É por isso que muitas vezes apolítica mete nojo.

Venezuela: Canaima, la Gran Sabana


***

***

domingo, 30 de março de 2008

Quadro de Cranach da National Gallery pertenceu à colecção privada de Hitler

A revelação foi feita pelo Publico, num texto do jornalista Luís Miguel Queirós: "A National Gallery (NG) anunciou esta semana em Londres que um dos quadros mais conhecidos do seu acervo - Cupido Queixando-se a Vénus, do pintor alemão Lucas Cranach, o Velho (1472-1553) - pertenceu à colecção privada de Hitler. A notícia causou sensação. Não são raras as obras de arte com "passado nazi", mas esta não é uma pintura qualquer, e Hitler não foi propriamente um nazi anómimo. "Nunca nos acontecera nada de parecido com isto", reconheceu o porta-voz do museu britânico, Thomas Almeroth-Williams. No entanto, o mais surpreendente desta história nem é tanto o ter-se provado que a pintura pertenceu a Hitler. O pormenor mais estranho é o papel desempenhado pela repórter norte-americana Patricia Hartwell, correspondente da revista feminina Woman"s Home Companion. Mas já lá vamos. A NG já admitira que este óleo sobre madeira de Cranach, representando Cupido a queixar-se a Vénus de que fora picado por abelhas ao tentar roubar mel, pudesse ter sido pilhado pelos nazis, uma vez que não tinha sido possível averiguar o seu paradeiro entre 1909, quando foi vendido em leilão, e o final da Segunda Guerra. A investigadora Birgit Schwartz descobriu recentemente uma imagem da Vénus de Cranach num álbum de fotografias conservado na Biblioteca do Congresso, nos EUA. O álbum, que pertenceu a Hitler, reunia reproduções de algumas das obras que este mantinha num apartamento de Munique. Sabe-se que o quadro pertenceu a Emil Goldschmidt, de Frankfurt, que o vendeu em leilão em 1909. O museu londrino comprou-o em 1963 aos irmãos Silberman, negociantes de arte nova-iorquinos, que terão dito que o tinham adquirido a descendentes do comprador de 1909. Aparentemente, as coisas não se terão passado bem assim. E é aqui que entra a valorosa correspondente de guerra da Woman"s Home Companion, que morreria em 1998".

Opinião: "E DE REPENTE…"

Escreveu Antoine Gombaud, (“Do espírito da conversação”): Parece-me que quando se relata uma acção boa ou má não se deve nem louvá-la, nem censurá-la, pois ela faz sentir muito bem o que é, sendo melhor deixar livre o julgamento a seu respeito. E, depois, como a maior parte dos louvores provêm da adulação, a sociedade raramente se compraz com isso, e a maledicência leva a pensar que se é invejoso ou maldoso. É bem possível exaltar as pessoas que se ama, sem falar muito do seu mérito; e para os outros que não se estima, é um favor não dizer nada deles. Acho também que todo o tipo de gente, mesmo a mais modesta, estima que a consideremos e que a tratemos afavelmente. Há poucas pessoas, não obstante, que toleram ser louvadas quando estão presentes, pois, normalmente, procede-se desastradamente, expondo-as e embaraçando-as. Mas os louvores que honram aquele que os faz, assim como aquele que os recebe, agradam muito quando são descobertos por meio de alguém que os relata, e quando não são suspeitos nem de interesse, nem de adulação e particularmente se são de boa origem. Pois, assim como o afecto é bem acolhido apenas quando vem de uma pessoa amável, também é necessário ter mérito, quando se deseja que se estimem os louvores que se faz”.
Vem isto a propósito de uma curiosa conjugação entre duas realidades informativas distintas, recentemente publicadas na imprensa nacional, uma das quais relacionada com declarações estimulantes do primeiro-ministro José Sócrates - proferidas a um ano de um ciclo eleitoral que será decisivo para o PS e para a sua sobrevivência política pessoal - que deste modo garantiu, antecipadamente, os mecanismos necessários à inevitável adopção de um discurso político diferente, que será acompanhado de um pacote de medidas governativas que visarão o aliciamento do eleitorado (compensando desta forma as contrariedades dos últimos tempos) e o atenuar da perda de apoios do PS (e da imagem degradada do governo socialista) junto da opinião pública portuguesa. Porque em matéria de eleitoralismo (ou de oportunismo político), não tenhamos dúvidas que os mesmos que apontam o dedo, por exemplo, a Alberto João Jardim ou a alguns autarcas, serão os primeiros, em 2009, a tudo fazer para ganharem as eleições legislativas nacionais, mesmo que já tenham percebido, que a maioria absoluta cada vez não passa de um cenário irrealizável. E caso tenham dúvidas esperem pelo que vai acontecer já no último trimestre de 2008 mas sobretudo no primeiro semestre de 2009.
Falo, por um lado, do facto do primeiro-ministro, José Sócrates, ter garantido que "a crise orçamental está ultrapassada" e que os portugueses não precisam de se preocupar, alegadamente porque "o Estado não tem nenhuma razão para pensar que a situação se vai repetir". Sócrates afirmou que, em 2005, quando chegou ao poder houve muitas coisas que o preocuparam mas garantiu que agora "a crise orçamental está ultrapassada: os portugueses escusam de se preocupar porque a crise está ultrapassada"! Em qualquer país e para qualquer povo, seria uma boa notícia. O problema é que em Portugal – e os portugueses já se habituaram a isso – entre eles vinga sobretudo a teoria de que “quando a esmola é muita o pobre desconfia”.
Eu sei que Bertrand Russell (“A Última Oportunidade do Homem”) referiu que “o nosso mundo vive demasiado sob a tirania do medo e insistir em mostrar-lhe os perigos que o ameaçam só pode conduzi-lo à apatia da desesperança. O contrário é que é preciso: criar motivos racionais de esperança, razões positivas de viver. Precisamos mais de sentimentos afirmativos do que de negativos. Se os afirmativos tomarem toda a amplitude que justifique um exame estritamente objectivo da nossa situação, os negativos desagregar-se-ão, perdendo a sua razão de ser. Mas se insistirmos em demasia nos negativos, nunca sairemos do desespero”. E sabemos todos que as máquinas de propaganda de qualquer partido, governo ou instituição, pública ou privada, assenta toda a sua estratégia operacional propagandística, nessas premissas. Mas a realidade é a realidade e um país e um povo que vivam de factos, sabem estabelecer a diferença entre qualquer mentira e a verdade, tal como a água nada tem a ver com o vinho. E que realidade é essa num país que deixou de ter (?) problemas orçamentais pelo simples facto de que obrigou os portugueses a pesados sacrifícios e porque teve um governo que explorou criminosamente em seu benefício os rendimentos das famílias, dos cidadãos e das empresas, aumentando impostos quando tinha prometido reduzi-los? A realidade retratada na imprensa nacional, segundo a qual “os resultados de uma sondagem, 81% dos inquiridos acha que Portugal empobreceu, e apenas 6% respondeu que considera que a pobreza diminuiu”. E mais: “Em Portugal, há cerca de 100 mil famílias em situação de grande dificuldade financeira, ou seja, pessoas que enfrentam sérios problemas para pagar a prestação bancária relativa à compra de casa ou por motivos de consumo. A estimativa está nas conclusões de um estudo conjunto do Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores e da Direcção-Geral do Consumidor a divulgar dentro de poucos dias e que mostra uma realidade que os dados oficiais (do Banco de Portugal) relativos ao crédito malparado continuam sem evidenciar: que o incumprimento bancário está a acelerar e afecta já muita gente. Aquele número representará quase 3% do total de famílias em Portugal, segundo os últimos inquéritos do INE. Por seu turno, a Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (DECO) revela que recebeu quase dois mil pedidos de apoio por causa do sobreendividamento, o dobro do registado em 2006”.
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 28 de Março de 2008)

Opinião: MANIPULAÇÃO E VERDADE

Li ontem num dos jornais da Região, ainda a propósito do “dossier” sobre alegada corrupção na Madeira entregue pelo secretário-geral dos socialistas locais em Outubro do ano passado – fala-se no enunciar de cerca de 20 casos de alegada corrupção, dos quais apenas dois eram realmente novos! – que o Procurador-Geral da República fez saber que, depois de uma primeira fase de investigações, culminada com a entrega de um relatório, no início de Março, e emissão de um comunicado, estão a ser tomadas diligências com vista a uma pretensa segunda fase dessas investigações em torno deste tema. Acompanhado de fora tudo isto, até parece que não existe uma denúncia de pretensos casos de alegada corrupção, que não há um processo de investigação a cargo do MP e da Polícia Judiciária, que não é deduzida acusação em função dos factos apurados, que não se realizam julgamentos onde as acusações terão que ser provadas e aos acusados reconhecido o direito de se defenderem, e que, só depois de tudo isso, pode a justiça condenar seja quem for. Não! Lendo à distância algumas das posições políticas – que cautelosamente deveriam manter-se à distância aguardando a evolução dos factos – até parece que a justiça tem que ser feita, de acordo com os procedimentos, normas e interpretações dadas pelos denunciadores aos factos relatados, que a presunção da inocência não existisse ou que, de um momento para outro, as coisas não possam conhecer outras evoluções, que novos factores possam ser investigados, e que, como se costuma dizer, possamos assistir, nalguns casos, a ricochetes…
Eu continuo a dizer hoje o que sempre tenho afirmado: a politica madeirense não pode viver eternamente sob um clima de persistente suspeição, propiciador de manipulação e de deturpação de factos que conduzem a leviandades de vermos serem acusadas indiscriminadamente pessoas inocentes, só porque os autores da denúncias tiveram origem no PS- partido na oposição, e que por isso, e só por isso, se acha no direito de vestir a pele de justiceiro e querer ultrapassar a justiça no apontar do dedo acusador – e os alvos da denúncia são pessoas e/ou instituições ligadas ao PSD e ao poder regional, apenas por isso. Ou seja, temos que pugnar pela verdade, temos que exigir a verdade, temos que reivindicar que a justiça faça tudo o que tem que fazer, mas que marque claramente o seu campo de acção e que esclareça, de uma vez por todas, essa alegada corrupção, acuse os responsáveis e os condene, permitindo assim que a política regional recupere a sua dignidade. Mas não podemos exigir da oposição a elevação de não se imiscuir onde os assuntos não lhe dizem respeito, e querer que o poder, só por causa disso, possa arrogar-se ao exclusivo da “pureza”, desvalorizando tudo o que contrarie essa perspectiva, mesmo sabendo que só o apuramento da verdade lhe será útil. Mas o poder, partido e governo - pelo menos enquanto esses factos não forem investigados, formalizadas acusações e identificados culpados ou enquanto a justiça não condenar - têm toda a legitimidade em defender-se, em defender a sua dignidade, a sua verdade, a sua idoneidade e a seriedade dos seus, em combater politicamente tudo o que cheire a ajustes de contas, a manipulação e a empolamento. Porque se não pugnar pela justiça, se não aguardar pela verdade, pode ter a certeza absoluta que persistirá sempre a suspeição, que o assunto nunca deixará de fazer parte da agenda política, principalmente nos períodos eleitorais, que a acusação indiscriminada não vai estabelecer diferenças entre culpados e inocentes, etc.
Depois, quando a justiça tiver exercido o seu papel, quando os factos apurados forem julgados, caberá ao poder, com toda a legitimidade, reagir, socorrendo-se de todos os meios legais ao seu alcance para defender a sua honra e dignidade. E quando falo no poder, falo no partido que o suporta, falo nas entidades que na Região forem acusadas ou envolvidas directamente nas suspeitas entregues na PGR em Lisboa e que sejam ilibadas. Ninguém tem o direito a brincar com a honra das pessoas e a dignidade das instituições. O que eu quero dizer, e não tenho culpa de pensar assim, é que para o PSD da Madeira, no presente e no futuro, apenas importa a verdade. O processo atingiu uma amplitude pública e uma dinâmica informativa de tal modo grande - a par de um envolvimento da justiça competente - que só essa verdade tem que ser reclamada. E neste contexto o PSD não pode é ter receio de nada, não poder temer a verdade, não tem que recear a justiça.
Tal como afirmou Epicteto, (Manual), “se alguém se banha rapidamente, não deverás dizer: «Não se saiu bem.» Melhor será que digas: «Foi rápido de mais.» Se alguém bebe muito vinho, não deverás dizer: «É um erro.» Melhor será que digas: «Bebeu muito vinho.» Antes de teres apurado a razão que levou alguém a proceder daqueles modos, como podes tu saber, em boa verdade, se alguém procedeu bem ou mal? E só deste jeito, ó caro, não correrás o risco de te pronunciar sobre situações falsas tendo-as como situações verdadeiras”…
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira", 27 de Março de 2008)

Reportagem: "Vamos lavar a roupa suja de Paul McCartney e Heather Mills"

Com este título e da autoria da jornalista Inês Nadais, publicao jornal Publico um interessante texto sobre um dos divórcios mais mediáticos do mundo: "Este texto pode ser lido em menos de um minuto: houve um divórcio, e estamos do lado do marido (mas temos este álibi, também o juiz está). A partir daqui vamos lavar roupa suja, vamos dizer em que dia é que eles deixaram de usar contraceptivos, e vamos discriminar quanto é que a mulher queria para vinho (50 mil euros), para férias (637 mil euros) e para obras de caridade (800 mil euros). Vai ser feio, e vai haver cenas capazes de ferir as susceptibilidades de alguns leitores. Mas não somos nós que somos mesquinhos. A própria figura jurídica do divórcio litigioso é que é mesquinha. Claro que não estamos a falar de um divórcio qualquer. Estamos a falar do divórcio-blockbuster de Paul McCartney (dele e da sua fortuna acima da barreira mental dos 500 milhões de euros) e de Heather Mills, uma batalha judicial que fez mortos e feridos, mas só num dos lados (o dela: pediu 159 milhões de euros, ficou com 30). É uma tendência que começa na página quatro do texto da sentença (com o juiz a dizer que muitas das declarações dela, "tanto escritas como orais, foram não só inconsistentes e inexactas como muito pouco cândidas") e que acaba nas manchetes dos tablóides (com o Daily Mail a chamar-lhe "Lady Liar" e o Sun a chamar-lhe "Pornocchio"). Não estamos aqui para isso. Estamos aqui para chegar ao fim das 58 páginas da sentença e decidir o que é que ganhamos - nós, os que não temos nada a ver com isso - com esta exposição. A verdade é que ganhamos muito pouca coisa: de facto há muito dinheiro em jogo, mas não é para os mirones. Parte da sentença do divórcio de McCartney e Heather Mills é factual, e não foi a essa parte que a imprensa tablóide se agarrou com unhas e dentes. Para decidir o valor da pensão de alimentos a atribuir a Mills, o juiz estabeleceu todos os factos-diversos da relação, que agora estão à vista de toda a gente na Internet. Ficámos a saber que McCartney e Mills se conheceram em Maio de 1999 na cerimónia dos Pride of Britain Awards (ele ficou "imediatamente atraído"), que dois meses depois o ex-Beatle já estava a contribuir com 200 mil euros para uma das muitas obras de caridade que Mills apoia activamente e que em Novembro o romance já era um family affair".

Ingrid foi ao médico com escolta de 300 guerrilheiros

Escreve a jornalista Susana Salvador, do DN de Lisboa, que "Ingrid Betancourt, refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) há mais de seis anos, foi vista por um médico na região rural de San José del Guaviare em finais de Fevereiro. "Foram 200 ou 300 guerrilheiros que estabeleceram um cordão de segurança em redor do posto médico de El Capricho para que ela pudesse ser atendida", disse à rádio privada RCN o padre Manuel Mancera, no dia em que o Governo anunciou estar disposto a libertar os guerrilheiros detidos em troca da refém.De acordo com o padre, que citou depoimentos de vários camponeses, a ex-candidata presidencial terá estado internada entre 20 e 25 de Fevereiro no posto médico. Na quinta-feira, o defensor (provedor) do povo, Volmar Perez, tinha dito que o estado de saúde da franco-colombiana era "muito delicado", comparando o seu aspecto ao das crianças subnutridas da Somália. Ingrid Betancourt sofrerá de hepatite B e de leishmaniose (uma grave doença da pele) e já na última prova de vida, divulgada em Novembro, aparecia muito magra. Por tudo isto, o Governo propôs ontem às FARC facilitar a libertação dos guerrilheiros detidos assim que Ingrid estiver em liberdade. "Os insurgentes podem estar imputados ou condenados até por crimes que não sejam susceptíveis de amnistia ou indulto", explicou o alto-comissário para a Paz, Luis Carlos Restrepo, pondo como única condição que os guerrilheiros não voltem à luta armada. Até agora, o Executivo nunca contemplara a libertação de membros da guerrilha condenados por assassínios, massacres ou ataques terroristas. "Reduzimos ao máximo os requisitos", disse Restrepo, lembrando que "basta simplesmente que, de maneira imediata, Ingrid seja libertada para considerarmos que o acordo humanitário se realizou".

quarta-feira, 26 de março de 2008

Música: Last Of The Mohicans

***

Música: Rita Guerra

Música: Tania Mar

***

Musica: Jennifer Rush

Futebol: Nani

***
***
***

Criado primeiro hotel exclusivamente para mulheres

Onde podia ser senão na Arábia Saudita?! Segundo a agência Lusa, "a Arábia Saudita inaugurou o primeiro hotel do Médio Oriente destinado exclusivamente a mulheres, que não terão de vestir o traje islâmico dentro da unidade turística, contrariando as leis do país. Num país onde as mulheres têm de se cobrir da cabeça aos pés e são separadas dos homens em muitos locais públicos, o Luthan Hotel, em Riad, apresenta-se como "um refúgio das pressões quotidianas", dirigido sobretudo a empresárias em viagens de negócios e a estrangeiras residentes na Arábia Saudita.Dentro do hotel, que conta com 25 suites e oferece serviços 24 horas por dia, incluindo um spa e uma piscina, as mulheres não terão de vestir o traje obrigatório imposto pela legislação nacional, já que, segundo a gerente, "é como se estivessem em qualquer outro lugar do mundo". Os Estados Unidos, a Alemanha e a antiga Jugoslávia já têm de hotéis deste género, enquanto o Reino Unido dispõe de uma unidade hoteleira que reservou um piso inteiro apenas para o sexo feminino".

Reportagem: "Um país de blogues"

Da autoria do jornalista do Publico, Luís Miguel Queirós, transcrevo um interessante artigo publicado como titulo "Um país de blogues": "Há meia-dúzia de anos, poucos sabiam o que era um blogue. Hoje haverá quase 200 mil em Portugal. A blogosfera já nos "deu" a erudição sexual de O Meu Pipi, o humor dos Gato Fedorento, as crónicas de Pedro Mexia ou os comentários de Rui Tavares. E sem ela talvez não tivéssemos visto, há dias, cem mil professores na rua. Em Outubro de 2002, quando Pedro Mexia, Pedro Lomba e João Pereira Coutinho lançaram o blogue Coluna Infame, calcula-se que os blogues portugueses não excedessem umas escassas centenas. Ninguém sabe ao certo quantos existem hoje, mas Mexia diz que "já se fala em 200 mil". E um estudo internacional recente indica que Portugal é, de facto, em termos relativos, um dos países onde mais gente escreve em blogues e os lê. Segundo uma sondagem da Nielsen, mais de vinte por cento dos cibernautas portugueses visitam blogues diariamente, o que representa o dobro da média europeia. Números que parecem apontar para um país com uma opinião pública numerosa, interessada e interveniente. Se não houvesse razões mais óbvias para suspeitar de que não será bem assim, o próprio estudo da Nielsen forneceria motivos de reserva suficientes, já que conclui que os países europeus com mais baixos índices de escrita e leitura de blogues são os escandinavos, ao passo que aqueles em que a blogosfera se mostra mais dinâmica são, além de Portugal, a Grécia e a Itália".

Testemunho: "Porque me converti ao catolicismo"

Li no Diário Económico uma carta de Magdi Cristiano Allam:
"Caro director:
O que lhe vou contar diz respeito a uma decisão de fé e de vida pessoal que em nada implica o “Corriere della Sera”, de que me orgulho de fazer parte desde 2003 na qualidade de sub-director. Escrevo-lhe enquanto protagonista desta vivência e cidadão privado. Na noite de domingo converti-me à religião católica, renunciando assim à fé islâmica. Desta forma, e pela graça divina, viu a luz o fruto são e maduro de uma longa gestação vivida em pleno sofrimento e alegria, entre a profunda e íntima reflexão, e a consciente e manifesta exteriorização. Estou especialmente agradecido a Sua Santidade, o Papa Bento XVI, que me ministrou os sacramentos da iniciação cristã - Baptismo, Confirmação e Eucaristia – na Basílica de São Pedro durante a solene celebração da Vigília Pascal.
Adoptei o mais simples e explícito nome cristão: “Cristiano”. Desde domingo que me chamo Magdi Cristiano Allam. Foi o dia mais belo da minha vida. Receber o dom da fé cristã na celebração da Ressurreição de Cristo das mãos do Santo Padre é, para um crente, um privilégio ímpar e um bem inestimável. Quase a celebrar 56 anos considero este momento da minha história pessoal um feito histórico, excepcional e inesquecível, uma inflexão radical e definitiva face ao passado.
O milagre da Ressurreição de Cristo reflectiu-se na minha alma, libertando-a das trevas de uma doutrina em que o ódio e a intolerância perante o “diferente”, rotulado acriticamente de “inimigo”, prevalecem sobre o amor e o respeito pelo “próximo”, que é, em toda e qualquer circunstância, “pessoa”. A minha mente sente que se libertou, ao mesmo tempo, do obscurantismo de uma ideologia que legitima a submissão e a tirania no momento em que aderi à genuína religião da Verdade, da Vida e da Liberdade. Na minha primeira Páscoa como cristão não só descobri Jesus como o autêntico e único Deus, que é o Deus da Fé e da Razão. A minha conversão ao catolicismo é o ponto de chegada de uma gradual e profunda reflexão interior, a que não me pude furtar pelo facto de, há cinco anos a esta parte, ter sido obrigado a levar uma vida “blindada” – casa vigiada e guarda-costas a acompanharem-me a todo o lado – devido às ameaças e condenações à morte que pendiam sobre a minha pessoa, ordenadas por extremistas e terroristas islâmicos residentes em Itália e no estrangeiro.
Senti-me, assim, impelido a questionar a atitude daqueles que emitiram “fatwas” (decretos religiosos), acusando-me – a mim, que era muçulmano – de ser “inimigo do Islão”, “cristão copta hipócrita, que se passa por muçulmano para prejudicar o Islão”, e “traidor e difamador do Islão” para legitimarem a minha condenação à morte. Perguntei-me amiúde como é que alguém como eu, que lutou convicta e determinadamente por um “Islão moderado”, que se expôs ao denunciar o extremismo e o terrorismo islâmicos, acaba por ser condenado à morte em nome do Islão mediante um decreto que se quer legitimado pelo Corão. Apercebi-me assim de que, além da conjuntura que permite a implantação do fenómeno que são os extremistas e o terrorismo islâmico em todo o mundo, a raiz do mal está inscrita num Islão que é fisiologicamente violento e historicamente conflituoso (...)
Caro director, perguntou-me se não temia pela minha vida, consciente de que a conversão ao cristianismo vai resultar em mais uma condenação à morte, desta feita por apostasia. Tem razão. Sei bem ao que me exponho, mas prefiro enfrentar o meu destino de cabeça erguida e com a solidez interior de quem está convicto da sua própria fé. A isto acresce o gesto histórico e corajoso do Santo Padre, que aceitou, desde que soube do meu desejo, ministrar-me em pessoa os sacramentos da iniciação ao cristianismo. Sua Santidade lançou, assim, uma mensagem explícita e revolucionária a uma Igreja que tem sido, até agora, demasiado prudente na conversão de muçulmanos, abstendo-se de fazer proselitismo em países de maioria islâmica e silenciando a realidade dos convertidos nos países cristãos. Uma atitude que releva do medo. Do medo de não poder ajudar os convertidos face à condenação à morte por apostasia e do medo de represálias sobre os cristãos residentes em países muçulmanos. Pois bem, hoje, Bento XVI diz-nos, através do seu testemunho, que é preciso vencer o medo e não temer a hora de proclamar a verdade de Jesus, muçulmanos incluídos.
Pessoalmente, creio que chegou o momento de pôr fim ao puro arbítrio e à violência dos muçulmanos que não respeitam a liberdade religiosa. Em Itália existem milhares que se convertem ao Islão e que vivem serenamente a sua nova fé. Mas também há milhares de muçulmanos que se convertem ao cristianismo e que se vêem obrigados a esconder a sua nova fé com receio de serem assassinados por extremistas islâmicos. Num desses acasos que evocam a mão do Senhor, lembro aqui que o primeiro artigo que escrevi para o Corriere della Sera, em 3 de Setembro de 2003, se intitulava “As novas catacumbas dos muçulmanos convertidos” e versava sobre alguns neo-cristãos que, em Itália, denunciavam a sua profunda solidão espiritual e humana perante a insistência das instituições do Estado, que não tutelam a sua segurança, e o próprio silêncio da Igreja.
Ora, gostaria que o gesto histórico do Papa Bento XVI e o meu testemunho fossem considerados como um sinal para sair das trevas das catacumbas e para proclamar publicamente a vontade de serem o que realmente são. Se não formos capazes, aqui em Itália, berço do catolicismo e nossa casa, de garantir a todos a plena liberdade religiosa, até que ponto poderemos ser críveis quando denunciamos a violação dessa liberdade noutras partes do mundo? Peço a Deus que esta Páscoa tenha sido sinónimo de ressurreição do espírito para todos os fiéis de Deus que tenham vivido, até agora, subjugados pelo medo".
Magdi Cristiano Allam - Allam nasceu no Egipto em 1952, no seio de uma família muçulmana mas nunca abraçou a fé de forma convencional. Apesar de ter ido em peregrinação a Meca desrespeitou muitos outros preceitos da fé islâmica. Incitado pela mãe, Magdi Allam vai estudar para um escola de inspiração católica no Egipto, onde se familiarizou com a cultura e civilização ocidental. O fascínio pelo Ocidente levou-o até Roma e à La Sapienza. É na universidade romana que, aos 30 anos, inicia os estudos em sociologia. No entanto, seria o jornalismo a abrir-lhe as portas da fama. Torna-se colaborador do “La Repubblica” e, mais tarde, do “Corriere della Sera”. Polémico e irreverente, notabilizou-se como especialista em assuntos do Médio Oriente. “Viva Israel” é o título do seu último livro.

Blog cubano "Generación Y" foi censurado

Revela o "El Pais" que "las autoridades cubanas han bloqueado el acceso desde ese país a la bitácora de la cubana Yoani Sánchez, Generación Y, el más leído de la isla caribeña, según denuncia desde su página web la propia bloguera. Sánchez, cuyo blog recibió 1,2 millones de clics en febrero, dijo que los cubanos ya no pueden visitar su página web ni la de otros dos blogueros nacidos en el país que tienen su sitio web alojado en un servidor de Alemania. Todo lo que pueden ver es un mensaje de error. "Así que los anónimos censores de nuestro famélico ciberespacio, han querido encerrarme en el cuarto, apagarme la luz y no dejar entrar a los amigos", escribió el lunes en su blog. Sánchez, filóloga de 32 años de edad, agregó que no puede acceder directamente a su sitio web desde Cuba para poner sus entradas, pero que encontró una forma de ganar a sus censores a través de una ruta indirecta. La bloguera atrajo una considerable cantidad de lectores escribiendo sobre su vida diaria en Cuba y describiendo las dificultades económicas y las restricciones políticas en la isla caribeña"

EUA: "Novos documentos sobre morte de Kennedy"

Escreve a jornalista Rita Siza, do Publico, um texto, com o título "Novos documentos sobre morte de Kennedy animam adeptos da teoria da conspiração", que eu acho que deveria ser lido por todos os que ainda hoje se interessam pelo mistério do asssassinato do Presidente Kennedy: "Um conversa (que pode nunca ter ocorrido) aponta o dedo à Máfia de Chicago e tudo sobre um projecto de um documentário sobre a glória perdida de Dallas que nunca saiu do papel. Será que esta conversa existiu?
Lee: Disseste que os rapazes de Chicago querem ver-se livres do Procurador-Geral.
Jack: Sim, mas não pode ser... os Feds [agentes federais] iam começar a cheirar tudo.
Lee: Mas há uma maneira de se verem livres dele sem o matar.
Jack: Como?
Lee: Se eu matar o irmão dele...
Jack: Mas isso não seria pouco patriótico?
Lee: Qual é a diferença entre matar o governador ou matar o presidente?
Jack: Ia envolver o FBI.
Lee: Eu ainda posso tratar disso. A única coisa que preciso é da minha espingarda e um edifício alto. Vai demorar tempo, talvez aí uns seis meses até encontrar o local certo. E vou precisar de algum dinheiro para viver enquanto faço todos os planos
". Aqui.

Impressionante...

Brad e Jolie são os mais generosos

Li no "Correio da Manhã" que "o casal de actores Angelina Jolie, de 32 anos, e Brad Pitt, de 44, doaram 5,1 milhões de euros a instituições e obras de caridade em 2006. Segundo informações da agência federal de impostos dos Estados Unidos, Angelina declarou como rendimentos doados um valor de cerca de 2,6 milhões de euros enquanto Pitt declarou pouco mais de 2,8 milhões. Angelina declarou como rendimentos doados um valor de cerca de 2,6 milhões de euros enquanto Pitt declarou pouco mais de 2,8 milhões. O maior montante doado pelo casal mais famoso de Hollywood, no primeiro ano em que estiveram juntos, foi de 649 mil euros aos Médicos Sem Fronteiras e, o mesmo valor, à Global Aids Alliance. Além disso, os dois também fizeram doações de menor valor, como ao Programa de Acção da Cruz Vermelhada Namíbia, que recebeu cerca de 91mil euros. Angelina Jolie é conhecida pelo seu trabalho humanitário ao serviço da ONU e Brad Pitt tem tido um papel de destaque na reconstrução de Nova Orleães, após a passagem do furacão Katrina"

Opinião: O Paraíso...

Li recentemente no DN de Lisboa, um texto da autoria de uma das suas mais conhecidas jornalistas, do qual – porque recuso aceitar a impunidade com que alguns políticos portugueses falam da realidade do nosso país e porque recuso aceitar que os portugueses possam, sejam em que circunstâncias for, deixar-se enganar pela teoria propagandística de que vivemos numa espécie de paraíso transladado para Portugal – destaco a seguinte passagem, porque reveladora de um quadro bastante negro que contrasta com a “banha-da-cobra” que nos andam a querer vender:
“Um recente relatório da Comissão Europeia diz que Portugal é o segundo país da UE onde o risco de pobreza infantil é maior. A subida do desemprego, o baixo nível de vida e a elevada taxa de abandono escolar são factores que explicam o retrato negro. Uma em cada cinco crianças portuguesas está exposta ao risco de pobreza, o que faz de Portugal o País da União Europeia, a seguir à Polónia, onde as crianças são mais pobres ou correm maior risco de cair nessa situação. O retrato negro consta do relatório conjunto sobre a protecção social e inclusão que é hoje apresentado em Bruxelas (Bélgica) e que deverá ser adoptado no dia 29 pelo Conselho de Ministros do Emprego e Segurança. O mesmo relatório permite concluir que a situação portuguesa nesta matéria não só piorou em termos absolutos face ao último balanço realizado sobre a matéria em 2005 (referente a rendimentos apurados em 2004) como também ficou mais isolada em termos comparativos. No balanço anterior, o nível de exposição à pobreza infantil em Portugal estava em 20% e alinhava com países como a Espanha, Irlanda e a Grécia, estando, ainda assim, abaixo dos níveis registados na Lituânia e na Polónia. Agora, de acordo com dados do novo relatório, o risco de pobreza infantil só é pior na Polónia, e já superou o patamar de 20%. Uma situação que está relacionada com a escalada do desemprego em Portugal. Enquanto em 2004, Portugal ainda apresentava das taxas de desemprego mais baixas de toda a União Europeia, nos últimos anos, a situação inverteu-se. Em Julho do ano passado, por exemplo, Portugal já era, a par de países como a Grécia, Polónia e Eslováquia, um dos três países com as mais elevadas taxas de desemprego, em torno dos 8,2%. O desemprego não é, no entanto, o único factor a explicar o crescimento do risco de exposição infantil à pobreza, que remete também para o baixo nível salarial praticado em Portugal, para a crescente precariedade do emprego ou para níveis mais baixos de transferências sociais. Nunca é demais lembrar que mais de 20% da população empregada tem actualmente contratos a prazo – que não garantem estabilidade de rendimentos – e que o salário mínimo não vai, este ano, além dos 426 euros. Em 2006, por exemplo, o salário médio nacional rondava os 712 euros. Isso mesmo é possível concluir do relatório conjunto sobre protecção social e inclusão, quando refere que o risco abrange tanto as crianças que vivem no seio de famílias desempregadas como as que vivem em lares onde os pais estão empregados. De acordo com dados do Eurostat de 2005, relativos a rendimentos de 2004, os trabalhadores portugueses são, juntamente com os polacos, os que apresentam a mais elevada taxa de risco de pobreza, em torno dos 14%, no seio da União Europeia. Ou porque os salários não são suficientes ou porque o emprego não é sustentável.
O abandono escolar é outro factor incontornável para medir o risco de exposição infantil à pobreza, sabendo--se que os desníveis nas qualificações são a causa fulcral das desigualdades sociais. A este respeito, Portugal também está numa posição preocupante: a percentagem de jovens até os 24 anos com baixa educação secundária era de 39% em 2006 (ano lectivo de 2004-2005), a segunda pior de toda a União Europeia, a seguir a Malta. A taxa de abandono escolar baixou entretanto para valores da ordem dos 35%, mas, ainda assim, Portugal continua, neste campo, na cauda da União Europeia (…)”. E já agora, que falamos de paraísos:
“Um recente estudo de uma gestora de fundos de pensões e que geria no fim de 2006 quase 210 mil milhões de euros de activos, revelou que os portugueses são os europeus que menos apostam nas aplicações financeiras para complementar a reforma do Estado. Por exemplo, “na Suécia 79% dos inquiridos já começaram a investir para complementar a reforma oficial, na Alemanha 77%, na Áustria 75%, na Suíça 72% e na Holanda 71%. No outro extremo está a Europa do Sul, onde apenas 25% dos portugueses, 34% dos italianos, 37% dos espanhóis e 40% dos franceses já começaram a investir para complementar a pensão futura”. Diz ainda a notícia que, “no caso dos trabalhadores activos com menos de 35 anos, os portugueses que já iniciaram aplicações para complementar a reforma são apenas 18%, ligeiramente abaixo dos 20% de espanhóis, mas as percentagens elevam-se a 77% na Alemanha e 75% na Áustria, indica o estudo. Apesar disso, quatro em cada cinco portugueses inquiridos afirma que a preparação financeira da reforma é algo que todos têm de fazer, ainda que apenas 47% já a tenha iniciado ou esteja a planear começar no futuro. As razões para os inquiridos não terem começado a investir para complementar a reforma são a falta de dinheiro (56%), estar confuso (12%), não precisar (20%) e não estar preocupado (34%)”.

Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 26 de Março de 2008)

Vencedor da lotaria volta a trabalhar para "matar saudades"

Li no "Açoriano Oriental" que "Luke Pittard, um britânico que ganhou 1,3 milhões de libras (1,6 milhões de euros) na Lotaria Nacional do Reino Unido, voltou para o seu emprego num McDonalds, por ter saudades dos colegas. Pittard, de 25 anos, e a noiva, Emma Cox, de 29, trabalhavam a servir às mesas num McDolnalds em Cardiff (Gales) em Julho de 2006 quando a fortuna lhes bateu à porta. O casal de milionários decidiu então largar a farda da cadeia de hamburgueres e desfrutar a vida com a filha Chloe, de 3 anos. Luke e Emma compraram uma casa por 230.000 libras (292.100 euros), fizeram um casamento em grande e umas férias de luxo nas Ilhas Canárias (Espanha). Porém, depois do deslumbramento inicial, Luke decidiu voltar para o restaurante - onde ganha 5,85 libras por hora (7,5 euros) - por sentir saudades dos colegas e por considerar que "um pouco de trabalho duro não faz mal a ninguém", muito menos a alguém que ainda é "muito jovem" para se retirar da vida activa. Emma também aceitou adiar a lua da mel até ao final da temporada da equipa de futebol em que Luke joga nos tempos livres, pelo que o milionário considera que deve ser "o homem mais sortudo do mundo". "Não só ganhei uma fortuna como tenho uma esposa que entende a importância do futebol e agora até recuperei o meu antigo trabalho" - afirmou Luke Pittard em entrevista à cadeia televisiva BBC"

Opinião: DESILUSÕES

Há dias ficamos a saber – e eu acho que esta questão é preocupante e que não deve ser olhada com a leviandade com que alguns não-políticos sugerem – que existem na Madeira quase 500 licenciados desempregados, inscritos no Centro de Emprego, oriundos de licenciaturas que provavelmente ou não encontrarão resposta adequada no mercado de trabalho, ou aguardam por ma mudança de mentalidades na estrutura empresarial regional de uma maneira geral (que olhe a contratação de licenciados não como um ónus “desnecessário” mas antes como uma potencial mais-valia para as empresas e os seus objectivos e valorização), ou simplesmente porque as opções livremente tomadas por cada um dos licenciados desempregados, não teve em consideração factores que podiam determinar eventuais novas opções.
E acho muito bom que tenha sido o “JM” a revelar o facto porque as realidades são para ser noticiada se assumida, sem complexos, sem esconder a verdade, porque só assim há uma consciencialização colectiva de que é preciso fazer alguma coisa. Foi o “JM” que revelou que o número de licenciados no desemprego na Madeira atingiu, no final do mês de Janeiro deste ano, 577 casos, “sendo os formados nos cursos de economia e gestão, engenharias e serviço social e educação social os mais castigados”. Citando dados estatísticos do Instituto Regional de Emprego, o JM revela que no curso de economia e gestão havia, no início deste ano, 81 licenciados desempregados, seguido das engenharias (65), do Serviço Social e Educação Social (43) e da biologia e bioquímica (36). Pouco me importa saber se estes números mostram que a percentagem de licenciados desempregados na Região é inferior à registada ao nível nacional. Há um problema humano e económico que tem vindo a crescer, e que precisa de ser resolvido. Tudo o resto, nomeadamente comparações, são questões acessórias que dispensamos.
Contudo, é sabido, o problema não é regional, bem pelo contrário, de nada valendo por isso, nem as falsidades de alguns movidos por razões políticas ou partidárias, nem a tentativa de intoxicação da opinião pública, por via da manipulação, com que alguns políticos tentam circunscrever este problema complicado, como se de apenas uma realidade meramente regional. É certo que cada região tem que procurar resolver os meios e os recursos seu alcance, os seus próprios problemas, mas há uma contextualização que é preciso fazer e há, por assim dizer, uma realidade nacional – não apenas regional – que provavelmente exige respostas articuladas a uma escala global, ou seja, a uma escala nacional.
Ainda recentemente foi noticiado na imprensa nacional: “Pelo menos 43 mil licenciados desempenhavam em 2007 trabalhos de baixa qualificação ou não qualificados, como limpezas ou construção civil, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Sem emprego nas suas áreas, dizem-se "dispostos a tudo" para sobreviver. De acordo com números estimados pelo INE com base no Inquérito ao Emprego, no ano passado 7.200 pessoas com formação académica superior estavam empregadas em trabalhos não qualificados. Vendedores por telefone ou ao domicílio, pessoal de limpeza, lavadeiras e engomadores de roupa, empregadas domésticas ou estafetas são alguns dos exemplos constantes da lista de trabalhos não qualificados, segundo a classificação nacional de profissões. A estes, somam-se mais de 35.800 licenciados em trabalhos de baixa qualificação, que o INE integra em categorias como "operadores de máquinas e trabalhadores de montagem", "operários, artífices e trabalhadores similares" ou "pessoal dos serviços e vendedores". Seguranças, metalúrgicos, mecânicos, motoristas ou empregados de loja são algumas das profissões. No total são pelo menos 43 mil os diplomados nestas situações, mais cinco mil do que em 2006. No entanto, o verdadeiro número de pessoas com excesso de formação para o trabalho que desempenham pode ser muito superior, uma vez que aquele conjunto não abrange os 46 mil licenciados que integram o "pessoal administrativo e similares", uma categoria que inclui empregados de recepção, telefonistas ou cobradores de portagem, por exemplo, além de funções mais qualificadas como escriturários ou gestores de conta bancária”.
Julgo que não precisamos de perder muito mais tempo com comentários adicionais, que valem o que valem, e que não resolvem o essencial do problema, assim como alguns políticos e partidos, que procuram retirar dividendos políticos à custa da desgraça alheia –da qual são co-responsáveis – deveriam sentir vergonha desse tipo de comportamento descarado e perfeitamente hipócrita e absurdo. Dirão alguns deles que na Madeira, sendo o PSD o partido responsável pela governação, a existência de desemprego qualificado é da responsabilidade política de que governa, e não da oposição. Mas quando essa oposição é poder, por exemplo, nos Açores ou no Continente, e também não consegue resolver nada, pelo contrário, cruza os braços perante o crescimento do desemprego qualificado entre licenciados, ela perde a moral de querer apontar o dedo para a frente tentando esconder o rabo debaixo da capa.

Luís Filipe Malheiro (in"Jornal da Madeira", 25 de Março de 2008)

Opinião: TUDO BEM…

Passada a Páscoa – que certamente serviu de pretexto para uma reflexão acercada nossa realidade social, nomeadamente para pensarmos na pobreza, nos problemas sociais que afectam muitas famílias, nos dramas com os quais, todos os dias, cidadãos que vivem ao nosso lado se confrontam, muitos deles em silêncio, por vergonha e com receio de serem ridicularizados ou marginalizados por uma sociedade cada vez mais patética e egoísta – é tempo de voltarmos à política, nas suas múltiplas vertentes, a da verdade e dos facto, a da manipulação, da ficção, da mentira, da hipocrisia a da futurologia, etc.
Tenho uma grande dificuldade em acreditar que as pessoas manifestem lamentável insensibilidade e sejam capazes de desligar-se, principalmente nestas épocas mais especiais do ano, nas quais a religiosidade mais apela à reflexão interior de cada pessoa, do sofrimento e dos problemas dos outros, dos que estão ao nosso lado e nem por eles damos. Tenho uma grande dificuldade em acreditar que os políticos, pelas responsabilidades acrescidas que têm, pela capacidade de decisão que alguns deles possuem, sejam capazes de passar ao lado dos problemas dos jovens, dos dramas dos idosos em final de vida e que tudo deram, enquanto puderam, aos que lhes pediram, e que hoje são injustiçados, abandonados pelos seus, agredidos, violentados nos seus direitos, que passem ao lado do aumento da violência, da criminalidade, da droga, dos problemas dos jovens cada vez mais desiludidos e proibidos de sonhar, sem saídas profissionais, penalizados por uma política economicista que para eles se está borrifando, que sejam capazes de ignorar o desemprego, a precariedade do trabalho, as mulheres cada vez mais penalizadas por regras laborais que, nalguns casos e pela forma como são aplicadas, comportam uma natureza criminal.
Tenho uma grande dificuldade em entender a insensibilidade de muitos políticos que se agarram aos indicadores estatísticos, como se eles fizessem lei e fossem tudo na vida, mas ignoram a realidade social, de muitos políticos que falam na recuperação da economia, mas são incapazes de reconhecer o aumento do desemprego, que insistem na política economicista e orçamentalista mas ignoram deliberadamente, porque incomodativo, o impacto negativo que tudo isso tem causado nos agregados familiares, sem precaverem uma discriminação positiva, que evitem penalizar os mais pobres ao mesmo nível do que se passa com os mais remediados ou dos ricos.
Por tudo isso acredito que o distanciamento dos jovens da política e dos partidos é uma realidade incontornável que não pode ser desvalorizada que apela à reflexão e a uma profunda mudança de atitudes, provavelmente porque organizações políticas com responsabilidade e que com eles se deveriam preocupar em primeira instância e assumir um persistente e combatido protagonismo reivindicativo, perdem-se em contradições internas, em intrigas, em alimentar patéticas encenações ou dar prioridade ao que realmente não é importante nos dias que correm, em coisinhas que de pouco ou nada valem, que olham deslumbradas para o seu próprio umbigo como se nele vissem o mundo que nos rodeia. Aliás, e aproveitando a realização, em 2009, de três actos eleitorais distintos, que as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia da Madeira dessem o exemplo e, salvaguardando escrupulosamente a confidencialidade dos indicadores, promovessem um estudo sobre os diferentes níveis de participação, por forma a perceberem, a que todos percebêssemos, de uma vez por todas, quem vota e quem não comparece nas urnas. Por tudo isto, acredito que os partidos, embora continuem a ser um dos pilares essenciais do regime democrático e do sistema político, continuarão a passar dificuldades e dificilmente conseguirão ver aumentadas as suas bases militantes, porque as pessoas mais depressa se afastam, desiludidas, e muitas delas traídas nas suas expectativas e nos seus sonhos, que se aproximam, por causa da frustração causada por respostas que procuram há muito tempo, há demasiado tempo, e que ninguém lhes consegue dar.
Vivemos tempos que se adivinham bastante complicados para o meu partido e para o futuro do seu projecto político, que na Madeira vive há mais de 30 anos na sombra e à imagem de Alberto João Jardim. São tempos em que se adivinham mudanças significativas – e que não concebo que se limitem a Alberto João Jardim e a Miguel Mendonça, porque tudo o resto vai continuar na mesma, como se não tivéssetmos vulnerabilidades para assumir e combater e vícios para acabar de uma vez por todas. As bases do PSD da Madeira têm que perceber que nada do que acabo de referir tem a ver com o facto de continuar a acreditar na capacidade do partido em prosseguir como partido vitorioso e liderante. Mas terão que ser adultas, e serão suficientemente maturas, para entenderem que falamos em concreto de duas realidades distintas, do PSD com Alberto João Jardim e das quase 40 vitórias eleitorais desde 1975, e de um partido renovado que deve continuar a trilhar os mesmos caminhos, a defender os mesmos princípios e o mesmo programa, mas que vai para o combate político e eleitoral privado da sua grande referência histórica ao longo de todo este tempo. Por circunstâncias várias, nomeadamente não querer ser mal interpretado ou injustamente pressionado, não falarei mais do PSD da Madeira até ao próximo Congresso de Abril.
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 24 deMarço de 2008)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Opinião: Um flop?

Dizia há dias um jornal local quem, afinal, “pode estar em risco uma coligação à esquerda”, depois de João Carlos Gouveia não ter gostado da análise política feita pelo secretário-geral do Partido Comunista durante uma recente deslocação à Madeira. Gouveia, pelos vistos – e no quadro de uma sucessão de declarações absurdas, deixou claramente perceber que esperava um outro discurso do líder nacional do PCP, encarando os comunistas como uma espécie de partido menor, obrigado a determinados comportamentos, por melhor servirem o actual PS local, PCP que na Região nunca terá possibilidades de ser poder, mas que hipoteticamente estaria interessado e disponível para coligar-se aos socialistas, no quadro de um projecto eleitoral global da esquerda, visando mais 2011 do que 2009, o que não deixa de ser curiosamente estranho. Ou melhor, provavelmente deixando de o ser se nos lembrarmos que Gouveia afirmou na RTP, recentemente, que em 2009 o PS local não faz questão de ganhar Câmaras ou Juntas de Freguesia, assim como recusa ”mendigar” candidaturas elegíveis para o Parlamento Europeu, defendendo que os candidatos à Assembleia da República tem que ser representantes da Autonomia e não defensores de governos da República.
O líder socialista, segundo aquele jornal que citava declarações de JCG a uma estação de rádio, garante indelicadamente, diga-se em abono da verdade, que o “PS está disposto a conjugar esforços com outros partidos" para chegar ao poder, mas diz que alguns partidos até parece que estão satisfeitos com a governação de Alberto João Jardim". Obviamente que Edgar Silva – consciente da importância do trabalho discretamente realizado pelos comunistas, que quase lhe dava um terceiro deputado em 2007 mas lhe deu um vereador na Câmara do Funchal, em 2005 – parece consciente que, na actual conjuntura política nacional, um “encosto” do PCP ao PS, poderia ser prejudicial. Edgar e o PCP não andam propriamente a dormir à sombra de uma bananeira, pelo que atiram para os socialistas a responsabilidade pelo sucesso de qualquer coligação, assegurando que “só haverá entendimento num projecto de esquerda, e se o Partido Socialista "mudar de rumo”. Gouveia, nesse programa na RTP-Madeira, disse estar disponível para encontros exploratórios com toda a oposição não excluiu o CDS/PP), mas condicionou qualquer entendimento de coligação a uma aceitação, por parte dos partidos envolvidos nesse projecto, da liderança do PS, que não definiu.
Também o Bloco de Esquerda, pelos vistos em vésperas de mudança de liderança e de rejuvenescimento, recusa entendimentos com o PS, sobretudo depois de conhecer as inconcebíveis declarações do líder do maior partido da oposição regional, relativamente aos seus objectivos e aos propósitos do seu partido para as autárquicas de 2009. Os bloquistas perceberam a contradições – JCG não? – que retiram espaço de manobra e consistência a um projecto de alegadamente quer disputar em 2011 o poder regional, mas já admite que nem uma Junta de Freguesia poderá ganhar dois anos antes. Um total absurdo que transforma esta perspectiva política e eleitoral da liderança de JCG, num “case study”. Por outro lado, há que dizê-lo, mais do que recordar que o PS tem, neste momento, o mesmo número de deputados dos pequenos partidos da oposição regional juntos, o método de Hondt retira ao PS qualquer certeza antecipada de sucesso eleitoral de uma coligação alargada à esquerda.
Eu estou convencido que as mudanças no Bloco de Esquerda são necessárias para que o partido entre numa nova fase, política e eleitoral, depois de uma liderança de Paulo Martins que perdura exactamente o mesmo tempo que a liderança de Alberto João Jardim no PSD. E na política o desgaste das pessoas aplica-se a todos os protagonistas e não apenas a uns porque são poder ou a outros só porque são oposição. O Bloco de Esquerda está hoje pressionado, penso eu, pela realidade eleitoral que nada tem a ver com o que se passa com a extinta UDP – depois da extensão à Madeira do projecto político do Bloco de Esquerda – e que tinha uma dimensão eleitoral que o BE nunca se aproximou. Mais do que o desgaste de 30 anos, o Bloco precisa de entender que, à esquerda, e graças à situação no PS, poderão ser necessárias outras soluções para além do PCP obviamente interessado em capitalizar a seu favor, em exclusividade, uma eventual fuga, pela esquerda de eleitorado socialista não vinculado ao partido mas que nele vota estrategicamente (em Maio de 2007 de certeza que não o fez…). Isso provavelmente explica alguns “arrufos” entre PCP e Bloco na sequência de uma iniciativa deste de promover, à esquerda, uma comemoração do 25 de Abril, como forma de responder ao PSD. A resposta do PCP, de acordo com o jornal que já citei, parece não deixar dúvidas: “O PCP não considera "coerente" qualquer acordo com os socialistas madeirenses, devido ao que considera ser uma ofensiva anti-social do Governo da República e às responsabilidades governativas do PS na concretização de políticas contrárias a Abril". Paulo Martins, de acordo com a mesma fonte, “não compreende a posição dos comunistas”. Apesar de ter alguma razão – “a questão do Governo da República, que é um governo neoliberal de direita, pesa tanto hoje, como pesava há dois anos, quando se juntaram os partidos da esquerda para celebrar o 25 de Abril" – Martins deixa no ar uma dúvida: será que também o Bloco pretende determinar as regras de conduta dos comunistas na perspectiva do ciclo eleitoral regional 2009-2011?
Pela experiência que tenho de acompanhamento de mais de 30 anos de política regional, pela recordação do insucesso passado de tentativas de coligações de esquerda já antes tentadas, pelos objectivos eleitorais diferentes, pela necessidade de terem um protagonismo político separado, pelas apostas que certamente querem fazer isoladamente nas regionais de 2011, dificilmente poderemos ter em 2009 uma coligação eleitoral de esquerda na Madeira, ainda por cima sem garantia prévia de que essa opção representa uma mais-valia eleitoral. Julgo que será tudo uma questão de tempo para deixarmos de ouvir falar deste tema.
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 21 de Março de 2008)

A África pede Socorro...

***

Páscoa: pensemos em África

***

Páscoa: miséria no mundo...

Reportagem: "Tibete - que terra é esta, tão disputada?"

A jornalista do "Publico", Francisca Gorjão Henriques, é a autora de mais um importante trabalho através do qual nos ajuda a perceber melhor a realidade do conflito no Tibete: "Porque é que o Tibete é tão importante para a China? Os analistas dizem que o "Tecto do Mundo" permite a Pequim dominar a Ásia. "É importante do ponto de vista estratégico e militar", explicava à AFP Andrew Fischer, especialista no Tibete do Instituto de Estudos do Desenvolvimento, de Londres. "O Tibete sempre serviu de tampão e serve agora de plataforma para dominar toda a Ásia", acrescenta Anne-Marie Blondeau, do Centro de Documentação da Área Tibetana, de Paris. O analista Joseph Cheng, de Hong Kong, explica: "Com um Tibete independente, a China seria ameaçada pela Índia e os países ocidentais". Para além disso, há a questão dos recursos naturais. "Há consideráveis recursos de água e em menor medida, de minerais", adianta Blondeau. E salienta ainda outro motivo: "A questão ideológica. A China fez disto uma questão de princípio e não tolera que governos estrangeiros possam interferir". Excelente trabalho que registo aqui e recomendo a sua leitura.
***
***

Iraque: "Bush fez uma revolução no Médio Oriente, mas exactamente ao contrário daquela que esperava"

É este o título de um excelente artigo do jornalista do "Publico", Jorge Almeida Fernandes, cinco anos depois da invasão do Iraque ter começado: "1. Em cinco anos, a Administração Bush provocou uma revolução geopolítica no Médio Oriente. Falhou praticamente todos os seus fins de guerra, à excepção do sucesso militar da invasão e da eliminação de Saddam Hussein. O termo revolução designa aqui uma mudança drástica e sem retorno do statu quo ante. Trata-se da criação de um "novo Médio Oriente", encoberto pela persistência de conflitos que remontam ao passado, próximo ou remoto, e pelo facto de muitos dos actores terem nomes que nos são habituais. A primeira medida do corte em relação a 2000, ano da eleição de Bush, foi assim resumida pelo general Loureiro dos Santos: t"Há cerca de sete anos, o Médio Oriente era uma região estrategicamente equilibrada, com o Iraque fazendo frente às ambições de um Irão onde os movimentos reformistas tinham colocado um seu próximo na Presidência da República. (...) O preço do petróleo, comparado com os preços actuais, era quase uma ninharia. A esta quase estabilidade presidiam uns Estados Unidos influentes, credíveis, poderosos, considerados por todos os países como a única superpotência que efectivamente contava" (PÚBLICO, 12.8.2006).A transformação fez-se por saltos. Os primeiros "erros" no Iraque acontecem logo na noite da conquista de Bagdad, mas tal não empalideceu a potência americana, então percebida, da Europa ao Médio Oriente, como estando no zénite. Um exemplo serve de ilustração: em Maio de 2003, o Irão propôs secretamente a Washington negociar sem reservas todos os contenciosos entre os dois países, do Iraque ao Líbano, do terrorismo ao programa nuclear. A Casa Branca recusou". Recomendo vivamente para quem quiser perceber o que realmente se passou e se passa.

Saúde: estamos a falhar no combate à tuberculose?

"A tuberculose matou 1,7 milhões de pessoas em 2006, o último ano para o qual existem dados, diz um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas o progresso que se vinha a fazer no diagnóstico da doença, que estava a crescer a seis por cento ao ano desde 2000, baixou para apenas três por cento. Na maioria dos países africanos, os programas nacionais de luta contra a tuberculose não registaram qualquer aumento na detecção de novos casos. "Estes dados são preocupantes por-que, quanto mais casos forem detectados no início, mais hipóteses há de interromper a transmissão e curar a doença", disse ao jornal The New York Times Mario Raviglione, director do programa de controlo da tuberculose da OMS. A única doença infecciosa que mata mais é a sida - e muitas vezes as duas juntam-se num cocktail mortal: 200 mil das mortes em 2006 deveram-se a essa combinação", diz a jornalista do Publico, Clara Viana num excelente texto sobre uma realidade em relação à qual parece que estamos a ser derrotados, lentamente.
***

Governo britânico e IRA tiveram "canal secreto" durante 20 anos

Foi uma especie de bronca. Mas refere a jornalista Maria João Guimarães do "Publico", que "o livro do antigo chefe de gabinete de Tony Blair, Jonathan Powell, sobre o processo de paz na Irlanda do Norte, está a ser serializado pelo diário britânico The Guardian e tem dado notícias frequentes: as negociações secretas entre o Governo britânico e o IRA (Exército Republicano Irlandês) existiram durante 20 anos; Blair ofereceu-se para se reunir com líderes do IRA (a oferta nunca foi aceite) e o mais caro inquérito de sempre na Grã-Bretanha, aos acontecimentos do Bloody Sunday, poderia não ter sido pedido - afinal, um pedido de desculpas poderia ter sido suficiente. Todos estes relatos estão em Great Hatred, Little Room, o livro de Powell sobre as negociações de paz da Irlanda do Norte. Powell era um dos mais poderosos homens em Downing Street. Entrou no número 10 quando Tony Blair foi eleito primeiro-ministro e saiu com ele. É a Powell que se atribui a negociação dos acordos de Sexta-feira Santa, há quase dez anos.Powell diz que para o processo que levou a um acordo foi essencial o "canal" que existiu durante 20 anos entre o Governo britânico e o exército republicano- e até tirou conclusões para a época actual, defendendo um diálogo com a Al-Qaeda ou os taliban".
***

Conhece o Jomba?

***

Casita banal...

Iraque: "O poder continua nas mãos de quem tem armas"

Mais um excelente artigo da jornalista Sofia Lorena,do Publico, cinco anos depois do início a guerra no Iraque: "Cinco anos depois do início da guerra, é difícil prever como será o Iraque daqui a cinco anos. Ou daqui a um. Para os analistas é possível tentar enumerar o que é preciso fazer para que o país atinja algum grau de estabilidade ou segurança. Mas nem essas previsões são à prova de bala. Nada o é no Iraque.O objectivo do surge, o reforço militar que o Presidente George W. Bush anunciou no início do ano passado e cujos sucessos ontem celebrou, era levar os iraquianos a voltar a sair à rua e fazer com que os políticos pudessem discutir outras coisas para além da violência. Entenderem-se sobre temas essenciais em vez de se acusarem entre si pelo banho de sangue. O reforço militar visava permitir ao Governo e ao Parlamento aprovarem novas leis e o objectivo dessas leis era a reconciliação.Não há reconciliaçãoO Governo decidiu marcar precisamente para esta semana uma conferência sobre reconciliação nacional. "Esta conferência mostrou como qualquer reconciliação genuína está condenada ao fracasso, apesar da passagem de algumas leis este Inverno", disse ontem ao PÚBLICO Kenneth Katzan, especialista em Médio Oriente do Congressional Research Service".
***
***
***
***

Canárias ponen el 95% del coste de la dependencia

Refere o "Canárias 7" que "el presidente del Gobierno Paulino Rivero, afirmó ayer respecto a la aplicación de la Ley de Dependencia que «las cosas se están haciendo bien». Al ser preguntado sobre el motivo por el que aún no se han empezado a pagar las ayudas que financia el Gobierno central, aprobadas desde mayo del año pasado, para los dependientes de grado severo, el presidente respondió que «Canarias invierte 115 millones de euros y el Estado sólo 7 millones». Además, entre los retos de su Gobierno, mencionó el desarrollo de esta ley que según aseguró financiará Canarias en un 95%. A pesar de la financiación asegurada desde el seno del Gobierno de Canarias, los grandes dependientes isleños siguen, a día de hoy, sin cobrar las prestaciones que contempla la Ley de la Dependencia, siendo una de las pocas comunidades autónomas que todavía no han hecho efectivo el pago de las ayudas. Desde Bienestar Social se insiste en que faltan procedimientos por aprobar por parte de la Administración Central. Fuentes del Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales reiteran sin embargo que «todo está regulado». Aun así, los grandes dependientes isleños que ya hayan sido evaluados por los tribunales médicos tienen derecho a percibir las ayudas desde que fueron valorados como grandes dependientes Grado III nivel 2. Las ayudas son de carácter retroactivo desde su puesta en marcha". Para que aspessoas percebam do que se trata a Ley de Dependencia, recomendo este link e este também.

El IAC descubre el primer planeta del universo con dos soles

Segundo o "Canarias 7", "el Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC) ha descubierto el que puede ser el primer planeta del Universo con dos soles, según estudios realizados en el archipiélago por un grupo internacional de investigadores encabezado por el astrofísico Hans Deeg. En concreto, los expertos han hallado un cuerpo orbitando alrededor de un sistema binario de estrellas en la denominada constelación del Dragón. Los eclipses entre las estrellas dieron la pista inicial a los expertos, que aseguran que las candidatas a alumbrar este supuesto planeta son dos estrellas binarias que se encuentran a 52 años luz de distancia de la Tierra y están tan cerca una de la otra que se eclipsan cada 15 horas. "Su rápida danza orbital y su baja masa las convirtieron en un sistema ideal para buscar planetas a su alrededor", explica Deeg, que añade que las irregularidades en este baile, observadas a lo largo de 30 años durante sus eclipses, permitieron comprobar la evidencia de un tercer cuerpo. Por ello, el IAC considera que el "doble atardecer de la película 'La Guerra de las Galaxias' podría dejar de ser una mera ficción cinematográfica".

quarta-feira, 19 de março de 2008

As regras de Bill Gates

Praias...

Cidades: Moscovo

***
***

As reformas estão a dar os seus frutos, mas há que não esquecer os mais vulneráveis

Segundo a Comissão Europeia, "reformas em matéria de protecção social e políticas de inclusão activas contribuíram visivelmente para um crescimento mais elevado e mais empregos na Europa no ano passado. Porém, de acordo com um relatório da Comissão que vai ser discutido pelos Ministros do Emprego e dos Assuntos Sociais a 29 de Fevereiro, é necessário fazer mais para garantir que estes benefícios atingem aqueles que vivem nas margens da sociedade e concorrem para melhorar a coesão social. O «relatório conjunto sobre a protecção social e a inclusão» de 2008 incide nas prioridades e nos progressos realizados nas áreas da pobreza infantil, do prolongamento da vida activa, dos regimes de reforma privados, das desigualdades na saúde e dos cuidados de longa duração. Uma vez adoptado pelo Conselho, o relatório irá ao Conselho Europeu da Primavera de 13 e 14 de Março a fim de destacar a dimensão social do pacote empregos e crescimento. «As nossas reformas nos sistemas de protecção social e as políticas de inclusão social estão a dar frutos: promovem a coesão social e o crescimento trazendo mais pessoas para o mercado de trabalho e tornando mais sustentáveis as finanças públicas» declarou Vladimír Špidla, Comissário da UE para o Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades. «Mas um crescimento económico são e a criação de emprego não melhoram automaticamente a situação dos mais marginalizados nas nossas sociedades. Precisamos de políticas conjuntas para termos a certeza de que incluímos plenamente os mais vulneráveis". Leia no site da Comissão.

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast