Opinião: ENCENAÇÕES E DÚVIDAS
Creio que as pessoas já se aperceberam que nos últimos dias temos sido confrontados com “fenómenos” reveladores de algum nervosismo, com muita instabilidade à mistura, que julgo constituírem a demonstração de que muitas das “crises” pretensamente existentes na Região não passam de “obras de arte”, ainda por cima de péssima qualidade, produzidas por alguns sectores das elites políticas e intelectuais locais, sem impacto e que revelam, mais do que trincas pessoais, essencialmente uma ânsia de protagonismo que, nalguns casos, porque os protagonistas já nada têm a ver com a política e provavelmente nem moral terão m para andarem a querer dar “ensinamentos” seja a quem for, chega a roçar o ridículo.
Não faltam as “crises” por encomenda, as divergências com contornos mal explicados e que tantas vezes escondem outros interesses que chocam com decisões governamentais que depois publicamente contestam, encenações que apenas disfarçam a necessidade de serem tomadas opções pessoais, eventualmente pressionadas por acontecimentos recentes. Eu continuo na mesma. Há determinadas pessoas que pelas funções de responsabilidade que têm em instituições privadas generalistas, não podem, não devem envolver-se em determinadas funções, porque necessariamente terão que confrontar-se com polémicas e com intervenções públicas que em determinadas circunstâncias podem gerar polémicas e trazer-lhes problemas, porque os cargos são indissociáveis das pessoas e, por tabela, indissociáveis das responsabilidades profissionais que têm fora das associações.
Por exemplo, o que se passou na ACIF é, confesso, o epílogo de uma situação que eu tinha previsto, a tempo. Não sei qual o desfecho real de tudo isto, nem sei mesmo o que realmente se passou, embora desconfie que a questão da promoção turística da Madeira no exterior e das estranhas indefinições ou movimentações que em torno deste tema têm acontecido. Não sei se existirão hoje condições para dar continuidade a um determinado projecto, mas parece-me que a imagem da ACIF perante a opinião pública regional e sobretudo perante os seus associados, ficou inevitavelmente alterada, e disso não duvido. Mas como o assunto não me diz respeito, como não sou associado da ACIF nem tenho, nunca tive nada a ver com ela, o problema não é meu. Mas esta minha opinião, ninguém me impede de a dar. Penso por isso que, ou o assunto é publicamente esclarecido para que as pessoas fiquem informadas e se dissipem as dúvidas, ou tudo o que se passou, com anúncios de demissões não formalizadas, corre o risco de poder ser encarado como apenas uma ridícula “história da carochinha”, quiçá um ajuste entre pessoas, ou mesmo entre interesses divergentes de grupos hoteleiros ou outros ligados ao sector turístico. Isto faz-me lembrar a substancial diferença existente entre o quadro traçado em declarações à comunicação social sobre a realidade do chamado comércio tradicional citadino, e a realidade quotidiana, concreta e palpável de um sector que sofre os reflexos da conjugação de factores vários que nada têm a ver apenas com o aparecimento das grandes superfícies – pese a influência destas na crise hoje existente – ou com o indesmentível poder de compra que os madeirenses, tal como os portugueses em geral, experimentam desde há dois a três anos a esta parte.
Cabe sobretudo à ACIF, e só a ela, decidir se o facto de ter demovido o Presidente da Direcção da demissão anunciada ao DN local, resolve todos os problemas, ou se tudo o que se passou não passa de uma simples “aspirina” que pode atenuar a dor, mas não resolve a enfermidade que porventura afecta a instituição. E cabe sobretudo ao Presidente ex-demissionário perceber se tem ou não condições para continuar a exercer o cargo, ou se saiu fragilizado depois destes acontecimentos mais recentes e pode, a prazo, voltar a confrontar-se com novas situações. Até porque não acredito nem na compatibilização de interesses divergentes, nem que o Governo Regional, em circunstâncias algumas, seja um “pau mandado” de privados, mudando decisões ou alterando comportamentos a pedido ou em função de exigências ou de pressões de lobbies e de grupos de interesses.
Neste quadro, e dando-lhe uma abrangência maior do que aquela que porventura terá, acho importante a declaração do Presidente do Governo Regional particularmente neste início de ano, um ano não eleitoral mas onde as dificuldades conjunturais, económicas e orçamentais são de todos conhecidas, e que não se compadecem com egoísmos, vaidade sou protagonismos públicos, regra geral associados a ambições desmedidas que, por isso, pelo aspecto pernicioso que as caracteriza, devem ser combatidas.
Não faltam as “crises” por encomenda, as divergências com contornos mal explicados e que tantas vezes escondem outros interesses que chocam com decisões governamentais que depois publicamente contestam, encenações que apenas disfarçam a necessidade de serem tomadas opções pessoais, eventualmente pressionadas por acontecimentos recentes. Eu continuo na mesma. Há determinadas pessoas que pelas funções de responsabilidade que têm em instituições privadas generalistas, não podem, não devem envolver-se em determinadas funções, porque necessariamente terão que confrontar-se com polémicas e com intervenções públicas que em determinadas circunstâncias podem gerar polémicas e trazer-lhes problemas, porque os cargos são indissociáveis das pessoas e, por tabela, indissociáveis das responsabilidades profissionais que têm fora das associações.
Por exemplo, o que se passou na ACIF é, confesso, o epílogo de uma situação que eu tinha previsto, a tempo. Não sei qual o desfecho real de tudo isto, nem sei mesmo o que realmente se passou, embora desconfie que a questão da promoção turística da Madeira no exterior e das estranhas indefinições ou movimentações que em torno deste tema têm acontecido. Não sei se existirão hoje condições para dar continuidade a um determinado projecto, mas parece-me que a imagem da ACIF perante a opinião pública regional e sobretudo perante os seus associados, ficou inevitavelmente alterada, e disso não duvido. Mas como o assunto não me diz respeito, como não sou associado da ACIF nem tenho, nunca tive nada a ver com ela, o problema não é meu. Mas esta minha opinião, ninguém me impede de a dar. Penso por isso que, ou o assunto é publicamente esclarecido para que as pessoas fiquem informadas e se dissipem as dúvidas, ou tudo o que se passou, com anúncios de demissões não formalizadas, corre o risco de poder ser encarado como apenas uma ridícula “história da carochinha”, quiçá um ajuste entre pessoas, ou mesmo entre interesses divergentes de grupos hoteleiros ou outros ligados ao sector turístico. Isto faz-me lembrar a substancial diferença existente entre o quadro traçado em declarações à comunicação social sobre a realidade do chamado comércio tradicional citadino, e a realidade quotidiana, concreta e palpável de um sector que sofre os reflexos da conjugação de factores vários que nada têm a ver apenas com o aparecimento das grandes superfícies – pese a influência destas na crise hoje existente – ou com o indesmentível poder de compra que os madeirenses, tal como os portugueses em geral, experimentam desde há dois a três anos a esta parte.
Cabe sobretudo à ACIF, e só a ela, decidir se o facto de ter demovido o Presidente da Direcção da demissão anunciada ao DN local, resolve todos os problemas, ou se tudo o que se passou não passa de uma simples “aspirina” que pode atenuar a dor, mas não resolve a enfermidade que porventura afecta a instituição. E cabe sobretudo ao Presidente ex-demissionário perceber se tem ou não condições para continuar a exercer o cargo, ou se saiu fragilizado depois destes acontecimentos mais recentes e pode, a prazo, voltar a confrontar-se com novas situações. Até porque não acredito nem na compatibilização de interesses divergentes, nem que o Governo Regional, em circunstâncias algumas, seja um “pau mandado” de privados, mudando decisões ou alterando comportamentos a pedido ou em função de exigências ou de pressões de lobbies e de grupos de interesses.
Neste quadro, e dando-lhe uma abrangência maior do que aquela que porventura terá, acho importante a declaração do Presidente do Governo Regional particularmente neste início de ano, um ano não eleitoral mas onde as dificuldades conjunturais, económicas e orçamentais são de todos conhecidas, e que não se compadecem com egoísmos, vaidade sou protagonismos públicos, regra geral associados a ambições desmedidas que, por isso, pelo aspecto pernicioso que as caracteriza, devem ser combatidas.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal a Madeira", 24 de Janeiro de 2008)
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