PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

domingo, 28 de janeiro de 2007

Artigo: Febre

Foi esta semana noticiado que Portugal foi o segundo país do mundo, logo a seguir à China, que mais melhorias registou, durante os últimos 30 anos, em termos do índice da globalização calculado por uma organização suíça especializada. O estudo realizado pelo instituto suíço “KOF”, de Zurique — e que desde 1970 efectua este tipo de iniciativas — considera para os resultados obtidos, diversos indicadores políticos, económicos e sociais. Portugal surgiu no 13.º lugar entre 121 países analisados, com um resultado de 83,06 pontos — há trinta anos o nosso país estava na 34.ª posição com 41,86 pontos. Referia um jornal que “esta quase duplicação na pontuação faz com que Portugal se destaque claramente como um dos países onde o fenómeno da globalização mais se fez sentir durante as últimas três décadas. Ligeiramente à frente, com uma melhoria de 43,21 pontos, aparece apenas a China, um país que nos últimos anos protagonizou uma marcada abertura ao resto do mundo. Em terceiro lugar fica a vizinha Espanha”. Admite-se que, para além da abertura política e das transformações económicas na China, para estes resultados dos países ibéricos tenha contribuído o facto de terem adoptado um regime político democrático que lhes permitiu, também a nível económico e social, maior abertura e desenvolvimento.
Imaginem então o que se passa. A voracidade globalizadora portuguesa é de tal modo que o nosso país está neste momento à frente de países como os Estados Unidos, Alemanha e Espanha e aproximou-se dos primeiros lugares, actualmente ocupados pela Bélgica, Áustria e Suécia. Diz o estudo que “é ao nível da globalização económica, que leva em conta questões como o peso do comércio internacional e o investimento directo estrangeiro na economia, que Portugal mais se destaca, ficando na nona posição, superando o Reino Unido e a Finlândia”. Quanto aos indicadores de carácter social — nos quais as telecomunicações, o turismo ou os hábitos culturais são decisivos — Portugal é considerado o 22.º mais globalizado a nível mundial. Já na globalização política, o nosso país fica ainda mais atrás, com o 26.º lugar, um resultado que se explica fundamentalmente pelo reduzido número de embaixadas, sustentam os autores.
No meio de tanta globalização estonteante, dei por mim a pensar que é por causa disso — quem sabe — que o governo socialista já apresentou aos sindicatos a sua proposta de um novo modelo que permitirá rescindir os contratos dos funcionários públicos, o qual permite despedimentos com justa causa e rescisões amigáveis, acaba com as promoções automáticas nas carreiras e prevê prémios por boa “performance” de um trabalhador ou de uma equipa. Mais. O congelamento das reformas antecipadas permitiu travar as despesas do Estado, já que em 2006, tudo indica que a despesa total com pensões do universo da Segurança Social ficou 400 milhões de euros abaixo do orçamentado, ou seja, cerca de 3% menos do que o Governo tinha inscrito. E o universo de pensionistas cresceu apenas 1,5%. Brilhante. Contenção à custa dos mais necessitados…
Querem mais exemplos da “globalização” portuguesa? Dez empresas públicas pagaram 5,137 milhões de euros de indemnizações a gestores que cessaram funções antes do fim do mandato, entre 2003 e 2006, revela uma auditoria do Tribunal de Contas. Na auditoria feita a 25 empresas públicas, o Tribunal de Contas aponta que a empresa que mais dinheiro pagou em indemnizações a administradores foi a Caixa Geral de Depósitos que desembolsou 4,202 milhões de euros. Satisfeitos? Então olhem para mais este exemplo da “globalização” à portuguesa: “A Inspecção-Geral de Trabalho detectou quase 17 milhões de euros de salários, subsídios e prémios em atraso, o que representa um crescimento de 62% em relação a 2005. As inspecções a mais de 35 mil locais de trabalho ocorreram em todo o país, em conjunto com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, inspecção tributária, GNR e PSP. As acções de fiscalização incidiram sobretudo no sector da construção civil e renderam mais de 12 milhões de euros, com mais de duas mil empresas suspensas da sua actividade, na sua maioria por incumprimento das normas de segurança”.
Viva a globalização!
Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 26 de Janeiro 2007

No Verão, os Beckham chegam à Califórnia

No primeiro dia que passou em Los Angeles, Victoria Beckham gastou mais de 100 mil dólares em compras. Quase tudo foi numa encomenda na "Petit Tresor" (pequeno tesouro), uma loja de coisas para crianças orientada para clientes famosos. Posh Spice quer transformar em pequenos estádios de futebol os quartos dos seus três filhos (Brooklyn, Romeo e Cruz) de uma casa que ainda não tem na cidade californiana e que só irá começar a ocupar a partir do próximo quando ela mais David Beckham se instalarem definitivamente na Califórnia, para o início do milionário contrato de cinco anos do ex-capitão da selecção inglesa com os Los Angeles Galaxy, a equipa de futebol da cidade. Los Angeles parece ser a cidade ideal para os Beckham. Não é um passaporte para o esquecimento (embora altamente lucrativo) como são outros destinos de futebolistas em fim de carreira como foi em tempos o Japão ou como é actualmente o futebol alimentado a petrodólares da Arábia Saudita, do Qatar e dos Emiratos Árabes Unidos. É a Califórnia, é Hollywood, são as passadeiras vermelhas e as atenções da imprensa e do mundo, um ambiente a que Beckham está habituado desde os seus tempos de Manchester e que cresceu na sua passagem por Madrid. "Eu acho que o que ele quer ser é um actor e não um futebolista", diz o criador de moda italiano Giorgio Armani. É exactamente assim que pensa Ramon Calderon, presidente do Real Madrid, e é por isso que Fabio Capello já não conta com ele até ao fim da época, altura em que termina o contrato do britânico com o clube "merengue". "Ele vai para Hollywood para ser um actor de segunda", garante o líder do Real Madrid, clube que em 2003 o havia recebido como a estrela maior dos "galácticos", onde já estavam Figo e Zidane e aos quais se haveria de juntar ainda Ronaldo. David e Victoria ainda não se estabeleceram em Los Angeles, mas as solicitações já são muitas. Hugh Hefner, por exemplo, já os convidou para uma festa na sua mundialmente famosa mansão e, segundo a imprensa britânica, quer Victoria, que tem medo de mostrar as pernas, na capa (e no interior) de um dos próximos números da Playboy. "Ela devia fazer uma sessão fotográfica connosco. Temos grandes planos para ela", adianta Bridget Marquardt, uma das playmates de Hefner. Michael Jackson, por seu lado, terá já aproveitado para saber do interesse do casal Beckham em Neverland, o seu megalómano rancho em Santa Bárbara. Sem dinheiro para pagar a conta do advogado e do veterinário, o ex-rei da pop terá feito saber aos Beckham que estava disposto a vender a sua "Terra do Nunca" particular aos recém-chegados por dez milhões de dólares, mas a oferta terá sido recusada porque o refúgio de Jackson, exilado algures no Médio Oriente, ficaria demasiado longe do campo dos LA Galaxy. A Posh Spice, que também tem ambições no mundo da moda como estilista, parece estar bastante interessada numa mansão que pertenceu ao cantor Lionel Richie localizada nas Hollywood Hills e que custa cerca de 15 milhões de dólares, e transformá-la num novo "Beckingham Palace". Esta terá sido uma das 35 residência que Victoria terá visitado na sua estadia em Los Angeles, todas com preços entre os 10 e os 20 milhões. "Quero escolher a casa ideal para o David e para as crianças. Vi sítios muito bonitos, mas quero algo que possa ser uma boa casa", afirmou Victoria ao "The Sun". Em Los Angeles, Beckham e Victoria vão estar em casa. Como escrevia Mike Penner no "Los Angeles Times", "mais cedo ou mais tarde, de uma maneira ou de outra, parecia destinado a Hollywood". Tudo se encaixa, são um casal com "glamour", elegante, com apelo global e perfil para se misturarem com as estrelas de cinema. Victoria teve uma primeira experiência entre a alta sociedade de Los Angeles, marcando presença numa festa exclusiva após a cerimónia dos Globos de Ouro, partilhando, inclusive, uma limusina com Tom Cruise, Katie Holmes e Jennifer Lopez. Segundo o "Los Angeles Times", a X17 Inc., uma agência fotográfica especializada em celebridades, destacou cinco fotógrafos para seguir os Beckham para todo o lado e alguns jornais ingleses estão a ponderar a hipótese de mandar um correspondente para a cidade californiana para escrever apenas sobre o casal. Nada que, segundo Brandy Navarre, uma das proprietárias da agência, os vá incomodar muito: "Ninguém vem para Hollywood, famosos como eles são, para se esconder do público e ter uma vida privada." O contrato de Beckham com o Real Madrid acaba este Verão e os LA Galaxy não terão de pagar nada ao clube merengue para contar com o médio britânico. Mas o que lhe irão pagar fará de Beckham, de 31 anos, o futebolista mais bem pago de sempre, ao nível dos mais bem pagos do desporto norte-americano. Nada menos de 250 milhões de dólares por cinco anos, ou seja, 50 milhões por ano, ou quatro milhões por mês, ou um milhão por semana. Um ordenado, garante o clube, suportado pelos patrocinadores. Mas por Los Angeles corre um rumor que a ida de Beckham para a Califórnia terá sido patrocinada pela Igreja da Cientologia. Não passará de um rumor, mas o próprio Beckham confirma que, antes de tomar a decisão, passou horas ao telefone com o seu grande amigo Tom Cruise, um dos membros mais destacados desta religião fundada pelo escritor de ficção científica L. Ron Hubbard. "Pedi-lhe conselhos porque ele é um homem muito sensato, é um grande amigo meu. Não podia ter falado melhor de LA e vai ser uma grande ajuda para nós já ter amigos quando chegarmos à cidade", revelou Beckham no dia em que foi apresentado como jogador dos Galaxy. A amizade entre Cruise e Beckham parece ser daquelas forjadas sob as luzes da ribalta, entre duas celebridades destacadas nas respectivas áreas. Tornaram-se amigos há dois anos (Beckham terá chamado Cruz ao seu terceiro filho em honra a Cruise) e, desde então, têm sido inseparáveis, pelo menos, tanto quanto permitem as agendas de ambos. Na impossibilidade de David lá estar, por razões desportivas, Victoria marcou presença no exclusivo casamento de Cruise com Katie Holmes, uma cerimónia realizada de acordo com os rituais da Cientologia num castelo italiano em Novembro do ano passado. Os motivos de Cruise, segundo muita imprensa internacional, passarão, acima de tudo, pela conversão de mais dois famosos à Cientologia. "Alguém que esteja na igreja tentará sempre ir buscar novos membros. Ao mais alto nível, é um pote de mel, porque as instalações são luxuosas e as celebridades são tratadas como realeza", diz um ex-membro da Cientologia citado pelo jornal britânico Daily Express. Aqui as versões divergem. Há quem diga que David é quem estará mais interessado em aderir a este credo, outros sustentam que é Victoria quem está mais entusiasmada com a perspectiva de se juntar a Cruise, John Travolta e Isaac Hayes na elite da Cientologia. E que poderia passar por aqui o início da carreira da Posh Spice no cinema. O seu primeiro filme, patrocinado por Tom Cruise, seria de ficção científica e Victoria, que já terá sido vista com um livro da Cientologia nas mãos, faria o papel de uma entidade espiritual que, segundo a crença cientologista, habita no corpo de todos os homens. Ninguém confirma nada disto. Da parte dos Beckham, apenas repetem que Cruise é um bom amigo, da parte da Cientologia dizem "falem com os Beckham". Beckham sempre foi mais que um futebolista com um talento especial para marcar livres e fazer cruzamentos. Quando ainda estava no Manchester United, Alex Ferguson preocupava-se com a dimensão que assumiam as actividades de Beckham extra-futebol e ainda mais depois do casamento com a "Posh" Spice Victoria. Eram o verdadeiro casal real da Inglaterra e mais vezes eram notícia as suas mudanças de penteado e as suas aventuras extra-conjugais. Por mais camisolas que "Becks" vendesse na Ásia, Alex Ferguson deixou-o sair para Madrid. Em Madrid, Beckham vendeu, de facto, muitas camisolas. Nas várias digressões que o Real fez ao continente asiático, Beckham era a estrela maior e deu muito dinheiro a ganhar aos "merengues". Desportivamente, o seu rendimento não foi o que se esperava. Desde que chegou ao Real em 2003, Beckham apenas conseguiu enriquecer o seu palmarés com uma Supertaça espanhola, apesar de jogar numa equipa de "galácticos" tal como fora idealizada por Florentino Perez, o ex-presidente "merengue", já para não falar dos fracassos sucessivos na selecção inglesa, onde até há bem pouco tempo era o capitão. Os seus novos colegas nos Galaxy também parecem não levar muito a bem a presença de Beckham e com o seu ordenado, especialmente porque uma das regras da Major League Soccer (MSL) é cada equipa ter um tecto salarial, com a possibilidade de contratarem um jogador acima desse limite. "Penso que, sendo amante do futebol, ele é o David Beckham e cada homem vale aquilo que consegue negociar. Mas, ao mesmo tempo, existe algum ressentimento. Estaria a mentir se dissesse o contrário", considera Peter Vagenas, capitão dos Galaxy, que tem um salário anual de 125 mil dólares. Com um ordenado anual 400 vezes superior ao de Vagenas, Beckham diz que não vai jogar nos EUA por dinheiro. "Estou ansioso pelo desafio de ajudar a crescer o desporto mais popular no mundo num país que é tão apaixonado pelo desporto como eu", defende. Para uns, o negócio Beckham está condenado ao fracasso porque nunca irá conseguir elevar o futebol ao nível de popularidade de outros desportos como o basebol ou o basquetebol, outros, como o manager dos Galaxy Alexi Lalas (um ex-jogador que foi em tempos o homem mais conhecido do futebol dos EUA, um defesa central com barba e cabelo comprido que tocava guitarra numa banda grunge), terá um impacto fenomenal e vai conseguir elevar o futebol acima do estatuto de desporto para crianças. Só no dia em que o negócio foi anunciado, cerca de dois mil bilhetes de época dos Galaxy foram vendidos e, entre nas outras equipas da MSL, houve uma corrida aos bilhetes para os jogos com a formação de Los Angeles e, pelo menos durante uns tempos, o futebol vai ter uma exposição mediática como nunca teve. Se as coisas não correrem bem a nível desportivo, David Robert Joseph Beckham, nascido em Leytonstone, Inglaterra, a 2 de Maio de 1975, não terá grandes problemas em aguentar-se em LA porque, como escreve o colunista norte-americano John Doyle, "é famoso por ser famoso". "É a Paris Hilton do desporto americano - ricou, louro, não muito brilhante, mas astuto no que diz respeito a continuar famoso. É a cara de LA."
Há 30 anos foram Pelé e Eusébio
Para os norte-americanos, futebol não é "football", é "soccer" e até hoje nunca perdeu o estatuto de secundário perante os gigantes do desporto profissional dos EUA, o futebol americano, o basquetebol, o basebol, o hóquei no gelo ou o campeonato NASCAR. Mas nos anos 70 e 80 do século XX, o "soccer" viveu um breve período de grande fulgor, assente no princípio de grandes estrelas dão grandes espectáculos e grandes espectáculos atraem sempre muito público. Não eram estrelas no auge da carreira, mas os nomes que a North-American Soccer League (NASL) juntou no mesmo campeonato ultrapassam as colecções das ligas espanhola, inglesa ou italiana da actualidade. Tudo começou com Pelé, contratado aos 35 anos pelos New York Cosmos, uma equipa que não atraia mais que 1500 espectadores por jogo. A primeira aparição do brasileiro pelo Cosmos levou mais de 22 mil pessoas a um campo que o New York Times da altura descreveu como "um bocado de terra e pedras do Paleolítico". O êxito foi instantâneo e muitos dos consagrados seguiram o seu exemplo. Se Pelé, ainda hoje considerado o melhor futebolista de todos os tempos, aceitava ir é porque valia a pena. Antes de Pelé, a NASL tenha 15 equipas, três anos depois de Pelé esse número cresceu para 24. Depois de Pelé chegaram Franz Beckenbauer, George Best, Johan Cruijff, Carlos Alberto, Teofilo Cubillas, Gordon Banks, Gerd Muller, Carlos Alberto ou Graeme Souness. Os portugueses também entraram nesta louca aventura americana. Eusébio atravessou o Atlântico em 1975 e por lá ficou até 1978, representando os Boston Minutemen, os Toronto Metro-Croatia (onde foi campeão em 1976) e os Las Vegas Quicksilver - o "Pantera Negra" passaria ainda pela liga mexicana, no Monterrey. O outro aventureiro português foi António Simões, que, tal como o seu antigo companheiro do Benfica, começou nos Boston Minutemen, passou para os San Jose Earthquakes e acabou nos Dallas Tornado, sendo depois treinador do Earthquakes, orientando, entre outros, o "quinto Beatle" George Best. De repente, os jornais e as televisões começaram a dar espaço ao futebol, o público aderia em massa e as médias de espectadores subiu até níveis inimagináveis. O Cosmos (cinco títulos entre 1972 e 1982), por exemplo, jogava frequentemente perante 70 mil pessoas no estádio dos Giants e teve várias épocas com médias de assistência superiores a 40 mil. A formação nova-iorquina era mesmo a que tinha mais dinheiro, bancada pelos dólares da Warner, e podia contratar estrelas como Pelé e Beckenbauer, com salários chorudos. Durante algum tempo, o Cosmos esteve na moda, um períoodo em que os jogadores eram visitas frequentes do Studio 54, e Steven Spielberg, Muhammad Ali e Henry Kissinger assistiam aos jogos. Depois, o balão rebentou. Por mais receitas de bilheteira, de televisão e de publicidade que gerassem, nunca eram suficientes para cobrir os gastos, e muitas equipas, depois de fidelizarem os adeptos, mudavam de cidade. Em 1985, quando a NASL acabou, já só restavam 12 equipas, menos do que as que tinham iniciado o campeonato.
Fonte: Marco Vaza, Publico

Para Hollywood, o candidato ideal teria a imagem de Obama e o dinheiro de Hillary

A mulher de Bill Clinton vai receber de Elizabeth Taylor o donativo máximo permitido por lei na sua campanha para as eleições presidenciais de 2008. A estrela maior parece ser, no entanto, o senador do Illinois, que conta com a admiração de George Clooney e de Steven Spielberg. Halle Barry disse que apanharia o lixo do passeio para ele andar e a rainha das tardes televisivas Oprah Winfrey proclamou: "He"s the man!" Há também quem adore John Edwards ou Dennis Kucinich. A indústria cinematográfica é um dos principais contribuintes para o financiamento das campanhas nos EUA. Por Rita Siza, Washington A indústria do entretenimento de Hollywood, uma das comunidades mais liberais dos Estados Unidos, está em polvorosa com a quantidade e qualidade dos candidatos à nomeação do Partido Democrata às presidenciais de 2008. Mas o entusiasmo rapidamente se torna um dilema quando chega a altura de passar cheques para a campanha: que nome escrever na linha do destinatário - Hillary Clinton? John Edwards? Ou a nova estrela da cidade, Barack Obama?
Para Russel Simmons, estrela do hip-hop que cultiva uma imagem de independência, o candidato democrata ideal era aquele que tivesse "a imagem de Barack Obama, o dinheiro de Hillary Clinton e a voz de John Edwards". Para já, esses parecem ser os três nomes que reúnem a preferência dos liberais de Hollywood. Serão? "Também gosto muito de Dennis Kucinich", congressista do Ohio, acrescenta Simmons. Como explica Marge Tabankin, veterana activista política de Hollywood, o mais provável é que os grandes doadores do cinema e televisão comecem por distribuir o seu dinheiro entre os vários candidatos. "Este ano há uma percepção de que o campo democrata está muito forte. Muita gente vai apoiar vários candidatos, nem que seja por uma questão de manter o nível do debate: os nomes não param de aparecer, e toda a gente está curiosa de os conhecer, de ouvir o que têm para dizer", disse Tabanki à Associated Press. Na corrida pelo dinheiro de Hollywood, Hillary Clinton parte, teoricamente, em vantagem. A senadora de Nova Iorque é uma velha conhecida da indústria, e seguramente não desperdiçará lealdades antigas, os velhos contactos e a rede de financiamento e apoio que está montada desde o início da década de 1990, quando fazia campanha ao lado do marido, Bill.
2300 dólares de Liz
Elizabeth Taylor acaba de contribuir para a campanha de Hillary Clinton com 2300 dólares, montante anual máximo permitido para um donativo individual. "Gosto da sua forma de pensar", justificou a actriz. "Ela é muito sensata e inteligente, é uma líder com anos de experiência de governo, de diplomacia e de política". John Edwards, antigo senador da Carolina do Norte e derrotado candidato à vice-presidência, goza de idêntica popularidade entre os democratas de Hollywood. "Em termos da mensagem, ele é o meu preferido", garante Russel Simons. "John Edwards está muito bem posicionado, pela sua energia, inteligência, compromisso com a luta contra a pobreza ou a sua posição sobre a guerra no Iraque", referiu também Marge Tabankin. De todos os candidatos, prossegue, Edwards é o mais eficaz na explicação das suas razões e da sua ideologia. Ele é muito claro no que diz." No entanto, a sensação do momento em Hollywood parece ser Barack Obama. O senador do Illinois não pára de ser elogiado por algumas das maiores estrelas da indústria. O actor George Clooney é um dos mais leais admiradores e apoiantes do senador. Numa entrevista, a actriz Halle Berry disse que apanharia o lixo do passeio para Obama andar. Para a rainha das tardes televisivas, Oprah Winfrey, "he"s the man!".
Uma estrela de rock
"Obama tem um tremendo potencial. Ele é realmente como uma estrela de rock, que paira acima das questões da classe ou da raça que preocupam outros políticos [nos EUA]. Mas o facto é que as pessoas ainda não o conhecem bem, não sabem exactamente qual é a sua mensagem", nota Tabankin. Para colmatar essa "lacuna", o senador será o primeiro dos candidatos a "atacar" Hollywood. No próximo mês, Barack Obama terá direito a um mega-evento de recolha de fundos patrocinado por Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen no Beverly Hilton Hotel. A lista de convidados tem mais de 700 nomes, e aqueles que se comprometerem a arrecadar mais de 46 mil dólares para a campanha do senador serão "brindados" com um jantar privado na casa de Geffen. Dos três fundadores da produtora Dreamworks, apenas Katzenberg está, porém, "exclusivamente" comprometido com a campanha de Obama. Na Primavera, Spielberg junta-se a outros milionários de Los Angeles - o produtor Steve Bing, o empresário dos media Haim Saban, o magnata da distribuição Ron Burkle e o banqueiro Sim Farar - numa nova função de recolha de dinheiro, desta feita para a campanha de Hillary Clinton. De acordo com os números recolhidos pelo Center for Responsive Politics, um watchdog de Washington dedicado à vigilância do financiamento político, a indústria do entretenimento foi responsável por mais de 33 milhões de dólares de donativos aos candidatos e partidos nas eleições de 2004 (e 69 por cento desse dinheiro foi para os democratas).

Fonte: Publico

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Espanha adapta tamanhos de roupa à mulher real

Quem sempre usou umas calças 36 e agora não cabe numas 38 decide fazer dieta; se essa mesma pessoa entra numa outra loja e só consegue vestir umas 40, então cria mesmo a ideia de que tem ganho peso a olhos vistos. Mas estas aparentes mudanças de tamanho podem ser mera ilusão. O Governo espanhol decidiu medir 8500 espanholas e chegar a um tamanho médio para uniformizar de forma realista os tamanhos de roupa vendida para mulheres. A iniciativa foi do Ministério da Saúde espanhol; aderiram ao acordo de auto-regulação, a ser aplicado ao longo de cinco anos, os grandes grupos de vestuário, desde a Inditex (que inclui a Zara, a Massimo Dutti e a Pull and Bear) à Mango ou El Corte Inglês, entre outros. Ao todo, 80 por cento do sector, anunciou a ministra da Saúde e do Consumo, Elena Salgado, que quer mais tarde alargar a mesma medida à roupa de homem, noticiava ontem o jornal El País. A medida é de saúde e pretende trazer realismo aos tamanhos de roupa, que têm como padrão um modelo de beleza que privilegia as mais magras e que é inalcançável para a maioria da população, reconhece o Governo. E que, em casos extremos, pode mesmo conduzir a transtornos de saúde graves. "Não é razoável que numa sociedade moderna e avançada se criem estereótipos de beleza desfasados da realidade. É um compromisso de todos que a beleza e a saúde andem de mãos dadas", declarou a ministra, citada pelo El Mundo. É assim que neste pacote de medidas o tamanho 46 perde o estatuto de tamanho especial e passa a normal e os manequins de montra passam a não poder vestir abaixo do 38. A ideia é promover uma imagem saudável e adaptada à população.
Fonte: Catarina Gomes , Publico (texto parcial)

Tesouro da realeza grega à venda em leilão londrino

Pode não haver uma relação causa-efeito, mas o leilão em Londres de 850 peças da colecção que pertenceu a Jorge I, rei da Grécia desde 1863 até ser assassinado por um anarquista em 1913, já está a ser um sucesso, apesar da polémica criada por Atenas, que ameaça os compradores com os tribunais. Ontem, primeiro dia do leilão da Christie"s, as vendas atingiram os 10,6 milhões de euros - a colecção estava inicialmente avaliada em 2,28 milhões. Na colecção há de tudo um pouco: baixelas e utensílios em prata, jóias Fabergé (estimava-se que alguns itens pudessem chegar aos 400 mil euros), pinturas e mobiliário. As peças vieram da residência real de Verão em Tatoï, a norte de Atenas, e, diz a AFP, terão sido entregues ao rei Constantino, deposto, e autorizadas a sair da Grécia em 1991 para o Reino Unido. É a primeira vez que bens da família real grega vão a leilão desde que a monarquia foi abolida em 1973. O vendedor é anónimo. O antigo rei Constantino diz no seu site que os itens pertenciam a membros da família real, que está ligada a muitas realezas europeias, e que já não estão na sua posse. Diz a Reuters que a oferta de prendas raras e valiosas era prática comum entre essas famílias reais, o que pode explicar a sua dispersão e dificultar a identificação do actual proprietário. "As peças foram vendidas em 1991 e não sabemos quem as está a vender hoje", disse um porta-voz da família real, Aliki Strongylos. Segundo a Christie"s, centenas de pessoas assistiram ao leilão de ontem, que o Estado grego tentou travar com um pedido de anulação formal. A leiloeira insiste que todas as peças foram legalmente obtidas e argumenta que não recebeu nenhum pedido escrito das autoridades gregas. Um seu porta-voz justificou a decisão de realizar a venda com uma declaração pública do ministro da Cultura grego, Georges Voulgarakis, em que este teria ontem afirmado que a Christie"s podia manter o leilão. Mas o desmentido foi imediato. "A Grécia mantém o seu pedido de anulação da venda, o ministro não fez nenhuma declaração relativa à retirada desse pedido", disse fonte do Ministério da Cultura à AFP. A Christie"s diz ainda não perceber esta polémica, pois o leilão estava anunciado há quase dois meses, mas a adida cultural grega em Londres diz que essa prática é comum. "Se vamos para tribunal dez dias antes da venda, por exemplo, há sempre o risco de os artefactos saírem do país", explicou Victoria Solomonides. No pedido grego, o ministro Voulgarakis alega que estes objectos "constituem uma parte da história do Estado grego moderno e do património nacional" e sublinha que está em causa a "saída ilegal" da colecção do território grego. Por isso, o ministro pediu à Christie"s que "retirasse os bens culturais colocados à venda" e cooperasse com peritos gregos para determinar a sua origem. A Grécia ameaça ainda os potenciais compradores com os tribunais, mas essa intenção não produziu resultados. " [O primeiro dia] correu muito bem. A sala está cheia e há muitas ofertas via telefone e Internet. Muitos dos lotes foram vendidos acima do estimado", disse uma porta-voz da leiloeira. O leilão termina hoje
Fonte: Publico

Muçulmano preso por agredir ginecologista

A Justiça francesa condenou a seis meses de prisão um jovem muçulmano que, invocando a moral da sua religião, agrediu o ginecologista que acompanhou a sua mulher durante o parto no Hospital Robert Debré, em Paris. O condenado, Fouad Ben Moussa, de 23 anos, terá ainda de pagar mil euros de indemnização ao especialista por danos durante o internamento da sua mulher, declarou o tribunal, naquela que é já a sétima condenação do jovem pela justiça francesa. A mulher de Ben Moussa foi admitida no Hospital Robert Debré em Setembro do ano passado, em trabalho de parto. Quando a criança nasceu, e devido a pequenas complicações no parto, ele não conseguiu ver a esposa. Ben Moussa só voltou à noite ao hospital e foi convidado pelo médico a visitá-la. Mas quando o especialista colocou as mãos sobre a barriga da mulher, o marido afastou-o violentamente e arrastou-o para fora do quarto, dizendo que, na sua religião, "os homens não tocam as mulheres". Ben Moussa explicou mais tarde que "esta é uma questão de pudor e não de religião".
Fonte: Publico

Artigo: Ensino Superior

Para que se perceba o drama que rodeia o ensino superior português — caracterizado por Universidades sem dinheiro para fazer face aos seus encargos mais primários, instalações degradadas, qualidade do ensino em acentuado declínio, alunos frustrados, a insistência no mito qualitativo do ensino superior “privado”, etc — recordo que foi há dias noticiado que cerca de 2.000 docentes do superior, sobretudo os contratados a prazo, correm o risco de cair no desemprego devido às carências orçamentais das universidades e politécnicos para este ano de 2007. Trata-se de uma estimativa feita pela Federação Nacional dos Professores — e por isso a ser olhada com cuidados redobrados, dada a tendência daquela organização para o empolamento de factos — que aponta para aqueles cortes de pessoal considerando as decisões as instituições teriam que tomar para conseguirem pagar salários sem recorrer a receitas próprias. Mas há mais. Um elevado número de funcionários administrativos, e não contabilizado pela estrutura em questão, poderá ter que enfrentar também tempos incertos. Diz a Fenprof que o ensino superior sofrerá uma quebra de verbas do Orçamento de Estado a par de um aumento de 1,5% nos ordenados da Administração Pública, factores juntos que deixam as instituições com um buraco "da ordem dos 7,5%" para preencher em matéria de vencimentos. O ensino superior português tem actualmente cerca de 25 mil docentes, pelo que estamos a falar na previsão de uma redução que penalizaria 1.875 professores, 1.125 no sector universitário e 750 no politécnico. Estima-se que o sector tenha presentemente mais de 4.000 docentes convidados [a prazo] que no politécnico ascenderão a 7.000 em idênticas condições. Recordo que o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), já admitiu como "provável" a dispensa de docentes e de não docentes: "É um assunto que está agora a ser equacionado por cada instituição e é cedo para fazer previsões. Não pode haver medidas precipitadas e elas têm de ser humanamente correctas". Curiosamente, em época de contenção, aquele presidente do CRUP ainda vem falar em indicadores que permitem calcular o rácio de professores necessários face ao número de alunos, apontando tudo isto para a possibilidade das universidades terem um défice de funcionários que ronda os 13 a 15%. Mas qual é a realidade do ensino superior português? Sabe-se que durante o período 1994 a 2002 o ensino superior português viu o número de lugares, de alunos inscritos e de docentes aumentar como nunca. “O problema é que a expansão não foi sinónimo de maior qualidade, já que aconteceu sobretudo em instituições e cursos com notas mínimas de entrada mais baixas, vagas sobrantes, menores níveis de empregabilidade e níveis de produção científica inferiores”, refere um estudo da autoria de Manuel Caldeira Cabral, professor do departamento de Economia da Universidade do Minho. O documento intitulado “Expansão do sistema de ensino superior nas últimas duas décadas” questiona o facto do modelo de crescimento adoptado ter “privilegiado a expansão de unidades, preferencialmente do politécnico, situadas no interior, em cidades mais pequenas e de forma muito dispersa”. Vai mais longe ao denunciar que “a utilização do ensino superior como instrumento de política regional, por vontade dos governos centrais ou como cedência a pressões de autarcas e representantes locais, causou desperdícios e revelou-se muito limitada”. O estudo aponta provavelmente uma das causas da actual degradação e dos problemas estruturais e financeiros do sector: “A partir do momento em que o número de candidatos deixou de ser claramente superior ao de vagas, comprovou-se que muitos dos cursos dos institutos politécnicos eram segundas escolhas. A forte diminuição de candidatos verificada exactamente nas unidades onde mais se expandiu a oferta demonstra bem os limites de opções políticas que ignoram a evolução demográfica e as preferências há muito reveladas". O texto sublinha que cerca de metade dos pólos de ensino superior criados depois de 1994 não conseguem hoje preencher sequer 50% das vagas aí criadas, acrescentando Manuel Caldeira Cabral que 19 das 23 unidades que não ocuparam metade das vagas na 1.ª fase do concurso de 2006 estão fora dos grandes centros urbanos, em cidades como Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Tomar, Santarém ou Beja. Basicamente o autor reconhece que “a quebra de candidatos não decorre de circunstâncias aleatórias, mas da conjugação de factores demográficos, sectoriais (cursos com cada vez menos procura) e institucionais (preferência pelo ensino universitário) conhecidos em 1994”. Embora constituindo (este estudo) apenas mais uma referência para percebermos (?) a realidade evidente do ensino superior português — em fase de adaptação às exigências resultantes do processo Bolonha — não me parece que existam condições, nos tempos mais próximos, para que os problemas sejam resolvidos. Isto porque o próprio sector universitário gerou, no seu seio, obstáculos a essa modernização e à possibilidade de ensaiar passos qualitativos a todos os níveis. Mas existem ainda factores exógenos à própria Universidade, relacionados com a realidade demográfica portuguesa, com o decréscimo significativo da população estudantil e com o impacto negativo das crescentes limitações orçamentais de muitas famílias portuguesas que optam por influenciar o abandono escolar dos seus filhos enviando-os para o mercado de trabalho. Eu só posso lamentar tudo isto, assim como reputo de indecorosas as interferências políticas na Universidade, particularmente por pessoas ou organizações a quem não reconheço qualquer capacidade para o fazer.
Luis Filipe Malheiro

Jornal da Madeira, 25 de Janeiro 2007

Glaciares dos Alpes correm o risco de desaparecer

A maioria dos glaciares dos Alpes desaparecerá até 2050, declararam hoje vários cientistas numa conferência sobre alterações climáticas realizada em Viena.Os cientistas baseiam os seus cálculos em provas de degelo lento, mas constante, nas camadas de gelo continental da região. Os glaciares da província alpina austríaca do Tirol têm vindo a encolher cerca de três por cento por ano, o que significa que a sua massa baixa anualmente cerca de um metro, segundo Ronald Psenner, do Instituto para a Ecologia da Universidade de Innsbruck."Como a densidade média dos glaciares nos Alpes é de 30 metros, parece bastante certo que já não existirão glaciares em 2050, a não ser os poucos situados acima dos quatro mil metros", disse o especialista.
"O futuro parece bastante líquido", acrescentou. Os peritos exortaram à tomada de medidas preventivas para proteger os residentes nos vales alpinos, que poderão enfrentar riscos acrescidos de cheias perigosas.
Fonte: Publico e Lusa

Sitcom sobre muçulmanos é sucesso no Canadá

Os criadores de uma nova comédia televisiva canadiana Little Mosque on the Prairie, esperam que a série venha a fazer uma carreira de sucesso além fronteiras. Isto porque retrata os muçulmanos de uma forma inédita: com humor.A sitcom, sobre uma pequena comunidade muçulmana na terreola fictícia Mercy, estreou na televisão canadiana com críticas maioritariamente favoráveis e audiências espectaculares. Trata de uma comunidade de muçulmanos devotos e dos inevitáveis mal-entendidos que se sucedem quando estes interagem com a comunidade local na região rural de Saskatchewan."O riso é uma linguagem universal", explicou Zarqa Nawaz, a criadora da série vestida com o seu hidjab. No currículo tem filmes com os sugestivos nomes BBQ Muslims e Real Terrorists Don"t Belly Dance. "É importante ultrapassar este pressuposto de que os muçulmanos não são engraçados ou que não sabem encaixar uma piada ou que não têm o mesmo tipo de relações que qualquer outra pessoa".A série despertou muita atenção mesmo antes de estrear, talvez mais pelo potencial de controvérsia do que qualquer atrevimento arriscado do próprio programa. Little Mosque on the Prairie é mais humor light do que sátira mordaz e goza tanto com os muçulmanos como com os não-muçulmanos. Por exemplo: um jovem advogado que desiste de uma carreira promissora em Toronto para ser o novo imã da mesquita de Mercy é detido pela polícia no aeroporto depois de uma senhora o ter escutado a falar ao telemóvel sobre "o suicídio" da sua carreira e sobre o facto do seu novo trabalho fazer parte dos "planos de Alá" para ele. O polícia que o prende diz-lhe "hoje não vais para o paraíso".Prudentes, os líderes da comunidade muçulmana no Canadá reagiram com um optimismo contido. "É um começo", disse Wahida Valiente, vice-presidente do Congresso Islâmico Canadiano. "Mas talvez eles [os criadores da série] tenham que desviar o centro da acção da mesquita. Os muçulmanos não estão assim tão envolvidos na mesquita na sua vida do dia-a-dia".Zarqa Nawaz e a sua empresa FUNdamentalist Films, já receberam telefonemas de televisões dos EUA, Europa e Médio Oriente, interessadas em transmitir a série.
Fonte: Publico e Reuters

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Expedição internacional parte à procura dos primeiros habitantes da Antárctida

O Navio sai a 29 de Janeiro da Argentina, com 32 tripulantes a bordo, entre os quais dois voluntários portugueses, e passará por dez pequenos portos abandonados, que terão sido utilizados pelos caçadoresDesde o Ano Geofísico Internacional (1957-1958), em que se registou a verdadeira tomada do continente branco pela ciência, a Antárctida está colada à imagem de investigadores a caminharem contra o vento, num cenário branco de neve.Mas a história da presença humana na Antárctida começou mais de 100 anos antes, em 1820. Os primeiros habitantes não eram climatólogos mas caçadores. Primeiro de lobos-marinhos e mais tarde, a partir da última década do século XIX, de baleias. "A maioria eram noruegueses; também havia suecos e britânicos", conta ao PÚBLICO Carlos Pedro Vairo, director científico da expedição e especialista em história da Antárctica, a dias da partida do navio quebra-gelos Ice Lady Patagonia, do porto argentino de Ushuaia. Os caçadores "estavam na Antárctida de Outubro a Abril. No Inverno regressavam às suas terras", acrescenta o investigador que se dedica à história cultural antárctica desde 1994. Mas a península voltou a ficar desabitada por volta de 1930. "Muitas empresas fecharam nessa altura. A sobrepesca levou ao excesso de produtos, nomeadamente, de óleo de baleia." "Queremos procurar vestígios do trabalho [dos caçadores], de embarcações afundadas, de esqueletos de baleias." O objectivo da expedição, que deve terminar a 18 de Fevereiro, é completar as investigações sobre antropologia e história antárctica realizadas até ao momento por Carlos Vairo, também director do Museu Marítimo de Ushuaia, na Terra do Fogo. A ideia é saber quem eram aqueles que escolheram a inacessível Antárctida, protegida por tempestades com ventos de 180 quilómetros por hora e ondas de 30 metros de altura.
Dez portos abandonados desde os anos 30
O Ice Lady Patagonia, navio oceanográfico da Associação de Exploração Científica Austral, passará por dez pequenos portos abandonados, que terão sido utilizados pelos caçadores. Desde então, arrisca Carlos Vairo, nunca mais ninguém esteve nesses portos. "Talvez algum barco tivesse passado por eles, mas sem parar para os explorar. Já se sabia que apenas tinham interesse para os baleeiros", explica Carlos Vairo. A tripulação realizará expedições em terra - procurando vestígios em praias e portos - e no fundo do mar, com a ajuda de um robô submarino, que leva câmaras a bordo. Serão usados botes para chegar a "todas as ilhas e ilhotas de cada porto natural da península da Antárctida", explica um comunicado da BF Goodrich para Espanha e Portugal, entidade financiadora da expedição. José Leal, porta-voz da BF Goodrich Antárctida 2007, explicou que, entre os 32 tripulantes, estão dois portugueses da área empresarial de pneus, voluntários convidados pela empresa. "A sua missão, como a das restantes pessoas a bordo que não são cientistas, é colaborar com a parte científica da expedição. Para avistar, localizar e catalogar os vestígios de baleeiros não é preciso uma preparação especial. É só seguir as indicações. Todos são necessários para a expedição."
Livro sobre as conclusões
A bordo do navio seguem também José María Jayme, que participou nas primeiras campanhas antárcticas espanholas, José Carlos Tamayo, membro de Al filo de lo imposible, programa da televisão espanhola, e o alpinista Miguel Angel Vidal.As conclusões da expedição serão divulgadas ao longo de 2007 e está prevista a publicação de um livro que reúna todos os descobrimentos antropológicos no continente branco desde 1994. Carlos Vairo considera que "existe informação sobre a Antárctida, mas está muito dispersa. Também queremos ver se a [informação] que temos é verdadeira e fazer um balanço daquilo que resta.""Seria muito importante proteger tudo o que encontrarmos." O investigador acredita que "estes vestígios possam ser protegidos como herança cultural (...) seja pelo Tratado Antárctico, seja pela UNESCO."

Fonte: Helena Geraldes, Público

Invernos já não são o que eram

O Outono europeu foi brando. E o Inverno vai pelo mesmo caminho. Nos últimos dias, temperaturas anormalmente elevadas têm sido registadas em vários países, alterando hábitos dos cidadãos e da própria natureza. Só agora os ursos estão a começar a hibernar na Suécia e na Rússia, com dois meses de atraso. Árvores de fruto têm flores a brotar precocemente, como os pessegueiros e as ameixoeiras em Itália. Até na saúde os efeitos são temporalmente bizarros. Na Áustria, especialistas lançaram avisos para os alérgicos de que algumas espécies de árvores já estão quase prontas a libertar pólen, antecipando em meses a Primavera. Por todo o lado, as temperaturas estão elevadas. Na Bélgica, chegaram a atingir 11,8 graus Celsius este mês, que deveria ser de frio. O comércio está-se a ressentir, mas por outro lado os consumidores saem a ganhar. "Os armazéns das lojas estão cheios de casacos, os compradores terão mais escolhas e provavelmente maiores descontos do que no ano passado", disse Roberto Borghi, presidente da Associação de Retalhistas de Moda de Itália, citado pelo jornal Il Sore 24 Ore. Alguns bairros de Londres parecem estar na Primavera, com as árvores pontilhadas de botões cor-de-rosa. Estações de esqui estão a meio gás um pouco por toda a Europa. A Taça do Mundo de Esqui, nos Alpes, está a enfrentar dificuldades, com cancelamentos de provas em Chamonix, França, e redução dos treinos na Suíça e na Áustria. Na Andaluzia, o termómetro chegou próximo dos 20 graus Celsius e o clima está praticamente para banhos. A situação repete-se em alguns pontos do outro lado do Atlântico. No Canadá, normalmente branco nesta altura do ano, o Natal foi sem neve em muitos locais. Trabalhadores de estações de esqui estão a ser dispensadas às centenas. A estação de Blue Mountain, a maior a norte de Toronto, já encerrou duas vezes nesta temporada. Cerca de mil funcionários sazonais foram mandados para casa.Também em partes dos Estados Unidos as temperaturas estão amenas. "Quando estamos a 6 de Janeiro e as pessoas estão a andar de bicicleta, com camisolas, alguma coisa está errada", avalia Phil Liszkowski, um instrutor de esqui ouvido pela agência Reuters.
A culpa pode ser do El Niño
Segundo o Centro Nacional de Dados Climáticos norte-americano, 2006 foi o ano mais quente nos Estados Unidos desde 1895 - data a partir da qual há medições fiáveis da temperatura média do país. Mas, apesar da tendência de aquecimento, algumas zonas do país estão a passar frio. Na Califórnia, foi lançado um alerta para temperaturas baixas nos próximos dias. Outros países, como alguns do Médio Oriente, estão a passar por períodos de frio fora do comum. Alguns climatologistas acreditam que o El Niño, um fenómeno periódico que aquece as águas do Pacífico, pode estar a empurrar a temperatura para cima em partes do hemisfério Norte. A agência britânica de meteorologia (Met Office) estima que há 60 por cento de hipóteses de 2007 ser o ano mais quente desde que há dados fiáveis.

Fonte: Publico

Tese do êxodo de África reforçada

Não há dúvida de que as nossas origens estão em África: os humanos modernos ou um antepassado directo (Homo erectus) surgiram lá. Mas não há consenso quanto ao melhor modelo sobre a origem dos humanos modernos: se o Out of Africa, se o Multirregional. Para os defensores do Out of Africa, o homem moderno surgiu há cerca de 200 mil anos, no Leste de África (há quem defenda que do ramo africano do Homo erectus). E saiu de lá há 50 mil anos, para se espalhar pela Terra. Na Europa e Médio Oriente, cruzou-se com os Neandertais, que só ali viviam e foram empurrados até à Península Ibérica, onde se extinguiram há 28 mil anos. Teremos sido nós a dizimar os Neandertais. Para os defensores do modelo Multirregional, os humanos modernos evoluíram em vários locais, a partir do Homo erectus, que saiu de África há mais de um milhão de anos e se espalhou pela Ásia e Europa (desapareceu há 400 mil anos). Os Neandertais ter-se-ão reproduzido com os modernos, por isso serão nossos antepassados. Qual a importância dos achados na África do Sul e na Rússia, para esta discussão? "Apoiam a teoria de que os modernos saíram de África há cerca de 50 mil anos e colonizaram certas zonas da Europa há 40 mil a 45 mil anos", diz Ted Goebel. Saber onde ficam os Neandertais no meio disto "é a pergunta que vale um milhão de dólares", comenta Luís Raposo: "O achado de África do Sul revela que estes humanos modernos tinham características de algum arcaísmo, pode contribuir para o debate sobre a continuidade ou a ruptura entre Neandertais e modernos." O crânio encontrado na África do Sul (35 mil anos) tem uma idade idêntica aos de outros humanos modernos da Europa - e, para mais, tem traços arcaicos como as populações modernas este-africanas. Então é altura de ver se esses traços também existem em crânios dos primeiros europeus modernos, acrescenta. "Se forem afins, enfraquece-se a ideia de que os traços arcaicos nos europeus modernos podem ser reminiscentes de um hibridismo com os Neandertais. É que na África do Sul não havia Neandertais."

Tese do êxodo de África reforçada

Não há dúvida de que as nossas origens estão em África: os humanos modernos ou um antepassado directo (Homo erectus) surgiram lá. Mas não há consenso quanto ao melhor modelo sobre a origem dos humanos modernos: se o Out of Africa, se o Multirregional. Para os defensores do Out of Africa, o homem moderno surgiu há cerca de 200 mil anos, no Leste de África (há quem defenda que do ramo africano do Homo erectus). E saiu de lá há 50 mil anos, para se espalhar pela Terra. Na Europa e Médio Oriente, cruzou-se com os Neandertais, que só ali viviam e foram empurrados até à Península Ibérica, onde se extinguiram há 28 mil anos. Teremos sido nós a dizimar os Neandertais. Para os defensores do modelo Multirregional, os humanos modernos evoluíram em vários locais, a partir do Homo erectus, que saiu de África há mais de um milhão de anos e se espalhou pela Ásia e Europa (desapareceu há 400 mil anos). Os Neandertais ter-se-ão reproduzido com os modernos, por isso serão nossos antepassados. Qual a importância dos achados na África do Sul e na Rússia, para esta discussão? "Apoiam a teoria de que os modernos saíram de África há cerca de 50 mil anos e colonizaram certas zonas da Europa há 40 mil a 45 mil anos", diz Ted Goebel. Saber onde ficam os Neandertais no meio disto "é a pergunta que vale um milhão de dólares", comenta Luís Raposo: "O achado de África do Sul revela que estes humanos modernos tinham características de algum arcaísmo, pode contribuir para o debate sobre a continuidade ou a ruptura entre Neandertais e modernos." O crânio encontrado na África do Sul (35 mil anos) tem uma idade idêntica aos de outros humanos modernos da Europa - e, para mais, tem traços arcaicos como as populações modernas este-africanas. Então é altura de ver se esses traços também existem em crânios dos primeiros europeus modernos, acrescenta. "Se forem afins, enfraquece-se a ideia de que os traços arcaicos nos europeus modernos podem ser reminiscentes de um hibridismo com os Neandertais. É que na África do Sul não havia Neandertais."

Rapariga que há dias saiu da selva cambojana permanece um mistério

Permanece sentada, às vezes durante horas, parada e com os olhos pregados ao chão ou com um olhar vazio que trespassa os curiosos que se acotovelam para vê-la. O seu rosto não tem expressão, nem mesmo quando alguém lhe sorri. O mistério permanece. Foi há uma semana que saiu da selva, numa província do interior do Noroeste do Camboja, em Ratanakkiri. Uma mulher selvagem, acreditam alguns. Outros põem em causa se terá mesmo estado cerca de 20 anos na selva. O homem que a mantém sob protecção, um polícia de nome Sal Lou, tem a certeza de que se trata da sua filha Rochom P"ngieng, que desapareceu em 1988, tinha oito anos e estava a guardar búfalos. "Eu desafio todos os que não acreditam. Aposto dez mil dólares [cerca de 7700 euros] com quem quiser em como esta é a minha filha", diz o homem, que explica tê-la reconhecido por causa de uma cicatriz. A rapariga foi apanhada, nua, enquanto roubava comida a um camponês. Testemunhas garantem que caminhava curvada e que parecia um macaco. Depois foi conduzida à aldeia de Oyadai, onde tentou a todo o custo evitar vestir roupa, tirando-a por três vezes.
"Durante o fim-se-semana parecia louca. Tinha medo da multidão e dos jornalistas que lhe queriam tirar fotografias", contou Rochom Ly, o presumível irmão. O pai quer levar a rapariga à capital para fazer exames médicos e por isso já lançou um apelo nacional para receber donativos que o ajudem. As organizações humanitárias não põem de parte que a rapariga tenha sido vítima de abuso sexual e recomendam que fique onde está, para evitar "novas pressões". Durante o dia de hoje, deverá chegar à aldeia um psicólogo para observar a jovem, informa Kek Galabru, da associação Licadho. Pen Bunna, da associação Adhoc, encontrou-se com ela durante o fim-de-semana e acredita que terá sido vítima de um choque traumático no momento do desaparecimento. "Ela poderá ter enfrentado algo que a levou a aventurar-se para longe", justifica.Uma coisa é certa: depois de ter saído da selva, a jovem tornou-se na atracção da região. Dezenas de pessoas deslocam-se das aldeias vizinhas e grupos de jornalistas (mesmo da imprensa internacional) acotovelam-se na cabana da alegada família, onde ela se encontra, sentada e de olhos postos no chão. No entanto, há quem comece a pôr em causa a história desta mulher. Afinal, como é que uma rapariga passa 19 anos no interior da selva e tem as mãos e os pés tão lisos? As unhas e o cabelo não estão com demasiado bom aspecto para quem viveu em estado selvagem?
"Esqueceu a línguaque falou há muitos anos"
Também as misteriosas marcas no pulso esquerdo alimentam as questões sobre o passado da rapariga. "Duvido que ela tenha desaparecido há 19 anos", diz Dub Thol, um homem que veio de um distrito vizinho para ver a mulher que saiu da selva. "Achei-a muito normal", justifica. Sal Lou refere que ela começa a compreender o dialecto das tribos da montanha de etnia Phnong, a que ele também pertence. "Quando falamos, ela compreende mas não nos consegue responder. Esqueceu a língua que falou há muitos anos. Mas faz tudo o que lhe pedimos para fazer - por isso, mais cedo ou mais tarde vai começar a falar." Nesta região não é a primeira vez que há reaparecimentos misteriosos. Em 2004, 34 pessoas de quatro famílias diferentes saíram da selva, onde se tinham refugiado em 1979, depois da queda do regime dos Khmer Vermelhos, que tinham apoiado.
Fonte: Tang Chhin Sothy, Jornalista da AFP e Publico

João Paulo II pensou renunciar

O Papa João Paulo II considerou seriamente a possibilidade de renunciar ao cargo no ano 2000, tendo em conta a sua frágil saúde. Também a hipótese de mudar a regra do Direito Canónico, no sentido de obrigar os papas a renunciar aos 80 anos, em vez de poderem ficar no cargo até morrer, esteve em cima da mesa. As revelações, noticiadas ontem, são feitas pelo ex-secretário do anterior Papa, o agora cardeal e arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, num novo livro que irá publicar brevemente, intitulado Uma Vida com Karol - o nome de baptismo de João Paulo II era Karol Wojtyla. Por várias vezes correram rumores de que o Papa João Paulo II estaria a pensar renunciar ao lugar. No próprio testamento, divulgado após a sua morte em Abril de 2005, Wojtyla dava a entender ter colocado essa possibilidade: na parte do texto escrita precisamente em 2000 - a mais longa do documento - o Papa polaco escrevia: "Espero que [Deus] me ajude a reconhecer até quando devo continuar este serviço, ao qual me chamou no dia 16 de Outubro de 1978." No livro, que será publicado pela editora italiana Rizzoli já esta semana, o ex-secretário de João Paulo II afirma-se também convencido de que a antiga União Soviética esteve por trás da tentativa de assassinato do Papa, em Maio de 1981. João Paulo II, o primeiro polaco no cargo, era uma ameaça ao poder da URSS e do antigo bloco de Leste comunista, assegura o secretário. "A eleição de um Papa odiado pelo Kremlin, a sua primeira viagem à sua pátria (enquanto Papa em 1979), a explosão do sindicato Solidariedade" (em 1980), são os factos apontados por Stanislaw Dziwisz como provas de que a União Soviética não estaria interessada em que João Paulo II liderasse a Igreja. No livro, Dziwisz revela ainda que o Papa assistiu em directo pela televisão à queda das Torres Gémeas em Nova Iorque, após os atentados de 11 de Setembro de 2001, adianta a AFP.
Fonte: AFP e Publico

Artigo: Subversão

Alguma comunicação social destacou ontem o facto de ter passado um ano de eleição do actual Presidente da República, Cavaco Silva, embora apenas tenha tomado posse em Março do ano passado, e ao facto dele se ter tornado o político português mais popular, particularmente entre o eleitorado do PS. Estes dados constam de uma sondagem publicada no Correio da Manhã, a única que por ocasião daquela efeméride foi divulgada, a qual mostrou que a maioria dos portugueses, 59,2%, considera que Cavaco tem actuado bem, já que apenas 8,4% afirma que ele esteve mal. A mim estes dados não valem rigorosamente nada, em termos de consistência de uma avaliação que apenas deve ser feita mais para a frente, mais não seja pelo facto do primeiro mandado presidencial ser, essencialmente, um mandato virado para a fotogenia e para a definição das grandes linhas de actuação por parte do Chefe de Estado. Não quero um Presidente da República gerador de conflitos institucionais e políticos, muito menos num país que continua de pantanas, como o nosso. Mas também não quero um Presidente da República manietado, transformado um “pau-mandado” da maioria política que o elegeu e que porventura sonharia (?) — mal e despropositadamente — com a vitória presidencial de Cavaco para que fosse este a “picar” o governo socialista e desestabilizar a maioria parlamentar que o suporta na Assembleia da República. Como nem sequer fui eleitor ou apoiante do Presidente da República, considero-me totalmente à vontade e livre para me pronunciar sobre ele e as suas decisões e/ou comportamentos. Mas também não aceito um Presidente da República com memória curta, excessivamente colado, de forma submissa, ao Governo, provavelmente por ter a consciência da realidade política e parlamentar nacional, que o impossibilita, em meu entender, de adoptar um outro discurso, particularmente mais reivindicativo face ao trabalho do executivo, pese as ténues indicações deixadas na mensagem de Ano Novo. E não quero um Presidente com memória curta porque não aceito o paradoxo de uma subversão total da realidade eleitoral registada neste país há um ano. Cavaco andou um ano, seguramente, a levar na “tola” pela esquerda, apesar de dividida em vários candidatos presidenciais, foi o alvo preferencial de Soares — o candidato oficial do PS — foi criticado e por vezes atacado directamente por vários ministros socialistas em campanha, e, depois de eleito, por uma margem mínima, à primeira volta, ei-lo “colado” à maioria eleitoral que não o elegeu, prejudicando claramente e indirectamente — pela imagem que tão estranha “confraternização” excessiva transmite à sua base eleitoral de apoio — o PSD que foi a suja principal base de apoio na ambição pelo tacho presidencial. Eu estou-me nas tintas, absolutamente nas tintas, para o que as outras pessoas pensam ou deixam de pensar acerca do Presidente. Porque não prescindo de, em liberdade, e de acordo com o que julgo ser a realidade lamentável que entretanto se foi criando, ou por mero oportunismo dos socialistas (pela colagem que fazem ao Presidente) e por demasiada ingenuidade presidencial (pelo recurso aos elogios perfeitamente dispensáveis), criticar o que considero criticável. Isto porque, de acordo com a referida sondagem, quem mais apreciou a actuação do Presidente da República foi o eleitorado do PS, já que 67,2% dos inquiridos que votaram no PS nas últimas Legislativas de Fevereiro de 2005, consideraram que Cavaco Silva está a ter uma boa prestação. Aliás esta popularidade do cavaquismo alarga-se ao eleitorado da Esquerda — 66,4% dos eleitores do PSD aprova a actuação de Cavaco Silva, o mesmo acontecendo com 60,5% do eleitorado do Bloco de Esquerda e grande parte dos eleitores da CDU 40%. Curiosamente, o eleitorado do CDS-PP, na sua maioria, 48,3%, diz apoiar Cavaco Silva. O que é espantoso, nesta sondagem, é que a manifestação do apoio do PS a Cavaco Silva é superior ao apoio que este encontrou junto do PSD (66,4%). n P.S.: Foi ontem noticiado que Manuela Ferreira Leite — que sempre ficou conhecida por ser uma pessoa séria, austera e de relacionamento difícil, mesmo entre os seus pares — afirmou numa rádio o seu apoio às iniciativas do deputado socialista João Cravinho em matéria de combate à corrupção, em relação às quais, curiosamente, o PS franziu o olho e insiste em divagar ao redor de alegadas inconstitucionalidades: “Qualquer partido que não aprove ou não dê andamento a propostas contra a corrupção de um deputado ficará sob a mesma suspeita que cai sobre o PS, que é a suspeita de não estar interessado em atacar de frente o problema.” A ex-ministra das finanças, responsável pela paternidade de muitas das medidas orçamentais que estão ainda hoje a ser desencadeadas pelos socialistas, apoiou João Cravinho numa altura em que este, curiosamente, se despede do Parlamento português para se instalar em Londres, como administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), nomeação que nada tem a ver com os “jobs for the boys”! Obviamente que o combate à corrupção é um dever do Estado, que esse combate vai aumentar em Portugal, que a justiça está cada vez mais empenhada em viabilizar esse combate e que novas medidas serão certamente tomadas para viabilizar essa actuação. Contudo, parece-me que o comportamento dos socialistas na Assembleia da República, pelo menos até este momento, começa a indiciar um estranho receio em aceitar uma iniciativa de um seu deputado, facto que deverá ser devidamente acompanhado por quem de direito, incluindo a comunicação social, neste caso, em busca de eventuais “justificações” para tão esquisitos “temores”…
Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 24 de Janeiro 2007

Atum está em risco de extinção

O atum está a desaparecer dos oceanos e as suas reservas comerciais poderão extinguir-se em apenas um ano no Mediterrâneo e noutras zonas, advertiu um relatório divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF).No documento, esta organização internacional pede aos governos envolvidos que adoptem medidas para evitar a extinção do atum na reunião dos Organismos Regionais para a Pesca (RFMO), que começou ontem em Kobe, no Japão.O atum vermelho, e em especial o do Atlântico, muito usado na cozinha japonesa (no sushi e no sashimi), está a ser vítima de pesca excessiva, ao mesmo tempo que as reservas de ovas do atum vermelho do Sul do oceano Índico baixaram 90 por cento, refere a WWF.Segundo o director do Programa Marinho desta organização, Simon Cripps, "todas as reservas de atum têm problemas", sejam as das Caraíbas ou do Mediterrâneo, do Pacífico central e oriental ou do oceano Índico."Muitos governos ignoram os conselhos dos cientistas, não aplicam adequadamente as medidas de gestão e conservação, fecham os olhos à pesca ilegal e não sancionam os que violam as regras", afirmou.Cripps acusou a União Europeia, e em particular a França, de terem pressionado a Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico para aprovar uma quota de 29.500 toneladas de atum em 2007, quando o "nível máximo" deveria ser 15 mil toneladas.Embora se trate de um problema mundial, em áreas como o Mediterrâneo "o atum poderá extinguir-se comercialmente em menos de um ano, embora possa durar mais", acrescentou, sublinhando não estar a "exagerar". Acresce a estes problemas a pesca ilegal e não declarada, que poderá representar até um terço do total mundial e que, além de contribuir para a extinção do atum, causa graves danos a outras espécies capturadas por engano.O valor dessa actividade ilegal, segundo estimativas da WWF, chegaria a 581 milhões de dólares.
Fonte: Lusa

Coração dos atletas pode ser afectado pela participação em provas de fundo

Será que o coração dos atletas de alta competição em provas de fundo, como a maratona, está mais sujeito a problemas cardíacos? Um estudo, publicado ontem na revista European Heart Journal, aponta nessa direcção.Os atletas correm 2,5 vezes mais riscos de sofrer de morte súbita, diz a equipa de Hein Heidbüchel, do Hospital Universitário Gasthuisberg, em Lovaina (Bélgica). Num trabalho anterior, a equipa estudou 46 atletas de alta competição em provas de fundo, em particular ciclistas, com sintomas de arritmias ventriculares. "A morte súbita ocorreu em 9 dos 46 atletas (19,6 por cento), nos 4,7 anos em que foram acompanhados", lembram os cientistas. Observaram uma prevalência "inesperadamente elevada" de arritmias no ventrículo direito, mesmo quando os atletas não tinham cardiomiopatia arritmogénica ventricular direita, nem história desta doença na família (importante em 30 a 50 por cento dos casos). Por isso, questionaram-se se existiria relação entre provas de fundo de alta competição e modificações no ventrículo direito responsáveis por arritmias - um problema raro, mas que pode ser mortal. Foi o que analisaram neste trabalho, com desportistas belgas e holandeses de provas de fundo, com idades entre os 18 e 55 anos. Estudaram 22 atletas com arritmias ventriculares, compararam-nos com outros 15 e com um grupo de controlo de não atletas, ambos sem arritmias. "Embora a cardiomiopatia arritmogénica ventricular direita seja uma causa de arritmias nos atletas, só a pudemos diagnosticar inequivocamente em seis dos 22 atletas (27 por cento)", explicou Heidbüchel, citado num comunicado da Sociedade Europeia de Cardiologia. "Mas podemos atribuir as arritmias a problemas no ventrículo direito em 82 por cento dos pacientes: essa era a causa inequívoca em 12 doentes (55 por cento) e provável em seis (27 por cento)", acrescentou. "O estudo demonstra claramente a existência de problemas do ventrículo direito em atleta com arritmias ventriculares que entram em provas de fundo", conclui Heidbüchel. Mas como estes problemas são muito mais subtis, ao ponto de não poderem ser atribuídos à cardiomiopatia, a equipa procurou explicações. "Pode ser que estes doentes tenham arritmias nas fases muito iniciais de cardiomiopatia. Outra explicação é que o exercício pode promover mudanças no ventrículo direito, talvez em sinergia com factores ambientais e genéticos."Uma coisa, no entanto, os cientistas deixam clara: "O estudo não prova qualquer das explicações. Mas contribui para o acumular de provas indirectas de que o exercício de fundo pode ter efeitos prejudiciais no ventrículo direito de alguns atletas."Deixam ainda uma recomendação: os atletas não devem preocupar-se em excesso (as arritmias ventriculares são raras), mas devem manter-se vigilantes, se tiverem uma história familiar de problemas cardíacos ou se sentirem tonturas, palpitações e desmaiarem durante o exercício.
Fonte: Teresa Firmino, Publico

Novo caso de racismo no Channel 4 britânico

Ainda a tentar minimizar os estragos provocados pelos insultos racistas no Big Brother celebridades, o Channel 4 britânico viu-se ontem envolvido num novo caso de racismo que levou centenas de telespectadores a queixarem-se à entidade reguladora dos media (Ofcom). As queixas referem-se a comentários racistas feitos por uma concorrente num novo reality-show que se estreou no domingo à noite. No programa Shipwrecked, que foi pré-gravado, dez concorrentes devem escolher em qual de duas ilhas paradisíacas situadas lado a lado no Pacífico preferem ficar, sendo que, cinco meses depois, ganha a equipa que tiver conseguido ficar com mais gente na sua ilha. Logo na estreia uma concorrente fez vários comentários ofensivos em relação aos negros, aos homossexuais e a pessoas obesas, provocando a vaga de protestos da audiência. Também ontem, os responsáveis do Channel 4 reuniram-se para debater o caso Big Brother tendo declarado, em comunicado, que vão manter o programa no ar apesar de "lamentarem profundamente qualquer ofensa" à actriz indiana que foi alvo de vários insultos racistas por parte de outros concorrentes (Jade Goody, a celebridade que mais desmandos verbais utilizou contra Shilpa Shetty, foi expulsa do programa pelo público).
Fonte: Publico

Manifestantes alugam-se, para causas sem activistas

Tem uma causa justa para protestar, mas não tem quem o acompanhe? Não há problema: o site alemão Erento tem para lhe alugar mais de 300 manifestantes. Pode ser à hora ou ao dia.Aquele que afirma ser o site número um da Alemanha no ramo do aluguer, com 820 mil objectos de todos os tipos, tem para oferecer voluntários de todas as idades e vindos de toda a Alemanha, para participar em concentrações sociais ou políticas, ou em acções comerciais, como figurantes pagos para fazerem claque durante operações de promoção.Os organizadores mal preparados podem também alugar megafones, camiões com sistemas de som e até vestuário de trabalho.Os manifestantes são alugados a preços variáveis, entre os dez e os 30 euros por hora ou 145 euros por dia. Há um Curriculum vitae de cada um, com as suas características e uma fotografia: lá estão o peso, a altura, as línguas que falam ou escrevem."Aquele que tem uma opinião deve afirmá-la", observa-se, sublinhando que os manifestantes recusam participar em reuniões de carácter racista ou xenófobo.Uwe Kampschulte, co-fundador da Erento, afirma que a ideia de criar um departamento de aluguer de manifestantes surgiu depois de uma iniciativa da Federação Nacional dos Médicos para uma convenção em Dezembro do ano passado. Pagaram a 170 desempregados ou estudantes para engrossarem as fileiras de uma concentração em frente ao Reichstag (parlamento) em Berlim, para protestar contra a reforma da saúde em estudo na Alemanha.O porta-voz da organização médica, Roland Stahl, afirmou então não ver o mais pequeno problema em investir cinco mil euros para encontrar manifestantes falsos. "Não era uma manifestação, mas uma operação de relações públicas", justificou. Segundo a federação, os manifestantes deviam "realizar uma cadeia humana durante uma hora para uma acção destinada à imprensa e à televisão".Segundo a imprensa alemã, a federação médica não foi a primeira organizadora de uma manifestação a lançar mão de figurantes. Em 2006, vários desfiles de médicos tiveram o "apoio" de manifestantes falsos, mas não houve publicidade à volta disso.A rubrica "manifestantes" foi criada este mês pela Erento depois da manifestação dos médicos. "Temos tido vários pedidos para este género de pessoal", explicou uma porta-voz do site. O departamento teve uma grande procura e até meio do mês registou 306 candidatos. O número tem aumentado constantemente, segundo a porta-voz, embora reconheça que nas primeiras semanas do mês "houve muitas perguntas, mas nenhum dos candidatos foi alugado".Para Monique Hoppe, de 23 anos, estudante de Desporto em Berlim, o facto de entrar em manifestações a favor de organizações nas quais não se reconhece não é um problema. "Para mim é um trabalho como outro qualquer, mas compreendo os que estão reticentes, porque é preciso mostrar a cara e há o risco de ser filmado [por câmaras de televisão]."Michael Glaser, de 22 anos, a concluir um bacharelato, admite que o recurso a figurantes "pode dar uma falsa ideia da democracia"."Pode ser perigoso, se os manifestantes forem utilizados por organizações de extrema-direita", nota. "Mas o dinheiro é bem-vindo, desde que aqueles que pagam correspondam à minha ética", acrescentou Glaser, militante de esquerda. O seu maior desejo é ser contratado para se manifestar "pela paz, pela solidariedade e pela justiça social".
Fonte: Cyril Julien, Berlim, Jornalista da AFP

Artigo: Qual crise?

A Inspecção-Geral de Portugal é um país em franca recuperação económica. Diz o governo socialista, está dito! Os portugueses andam sem dinheiro nos bolsos, as famílias continuam a enfrentar problemas crescentes, as empresas ou estão falidas, ou não sabem para que lado se viram. Mas o país está a recuperar. O governo socialista diz, está dito. E todos os que disserem o contrário ou são burros, ou é analfabetos, ou são do “contra” ou quer impedir os senhores ministros de governarem. Em recuperação! Perceberam? O país está em franca recuperação económica. Até o Banco de Portugal que é do contra e que não é dado a fazer frentes aos governos, diz isso mesmo. Portanto há notícias que são invenções. Então resolvi inventar mais uma notícia que saiu há dias na imprensa e que deve ser uma enorme mentira: A Inspecção de Trabalho detectou quase 17 milhões de euros de salários, subsídios e prémios em atraso, o que representa um crescimento de 62% em relação a 2005. As inspecções a mais de 35 mil locais de trabalho ocorreram em todo o país, em conjunto com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, inspecção tributária, GNR e PSP. As acções de fiscalização incidiram sobretudo no sector da construção civil e renderam mais de 12 milhões de euros, com mais de duas mil empresas suspensas da sua actividade, na sua maioria por incumprimento das normas de segurança”. De facto tudo indica que não passamos de uma cambada de más-línguas. Até o Banco de Portugal veio dar uma mãozinha ao Governo: “O saldo dos empréstimos de cobrança duvidosa em Novembro no sector da habitação era de 1,17 mil milhões de euros contra 1,17 mil milhões de euros no mês anterior e de 1,19 mil milhões de euros no período homólogo de 2005. No sector da habitação o saldo dos empréstimos atingiu os 92,09 mil milhões de euros em Novembro dos quais 91,07 mil milhões de euros a mais de cinco anos, 801 milhões de euros entre um a cinco anos e 214 milhões de euros a menos de um ano. O saldo dos empréstimos de cobrança duvidosa no sector do consumo atingia os 404 milhões de euros no final de Novembro contra 467 milhões de euros em Outubro versus 290 milhões de euros em Novembro de 2005. Nos empréstimos bancários para outros fins que não a habitação ou o consumo, o saldo de cobrança duvidosa atingia os 604 milhões de euros no final de Novembro contra 596 milhões de euros em Outubro e 570 milhões de euros em Novembro do ano passado”. Estão a ver. Os portugueses até devem menos à banca. Por isso, estamos em recuperação económica. Diz o governo socialista da República, está dito! Achei piada ontem a uma notícia com origem em Espanha, na medida em que ela retrata bem a nossa maneira de ser, pessimistas quanto baste, mas essencialmente uns incontroláveis gastadores. Um retrato que, segundo o “Observador Cetelem 2007”, estudo publicado esta semana num jornal espanhol, se manterá até 2010 e que não deixa dúvidas: “O optimismo será o mais baixo, os rendimentos ficarão bastante aquém da média, a poupança será pouca, mas em termos de consumo poucos serão os países que nos ultrapassarão”. Este retrato do nosso país, de acordo com o estudo, é reforçado pelo sublinhar de que “portugueses — já bastante deprimidos — serão os mais pessimistas dos 12 países estudados e só os húngaros estarão próximos de nós. Todos os outros países terão um nível de optimismo dentro da média (4,7 pontos). Os campeões do optimismo serão os belgas, seguidos pelos espanhóis”. O documento desvenda as potenciais causas para tanto desânimo: “uma das razões para tanto pessimismo poderá ser o nível de rendimentos ‘per capita’ e por ano que não chegará aos 15 mil euros. A média dos 12 países estudados será superior aos 20 mil euros anuais ‘per capita’”. Isto porque só a Rússia, Polónia, República Checa e a Hungria terão salários mais baixos do que os dos portugueses, cujos baixos rendimentos os impedirão de fazer poupanças (só 14% dos inquiridos no âmbito do “Observador Cetelem” tencionam pôr de parte algum dinheiro para dias piores…). Em, matéria de consumo, ficamos a saber, pelo estudo que venho citando, somos dos maiores e que poucos serão os países que nos baterão. As intenções consumistas (64%) ficam acima da média (61%), ultrapassando países com melhor nível de vida, como a Alemanha, o Reino Unido ou a França… Estava eu a tentar fechar este artigo, quando eis que me chega mais um documento do Banco de Portugal, essa douta instituição liderada pelo antigo secretário-geral do PS, Vítor Constâncio, segundo a qual a dívida directa do Estado atingiu os 108,85 mil milhões de euros em Dezembro de 2006 contra 107,359 mil milhões de euros no mês anterior e 102 mil milhões de euros no período homólogo do ano anterior. Mas o Boletim Estatístico disse mais: o saldo negativo das balanças Corrente e de Capital ascendeu nos onze primeiros meses do ano passado aos 11,2 mil milhões de euros, contra os 11 mil milhões de euros registados no período homólogo de 2005. Ou seja, tudo na mesma. Mas, caramba, somos um país em recuperação económica, em acelerada passada…
Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 23 de Janeiro 2007

EUA: provas de ADN libertam homem após 22 anos na prisão

Willie O. “Pete” Williams, que cumpria uma pena de 45 anos pelos crimes de sequestro e violação numa prisão na Georgia, insistiu sempre que estava inocente, desmentindo as acusações que lhe foram imputadas pela vítima em Abril de 1985. Devido à gravidade dos crimes, Williams só teria direito a apresentar um pedido de liberdade condicional a partir de Novembro de 2021. Caso tivesse que cumprir o total da pena, só seria libertado em Maio de 2030. A libertação de Williams surgiu após a intervenção do Georgia Innocence Project, uma organização que examina os casos onde o condenado alega que não cometeu os crimes e onde existem provas de ADN ainda disponíveis que possam provar a inocência do detido. O caso de Williams teve ainda o apoio de um advogado que ofereceu os seus serviços. “Estamos hoje convencidos que Williams não foi responsável pelo crime”, disse o procurador do condado de Fulton, Paul Howard.
Fonte: Associated Press e Publico

Companhia “low cost” voa Londres-Nova Iorque só com camas

A nova companhia aérea britânica de baixo custo Silverjet inicia, quinta-feira, voos entre as cidades de Londres e Nova Iorque em aviões com 100 camas e nenhum assento. A companhia cobra 999 libras (cerca de 1.500 euros) pela viagem de ida e volta entre as duas cidades em cama, contra os 6.000 euros pedidos por outras companhias, como a British Airways (BA), que disponibilizam camas na sua classe conforto nos voos que cruzam o Atlântico. Contudo, fonte da BA assegurou à agência espanhola EFE que, apesar de o s 6.000 euros serem o valor que aparece na sua página na Internet, já disponibiliza este serviço por cerca de 1.400 euros. A Silverjet, criada em Abril de 2006, equipou os seus dois aviões Boeing 767, normalmente com 300 lugares sentados, com cem camas. O investimento foi da ordem dos 46 milhões de libras (70 milhões de euros), mas, segundo um comunicado da empresa, são recebidas diariamente centenas de reservas. "Anualmente 4,2 milhões de passageiros voam entre Londres e Nova Iorque , um terço dos quais paga mais de 500 libras. Com 40.000 pessoas que voem connosco num ano não perdemos dinheiro", afirmam os responsáveis da empresa, citados pelo jornal. A Silverlink, que voará entre o aeroporto londrino de Luton e o de Newark, em New Jersey, terá um terminal próprio em Londres, o que lhe permitirá embarcar em 30 minutos, acrescenta a empresa, sublinhando que não haverá "nenhum ruído nem anúncio durante todo o voo".
Fonte: Evening Standard e Jornal de Negócios

O que é preciso para se ser famoso em Portugal?

Basta um flash para lhes tirar os pés do chão. O nome pronunciado de fugida no programa da manhã ou estampado a cores vivas nas revistas faz-lhes o dia valer a pena. São famosos por serem famosos. Querem a fama e o proveito e há sempre quem que lhes ampare o jogo. Eles são tantos que apetece perguntar: qualquer um pode ser famoso em Portugal? Com a receita certa, há quem diga que sim. Abel Dias, colunista social, mexe cordelinhos há mais de três décadas. "Fabriquei muitos famosos", diz sem pejo. Com uma fotografia à beira da piscina, uma legenda numa festa, uma referência a propósito de nada, transforma anónimos em personagens. "É a insistência que os faz." Se são fotografados aqui e ali, começam a fazer parte do cenário. Quando Abel chega a uma festa e fotografa um casal de desconhecidos, "os mais novos perguntam logo quem são e se devem fotografá-los". Parece fácil. E é: "Um dia cheguei ao Algarve, não tinha ninguém para fotografar, estava a trabalhar para a Caras, fui ter com um rapaz e uma rapariga que estavam a apanhar banhos de sol, perguntei-lhes o nome. Tinham um nome de família, a Caras gosta de nomes de família, eles eram giros e novos. Fizeram uma página. A revista começou a segui-los, esteve no casamento e na lua-de-mel. Ganharam notoriedade e hoje ela é disputada a peso de ouro como relações públicas de discotecas."
O que eles ganham com isto?
Borlas. À cabeça, férias pagas, um lugar melhor no teatro, um bilhete para a ópera, jantares, relógios, carros emprestados, vestidos de criadores à medida. Depois, quando trabalham, podem ver os seus cachets serem aumentados. "O romance da Merche com o Cristiano Ronaldo, por exemplo, catapultou a carreira de modelo e apresentadora de televisão dela, passou a ser uma presença mais grata em desfiles e discotecas", afirma Abel Dias. Mas não podem cruzar os braços, avisa. "É preciso fazerem manutenção, começarem a girar por eles próprios, aceitarem os convites para as festas, abdicarem de alguma privacidade." Nessa altura, um romance proibido, uma doença superada, um filho sem pai certo são a cereja em cima do bolo. Um bolo mastigado pelas revistas cor-de-rosa para satisfazer os apetites dos leitores. É por isso que a primeira pergunta que Luísa Jeremias coloca quando pensa a TV7dias da semana é: "O que faz vibrar o leitor?" A directora recusa a ideia de que as revistas e os jornais fazem famosos. E acredita que Portugal se "limitou a fazer o que outros países já faziam". Que era? Fazer aparecer pessoas de quem toda a gente fala, não pela carreira, mas pelo que comem, pelo que vestem, pelas festas a que vão. Figuras que, parecendo perseguidas pela fama, a perseguem. Nelas, "que procuram a fama como um fim em si podemos reconhecer-lhes ambição, frustração, narcisismo e necessidade de reconhecimento e aceitação para além do que merecem pelo que fazem ou são, e evidentemente, um desejo comum de saírem do anonimato", analisa o psicólogo Marcelino Mota. É este desejo que faz com que a sala de espera da agência de recrutamento de figurantes, actores e modelos Real Dream raramente esteja vazia. "Temos cinco mil pessoas em arquivo", conta Manuel Marujo. "Todas querem ser conhecidas." Manuel, que frequenta o meio desde a década de 80, também é rápido no gatilho: "Constrói-se um famoso num segundo." Quanto tempo se leva a destruí-lo? "Até hoje não me deu jeito destruir pessoas", diz Abel Dias. "Uma hora de avião e acabou-se Portugal! Somos muito pequenos para isso." De resto, com o tempo, as coisas mudam. E os que vendem revistas hoje, podem sempre acabar como capas esquecidas nas salas de espera dos dentistas, nos cabeleireiros, no lixo.

Fonte: Ângela Marques, DN de Lisboa

Nasceu a WikiLeaks para os ciberdissidentes

Os ciberdissidentes chineses e de outros regimes opressivos espalhados pelo planeta vão ter brevemente à sua disposição um site na internet que lhes permitirá dizerem o que quiserem ou divulgarem os documentos mais sensíveis sem terem medo de serem perseguidos ou presos. A WikiLeaks, anunciada esta semana, tem uma tecnologia que permite o precioso anonimato de quem denuncia, discorda e discute na página. Segundo a página da WikiLeaks (www.wikileaks.org), o principal objectivo deste novo espaço é denunciar as injustiças dos "regimes opressores" na Ásia, na antiga União Soviética, na África subsariana e no Médio Oriente. Mas também terá espaço para as queixas sobre "condutas pouco éticas" provenientes do Ocidente. Esta Wiki foi criada por "ciberdissidentes chineses, matemáticos e técnicos informáticos dos EUA, Taiwan, Europa, Austrália e África do Sul" e entre os seus consultores conta com "expatriados russos e tibetanos, jornalistas e criptógrafos", bem como um antigo analista dos serviços secretos norte-americanos, referia o El Mundo, citando a agência EFE.
A New Scientist (NS) explicava que normalmente a origem de um e-mail ou de um documento colocado num website pode ser identificada porque cada conjunto de dados contém um enderço IP do último server por onde passou. Para evitar que isso aconteça recorreu a um protocolo conhecido por The Onion Router que baralha tudo. "Imaginem", explicou à NS, Bruce Schneier, um criptógrafo californiano, "uma enorme sala cheia pessoas, onde muitas delas estão a passar envelopes umas às outras. Como é que seria possível saber onde é que a viagem de um desses envelopes começou?" Sem qualquer ligação à Wikipédia (censurada na China), a WikiLeaks partilha com a famosa enciclopédia on-line a "a filosofia radicalmente democrática" da primeira. Actualmente, segundo o seu site, a WikiLeaks já recebeu mais de 1.1 milhões de documentos de comunidades dissidentes e fontes anónimas.

Fonte: Publico

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast