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quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Coração dos atletas pode ser afectado pela participação em provas de fundo

Será que o coração dos atletas de alta competição em provas de fundo, como a maratona, está mais sujeito a problemas cardíacos? Um estudo, publicado ontem na revista European Heart Journal, aponta nessa direcção.Os atletas correm 2,5 vezes mais riscos de sofrer de morte súbita, diz a equipa de Hein Heidbüchel, do Hospital Universitário Gasthuisberg, em Lovaina (Bélgica). Num trabalho anterior, a equipa estudou 46 atletas de alta competição em provas de fundo, em particular ciclistas, com sintomas de arritmias ventriculares. "A morte súbita ocorreu em 9 dos 46 atletas (19,6 por cento), nos 4,7 anos em que foram acompanhados", lembram os cientistas. Observaram uma prevalência "inesperadamente elevada" de arritmias no ventrículo direito, mesmo quando os atletas não tinham cardiomiopatia arritmogénica ventricular direita, nem história desta doença na família (importante em 30 a 50 por cento dos casos). Por isso, questionaram-se se existiria relação entre provas de fundo de alta competição e modificações no ventrículo direito responsáveis por arritmias - um problema raro, mas que pode ser mortal. Foi o que analisaram neste trabalho, com desportistas belgas e holandeses de provas de fundo, com idades entre os 18 e 55 anos. Estudaram 22 atletas com arritmias ventriculares, compararam-nos com outros 15 e com um grupo de controlo de não atletas, ambos sem arritmias. "Embora a cardiomiopatia arritmogénica ventricular direita seja uma causa de arritmias nos atletas, só a pudemos diagnosticar inequivocamente em seis dos 22 atletas (27 por cento)", explicou Heidbüchel, citado num comunicado da Sociedade Europeia de Cardiologia. "Mas podemos atribuir as arritmias a problemas no ventrículo direito em 82 por cento dos pacientes: essa era a causa inequívoca em 12 doentes (55 por cento) e provável em seis (27 por cento)", acrescentou. "O estudo demonstra claramente a existência de problemas do ventrículo direito em atleta com arritmias ventriculares que entram em provas de fundo", conclui Heidbüchel. Mas como estes problemas são muito mais subtis, ao ponto de não poderem ser atribuídos à cardiomiopatia, a equipa procurou explicações. "Pode ser que estes doentes tenham arritmias nas fases muito iniciais de cardiomiopatia. Outra explicação é que o exercício pode promover mudanças no ventrículo direito, talvez em sinergia com factores ambientais e genéticos."Uma coisa, no entanto, os cientistas deixam clara: "O estudo não prova qualquer das explicações. Mas contribui para o acumular de provas indirectas de que o exercício de fundo pode ter efeitos prejudiciais no ventrículo direito de alguns atletas."Deixam ainda uma recomendação: os atletas não devem preocupar-se em excesso (as arritmias ventriculares são raras), mas devem manter-se vigilantes, se tiverem uma história familiar de problemas cardíacos ou se sentirem tonturas, palpitações e desmaiarem durante o exercício.
Fonte: Teresa Firmino, Publico

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