Tesouro da realeza grega à venda em leilão londrino
Pode não haver uma relação causa-efeito, mas o leilão em Londres de 850 peças da colecção que pertenceu a Jorge I, rei da Grécia desde 1863 até ser assassinado por um anarquista em 1913, já está a ser um sucesso, apesar da polémica criada por Atenas, que ameaça os compradores com os tribunais. Ontem, primeiro dia do leilão da Christie"s, as vendas atingiram os 10,6 milhões de euros - a colecção estava inicialmente avaliada em 2,28 milhões. Na colecção há de tudo um pouco: baixelas e utensílios em prata, jóias Fabergé (estimava-se que alguns itens pudessem chegar aos 400 mil euros), pinturas e mobiliário. As peças vieram da residência real de Verão em Tatoï, a norte de Atenas, e, diz a AFP, terão sido entregues ao rei Constantino, deposto, e autorizadas a sair da Grécia em 1991 para o Reino Unido. É a primeira vez que bens da família real grega vão a leilão desde que a monarquia foi abolida em 1973. O vendedor é anónimo. O antigo rei Constantino diz no seu site que os itens pertenciam a membros da família real, que está ligada a muitas realezas europeias, e que já não estão na sua posse. Diz a Reuters que a oferta de prendas raras e valiosas era prática comum entre essas famílias reais, o que pode explicar a sua dispersão e dificultar a identificação do actual proprietário. "As peças foram vendidas em 1991 e não sabemos quem as está a vender hoje", disse um porta-voz da família real, Aliki Strongylos. Segundo a Christie"s, centenas de pessoas assistiram ao leilão de ontem, que o Estado grego tentou travar com um pedido de anulação formal. A leiloeira insiste que todas as peças foram legalmente obtidas e argumenta que não recebeu nenhum pedido escrito das autoridades gregas. Um seu porta-voz justificou a decisão de realizar a venda com uma declaração pública do ministro da Cultura grego, Georges Voulgarakis, em que este teria ontem afirmado que a Christie"s podia manter o leilão. Mas o desmentido foi imediato. "A Grécia mantém o seu pedido de anulação da venda, o ministro não fez nenhuma declaração relativa à retirada desse pedido", disse fonte do Ministério da Cultura à AFP. A Christie"s diz ainda não perceber esta polémica, pois o leilão estava anunciado há quase dois meses, mas a adida cultural grega em Londres diz que essa prática é comum. "Se vamos para tribunal dez dias antes da venda, por exemplo, há sempre o risco de os artefactos saírem do país", explicou Victoria Solomonides. No pedido grego, o ministro Voulgarakis alega que estes objectos "constituem uma parte da história do Estado grego moderno e do património nacional" e sublinha que está em causa a "saída ilegal" da colecção do território grego. Por isso, o ministro pediu à Christie"s que "retirasse os bens culturais colocados à venda" e cooperasse com peritos gregos para determinar a sua origem. A Grécia ameaça ainda os potenciais compradores com os tribunais, mas essa intenção não produziu resultados. " [O primeiro dia] correu muito bem. A sala está cheia e há muitas ofertas via telefone e Internet. Muitos dos lotes foram vendidos acima do estimado", disse uma porta-voz da leiloeira. O leilão termina hoje
Fonte: Publico
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