João Paulo II pensou renunciar
O Papa João Paulo II considerou seriamente a possibilidade de renunciar ao cargo no ano 2000, tendo em conta a sua frágil saúde. Também a hipótese de mudar a regra do Direito Canónico, no sentido de obrigar os papas a renunciar aos 80 anos, em vez de poderem ficar no cargo até morrer, esteve em cima da mesa. As revelações, noticiadas ontem, são feitas pelo ex-secretário do anterior Papa, o agora cardeal e arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, num novo livro que irá publicar brevemente, intitulado Uma Vida com Karol - o nome de baptismo de João Paulo II era Karol Wojtyla. Por várias vezes correram rumores de que o Papa João Paulo II estaria a pensar renunciar ao lugar. No próprio testamento, divulgado após a sua morte em Abril de 2005, Wojtyla dava a entender ter colocado essa possibilidade: na parte do texto escrita precisamente em 2000 - a mais longa do documento - o Papa polaco escrevia: "Espero que [Deus] me ajude a reconhecer até quando devo continuar este serviço, ao qual me chamou no dia 16 de Outubro de 1978." No livro, que será publicado pela editora italiana Rizzoli já esta semana, o ex-secretário de João Paulo II afirma-se também convencido de que a antiga União Soviética esteve por trás da tentativa de assassinato do Papa, em Maio de 1981. João Paulo II, o primeiro polaco no cargo, era uma ameaça ao poder da URSS e do antigo bloco de Leste comunista, assegura o secretário. "A eleição de um Papa odiado pelo Kremlin, a sua primeira viagem à sua pátria (enquanto Papa em 1979), a explosão do sindicato Solidariedade" (em 1980), são os factos apontados por Stanislaw Dziwisz como provas de que a União Soviética não estaria interessada em que João Paulo II liderasse a Igreja. No livro, Dziwisz revela ainda que o Papa assistiu em directo pela televisão à queda das Torres Gémeas em Nova Iorque, após os atentados de 11 de Setembro de 2001, adianta a AFP.
Fonte: AFP e Publico
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