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domingo, 28 de janeiro de 2007

No Verão, os Beckham chegam à Califórnia

No primeiro dia que passou em Los Angeles, Victoria Beckham gastou mais de 100 mil dólares em compras. Quase tudo foi numa encomenda na "Petit Tresor" (pequeno tesouro), uma loja de coisas para crianças orientada para clientes famosos. Posh Spice quer transformar em pequenos estádios de futebol os quartos dos seus três filhos (Brooklyn, Romeo e Cruz) de uma casa que ainda não tem na cidade californiana e que só irá começar a ocupar a partir do próximo quando ela mais David Beckham se instalarem definitivamente na Califórnia, para o início do milionário contrato de cinco anos do ex-capitão da selecção inglesa com os Los Angeles Galaxy, a equipa de futebol da cidade. Los Angeles parece ser a cidade ideal para os Beckham. Não é um passaporte para o esquecimento (embora altamente lucrativo) como são outros destinos de futebolistas em fim de carreira como foi em tempos o Japão ou como é actualmente o futebol alimentado a petrodólares da Arábia Saudita, do Qatar e dos Emiratos Árabes Unidos. É a Califórnia, é Hollywood, são as passadeiras vermelhas e as atenções da imprensa e do mundo, um ambiente a que Beckham está habituado desde os seus tempos de Manchester e que cresceu na sua passagem por Madrid. "Eu acho que o que ele quer ser é um actor e não um futebolista", diz o criador de moda italiano Giorgio Armani. É exactamente assim que pensa Ramon Calderon, presidente do Real Madrid, e é por isso que Fabio Capello já não conta com ele até ao fim da época, altura em que termina o contrato do britânico com o clube "merengue". "Ele vai para Hollywood para ser um actor de segunda", garante o líder do Real Madrid, clube que em 2003 o havia recebido como a estrela maior dos "galácticos", onde já estavam Figo e Zidane e aos quais se haveria de juntar ainda Ronaldo. David e Victoria ainda não se estabeleceram em Los Angeles, mas as solicitações já são muitas. Hugh Hefner, por exemplo, já os convidou para uma festa na sua mundialmente famosa mansão e, segundo a imprensa britânica, quer Victoria, que tem medo de mostrar as pernas, na capa (e no interior) de um dos próximos números da Playboy. "Ela devia fazer uma sessão fotográfica connosco. Temos grandes planos para ela", adianta Bridget Marquardt, uma das playmates de Hefner. Michael Jackson, por seu lado, terá já aproveitado para saber do interesse do casal Beckham em Neverland, o seu megalómano rancho em Santa Bárbara. Sem dinheiro para pagar a conta do advogado e do veterinário, o ex-rei da pop terá feito saber aos Beckham que estava disposto a vender a sua "Terra do Nunca" particular aos recém-chegados por dez milhões de dólares, mas a oferta terá sido recusada porque o refúgio de Jackson, exilado algures no Médio Oriente, ficaria demasiado longe do campo dos LA Galaxy. A Posh Spice, que também tem ambições no mundo da moda como estilista, parece estar bastante interessada numa mansão que pertenceu ao cantor Lionel Richie localizada nas Hollywood Hills e que custa cerca de 15 milhões de dólares, e transformá-la num novo "Beckingham Palace". Esta terá sido uma das 35 residência que Victoria terá visitado na sua estadia em Los Angeles, todas com preços entre os 10 e os 20 milhões. "Quero escolher a casa ideal para o David e para as crianças. Vi sítios muito bonitos, mas quero algo que possa ser uma boa casa", afirmou Victoria ao "The Sun". Em Los Angeles, Beckham e Victoria vão estar em casa. Como escrevia Mike Penner no "Los Angeles Times", "mais cedo ou mais tarde, de uma maneira ou de outra, parecia destinado a Hollywood". Tudo se encaixa, são um casal com "glamour", elegante, com apelo global e perfil para se misturarem com as estrelas de cinema. Victoria teve uma primeira experiência entre a alta sociedade de Los Angeles, marcando presença numa festa exclusiva após a cerimónia dos Globos de Ouro, partilhando, inclusive, uma limusina com Tom Cruise, Katie Holmes e Jennifer Lopez. Segundo o "Los Angeles Times", a X17 Inc., uma agência fotográfica especializada em celebridades, destacou cinco fotógrafos para seguir os Beckham para todo o lado e alguns jornais ingleses estão a ponderar a hipótese de mandar um correspondente para a cidade californiana para escrever apenas sobre o casal. Nada que, segundo Brandy Navarre, uma das proprietárias da agência, os vá incomodar muito: "Ninguém vem para Hollywood, famosos como eles são, para se esconder do público e ter uma vida privada." O contrato de Beckham com o Real Madrid acaba este Verão e os LA Galaxy não terão de pagar nada ao clube merengue para contar com o médio britânico. Mas o que lhe irão pagar fará de Beckham, de 31 anos, o futebolista mais bem pago de sempre, ao nível dos mais bem pagos do desporto norte-americano. Nada menos de 250 milhões de dólares por cinco anos, ou seja, 50 milhões por ano, ou quatro milhões por mês, ou um milhão por semana. Um ordenado, garante o clube, suportado pelos patrocinadores. Mas por Los Angeles corre um rumor que a ida de Beckham para a Califórnia terá sido patrocinada pela Igreja da Cientologia. Não passará de um rumor, mas o próprio Beckham confirma que, antes de tomar a decisão, passou horas ao telefone com o seu grande amigo Tom Cruise, um dos membros mais destacados desta religião fundada pelo escritor de ficção científica L. Ron Hubbard. "Pedi-lhe conselhos porque ele é um homem muito sensato, é um grande amigo meu. Não podia ter falado melhor de LA e vai ser uma grande ajuda para nós já ter amigos quando chegarmos à cidade", revelou Beckham no dia em que foi apresentado como jogador dos Galaxy. A amizade entre Cruise e Beckham parece ser daquelas forjadas sob as luzes da ribalta, entre duas celebridades destacadas nas respectivas áreas. Tornaram-se amigos há dois anos (Beckham terá chamado Cruz ao seu terceiro filho em honra a Cruise) e, desde então, têm sido inseparáveis, pelo menos, tanto quanto permitem as agendas de ambos. Na impossibilidade de David lá estar, por razões desportivas, Victoria marcou presença no exclusivo casamento de Cruise com Katie Holmes, uma cerimónia realizada de acordo com os rituais da Cientologia num castelo italiano em Novembro do ano passado. Os motivos de Cruise, segundo muita imprensa internacional, passarão, acima de tudo, pela conversão de mais dois famosos à Cientologia. "Alguém que esteja na igreja tentará sempre ir buscar novos membros. Ao mais alto nível, é um pote de mel, porque as instalações são luxuosas e as celebridades são tratadas como realeza", diz um ex-membro da Cientologia citado pelo jornal britânico Daily Express. Aqui as versões divergem. Há quem diga que David é quem estará mais interessado em aderir a este credo, outros sustentam que é Victoria quem está mais entusiasmada com a perspectiva de se juntar a Cruise, John Travolta e Isaac Hayes na elite da Cientologia. E que poderia passar por aqui o início da carreira da Posh Spice no cinema. O seu primeiro filme, patrocinado por Tom Cruise, seria de ficção científica e Victoria, que já terá sido vista com um livro da Cientologia nas mãos, faria o papel de uma entidade espiritual que, segundo a crença cientologista, habita no corpo de todos os homens. Ninguém confirma nada disto. Da parte dos Beckham, apenas repetem que Cruise é um bom amigo, da parte da Cientologia dizem "falem com os Beckham". Beckham sempre foi mais que um futebolista com um talento especial para marcar livres e fazer cruzamentos. Quando ainda estava no Manchester United, Alex Ferguson preocupava-se com a dimensão que assumiam as actividades de Beckham extra-futebol e ainda mais depois do casamento com a "Posh" Spice Victoria. Eram o verdadeiro casal real da Inglaterra e mais vezes eram notícia as suas mudanças de penteado e as suas aventuras extra-conjugais. Por mais camisolas que "Becks" vendesse na Ásia, Alex Ferguson deixou-o sair para Madrid. Em Madrid, Beckham vendeu, de facto, muitas camisolas. Nas várias digressões que o Real fez ao continente asiático, Beckham era a estrela maior e deu muito dinheiro a ganhar aos "merengues". Desportivamente, o seu rendimento não foi o que se esperava. Desde que chegou ao Real em 2003, Beckham apenas conseguiu enriquecer o seu palmarés com uma Supertaça espanhola, apesar de jogar numa equipa de "galácticos" tal como fora idealizada por Florentino Perez, o ex-presidente "merengue", já para não falar dos fracassos sucessivos na selecção inglesa, onde até há bem pouco tempo era o capitão. Os seus novos colegas nos Galaxy também parecem não levar muito a bem a presença de Beckham e com o seu ordenado, especialmente porque uma das regras da Major League Soccer (MSL) é cada equipa ter um tecto salarial, com a possibilidade de contratarem um jogador acima desse limite. "Penso que, sendo amante do futebol, ele é o David Beckham e cada homem vale aquilo que consegue negociar. Mas, ao mesmo tempo, existe algum ressentimento. Estaria a mentir se dissesse o contrário", considera Peter Vagenas, capitão dos Galaxy, que tem um salário anual de 125 mil dólares. Com um ordenado anual 400 vezes superior ao de Vagenas, Beckham diz que não vai jogar nos EUA por dinheiro. "Estou ansioso pelo desafio de ajudar a crescer o desporto mais popular no mundo num país que é tão apaixonado pelo desporto como eu", defende. Para uns, o negócio Beckham está condenado ao fracasso porque nunca irá conseguir elevar o futebol ao nível de popularidade de outros desportos como o basebol ou o basquetebol, outros, como o manager dos Galaxy Alexi Lalas (um ex-jogador que foi em tempos o homem mais conhecido do futebol dos EUA, um defesa central com barba e cabelo comprido que tocava guitarra numa banda grunge), terá um impacto fenomenal e vai conseguir elevar o futebol acima do estatuto de desporto para crianças. Só no dia em que o negócio foi anunciado, cerca de dois mil bilhetes de época dos Galaxy foram vendidos e, entre nas outras equipas da MSL, houve uma corrida aos bilhetes para os jogos com a formação de Los Angeles e, pelo menos durante uns tempos, o futebol vai ter uma exposição mediática como nunca teve. Se as coisas não correrem bem a nível desportivo, David Robert Joseph Beckham, nascido em Leytonstone, Inglaterra, a 2 de Maio de 1975, não terá grandes problemas em aguentar-se em LA porque, como escreve o colunista norte-americano John Doyle, "é famoso por ser famoso". "É a Paris Hilton do desporto americano - ricou, louro, não muito brilhante, mas astuto no que diz respeito a continuar famoso. É a cara de LA."
Há 30 anos foram Pelé e Eusébio
Para os norte-americanos, futebol não é "football", é "soccer" e até hoje nunca perdeu o estatuto de secundário perante os gigantes do desporto profissional dos EUA, o futebol americano, o basquetebol, o basebol, o hóquei no gelo ou o campeonato NASCAR. Mas nos anos 70 e 80 do século XX, o "soccer" viveu um breve período de grande fulgor, assente no princípio de grandes estrelas dão grandes espectáculos e grandes espectáculos atraem sempre muito público. Não eram estrelas no auge da carreira, mas os nomes que a North-American Soccer League (NASL) juntou no mesmo campeonato ultrapassam as colecções das ligas espanhola, inglesa ou italiana da actualidade. Tudo começou com Pelé, contratado aos 35 anos pelos New York Cosmos, uma equipa que não atraia mais que 1500 espectadores por jogo. A primeira aparição do brasileiro pelo Cosmos levou mais de 22 mil pessoas a um campo que o New York Times da altura descreveu como "um bocado de terra e pedras do Paleolítico". O êxito foi instantâneo e muitos dos consagrados seguiram o seu exemplo. Se Pelé, ainda hoje considerado o melhor futebolista de todos os tempos, aceitava ir é porque valia a pena. Antes de Pelé, a NASL tenha 15 equipas, três anos depois de Pelé esse número cresceu para 24. Depois de Pelé chegaram Franz Beckenbauer, George Best, Johan Cruijff, Carlos Alberto, Teofilo Cubillas, Gordon Banks, Gerd Muller, Carlos Alberto ou Graeme Souness. Os portugueses também entraram nesta louca aventura americana. Eusébio atravessou o Atlântico em 1975 e por lá ficou até 1978, representando os Boston Minutemen, os Toronto Metro-Croatia (onde foi campeão em 1976) e os Las Vegas Quicksilver - o "Pantera Negra" passaria ainda pela liga mexicana, no Monterrey. O outro aventureiro português foi António Simões, que, tal como o seu antigo companheiro do Benfica, começou nos Boston Minutemen, passou para os San Jose Earthquakes e acabou nos Dallas Tornado, sendo depois treinador do Earthquakes, orientando, entre outros, o "quinto Beatle" George Best. De repente, os jornais e as televisões começaram a dar espaço ao futebol, o público aderia em massa e as médias de espectadores subiu até níveis inimagináveis. O Cosmos (cinco títulos entre 1972 e 1982), por exemplo, jogava frequentemente perante 70 mil pessoas no estádio dos Giants e teve várias épocas com médias de assistência superiores a 40 mil. A formação nova-iorquina era mesmo a que tinha mais dinheiro, bancada pelos dólares da Warner, e podia contratar estrelas como Pelé e Beckenbauer, com salários chorudos. Durante algum tempo, o Cosmos esteve na moda, um períoodo em que os jogadores eram visitas frequentes do Studio 54, e Steven Spielberg, Muhammad Ali e Henry Kissinger assistiam aos jogos. Depois, o balão rebentou. Por mais receitas de bilheteira, de televisão e de publicidade que gerassem, nunca eram suficientes para cobrir os gastos, e muitas equipas, depois de fidelizarem os adeptos, mudavam de cidade. Em 1985, quando a NASL acabou, já só restavam 12 equipas, menos do que as que tinham iniciado o campeonato.
Fonte: Marco Vaza, Publico

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