Iraque: "Bush fez uma revolução no Médio Oriente, mas exactamente ao contrário daquela que esperava"
É este o título de um excelente artigo do jornalista do "Publico", Jorge Almeida Fernandes, cinco anos depois da invasão do Iraque ter começado: "1. Em cinco anos, a Administração Bush provocou uma revolução geopolítica no Médio Oriente. Falhou praticamente todos os seus fins de guerra, à excepção do sucesso militar da invasão e da eliminação de Saddam Hussein. O termo revolução designa aqui uma mudança drástica e sem retorno do statu quo ante. Trata-se da criação de um "novo Médio Oriente", encoberto pela persistência de conflitos que remontam ao passado, próximo ou remoto, e pelo facto de muitos dos actores terem nomes que nos são habituais. A primeira medida do corte em relação a 2000, ano da eleição de Bush, foi assim resumida pelo general Loureiro dos Santos: t"Há cerca de sete anos, o Médio Oriente era uma região estrategicamente equilibrada, com o Iraque fazendo frente às ambições de um Irão onde os movimentos reformistas tinham colocado um seu próximo na Presidência da República. (...) O preço do petróleo, comparado com os preços actuais, era quase uma ninharia. A esta quase estabilidade presidiam uns Estados Unidos influentes, credíveis, poderosos, considerados por todos os países como a única superpotência que efectivamente contava" (PÚBLICO, 12.8.2006).A transformação fez-se por saltos. Os primeiros "erros" no Iraque acontecem logo na noite da conquista de Bagdad, mas tal não empalideceu a potência americana, então percebida, da Europa ao Médio Oriente, como estando no zénite. Um exemplo serve de ilustração: em Maio de 2003, o Irão propôs secretamente a Washington negociar sem reservas todos os contenciosos entre os dois países, do Iraque ao Líbano, do terrorismo ao programa nuclear. A Casa Branca recusou". Recomendo vivamente para quem quiser perceber o que realmente se passou e se passa.
<< Página inicial