Opinião: BANCOS E NEGÓCIOS...
I. A vitória esmagadora da lista encabeçada por Carlos Santos Ferreira para o conselho de administração executivo do BCP, com quase 98% dos votos dos accionistas presentes na assembleia geral, contra apenas 2,14% da outra lista em confronto liderada pelo ex-ministro das Finanças, Miguel Cadilhe constituiu, em meu entender, uma advertência, principalmente para o PSD, que cometeu o erro de surgir na praça pública a reclamar a nomeação, por um governo socialista, de um gestor para a Caixa Geral de Depósitos conotado com o PSD – o que veio a acontecer – como forma de compensar a ida para a liderança do maior banco privado, BCP, de uma equipa de gestores conotados com o PS, casos de Carlos Ferreira e de Armando Vara. Julgo que embora as pessoas insistam em querer dizer que a política e os negócios andam separados – como se alguém acereditasse nisso, sobretudo nos negócios de topo, nos quais rodam milhões e os quais dependem em muito do que decide, pensa ou faz o poder político – é evidente que nesta trapalhada toda em que esteve envolvido o BCP, se cruzaram interesses de accionistas que viram o seu dinheiro a “arder”, suspeições ainda por investigar e esclarecer quanto a comportamentos pouco dignificantes na banca e que podem ter abalado a confiança do mercado numa instituição financeira (BCP) que se julgava distante de tudo isto, com politiquices, de primeiro plano ou de planos secundários, a que não foi estranha a noção de partilha de poder e de influência que o chamado “centrão” (PSD e PS) alimenta entre si.
Aparentemente, dizem alguns accionistas, o passado pertence ao passado, estando agora reunidas condições – por enquanto duvido que tal aconteça, pelo menos até que o BCP limpe uma imagem de extravagância nas milionárias remunerações dos seus gestores de topo, a que se juntam mordomias que envloviam uso de aviões, pagamento de prémios de gestão fabulosos, contratação de segurança privada, deslocações ao estrangeiro sem controlo, operações financeiras em offshores, etc – para recuperar o espaço e a credibilidade perdidas. Não sei o que pensarão os portugueses, sobretudo os clientes do banco, e que no fundo são os principais responsáveis pelos lucros (em queda) que é o memso que dizer, os pequenos depositantes que, de uma forma ou de outra, alimentam os bolsos de accionistas cada vez mais esfomeados e interessados nos milhões “metidos” no banco e que se estão a borrifar para os problemas banais de clientes banais, que pensam mais nas suas contas ao final do mês do que em assembleias gerais mediatizadas por uma comunicação social que às vezes perde a noção do ridículo, nas quais uns tantos “finórios” de meia tijela se vão degladiando por causa de tachos ou da tentativa de consolidação de zonas de influência por parte de grupos ou outros lobbies de pressão e de interesses.
Vá lá que no meio de tudo isto, haverá quem fique com a sensação de que somos um país de ricos, onde todos andam endinheirados ao ponto das televisões dedicarem mais horas às guerras pessoais entre milionarios protagonistas no assalto a um banco, do que à pobreza e à dificuldades crescentes de milhões de portugueses que nem sequer aspiram a ser accionistas de um banco, mais ou menos sério, tenha ele o nome que tiver.
II. Gostava de deixar uma nota sobre o PSD regional e concretamente sobre a proposta da nova Comissão Política Regional, cuja composição foi anunciada por Alberto João Jardim. Vários meios de comunicação social contactaram-me para recolherem a minha opinião acerca da opção anunciada pelo Presidente do PSD madeirense. Recusei a todos eles dizer fosse o que fosse, bastando para tal lembrar-lhes que se tratava de uma escolha pessoal e que, por isso mesmo, porque o carácter pessoal dessa decisão foi vincado pelo próprio Alberto João Jardim na reunião do Conselho Regional dos social-democratas madeirenses, em Dezembro passado, não seria eticamente correcto que comentasse uma opção que ainda por cima será submetida ao sufrágio das bases em “directas” que os estatutos do PSD da Madeira instituíram muito antes dos partidos nacionais o terem feito. E mantenho essa posição. Não farei comentários de qualquer espécie sobre a composição da futura Comissão Política do partido maioritário da Região, não comentarei declarações, nem memso as mais absurdas, surgidas depois da divulgação da relação dos nomes que integrarão a CPR, não confrontarei essas declarações com situações no passado recente, enfim, não contem comigo para divagações analíticas, muito menos para posturas divisionistas. O que eu pretendo recordar, porque acho que devo fazê-lo, até para que se dissipem de uma vez por todas dúvidas ou se desmistifiquem pretensas “justificações” para cenários traçados e que nada têm a ver com a verdade, é que faço parte da Comissão Política do PSD da Madeira, primeiro como vogal, desde Dezembro de 1991, que me mantiv desde então como membro efectivo da referida Comissão Política até hoje, regressando agora às funções de vogal da Comissão Política na sequência de uma alteração estatutária que extinguiu o cargo que ainda ocupo (secretário-geral-adjunto), proposta de extinção que eu próprio apresentei a Alberto João Jardim e que por este foi aceite. Portanto, não se trata de sair ou de entrar da Comissão Política. Trata-se, porque foi essa a opção de Alberto João Jardim, de manter-me num órgão partidário do qual faço parte. Uma nota final: não empolo a pretensa diferenciação entre um membro efectivo “versus” um membro por inerência de uma estrutura dirigente partidária qualquer, na medida em que acho um absurdo valorizar um estatuto em detrimento de outro. Caso contrário, apetecia-me perguntar se não há pessoas que já fizeram parte de órgãos partidários apenas por inerência de funções ou se, inclusivamente, fazem actualmente parte de órgãos paridários por inerência de funções ou por causa dos cargos que hoje exercem? Qual é o problema? Por acaso serão menos importantes que os “efectivos”? Alguma vez o PSD da Madeira e o seu Presidente, fomentaram uma cultura segregacionista entre “efectivos” e “inerentes”? Porventura deixou o Presidente do PSD da Madeira de ter a liberdade de escolher os seus colaboradores mais directos?
Aparentemente, dizem alguns accionistas, o passado pertence ao passado, estando agora reunidas condições – por enquanto duvido que tal aconteça, pelo menos até que o BCP limpe uma imagem de extravagância nas milionárias remunerações dos seus gestores de topo, a que se juntam mordomias que envloviam uso de aviões, pagamento de prémios de gestão fabulosos, contratação de segurança privada, deslocações ao estrangeiro sem controlo, operações financeiras em offshores, etc – para recuperar o espaço e a credibilidade perdidas. Não sei o que pensarão os portugueses, sobretudo os clientes do banco, e que no fundo são os principais responsáveis pelos lucros (em queda) que é o memso que dizer, os pequenos depositantes que, de uma forma ou de outra, alimentam os bolsos de accionistas cada vez mais esfomeados e interessados nos milhões “metidos” no banco e que se estão a borrifar para os problemas banais de clientes banais, que pensam mais nas suas contas ao final do mês do que em assembleias gerais mediatizadas por uma comunicação social que às vezes perde a noção do ridículo, nas quais uns tantos “finórios” de meia tijela se vão degladiando por causa de tachos ou da tentativa de consolidação de zonas de influência por parte de grupos ou outros lobbies de pressão e de interesses.
Vá lá que no meio de tudo isto, haverá quem fique com a sensação de que somos um país de ricos, onde todos andam endinheirados ao ponto das televisões dedicarem mais horas às guerras pessoais entre milionarios protagonistas no assalto a um banco, do que à pobreza e à dificuldades crescentes de milhões de portugueses que nem sequer aspiram a ser accionistas de um banco, mais ou menos sério, tenha ele o nome que tiver.
II. Gostava de deixar uma nota sobre o PSD regional e concretamente sobre a proposta da nova Comissão Política Regional, cuja composição foi anunciada por Alberto João Jardim. Vários meios de comunicação social contactaram-me para recolherem a minha opinião acerca da opção anunciada pelo Presidente do PSD madeirense. Recusei a todos eles dizer fosse o que fosse, bastando para tal lembrar-lhes que se tratava de uma escolha pessoal e que, por isso mesmo, porque o carácter pessoal dessa decisão foi vincado pelo próprio Alberto João Jardim na reunião do Conselho Regional dos social-democratas madeirenses, em Dezembro passado, não seria eticamente correcto que comentasse uma opção que ainda por cima será submetida ao sufrágio das bases em “directas” que os estatutos do PSD da Madeira instituíram muito antes dos partidos nacionais o terem feito. E mantenho essa posição. Não farei comentários de qualquer espécie sobre a composição da futura Comissão Política do partido maioritário da Região, não comentarei declarações, nem memso as mais absurdas, surgidas depois da divulgação da relação dos nomes que integrarão a CPR, não confrontarei essas declarações com situações no passado recente, enfim, não contem comigo para divagações analíticas, muito menos para posturas divisionistas. O que eu pretendo recordar, porque acho que devo fazê-lo, até para que se dissipem de uma vez por todas dúvidas ou se desmistifiquem pretensas “justificações” para cenários traçados e que nada têm a ver com a verdade, é que faço parte da Comissão Política do PSD da Madeira, primeiro como vogal, desde Dezembro de 1991, que me mantiv desde então como membro efectivo da referida Comissão Política até hoje, regressando agora às funções de vogal da Comissão Política na sequência de uma alteração estatutária que extinguiu o cargo que ainda ocupo (secretário-geral-adjunto), proposta de extinção que eu próprio apresentei a Alberto João Jardim e que por este foi aceite. Portanto, não se trata de sair ou de entrar da Comissão Política. Trata-se, porque foi essa a opção de Alberto João Jardim, de manter-me num órgão partidário do qual faço parte. Uma nota final: não empolo a pretensa diferenciação entre um membro efectivo “versus” um membro por inerência de uma estrutura dirigente partidária qualquer, na medida em que acho um absurdo valorizar um estatuto em detrimento de outro. Caso contrário, apetecia-me perguntar se não há pessoas que já fizeram parte de órgãos partidários apenas por inerência de funções ou se, inclusivamente, fazem actualmente parte de órgãos paridários por inerência de funções ou por causa dos cargos que hoje exercem? Qual é o problema? Por acaso serão menos importantes que os “efectivos”? Alguma vez o PSD da Madeira e o seu Presidente, fomentaram uma cultura segregacionista entre “efectivos” e “inerentes”? Porventura deixou o Presidente do PSD da Madeira de ter a liberdade de escolher os seus colaboradores mais directos?
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 21 de Janeiro de 2008)
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