Portugal demasiado optimista?
Entre os 26 países que na União Europeia já entregaram o seu programa de estabilidade e crescimento (PEC) a Bruxelas, 17 têm como objectivo uma redução da carga fiscal suportada pela economia. Portugal está entre os sete países em que o cenário traçado pelo Governo aponta para um agravamento do peso dos impostos e das contribuições sociais no PIB.No PEC português projecta-se uma passagem da carga fiscal de 36,2 por cento do PIB em 2007 para 36,4 por cento em 2008. A partir daqui e até ao final do período de projecção (2011) este valor, diz o Governo, deverá manter-se estabilizado.Na maior parte dos outros países, o cenário é diferente, com os Executivos a apostarem numa diminuição do peso dos impostos pagos. Até 2010, os países em que isso mais acontece são a República Checa e a Polónia, onde estão previstas diminuições da carga fiscal de 2,6 e 2,1 pontos percentuais do PIB, respectivamente. No sentido oposto, a Grécia e a Roménia apresentam os maiores agravamentos deste indicador. A descida da carga fiscal na maior parte dos países é natural, tendo em conta que os governos procuram introduzir algum estímulo orçamental numa altura em que a economia abranda. Em Portugal, com o saldo orçamental ainda longe de uma situação de equilíbrio, é mais difícil arriscar uma perda de receita. No entanto, o Governo ainda não excluiu a hipótese de redução de impostos em 2008 (não prevista no PEC), o que alteraria a evolução deste indicador.Do lado da despesa pública, Portugal, no período de 2007 a 2010, não se destaca particularmente entre os que pretendem introduzir mais poupanças. É o décimo em que o peso da despesa no PIB mais deverá descer. Nas despesas com pessoal, no entanto, dos 20 países que divulgam dados, é, em conjunto com a Roménia, o que antecipa mais cortes.
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