Opinião: PROMOÇÃO E “MISTÉRIOS”…
Uma Região como a Madeira, onde o turismo tende a voltar a ser – terminado que está o ciclo das grandes obras públicas que realmente constituíram um elemento de dinamização da economia regional – a sua principal actividade económica, com um forte contributo em matéria de absorção de mão-de-obra regional, realidade associada agoira a uma liberalização que, ressalvando a questão dos residentes e dos estudantes, poderá dar rapidamente resultados concretos para a hotelaria madeirense, ande a ser demasiado tolerante para o triste e deprimente espectáculo propiciado uma denominada agência de promoção que não consegue nem sequer aprovar os seus estatutos.
Eu nem sequer quero saber o que está subjacente a tudo isto, se disputas entre instituições, se desentendimentos entre empresários de diferentes sectores turísticos, se vaidades pessoais ou desejos de protagonismos pessoais, se tentativas de controlo, directo ou indirecto, da referida organização, se um conflito de interesses, se perspectivas diferentes nomeadamente entre o conceito da “governamentalização” da agência e a teoria mais reivindicativa de um carácter mais “privatizador”, etc.
É sabido, e julgo que ninguém o desconhece, que a promoção turística da Madeira vive essencialmente dos investimentos públicos, apesar de nos últimos anos se ter notado uma crescente aposta de alguns sectores privados que perceberam que o futuro dos seus negócios passa pela aposta neste domínio, independentemente de qual for a estratégia e/ou a disponibilidade financeira do sector público. Hoje a Madeira tem grupos hoteleiros de grande dimensão que praticamente desenvolvem a sua promoção sem precisar muito de esperar por terceiros, para que sejam tomadas iniciativas próprias. Porque elas são fundamentais para a saúde financeira e o prestígio desses grupos, ainda por cima numa área de negócio caracterizada uma crescente pressão da concorrência e pela multiplicação de alternativas associadas a “dumpings” nas ofertas, resultantes das dificuldades económicas existentes e no poder de compra muito mais condicionado, não só na Europa, mas sobretudo nos EUA. Dirão alguns, porventura a maioria, que turisticamente a Madeira tem mercados tradicionais que tem que preservar, desaconselhando uma dispersão de atenções. Também acho que existe essa noção de tradicionalismo, mas a diversificação não pode impedir que se parta para outras apostas propiciadoras de novas apostas, combatendo-se desta forma assim uma situação de dependência que também não interessará muito. Veja-se o que se passou em Canárias, durante os últimos anos relativamente à queda abrupta do turismo alemão, embora neste caso existam outras condicionantes, paisagísticas e estruturais – ainda não totalmente ultrapassadas - que influenciaram essa crise reflectida numa acentuada queda de entradas e dormidas.
Voltando ao tema da promoção, acho estranha uma situação de veto à proposta de alteração dos estatutos da Associação de Promoção porque este novo impasse revela divergências inultrapassáveis que não podem colocar a Região na dependência dos caprichos ou dos “bons ou maus bofes” desta ou daquela pessoa em concreto. Fiquei com a ideia, pelo que li, que o que se passou na última Assembleia-Geral tem como explicação uma atitude de conflito com a direcção da ACIF devido a um alegado “distanciamento dos sócios que também são associados na AP da Madeira”.
Sobre isto li num jornal regional que acompanhou mais de perto a reunião: “Levando à letra o espírito da votação e juntando as pedras do xadrez, é natural concluir-se que se tratou de uma derrota da Secretaria Regional do Turismo e Transportes, da Direcção da ACIF e das mesas de Hotelaria e de Agências de Viagens, que não conseguiram sensibilizar os restantes associados para as eventuais “vantagens” das mudanças estatutárias”. O próprio Presidente da ACIF admitiu ao mesmo jornal que “a votação poderá ter repercussões menos boas para a Região Autónoma". Estranhamente, pelo menos até quando escrevo este texto, nada aconteceu, e tudo parece continuar tranquilamente como se nada se tivesse passado. Provavelmente à espera de uma terceira reunião, de uma terceira bronca, de um terceiro fracasso na tentativa de aprovar os estatutos da Associação de promoção da Madeira.
Conceição Estudante garante que “não foi a participação do Governo Regional na associação que foi questionada pelos associados descontentes”, mas a verdade é que não deu nenhuma explicação plausível para esta caricata situação, já que se limitou a revelar que as causas das divergências não terão sido de natureza financeira ou política. Fico estupefacto. Se não contestam a participação do Governo Regional na Associação, se as divergências não se ficam a dever a motivos de ordem financeira ou política, então não será que andam a brincar com coisas sérias? Ficamos à espera de respostas…
Eu nem sequer quero saber o que está subjacente a tudo isto, se disputas entre instituições, se desentendimentos entre empresários de diferentes sectores turísticos, se vaidades pessoais ou desejos de protagonismos pessoais, se tentativas de controlo, directo ou indirecto, da referida organização, se um conflito de interesses, se perspectivas diferentes nomeadamente entre o conceito da “governamentalização” da agência e a teoria mais reivindicativa de um carácter mais “privatizador”, etc.
É sabido, e julgo que ninguém o desconhece, que a promoção turística da Madeira vive essencialmente dos investimentos públicos, apesar de nos últimos anos se ter notado uma crescente aposta de alguns sectores privados que perceberam que o futuro dos seus negócios passa pela aposta neste domínio, independentemente de qual for a estratégia e/ou a disponibilidade financeira do sector público. Hoje a Madeira tem grupos hoteleiros de grande dimensão que praticamente desenvolvem a sua promoção sem precisar muito de esperar por terceiros, para que sejam tomadas iniciativas próprias. Porque elas são fundamentais para a saúde financeira e o prestígio desses grupos, ainda por cima numa área de negócio caracterizada uma crescente pressão da concorrência e pela multiplicação de alternativas associadas a “dumpings” nas ofertas, resultantes das dificuldades económicas existentes e no poder de compra muito mais condicionado, não só na Europa, mas sobretudo nos EUA. Dirão alguns, porventura a maioria, que turisticamente a Madeira tem mercados tradicionais que tem que preservar, desaconselhando uma dispersão de atenções. Também acho que existe essa noção de tradicionalismo, mas a diversificação não pode impedir que se parta para outras apostas propiciadoras de novas apostas, combatendo-se desta forma assim uma situação de dependência que também não interessará muito. Veja-se o que se passou em Canárias, durante os últimos anos relativamente à queda abrupta do turismo alemão, embora neste caso existam outras condicionantes, paisagísticas e estruturais – ainda não totalmente ultrapassadas - que influenciaram essa crise reflectida numa acentuada queda de entradas e dormidas.
Voltando ao tema da promoção, acho estranha uma situação de veto à proposta de alteração dos estatutos da Associação de Promoção porque este novo impasse revela divergências inultrapassáveis que não podem colocar a Região na dependência dos caprichos ou dos “bons ou maus bofes” desta ou daquela pessoa em concreto. Fiquei com a ideia, pelo que li, que o que se passou na última Assembleia-Geral tem como explicação uma atitude de conflito com a direcção da ACIF devido a um alegado “distanciamento dos sócios que também são associados na AP da Madeira”.
Sobre isto li num jornal regional que acompanhou mais de perto a reunião: “Levando à letra o espírito da votação e juntando as pedras do xadrez, é natural concluir-se que se tratou de uma derrota da Secretaria Regional do Turismo e Transportes, da Direcção da ACIF e das mesas de Hotelaria e de Agências de Viagens, que não conseguiram sensibilizar os restantes associados para as eventuais “vantagens” das mudanças estatutárias”. O próprio Presidente da ACIF admitiu ao mesmo jornal que “a votação poderá ter repercussões menos boas para a Região Autónoma". Estranhamente, pelo menos até quando escrevo este texto, nada aconteceu, e tudo parece continuar tranquilamente como se nada se tivesse passado. Provavelmente à espera de uma terceira reunião, de uma terceira bronca, de um terceiro fracasso na tentativa de aprovar os estatutos da Associação de promoção da Madeira.
Conceição Estudante garante que “não foi a participação do Governo Regional na associação que foi questionada pelos associados descontentes”, mas a verdade é que não deu nenhuma explicação plausível para esta caricata situação, já que se limitou a revelar que as causas das divergências não terão sido de natureza financeira ou política. Fico estupefacto. Se não contestam a participação do Governo Regional na Associação, se as divergências não se ficam a dever a motivos de ordem financeira ou política, então não será que andam a brincar com coisas sérias? Ficamos à espera de respostas…
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 03 de Junho de 2008)
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