ARTIGO: Coisa(o)s
I. Parece-me recomendável que algumas pessoas, com responsabilidades privadas, não comecem a perder o “tino” para que não façam, nem figuras parvas, nem transpareçam um pedantismo convencido que ainda os vai trair, mais do que alguma fama que começam a ter na praça local. É tudo apenas uma questão de tempo. Continuo a pensar que a história vai um dia explicará certos factos, certas faltas de transparência ética, certas traições e, por causa de tudo isso, certas saídas abruptas de funções governamentais. E desvendar, também e particularmente, as razões para que isso tivesse acontecido, e em que circunstâncias tudo aconteceu. Parece-me também, que seria recomendável que, de uma vez por todas, tais indivíduos, mesmo que aparentemente não sejam capazes, façam um esforço e dispensem certos comentários ridículos, que os retratam e que não façam figuras pateticamente parvas, particularmente durante entrevistas aos meios de comunicação social, durante as quais deram uma demonstração, mais uma, da sua própria mediocridade, por muito que ela, a par do convencimento excessivo, por enquanto os tenha ajudado. Pouco me importa que eles não aceitem nem respeitem as opiniões dos outros, a liberdade que eu tenho de pensar como penso e como quero. Não é por causa deles que não durmo melhor, continuarei a pensar e a escrever de acordo com o que penso. O que me faltava era ter que aturar arrufos de gente vaidosa que se move em função de objectivos e de ambições que a seu tempo serão desvendados. Repito, não é por causa deles que não durmo. Estes comportamentos, pela rafeirada rasca que comportam, implicam que da minha parte tais personagens deixem de ser credores de qualquer respeito, muito menos de solidariedade. Como não lhes devo nada, e vice-versa, por muito que eles mexam em “papel” ou, como consta por aí, andem às voltas com uns tantos milhões de incobráveis razões por resolver e que ameaçadoramente funcionam, para eles, qual “espada de Demóstenes”. Tudo isto tranquiliza-me. Ao contrário de alguns indivíduos que, ou resolvem rapidamente determinadas situações que por aí andam, ou ainda verei gente a perder empregos e a “stressar”… As ameaças de abandono durante uma entrevista, a par de outras absurdas atitudes, revelam o carácter de quem as toma, é certo, mas em nada alteram a minha opinião acerca da pouca-vergonha e da promiscuidade que constitui a mistura de funções claramente incompatíveis, pelo menos no plano da ética pessoal. E já agora, recomendo a todos, aos mais e aos menos atentos, aos que se preocupam ou não com certas movimentações que por aí andam, que vão dando atenção ao que acontecerá em 2007, à medida que certos processos de alienação patrimonial forem implementados na Região. Talvez se perceba, finalmente, porque motivo alguns grupos empresariais locais se empenharam tanto na conquista de certas associações e alguns patéticos espécimes andem eufóricos e reclamar a paternidade da solução. Como se isso contribuísse alguma coisa para a nossa felicidade colectiva. Mas uma coisa atrevo-me a sugerir-lhe, quer eles queiram ou não. Olhem para o futebol e percebam que as coisas começam a mudar, talvez porque a justiça está farta de ser apontada a dedo como a culpada de tudo, e de todos os nossos males colectivos, e que, pelos vistos, resolveu reagir e responder, adequadamente, aos que a atacam. E percebam que, hoje no futebol, amanhã sabe Deus onde…
II. A “Grande Lisboa”, capital da região portuguesa mais rica, viu há dias ser aprovado pelo governo socialista um investimento de 140 milhões de euros a serem gastos em auto-estradas. O contrato para a construção dos lanços de auto-estrada da Concessão da Grande Lisboa foi aprovado hoje pelo Governo. Estas obras deverão estar concluídas em 2010, representando um investimento de cerca de 140 milhões de euros. Além disso, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, lembrou que está em curso o alargamento do IC19, que a conclusão da Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL) está prevista para 2009 e o eixo Norte-Sul, que atravessa Lisboa, estará completo no próximo ano. Tudo isto na região portuguesa mais rica e com o PIB mais elevada de todas. Curiosamente aqui não funcionou o critério do governo socialista de Sócrates que resolveu, ao abrigo da lei das finanças regionais, retirar imediatamente varias dezenas de milhões de euros à Madeira para dá-los aos Açores (e pelos vistos a mais alguém…) por alegadamente os açorianos terem um PIB substancialmente inferior ao madeirense.
Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 20 Dez 2006
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