Opinião: CONFUSÕES…
Mesmo que muitos me considerem errado, considero-me um homem de partido embora recuse que a sociedade, seja ela qual for, fique manietada pelos partidos, pelos seus caprichos, pelos jogos de interesses, pelas suas trapalhadas, contradições ou oportunismos. Mas quando os partidos são associáveis a ideologias, quando as ideologias significam princípios e coerência por parte dos que a elas aderem, quando as ideologias são opções, projectos ou programas, então os partidos assumem-se obrigatoriamente como estruturas essenciais a qualquer processo político democrático e ao fomento do exercício da própria cidadania por parte dos eleitores que precisa cada vez mais de perceber que são, devem ser, muito mais do que isso, meros depositantes de boletins de voto nas urnas.
Portanto, quando olho para certos factos, regra geral marcados por grande especulação, ou por sentimentos de ajuste de contas ou vinganças pessoais, mesmo que possa compreender o seu enquadramento, porventura até as causas de certas decisões, a possibilidade de existência de projectos de candidatura por outras vias, considero que serão sempre os partidos a perder e, por isso, são os partidos os principais responsáveis pelo que acontece.
Não há, nunca houve, nem alguma vez haverá, partidos perfeitos, sobretudo em termos de coerência ideológica, de estrutura e funcionamento. Mas parece-me evidente que há hoje, e cada vez mais, uma clara tentativa de desacreditar os partidos e de cercá-los com atributos pouco abonatórios, aleatoriamente atirados por alguns “moralistas” mas que não passam de cobradores de promessas como alguns charlatães que por aí andam a roubar cidadãos mais desprevenidos.
A mais de um ano de distância é um facto que as eleições autárquicas já começam a agitar certas hostes mais descontentes, ao ponto de eu ficar confundido pois era suposto que fosse o PSD da Madeira, por causa do seu Congresso e da disputa interna pela liderança, a implodir! Para alguns partidos, digo desde já, até é bom que isto, e muito mais, lhes acontecesse, já que foram os seus dirigentes que, na sua ânsia de conquista do poder, a qualquer preço, renegaram a princípios, subverteram os próprios partidos, relegando-os para planos secundários ou mesmos em nenhuma importância, abdicaram da militância própria e optaram por candidaturas pateticamente rotuladas de “independentes”, como se fossem elas a salvação dos problemas da sociedade e dos eleitores e como se estes não passassem de “blocos de cimento” incapazes de perceberem tudo o que está por detrás dessas candidaturas pretensamente independentes.
Lendo nos últimos dias o DN da Madeira percebe-se que já existem movimentações visando as autárquicas de 2009, não no PSD, mas no maior partido da oposição, provavelmente representando elas um desafio acrescido para uma liderança que fala muito, faz muita encenação, mas que também já percebeu que não consegue retirar, como quer, dividendos políticos e eleitorais imediatos (e necessários à sua sobrevivência), como a seu tempo constataremos.
Julgo que a seu tempo perceberemos as reais causadas destes fenómenos, do que se passou em Câmara de Lobos e das consequências que daí advirão para o PS, do que se vai passar em Santa Cruz e do impacto que daí resultará para os socialistas, do que provavelmente voltará a repetir-se no Funchal e em Machico, entre outros. Salvo se quem tem o poder de decisão, em vez de começar a com fundir tudo, com tanta incompetência, a uma tão grande distância, seja capaz de perceber - não acredito, sinceramente - que os partidos, mais do que discutir candidaturas, precisam de estabilidade interna, num quadro mais alargado de respeito pelo direito à diferença, de respeito pelas opiniões diferentes das nossas. Mas esse não é, nem será, decididamente, problema meu. Pelo menos nos tempos mais próximos…
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira de 11 de Fevereiro de 2008)
P.S. Li há dias num, jornal nacional que Portugal está em 53º lugar em liberdade económica, segundo o Índice de Economia Livre 2008, elaborado por uma organização internacional da especialidade que considera a economia portuguesa apenas 64,3% livre, “o que equivale a uma economia moderadamente livre e corresponde a um 53º lugar entre 157 países”. Ou seja, comparativamente ao ano anterior, Portugal desceu três pontos percentuais, situando-se entre o Uganda (52º lugar) e a Tailândia (54º lugar)… O relatório da “Heritage Foundation” avalia o denominado grau de liberdade da economia em 157 países, nomeadamente ao nível do comércio, negócios, direitos de propriedade, investimentos, corrupção e trânsito de trabalhadores. Portugal apresenta “elevados índices de liberdade nos negócios (79,6%), no comércio (86%), no investimento (70%), nos direitos de propriedade (70%) e a nível monetário (79,4%), num cenário de baixa inflação e de promoção activa do investimento estrangeiro por parte do Governo. No entanto, o nosso país já apresenta baixos índices de intervenção estatal (32,6%), liberdade fiscal (61,3%) e laboral (48%). O relatório, segundo o jornal onde li esta informação, salienta ainda que o Estado ”gasta quase o equivalente a 50% do Produto Interno Bruto (PIB) e que as regulações inflexíveis de emprego impedem o crescimento da produtividade e das oportunidades de emprego totais. Isto porque o custo de empregar um trabalhador é elevado e a rigidez de contratar e despedir um trabalhador cria uma aversão de risco para as empresas que, caso contrário, empregariam mais pessoas”. A instituição autora do estudo confirma que dois terços da população mundial vive em países com economias reprimidas, que as duas potências emergentes da actualidade - Índia e China – estão no 115º e 126º lugares no índice de liberdade económica, e poderiam crescer a um ritmo ainda mais acelerado e de maneira mais sustentada “se incorporassem uma maior liberdade económica”. Hong Kong é a economia mais livre do mundo pelo 14º ano seguido, porque “dá liberdade às exportações, à entrada de capitais e investidores estrangeiros e ao vaivém de trabalhadores”. Já a Coreia da Norte é o país com mais repressão económica, antecedido de Cuba, Zimbabwe e Líbia.
Portanto, quando olho para certos factos, regra geral marcados por grande especulação, ou por sentimentos de ajuste de contas ou vinganças pessoais, mesmo que possa compreender o seu enquadramento, porventura até as causas de certas decisões, a possibilidade de existência de projectos de candidatura por outras vias, considero que serão sempre os partidos a perder e, por isso, são os partidos os principais responsáveis pelo que acontece.
Não há, nunca houve, nem alguma vez haverá, partidos perfeitos, sobretudo em termos de coerência ideológica, de estrutura e funcionamento. Mas parece-me evidente que há hoje, e cada vez mais, uma clara tentativa de desacreditar os partidos e de cercá-los com atributos pouco abonatórios, aleatoriamente atirados por alguns “moralistas” mas que não passam de cobradores de promessas como alguns charlatães que por aí andam a roubar cidadãos mais desprevenidos.
A mais de um ano de distância é um facto que as eleições autárquicas já começam a agitar certas hostes mais descontentes, ao ponto de eu ficar confundido pois era suposto que fosse o PSD da Madeira, por causa do seu Congresso e da disputa interna pela liderança, a implodir! Para alguns partidos, digo desde já, até é bom que isto, e muito mais, lhes acontecesse, já que foram os seus dirigentes que, na sua ânsia de conquista do poder, a qualquer preço, renegaram a princípios, subverteram os próprios partidos, relegando-os para planos secundários ou mesmos em nenhuma importância, abdicaram da militância própria e optaram por candidaturas pateticamente rotuladas de “independentes”, como se fossem elas a salvação dos problemas da sociedade e dos eleitores e como se estes não passassem de “blocos de cimento” incapazes de perceberem tudo o que está por detrás dessas candidaturas pretensamente independentes.
Lendo nos últimos dias o DN da Madeira percebe-se que já existem movimentações visando as autárquicas de 2009, não no PSD, mas no maior partido da oposição, provavelmente representando elas um desafio acrescido para uma liderança que fala muito, faz muita encenação, mas que também já percebeu que não consegue retirar, como quer, dividendos políticos e eleitorais imediatos (e necessários à sua sobrevivência), como a seu tempo constataremos.
Julgo que a seu tempo perceberemos as reais causadas destes fenómenos, do que se passou em Câmara de Lobos e das consequências que daí advirão para o PS, do que se vai passar em Santa Cruz e do impacto que daí resultará para os socialistas, do que provavelmente voltará a repetir-se no Funchal e em Machico, entre outros. Salvo se quem tem o poder de decisão, em vez de começar a com fundir tudo, com tanta incompetência, a uma tão grande distância, seja capaz de perceber - não acredito, sinceramente - que os partidos, mais do que discutir candidaturas, precisam de estabilidade interna, num quadro mais alargado de respeito pelo direito à diferença, de respeito pelas opiniões diferentes das nossas. Mas esse não é, nem será, decididamente, problema meu. Pelo menos nos tempos mais próximos…
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira de 11 de Fevereiro de 2008)
P.S. Li há dias num, jornal nacional que Portugal está em 53º lugar em liberdade económica, segundo o Índice de Economia Livre 2008, elaborado por uma organização internacional da especialidade que considera a economia portuguesa apenas 64,3% livre, “o que equivale a uma economia moderadamente livre e corresponde a um 53º lugar entre 157 países”. Ou seja, comparativamente ao ano anterior, Portugal desceu três pontos percentuais, situando-se entre o Uganda (52º lugar) e a Tailândia (54º lugar)… O relatório da “Heritage Foundation” avalia o denominado grau de liberdade da economia em 157 países, nomeadamente ao nível do comércio, negócios, direitos de propriedade, investimentos, corrupção e trânsito de trabalhadores. Portugal apresenta “elevados índices de liberdade nos negócios (79,6%), no comércio (86%), no investimento (70%), nos direitos de propriedade (70%) e a nível monetário (79,4%), num cenário de baixa inflação e de promoção activa do investimento estrangeiro por parte do Governo. No entanto, o nosso país já apresenta baixos índices de intervenção estatal (32,6%), liberdade fiscal (61,3%) e laboral (48%). O relatório, segundo o jornal onde li esta informação, salienta ainda que o Estado ”gasta quase o equivalente a 50% do Produto Interno Bruto (PIB) e que as regulações inflexíveis de emprego impedem o crescimento da produtividade e das oportunidades de emprego totais. Isto porque o custo de empregar um trabalhador é elevado e a rigidez de contratar e despedir um trabalhador cria uma aversão de risco para as empresas que, caso contrário, empregariam mais pessoas”. A instituição autora do estudo confirma que dois terços da população mundial vive em países com economias reprimidas, que as duas potências emergentes da actualidade - Índia e China – estão no 115º e 126º lugares no índice de liberdade económica, e poderiam crescer a um ritmo ainda mais acelerado e de maneira mais sustentada “se incorporassem uma maior liberdade económica”. Hong Kong é a economia mais livre do mundo pelo 14º ano seguido, porque “dá liberdade às exportações, à entrada de capitais e investidores estrangeiros e ao vaivém de trabalhadores”. Já a Coreia da Norte é o país com mais repressão económica, antecedido de Cuba, Zimbabwe e Líbia.
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