Opinião: ESFORÇO INGLÓRIO?
Quer queira quer não queira, José Sócrates sentiu necessidade de vir em socorro da sua ministra da Educação, não só para reafirmar a sua continuidade – o que alguns especialistas duvidam que possa acontecer por muito mais tempo, tal como rejeitam qualquer mudança possa se concretizar por causa de manifestações – mas para reafirmar que a política educativa de “reformas” será mantida. Ou seja, Sócrates, retirou qualquer responsabilidade política de Maria de Lurdes Rodrigues nesse processo, passando-a para um plano político mais elevado, para o próprio governo nos eu todo e para o primeiro-ministro em particular, que fez um esforço inglório, o de tentar desvalorizar o que se passou no fim-de-semana em Lisboa, uma manifestação que a própria polícia reconheceu ter reunido 100 mil pessoas, obviamente nem todas professores.
O que é facto, é que entre os portugueses – sobretudo entre os que não estão ligados ao ensino mas que todos os dias acompanham na comunicação esta polémica – fica a sensação de que o diálogo é cada vez mais impossível e que as duas partes estão a esticar porventura demasiado a corda. Quer isto dizer que a degradação da situação vai continuar – novas promessas de lutas de classe já foram anunciadas para Abril ou Maio – e que ou rapidamente são criadas condições para o diálogo – e sem algumas cedências do governo isso nunca acontecerá – ou o Presidente da República vai ser obrigado a intervir, tal como lhe compete, confrontado com o agravamento da estabilidade num dos sectores mais cruciais da sociedade portuguesa, a educação. Não podemos continuar a ter um Presidente que se comporta como se nada se passasse, que participa em cerimónias saudosistas que nada significam para o nosso país ou para os portugueses, um Presidente que se limita a apelar ao diálogo, mesmo sabendo, comos abe, que as coisas chegaram a um ponto que o impossibilita, e que é frequentemente considerado um dos apoiantes na “sombra” da ministra da Educação (aliás o apoio de Ferreira Leite a Maria de Lurdes Rodrigues veio reforçar essa desconfiança…) e que, por isso, terá impedido que a Ministra da Educação tivesse sido substituída na última remodelação por José Sócrates. Obviamente que nada serve mudar a ministra ou a sua equipa governativa - incluindo um secretário de estado que conseguiu arranjar conflitos com vários sectores do PS, depois de ter criticado o governo de Guterres esquecendo-se (?) que o actual primeiro-ministro foi ministro desse governo!.. – se a decisão do primeiro-ministro, e portanto a decisão do governo e do partido que o apoia no parlamento, é a de manter tudo na mesma, continuando as alegadas reformas na educação, desvalorizando as manifestações e tentando, embora desta vez não o tenham feito declaradamente (talvez porque vários manifestantes apareceram na televisão a exibir os cartões de filiados no PS…), a “colar” estas iniciativas na rua ao PCP e Bloco de Esquerda. É mais do que evidente – mas não é isso que neste momento está em causa – que existe uma tentativa de descarado aproveitamento político por parte de partidos da oposição, deste movimento crescente de insatisfação existente entre os professores.
Quando, um dia depois das manifestações, ouvimos José Sócrates – recordo que os professores consideraram que o diálogo com o Ministério e a Ministra estava esgotado e que a partir de agora apenas aceitavam dialogar com o próprio primeiro-ministro, numa clara tentativa de subida da “parada” que confesso não acredito possa ter sucesso - garantir que o novo regime de avaliação dos professores em frente e que o lugar da ministra da Educação "nunca esteve em causa", está tudo dito: "O que me convence não é a força dos números; é a força da razão. Não posso recuar naquilo em que acredito e em que estou absolutamente convencido. Era só o que faltava, a acção governativa depender de manifestações". É óbvio que o primeiro-ministro não só respondeu, indirectamente, às pressões dos sindicatos, e a alguns partidos da oposição, como insistiu na continuidade da política do governo socialista para o sector, a qual que sido alvo de contestação crescente e deu cobertura pessoal e política à Ministra da Educação. Resta saber até quando, até quando o primeiro-ministro, pressionando pela proximidade do calendário eleitoral, vai resistir às pressões do próprio PS para que alguma coisa seja feita no sentido de inverter os acontecimentos e travar o desgaste que o governo e o partido socialista estão a sofrer, temendo assim os efeitos que isso possa causar em 2009. O problema é que o apoio, pelo menos actual, de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues é incontestável: "A saída da ministra não está, nem nunca esteve em causa. Tem feito um trabalho muito importante. E as reformas já produzem resultados. Há 20 anos que esperamos, que adiamos, que suspendemos, que nada se passa. O País não pode esperar mais. Não acredito em progressões automáticas. A pior injustiça que se fez nestes 20 anos aos professores foi deixar tudo como estava. O erro foi não ter feito nada nos últimos 20 anos”. Eu não tenho dúvidas que Sócrates não vai ceder às pressões, muito menos aos sindicatos. Penso mesmo que estas últimas declarações do primeiro-ministro revelam, não só a continuidade deste clima de conflitualidade permanente, como desafiam os sindicatos e os professores de uma maneira geral.
O que é facto, é que entre os portugueses – sobretudo entre os que não estão ligados ao ensino mas que todos os dias acompanham na comunicação esta polémica – fica a sensação de que o diálogo é cada vez mais impossível e que as duas partes estão a esticar porventura demasiado a corda. Quer isto dizer que a degradação da situação vai continuar – novas promessas de lutas de classe já foram anunciadas para Abril ou Maio – e que ou rapidamente são criadas condições para o diálogo – e sem algumas cedências do governo isso nunca acontecerá – ou o Presidente da República vai ser obrigado a intervir, tal como lhe compete, confrontado com o agravamento da estabilidade num dos sectores mais cruciais da sociedade portuguesa, a educação. Não podemos continuar a ter um Presidente que se comporta como se nada se passasse, que participa em cerimónias saudosistas que nada significam para o nosso país ou para os portugueses, um Presidente que se limita a apelar ao diálogo, mesmo sabendo, comos abe, que as coisas chegaram a um ponto que o impossibilita, e que é frequentemente considerado um dos apoiantes na “sombra” da ministra da Educação (aliás o apoio de Ferreira Leite a Maria de Lurdes Rodrigues veio reforçar essa desconfiança…) e que, por isso, terá impedido que a Ministra da Educação tivesse sido substituída na última remodelação por José Sócrates. Obviamente que nada serve mudar a ministra ou a sua equipa governativa - incluindo um secretário de estado que conseguiu arranjar conflitos com vários sectores do PS, depois de ter criticado o governo de Guterres esquecendo-se (?) que o actual primeiro-ministro foi ministro desse governo!.. – se a decisão do primeiro-ministro, e portanto a decisão do governo e do partido que o apoia no parlamento, é a de manter tudo na mesma, continuando as alegadas reformas na educação, desvalorizando as manifestações e tentando, embora desta vez não o tenham feito declaradamente (talvez porque vários manifestantes apareceram na televisão a exibir os cartões de filiados no PS…), a “colar” estas iniciativas na rua ao PCP e Bloco de Esquerda. É mais do que evidente – mas não é isso que neste momento está em causa – que existe uma tentativa de descarado aproveitamento político por parte de partidos da oposição, deste movimento crescente de insatisfação existente entre os professores.
Quando, um dia depois das manifestações, ouvimos José Sócrates – recordo que os professores consideraram que o diálogo com o Ministério e a Ministra estava esgotado e que a partir de agora apenas aceitavam dialogar com o próprio primeiro-ministro, numa clara tentativa de subida da “parada” que confesso não acredito possa ter sucesso - garantir que o novo regime de avaliação dos professores em frente e que o lugar da ministra da Educação "nunca esteve em causa", está tudo dito: "O que me convence não é a força dos números; é a força da razão. Não posso recuar naquilo em que acredito e em que estou absolutamente convencido. Era só o que faltava, a acção governativa depender de manifestações". É óbvio que o primeiro-ministro não só respondeu, indirectamente, às pressões dos sindicatos, e a alguns partidos da oposição, como insistiu na continuidade da política do governo socialista para o sector, a qual que sido alvo de contestação crescente e deu cobertura pessoal e política à Ministra da Educação. Resta saber até quando, até quando o primeiro-ministro, pressionando pela proximidade do calendário eleitoral, vai resistir às pressões do próprio PS para que alguma coisa seja feita no sentido de inverter os acontecimentos e travar o desgaste que o governo e o partido socialista estão a sofrer, temendo assim os efeitos que isso possa causar em 2009. O problema é que o apoio, pelo menos actual, de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues é incontestável: "A saída da ministra não está, nem nunca esteve em causa. Tem feito um trabalho muito importante. E as reformas já produzem resultados. Há 20 anos que esperamos, que adiamos, que suspendemos, que nada se passa. O País não pode esperar mais. Não acredito em progressões automáticas. A pior injustiça que se fez nestes 20 anos aos professores foi deixar tudo como estava. O erro foi não ter feito nada nos últimos 20 anos”. Eu não tenho dúvidas que Sócrates não vai ceder às pressões, muito menos aos sindicatos. Penso mesmo que estas últimas declarações do primeiro-ministro revelam, não só a continuidade deste clima de conflitualidade permanente, como desafiam os sindicatos e os professores de uma maneira geral.
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 11 de Março de 2008)
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