Opinião: FOI PENA
O Presidente do PSD da Madeira deixou nas páginas do “Jornal da Madeira um conjunto de alertas que, no momento presente, deveriam ter sido ouvidos pelo PSD nacional, envolvido como está em pequenas “guerras” internas de capelinhas, algumas de “alecrim e manjerona”, fruto de alguns erros (por exemplo trazer para a praça pública questões regulamentares internas sem antes as terem debatido e tentado resolver nos locais próprios) e de tradições não ultrapassadas. O problema de Alberto João Jardim, por ter sido sempre, assumidamente, contra o “sistema” vigente, é que ao longo dos anos encontrou mais amigalhaços da onça do que apoiantes, isto quando se fala na estrutura nacional do PSD. Contam-se pelas mãos as pessoas que real e empenhadamente o apoiaram e o demonstraram na prática quotidiana no seio de um corrente de um partido que eu continuo a pensar que não sabe estar na oposição quando não tem uma liderança forte e carismática.
Nos momentos em que ele precisou de apoio interno – com o qual, diga-se em abono da verdade nunca se importou muito – para desencadear algumas mudanças e ganhar alguma força interna, os “apoiantes” fugiram que nem ratos quando o gato deles se aproxima, pelo simples facto que se preocupam mais em sobreviver dentro do sistema, com o sistema tal como ele se estrutura e funciona, do que em combatê-lo, visando melhorá-lo e dotá-lo de mais eficácia perante os cidadãos. Não creio, até porque João Jardim coerentemente apoiou Marques Mendes, que actual direcção olhe para o líder madeirense como um apoiante. Podem, cinicamente, tentar aproveitar-se dele, mas nunca o incluirão na lista dos seus apoiantes, o que dá um grande espaço de manobra a Jardim e acrescida legitimidade política para pôr o dedo na ferida.
E nem sequer é preciso fazer um grande esforço para perceber alguma desilusão e entender o essencial do pensamento do líder madeirense face ao partido nacional. Logo no primeiro parágrafo do seu artigo: “Em Portugal, a denominada “esquerda” controla o aparelho de Estado. Sempre o controlou, mesmo com Governos do PSD quando Estes “politicamente correctos” ante o Sistema Político e procurando a “concertação” em vez da “afirmação”. Posicionamento, que não é o meu. E que me fez sempre viver com o PSD nacional numa espécie de “contrato” com interesse para ambas as partes, já que, ideologicamente, após Sá Carneiro sempre vivi dificuldades de identificação. “Este não é o meu PSD”, há anos. Tornou-se pactuante com um Sistema político-constitucional inadequado ao País, perdeu agressividade e capacidade mobilizadora, caiu nas mãos de umas pseudo “elites” abancadas à mesa do regime. Estas manobrando a favor deste, mesmo sem terem Bases ao seu lado, porque contaram com a comunicação “social” também situacionista à “esquerda”, para, pela propaganda, impor muros ao PSD. Durão Barroso tentou remar contra a maré (…) Durão Barroso e Santana Lopes tinham colaboradores situacionistas (…)”. Perante isto, quem afirmar que João Jardim apoia e sente-se realizado com este PSD, deve estar definitivamente chanfrado da cabeça. Percebe-se porque digo que esta posição não teve a projecção, a nível nacional, que deveria ter tido, porque não se trata de uma crítica pela crítica, mas antes de um enumerar prioridades e de um claro apontar o dedo ao que está mal, porventura ao cerne da questão, de tudo o que tem vindo a prejudicar o partido ao longo destes anos.
Quando o líder regional afirma – “As prioridades do PSD não são as “guerras internas” autofágicas — estamos fartos de tontices! — nem um discurso “politicamente correcto”, pactuante com a Situação; a prioridade é o combate firme ao Governo socialista, sem “elogios” ou tremideiras pelo meio, dizendo claramente aos Portugueses como inverter o estrangulamento da classe média e das classes mais desfavorecidas, das pequenas e das médias Empresas, das Autarquias Locais e das Regiões Autónomas; a prioridade é a denúncia firme e o combate à ocupação do aparelho de Estado pela “esquerda”; a prioridade é o combate por CAUSAS, entre as quais as bandeiras de RUPTURA que o Líder apresentou no Congresso Nacional. É isto que há a fazer. Porém, há uns cavalheiros que passam a vida a discutir o PSD internamente, em vez de combater os adversários (…) Neste Portugal, não há alguém que, mais do que eu, deseje ver o Eng. Sócrates derrotado. Mas assim não sucederá, se continuarem estas brincadeiras de sociais-democratas situacionistas” – não estará a deixar linhas de orientação inequívocas? Obviamente que num quadro de respeito pela liberdade de quem discorda, de tolerância pela diferença de opiniões, já que o unanimismo nos partidos é um mito. E mesmo sabendo que o texto de Alberto João Jardim foi publicado antes do PSD ter anunciado a cosmética de elevar o azul a cor principal do partido - como se bastasse uma mera operação estética para tudo ficar resolvido e o PSD conseguir o milagre de passar de impreparado a preparado para o poder e para ganhar eleições – acho que o alerta deveria ter chegado aos seus destinatários, em Lisboa, e porventura não chegou
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 14 de Março de 2008)
PS – Gostaria de referir que para mim, tanto a treta da mudança da imagem como a intolerável polémica interna causada pela alteração de regulamentos internos, são assuntos encerrados, não retiro uma vírgula que seja. Mas enquanto social-democrata os meus objectivos são outros, não combater o meu partido. Com Meneses ou sem ele, o que eu quero é que o PSD ganhe as eleições em 2009, porque estou convencido que o país precisa de uma alternativa credível e competente, capaz de elevar o moral deste povo desanimado. Mais nada. Mas não me venham com moralismos, sejam eles quais forem, porque devolvo-os à procedência. Eu não votei neste líder do PSD nem andei envolvido em joguinhos, porque assumi publicamente as minhas opções, já antes das “directas”. Mas, já agora, que raio de confiança desperta um líder partidário que diz que o seu partido não está preparado para ser poder e ganhar eleições, e dois dias depois, bastando para tal uma mudança da imagem do partido, venha dizer que, afinal, o partido já está preparado para tudo, até para ganhar eleições e ser poder? O que é que querem que as pessoas digam a tudo isto? Que levem isto a sério? É por isso que não quero perder mais tempo com coisas menores. Repito, para mim o essencial é que o PSD construa a alternativa, seja capaz de levar aos portugueses desiludidos uma mensagem de esperança e um sinal de coerência e de competência, tendo presente o país real e não uma visão ou uma atitude oportunista que nada tem a ver com a realidade. Num partido, a credibilidade e o apoio eleitoral nada têm a ver com cores, símbolos ou outras menoridades. Depende apenas da confiança que a liderança desperta no partido e nas pessoas, do seu pragmatismo, da forma como conquista o eleitorado, do discurso e das propostas, nunca com um enumerar anarquicamente avulso de promessas a reboque de acontecimentos e de uma agenda política e mediática que não controlam. Recoloquem o PSD no seu verdadeiro trilho, enquanto é tempo.
Nos momentos em que ele precisou de apoio interno – com o qual, diga-se em abono da verdade nunca se importou muito – para desencadear algumas mudanças e ganhar alguma força interna, os “apoiantes” fugiram que nem ratos quando o gato deles se aproxima, pelo simples facto que se preocupam mais em sobreviver dentro do sistema, com o sistema tal como ele se estrutura e funciona, do que em combatê-lo, visando melhorá-lo e dotá-lo de mais eficácia perante os cidadãos. Não creio, até porque João Jardim coerentemente apoiou Marques Mendes, que actual direcção olhe para o líder madeirense como um apoiante. Podem, cinicamente, tentar aproveitar-se dele, mas nunca o incluirão na lista dos seus apoiantes, o que dá um grande espaço de manobra a Jardim e acrescida legitimidade política para pôr o dedo na ferida.
E nem sequer é preciso fazer um grande esforço para perceber alguma desilusão e entender o essencial do pensamento do líder madeirense face ao partido nacional. Logo no primeiro parágrafo do seu artigo: “Em Portugal, a denominada “esquerda” controla o aparelho de Estado. Sempre o controlou, mesmo com Governos do PSD quando Estes “politicamente correctos” ante o Sistema Político e procurando a “concertação” em vez da “afirmação”. Posicionamento, que não é o meu. E que me fez sempre viver com o PSD nacional numa espécie de “contrato” com interesse para ambas as partes, já que, ideologicamente, após Sá Carneiro sempre vivi dificuldades de identificação. “Este não é o meu PSD”, há anos. Tornou-se pactuante com um Sistema político-constitucional inadequado ao País, perdeu agressividade e capacidade mobilizadora, caiu nas mãos de umas pseudo “elites” abancadas à mesa do regime. Estas manobrando a favor deste, mesmo sem terem Bases ao seu lado, porque contaram com a comunicação “social” também situacionista à “esquerda”, para, pela propaganda, impor muros ao PSD. Durão Barroso tentou remar contra a maré (…) Durão Barroso e Santana Lopes tinham colaboradores situacionistas (…)”. Perante isto, quem afirmar que João Jardim apoia e sente-se realizado com este PSD, deve estar definitivamente chanfrado da cabeça. Percebe-se porque digo que esta posição não teve a projecção, a nível nacional, que deveria ter tido, porque não se trata de uma crítica pela crítica, mas antes de um enumerar prioridades e de um claro apontar o dedo ao que está mal, porventura ao cerne da questão, de tudo o que tem vindo a prejudicar o partido ao longo destes anos.
Quando o líder regional afirma – “As prioridades do PSD não são as “guerras internas” autofágicas — estamos fartos de tontices! — nem um discurso “politicamente correcto”, pactuante com a Situação; a prioridade é o combate firme ao Governo socialista, sem “elogios” ou tremideiras pelo meio, dizendo claramente aos Portugueses como inverter o estrangulamento da classe média e das classes mais desfavorecidas, das pequenas e das médias Empresas, das Autarquias Locais e das Regiões Autónomas; a prioridade é a denúncia firme e o combate à ocupação do aparelho de Estado pela “esquerda”; a prioridade é o combate por CAUSAS, entre as quais as bandeiras de RUPTURA que o Líder apresentou no Congresso Nacional. É isto que há a fazer. Porém, há uns cavalheiros que passam a vida a discutir o PSD internamente, em vez de combater os adversários (…) Neste Portugal, não há alguém que, mais do que eu, deseje ver o Eng. Sócrates derrotado. Mas assim não sucederá, se continuarem estas brincadeiras de sociais-democratas situacionistas” – não estará a deixar linhas de orientação inequívocas? Obviamente que num quadro de respeito pela liberdade de quem discorda, de tolerância pela diferença de opiniões, já que o unanimismo nos partidos é um mito. E mesmo sabendo que o texto de Alberto João Jardim foi publicado antes do PSD ter anunciado a cosmética de elevar o azul a cor principal do partido - como se bastasse uma mera operação estética para tudo ficar resolvido e o PSD conseguir o milagre de passar de impreparado a preparado para o poder e para ganhar eleições – acho que o alerta deveria ter chegado aos seus destinatários, em Lisboa, e porventura não chegou
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 14 de Março de 2008)
PS – Gostaria de referir que para mim, tanto a treta da mudança da imagem como a intolerável polémica interna causada pela alteração de regulamentos internos, são assuntos encerrados, não retiro uma vírgula que seja. Mas enquanto social-democrata os meus objectivos são outros, não combater o meu partido. Com Meneses ou sem ele, o que eu quero é que o PSD ganhe as eleições em 2009, porque estou convencido que o país precisa de uma alternativa credível e competente, capaz de elevar o moral deste povo desanimado. Mais nada. Mas não me venham com moralismos, sejam eles quais forem, porque devolvo-os à procedência. Eu não votei neste líder do PSD nem andei envolvido em joguinhos, porque assumi publicamente as minhas opções, já antes das “directas”. Mas, já agora, que raio de confiança desperta um líder partidário que diz que o seu partido não está preparado para ser poder e ganhar eleições, e dois dias depois, bastando para tal uma mudança da imagem do partido, venha dizer que, afinal, o partido já está preparado para tudo, até para ganhar eleições e ser poder? O que é que querem que as pessoas digam a tudo isto? Que levem isto a sério? É por isso que não quero perder mais tempo com coisas menores. Repito, para mim o essencial é que o PSD construa a alternativa, seja capaz de levar aos portugueses desiludidos uma mensagem de esperança e um sinal de coerência e de competência, tendo presente o país real e não uma visão ou uma atitude oportunista que nada tem a ver com a realidade. Num partido, a credibilidade e o apoio eleitoral nada têm a ver com cores, símbolos ou outras menoridades. Depende apenas da confiança que a liderança desperta no partido e nas pessoas, do seu pragmatismo, da forma como conquista o eleitorado, do discurso e das propostas, nunca com um enumerar anarquicamente avulso de promessas a reboque de acontecimentos e de uma agenda política e mediática que não controlam. Recoloquem o PSD no seu verdadeiro trilho, enquanto é tempo.
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