Opinião:SONDAGENS E AVISOS
Na semana passada foi publicada uma nova sondagem – mais uma, dirão os mais cépticos – iniciativa que é sempre encarada de forma diferente pelos partidos, sobretudo porque eles se posicionam em função dos resultados e das projecções, positivas ou negativas, que elas possam ter nos partidos. De acordo com os resultados, o PS embora continue a ser o partido mais votado, situa-se nos cerca de 39% dos votos, embora aumentando a sua distância face ao PSD (32%), que desceu três pontos percentuais face a Outubro. O estudo da Universidade Católica para o “Jornal de Notícias”, a RTP e a Antena Um, mostra os socialistas cada vez mais longe da maioria absoluta de há três anos – perderam dois pontos percentuais relativamente às intenções de voto em Outubro de 2007, mas retratam um CDS em queda, que baixa de 6 para apenas 3%, contrastando com o Bloco de Esquerda que aparece a duplicar a votação (de 4 para 8%), aproximando-se do PCP, que se manteve nos 9%. O paradoxo de tudo isto - e que em certa medida dá razão a quem olha com desconfiança para estas iniciativas - resulta do facto de não haver qualquer relação plausível entre os indicadores obtidos pelos partidos e, depois, as opiniões recolhidas junto das pessoas quanto ao que pensam do governo. No âmbito da apreciação ao desempenho do Governo, a maioria (43%) considera que foi má, 23% dos inquiridos dizem que tem sido muito má, enquanto que os que acham que foi boa se situou nos 26% (apenas 6% não sabe e 2% não respondeu). De acordo com a sondagem, 52% consideram má a actuação do governo nas áreas sociais, 29% disseram que foi mesmo muito má e apenas 12% deram nota de bom. Comparando com o governo anterior, do PSD-CDS, 41% dos inquiridos dizem que o executivo de José Sócrates não está a governar melhor nem pior, 33% acham que governa melhor, enquanto 22% dizem que governa pior. No confronto directo entre José Sócrates e Luís Filipe Menezes, o líder do PSD apenas ganha na “preocupação com os problemas das pessoas comuns”, mas nas restantes, Sócrates ganha nas categorias “Líder forte” (48 contra 17%), “carismático” (44 contra 18%), “apoio do seu partido” (45 contra 14%) e não cedência a pressões (49 contra 11%).
Eu não sei se Filipe Meneses dá credibilidade a estas sondagens – eu desconfio que mesmo que as venha a desvalorizar é em grande parte refém destes indicadores. Mas, verdade seja dita, confesso que pouco me importa saber o que ele pensa sobre isto, até porque estas sondagens realizam-se com frequência pelo que podem constituir sempre uma ferramenta de ajuda aos dirigentes partidários para avaliarem os resultados do seu comportamento. O que eu sei, porque os dados são estes, é que numa conjuntura de forte contestação social, onde o governo socialista é sistemática e diariamente visado com acções de rua e outras, o PSD tarda em, afirmar-se, em ganhar a confiança as pessoas, em dar uma imagem de partido liderado por uma personalidade forte e carismática. Pior de tudo isso, é que os resultados desta sondagem feita pela Universidade Católica – entidade respeitável – mostra um Filipe Meneses muito distante de Sócrates, inclusivamente em itens onde seria suposto que fosse substancialmente mais curta essa diferença.
Numa análise fria, pragmática e calculista, se quiserem, qualquer pessoa diria que Filipe Meneses tem que perceber estes sinais, tem que definir prioridades, tem que saber o que pensam as pessoas, o que querem, que frustrações lhes têm sido causadas pela governação socialista, tem que perceber que as pessoas precisam de um PSD alternativa, de facto, e não um PSD dependente do PS, que anda a reboque da agenda política estabelecida pelo governo. Tem que perceber que os portugueses precisam de saber que medidas concretas e que prioridades, tem o PSD para o caso de vir a ser poder em 2009. Qualquer pessoa normal e atenta, apercebe-se do oportunismo de quem em função dos acontecimentos, ora reúne-se com enfermeiros, onde corre para os braços dos professores, ora elogia os médicos, etc. Qualquer pessoal normal e atenta, recusaria aceitar que a promessa de retirada da publicidade da RTP – fora de um contexto de uma discussão mais ampla, a de saber se o Estrado quer ou deve manter um serviço público de televisão, e em que moldes – seja uma prioridade para um povo saturado de promessas não cumpridas, de perda do poder de compra, de medidas sistematicamente punitivas, e que nesses dias foi confrontado com a ameaça de aumentos de 50% do preço do pão ou com o agravamento do preço do petróleo para valores recordes nunca antes imagináveis, enfim, para uma realidade social, e económica que exigia mais do líder da oposição.
E eu? Que querem que vos diga de um líder que não teve o meu voto? Querem, que diga que está tudo bem ou que são as sondagens que não valem nada pelo simples facto de não serem favoráveis ao meu partido? Querem que eu afirme que a estratégia de Meneses está correcta, que gera confiança, que mobiliza as pessoas, que despoleta uma onda de confiança e de apoio? Se é por obrigação, então faz-se de conta que disse tudo isso. Mas se é respeitando a liberdade de pensar de cada um, então podem ter a certeza que perdem o vosso tempo porque recuso, repito, recuso dizer semelhante disparate. Mesmo que tema pelo PSD, como temo, mesmo que tenha pena, como tenho, mesmo que esteja preocupado, como estou, com o que pode acontecer ao PSD em 2009, sabendo-se como todos sabemos que o ano eleitoral é sempre utilizado pelo partido no poder, e por este, para ensaiar decisões de charme, promover festanças e tomar medidas populares que acabam por propiciar votos.
Eu não sei se Filipe Meneses dá credibilidade a estas sondagens – eu desconfio que mesmo que as venha a desvalorizar é em grande parte refém destes indicadores. Mas, verdade seja dita, confesso que pouco me importa saber o que ele pensa sobre isto, até porque estas sondagens realizam-se com frequência pelo que podem constituir sempre uma ferramenta de ajuda aos dirigentes partidários para avaliarem os resultados do seu comportamento. O que eu sei, porque os dados são estes, é que numa conjuntura de forte contestação social, onde o governo socialista é sistemática e diariamente visado com acções de rua e outras, o PSD tarda em, afirmar-se, em ganhar a confiança as pessoas, em dar uma imagem de partido liderado por uma personalidade forte e carismática. Pior de tudo isso, é que os resultados desta sondagem feita pela Universidade Católica – entidade respeitável – mostra um Filipe Meneses muito distante de Sócrates, inclusivamente em itens onde seria suposto que fosse substancialmente mais curta essa diferença.
Numa análise fria, pragmática e calculista, se quiserem, qualquer pessoa diria que Filipe Meneses tem que perceber estes sinais, tem que definir prioridades, tem que saber o que pensam as pessoas, o que querem, que frustrações lhes têm sido causadas pela governação socialista, tem que perceber que as pessoas precisam de um PSD alternativa, de facto, e não um PSD dependente do PS, que anda a reboque da agenda política estabelecida pelo governo. Tem que perceber que os portugueses precisam de saber que medidas concretas e que prioridades, tem o PSD para o caso de vir a ser poder em 2009. Qualquer pessoa normal e atenta, apercebe-se do oportunismo de quem em função dos acontecimentos, ora reúne-se com enfermeiros, onde corre para os braços dos professores, ora elogia os médicos, etc. Qualquer pessoal normal e atenta, recusaria aceitar que a promessa de retirada da publicidade da RTP – fora de um contexto de uma discussão mais ampla, a de saber se o Estrado quer ou deve manter um serviço público de televisão, e em que moldes – seja uma prioridade para um povo saturado de promessas não cumpridas, de perda do poder de compra, de medidas sistematicamente punitivas, e que nesses dias foi confrontado com a ameaça de aumentos de 50% do preço do pão ou com o agravamento do preço do petróleo para valores recordes nunca antes imagináveis, enfim, para uma realidade social, e económica que exigia mais do líder da oposição.
E eu? Que querem que vos diga de um líder que não teve o meu voto? Querem, que diga que está tudo bem ou que são as sondagens que não valem nada pelo simples facto de não serem favoráveis ao meu partido? Querem que eu afirme que a estratégia de Meneses está correcta, que gera confiança, que mobiliza as pessoas, que despoleta uma onda de confiança e de apoio? Se é por obrigação, então faz-se de conta que disse tudo isso. Mas se é respeitando a liberdade de pensar de cada um, então podem ter a certeza que perdem o vosso tempo porque recuso, repito, recuso dizer semelhante disparate. Mesmo que tema pelo PSD, como temo, mesmo que tenha pena, como tenho, mesmo que esteja preocupado, como estou, com o que pode acontecer ao PSD em 2009, sabendo-se como todos sabemos que o ano eleitoral é sempre utilizado pelo partido no poder, e por este, para ensaiar decisões de charme, promover festanças e tomar medidas populares que acabam por propiciar votos.
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 03 de Março de 2008)
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