Opinião: O DRAMA DA DÚVIDA
Já por diversas vezes aqui referi que não me revejo na liderança nacional do PSD, na medida em que não entendia – mas esta é a minha opinião pessoal, que por isso mesmo vale o que vale – a mais adequada para o levar o PSD de volta ao poder – o objectivo de qualquer partido político, e que por isso tem que ser assumido sem hesitações – mas porque todos conhecem (julgo eu…) as circunstâncias em que este grupo que agora comanda os destinos do partido, chegou à liderança do PSD por via da manipulação das bases e de um discurso sistematicamente contrário e corrosivo face à direcção anterior que, tenho que dizer, também deixou muito a desejar e não dava garantias de sucesso.
Mas a partir do momento em que há um líder eleito, ainda por cima num partido que não reconhece a existência de tendências internas institucionalizadas, das duas uma: ou nos submetemos à disciplina partidária e recusando ser cúmplices da asneirada ou da incompetência, optamos pelo distanciamento, por não termos que nos envolver em campanhas geradoras ainda de maior desgaste interno e da liderança, ou assumimos a oposição e permanentemente oferecemos à liderança uma oposição desgastante, falando por tudo e por nada, comentando tudo o que ela diz ou faz, exactamente o que fizeram a Marques Mendes. Como não votei em nenhum deles, sinto-me perfeitamente liberto de qualquer compromisso político, seja com quem for, até porque continuo a não acreditar que possamos ter grandes expectativas com a solução encontrada. Mas obviamente que, por princípio, e salvaguardando a minha total liberdade de opinião e de pensar o que penso e de o afirmar, não alinho em campanhas anti-Meneses porque não sou leviano.
Mas o problema não é esse. O problema é que, diz o povo, “quem cala consente”. E em política há um ónus agravador desse risco, o de que muitas vezes as pessoas defendem o silêncio, calando-se e consentindo tudo o que é mal feito, para depois falarem, perante a consumação de factos, quando já é tarde demais para mudar seja o que for ou remediar os males feitos. Em política, remediar males feitos, significa apenas e só inverter uma derrota eleitoral em vitória. Eu sei bem do que falo…
Por isso, e perante o que acabo de referir, quando olho para o PSD faço-o com preocupação. Há dias fiquei a saber que Pacheco Pereira, um dos principais críticos da actual liderança social-democrata, “quer que a direcção do PSD de Luís Filipe Menezes seja afastada antes das eleições de 2009 e prevê que a mudança de liderança vai mesmo ter de ser à bomba” (alguns órgãos de comunicação social atribuíram a Luís Filipe Menezes, a expressão de que quem o quiser afastar da presidência do PSD terá de fazê-lo "à bomba"). Pacheco vai mais longe: defende que o PSD tem de se apresentar às eleições de 2009 com uma nova liderança, interroga-se sobre se 2008 já pode ser tarde demais e em 2010 já será certamente tarde demais”. E, curiosamente, declara-se "jardinista" nesta matéria: "como Alberto João Jardim considero que a última oportunidade para inverter o plano inclinado é em princípios de 2009, depois é só assistir ao desastre anunciado". O problema é que o grupo que se apoderou do poder partidário no PSD nacional, tem blindada a situação interna de tal maneira que Pacheco reconhece que "não vai ser fácil porque vai mesmo ter que ser à bomba”, até porque em 2009 há dezenas de lugares apetecidos para distribuir e para cada lugar há cinco pessoas da “situação”. Alberto João Jardim num artigo publicado há semanas no JM alertou o partido para as suas responsabilidades e para a necessidade de ter que decidir até Janeiro de 2009 sobre se é preciso fazer uma mudança que propicie ao PSD uma expectativa ganhadora que não é o que hoje se passa, lamentavelmente, até face à especificidade da conjuntura política interna e ao desgaste que reconhecidamente esta provoca no Governo e no partido apoiante, o PS.
Aliás, e curiosamente, como se tudo isto não bastasse foi publicada esta semana uma sondagem – dirão alguns que elas valem o que valem, mas a verdade é que ela foi realizada e que não deixa de constituir uma referência, mesmo com todos esses “ses” – segundo a qual “os portugueses acreditam que Marcelo Rebelo de Sousa é o melhor candidato do PSD para disputar as eleições legislativas contra o socialista José Sócrates. O próprio eleitorado social-democrata coloca Marcelo na liderança da lista em que Luís Filipe Menezes ocupa o último lugar, abaixo de Santana Lopes, o seu líder parlamentar, e de Rui Rio, o presidente da Câmara do Porto”. Segundo a sondagem (Correio da Manhã/Aximage), “35,6% dos inquiridos considera que Marcelo Rebelo de Sousa é quem reúne melhores condições num confronto com o actual primeiro-ministro, enquanto que o presidente da Câmara do Porto surge em segundo lugar com 18,5% das preferências, registando o líder laranja menos 3,8 pontos percentuais do que Rui Rio, ficando em terceiro lugar. Santana garantia apenas 11,9% das opções”. Diz o jornal que, “a avaliar pelo eleitorado do PSD em 2005, que o cenário de Menezes piora, ao passar para o fundo da tabela. O presidente do PSD não consegue convencer os eleitores do partido e não chega aos 13%, enquanto que. Marcelo, mais uma vez, assegura a liderança, com 35,5%, apesar de Rui Rio ficar próximo, com 31,6%. Santana Lopes reúne junto dos inquiridos que votaram PSD nas últimas legislativas 14,2%”. Curiosamente, o secretário-geral do PSD, Ribau Esteves, afirmou ao jornal que a sondagem “não tem qualquer sentido político porque o candidato nas eleições legislativas em 2009 está escolhido, realçando que o partido tem dois anos de trabalho pela frente”. Um politólogo e professor universitário António Costa Pinto considera que Meneses, eleito em 28 de Setembro de 2007, “passados seis meses não conseguiu criar uma imagem de credibilidade – quer na opinião pública em geral quer junto do próprio eleitorado”.
Acabei de falar de factos concretos, de opiniões e de indicadores que são públicos e que, mesmo que se pretenda desvalorizá-los, indiciam que algo vai mal neste “pequeno reino do laranjal”. É que tudo indica que Sócrates e o PS estão a preparar, se é que já não elaboraram uma calendarização pormenorizada de medidas aliciantes, destinadas a recuperar o eleitorado que parecer ter “fugido” aos socialista se a base social de apoio ao governo que sondagens diversas revelam estar a distanciar-se. Não me digam que olham para tudo isto e acham que tudo vai bem….
Mas a partir do momento em que há um líder eleito, ainda por cima num partido que não reconhece a existência de tendências internas institucionalizadas, das duas uma: ou nos submetemos à disciplina partidária e recusando ser cúmplices da asneirada ou da incompetência, optamos pelo distanciamento, por não termos que nos envolver em campanhas geradoras ainda de maior desgaste interno e da liderança, ou assumimos a oposição e permanentemente oferecemos à liderança uma oposição desgastante, falando por tudo e por nada, comentando tudo o que ela diz ou faz, exactamente o que fizeram a Marques Mendes. Como não votei em nenhum deles, sinto-me perfeitamente liberto de qualquer compromisso político, seja com quem for, até porque continuo a não acreditar que possamos ter grandes expectativas com a solução encontrada. Mas obviamente que, por princípio, e salvaguardando a minha total liberdade de opinião e de pensar o que penso e de o afirmar, não alinho em campanhas anti-Meneses porque não sou leviano.
Mas o problema não é esse. O problema é que, diz o povo, “quem cala consente”. E em política há um ónus agravador desse risco, o de que muitas vezes as pessoas defendem o silêncio, calando-se e consentindo tudo o que é mal feito, para depois falarem, perante a consumação de factos, quando já é tarde demais para mudar seja o que for ou remediar os males feitos. Em política, remediar males feitos, significa apenas e só inverter uma derrota eleitoral em vitória. Eu sei bem do que falo…
Por isso, e perante o que acabo de referir, quando olho para o PSD faço-o com preocupação. Há dias fiquei a saber que Pacheco Pereira, um dos principais críticos da actual liderança social-democrata, “quer que a direcção do PSD de Luís Filipe Menezes seja afastada antes das eleições de 2009 e prevê que a mudança de liderança vai mesmo ter de ser à bomba” (alguns órgãos de comunicação social atribuíram a Luís Filipe Menezes, a expressão de que quem o quiser afastar da presidência do PSD terá de fazê-lo "à bomba"). Pacheco vai mais longe: defende que o PSD tem de se apresentar às eleições de 2009 com uma nova liderança, interroga-se sobre se 2008 já pode ser tarde demais e em 2010 já será certamente tarde demais”. E, curiosamente, declara-se "jardinista" nesta matéria: "como Alberto João Jardim considero que a última oportunidade para inverter o plano inclinado é em princípios de 2009, depois é só assistir ao desastre anunciado". O problema é que o grupo que se apoderou do poder partidário no PSD nacional, tem blindada a situação interna de tal maneira que Pacheco reconhece que "não vai ser fácil porque vai mesmo ter que ser à bomba”, até porque em 2009 há dezenas de lugares apetecidos para distribuir e para cada lugar há cinco pessoas da “situação”. Alberto João Jardim num artigo publicado há semanas no JM alertou o partido para as suas responsabilidades e para a necessidade de ter que decidir até Janeiro de 2009 sobre se é preciso fazer uma mudança que propicie ao PSD uma expectativa ganhadora que não é o que hoje se passa, lamentavelmente, até face à especificidade da conjuntura política interna e ao desgaste que reconhecidamente esta provoca no Governo e no partido apoiante, o PS.
Aliás, e curiosamente, como se tudo isto não bastasse foi publicada esta semana uma sondagem – dirão alguns que elas valem o que valem, mas a verdade é que ela foi realizada e que não deixa de constituir uma referência, mesmo com todos esses “ses” – segundo a qual “os portugueses acreditam que Marcelo Rebelo de Sousa é o melhor candidato do PSD para disputar as eleições legislativas contra o socialista José Sócrates. O próprio eleitorado social-democrata coloca Marcelo na liderança da lista em que Luís Filipe Menezes ocupa o último lugar, abaixo de Santana Lopes, o seu líder parlamentar, e de Rui Rio, o presidente da Câmara do Porto”. Segundo a sondagem (Correio da Manhã/Aximage), “35,6% dos inquiridos considera que Marcelo Rebelo de Sousa é quem reúne melhores condições num confronto com o actual primeiro-ministro, enquanto que o presidente da Câmara do Porto surge em segundo lugar com 18,5% das preferências, registando o líder laranja menos 3,8 pontos percentuais do que Rui Rio, ficando em terceiro lugar. Santana garantia apenas 11,9% das opções”. Diz o jornal que, “a avaliar pelo eleitorado do PSD em 2005, que o cenário de Menezes piora, ao passar para o fundo da tabela. O presidente do PSD não consegue convencer os eleitores do partido e não chega aos 13%, enquanto que. Marcelo, mais uma vez, assegura a liderança, com 35,5%, apesar de Rui Rio ficar próximo, com 31,6%. Santana Lopes reúne junto dos inquiridos que votaram PSD nas últimas legislativas 14,2%”. Curiosamente, o secretário-geral do PSD, Ribau Esteves, afirmou ao jornal que a sondagem “não tem qualquer sentido político porque o candidato nas eleições legislativas em 2009 está escolhido, realçando que o partido tem dois anos de trabalho pela frente”. Um politólogo e professor universitário António Costa Pinto considera que Meneses, eleito em 28 de Setembro de 2007, “passados seis meses não conseguiu criar uma imagem de credibilidade – quer na opinião pública em geral quer junto do próprio eleitorado”.
Acabei de falar de factos concretos, de opiniões e de indicadores que são públicos e que, mesmo que se pretenda desvalorizá-los, indiciam que algo vai mal neste “pequeno reino do laranjal”. É que tudo indica que Sócrates e o PS estão a preparar, se é que já não elaboraram uma calendarização pormenorizada de medidas aliciantes, destinadas a recuperar o eleitorado que parecer ter “fugido” aos socialista se a base social de apoio ao governo que sondagens diversas revelam estar a distanciar-se. Não me digam que olham para tudo isto e acham que tudo vai bem….
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 02 de Abril de 2008)
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