Opinião: QUE “MEDO”…
Sempre que se aproximam eleições, não faltam na Madeira a antecipação de cenários pretensamente “vitoriosos”, envolvendo a oposição local, como se alguma vez ela tivesse ganho fosse o que fosse, incluindo com recursos a coligações, como já aconteceu. O problema não tem nada a ver com discursos políticos mais ou menos inflamados ou com estratégias partidárias em períodos eleitorais. Tudo tem a ver com a credibilidade de projectos programáticos, com a confiança que os candidatos conquistam junto dos eleitores, com a exequibilidade de programas. Neste contexto, reconheço que para o PSD da Madeira os únicos resultados eleitorais que poderão não ter correspondido plenamente ao esperado foram os das legislativas de 2005, não porque os social-democratas as tenha perdido (ganharam com mais 12 mil votos que o PS, segundo partido mais votado), mas porque acabaram por eleger, pela aplicação do método de Hondt o mesmo número de deputados (3) que os socialistas, apesar de ter apresentado uma lista liderada por Alberto João Jardim, e da qual fizeram parte Guilherme Silva, Correia de Jesus e Hugo Velosa. Pouco me importa saber, porque não era isso que estava em causa, quem obteve mais votos, ou seja, quem ganhou nas urnas (isso é importante para a estatística e para o moral dos partidos), porque não era isso que estava em causa. O que estava realmente em equação era saber quem elegia mais deputados ao parlamento nacional, pelo que neste caso concreto, repito, nem PSD nem PS perderam ou ganharam fosse o que fosse. Empataram!
A realidade, no que às legislativas nacionais de 2005 diz respeito, foi esta, a realidade dos números. Ora manter tudo na mesma, poderá implicar (?) um esforço redobrado, no que ao PSD madeirense diz respeito, porque há uma lógica política e eleitoral, a de Maio de 2007, que foi extraordinária e que não me parece de possa repetir. O PSD madeirense não parece estar a ponderar a eventualidade de poder confrontar-se com algum risco eleitoral, resultante do facto de manter tudo na mesma. Mas não era isso que eu pretendia abordar hoje, até porque acredito que os cenários já noticiados na comunicação social regional não têm nada a ver com as eleições nacionais, até porque a igualdade dos deputados eleitos em 20056 pelo PSD e pelo PS, desincentiva os socialistas de qualquer negociação 2009 de um hipotético entendimento político alargado a outros partidos da oposição. Mesmo que se possa admitir que os socialistas estarão a comportar-se assim porque indiferentes face a um inevitável desgaste eleitoral resultante de um conjunto de situações envolvendo o governo da República e que tanta contestação pública tem gerado.
Relativamente às eleições autárquicas, volta a surgir um cenário, ainda pouco clarificado, de uma pretensa coligação de esquerda (não da oposição regional) que eu duvido tenha sucesso garantido. Não tenho grandes dúvidas sobre a credibilidade desta informação, até porque os partidos da esquerda regional ainda sabem fazer contas…
Mas vamos a factos, porque acho importante que as pessoas percebam o que está em causa, porque motivo as coisas acontecem, quando acontecem e como acontecem e porque razão há partidos que fazem apelos a coligações, aparentemente mesmo sabendo que não têm qualquer garantia de sucesso. A uma incontornável ânsia de poder do PS, já indisfarçável no que a algumas das suas principais figuras diz respeito, o PCP certamente que responderá com a cautela que o caracteriza, com um apelo à tranquilidade próprio de quem conhece há muito as regras do jogo e pretende optar pelo calculismo preventivo de quem quer saber primeiro com quem poderá contar, e em que condições, para depois tomar uma posição política mais concreta. Vem isto a propósito da anunciada intenção (?) dos partidos da oposição de esquerda se construírem uma coligação política eleitoral, visando as autárquicas de 2009 no Funchal, mas que não me repugna pudesse alargar-se às legislativas nacionais para a Assembleia da República. Ressalvando que não acredito, que os socialistas mantenham em 2009 os resultados eleitorais de 2005, acho pouco provável que o PS local – como é sua intenção – consiga arrebanhar o PCP e o Bloco de Esquerda, numa posição de submissão total. Como tudo o que diga respeito a questões eleitorais, tem a ver com resultados, vamos a factos:
· Nas autárquicas de 2001, a esquerda toda junta – incluindo a coligação do CDS, com os socialistas na capital – obteve no Funchal 21.524 votos, 40,9% do total e distante dos 28.938 votos e 55,72% dos social-democratas. Não seria neste ano…
· Nas legislativas nacionais de 2002, os 21.703 votos (com o CDS de fora…) correspondentes a 39,23% insuficientes face aos 26.336 votos, 46,4%, da maioria social-democrata. Nas regionais de 2002, os 27.153 votos e 43% da oposição, ficaram aquém dos 35.696 votos e 46,54% da maioria social-democrata;
· Nas legislativas de 2005, as coisas mudaram de figuram, porque o PSD com 23.592 votos e 38,2% era superado pelos 30.796 votos da esquerda, correspondentes a 49,9%;
· Nas autárquicas do mesmo ano, 2005, o PSD totalizou 29.210 votos, correspondentes a 50,2% do total contra 22.390 votos da esquerda, 38,5% do total;
· Finalmente, nas regionais de 2007, o descalabro foi maior, já que o PSD totalizou 35.696 votos, 59,5% contra 27,2% da oposição, correspondentes a 16.633 votos.
O que eu recomendo, sobretudo ao PS que parece estar a liderar este cenário de coligações à esquerda, excluindo imediatamente o CDS (quanto ao PND e ao MPT também não foram contabilizados os resultados anteriores a 2007), é que tenha presente que o espectro de uma coligação eleitoral à esquerda, no que ao Funchal diz respeito, não representa, por si só qualquer garantia de sucesso, bem pelo contrário. E podem acreditar que estas “ameaças” de pretensas coligações eleitorais, não amedrontam minimamente o PSD da Madeira, até porque – e podem “tirar o cavalinho da chuva”… – os social-democratas também sabem fazer, e bem, as suas contas. E, mais do que isso, os social-democratas sabem que há uma tradição eleitoral na Madeira, em grande medida cimentada pela bipolarização que continua hoje a subsistir, que, até prova em contrário, não deve ser desprezada pelo PS e pelos seus pretensos parceiros a um entendimento eleitoral…
A realidade, no que às legislativas nacionais de 2005 diz respeito, foi esta, a realidade dos números. Ora manter tudo na mesma, poderá implicar (?) um esforço redobrado, no que ao PSD madeirense diz respeito, porque há uma lógica política e eleitoral, a de Maio de 2007, que foi extraordinária e que não me parece de possa repetir. O PSD madeirense não parece estar a ponderar a eventualidade de poder confrontar-se com algum risco eleitoral, resultante do facto de manter tudo na mesma. Mas não era isso que eu pretendia abordar hoje, até porque acredito que os cenários já noticiados na comunicação social regional não têm nada a ver com as eleições nacionais, até porque a igualdade dos deputados eleitos em 20056 pelo PSD e pelo PS, desincentiva os socialistas de qualquer negociação 2009 de um hipotético entendimento político alargado a outros partidos da oposição. Mesmo que se possa admitir que os socialistas estarão a comportar-se assim porque indiferentes face a um inevitável desgaste eleitoral resultante de um conjunto de situações envolvendo o governo da República e que tanta contestação pública tem gerado.
Relativamente às eleições autárquicas, volta a surgir um cenário, ainda pouco clarificado, de uma pretensa coligação de esquerda (não da oposição regional) que eu duvido tenha sucesso garantido. Não tenho grandes dúvidas sobre a credibilidade desta informação, até porque os partidos da esquerda regional ainda sabem fazer contas…
Mas vamos a factos, porque acho importante que as pessoas percebam o que está em causa, porque motivo as coisas acontecem, quando acontecem e como acontecem e porque razão há partidos que fazem apelos a coligações, aparentemente mesmo sabendo que não têm qualquer garantia de sucesso. A uma incontornável ânsia de poder do PS, já indisfarçável no que a algumas das suas principais figuras diz respeito, o PCP certamente que responderá com a cautela que o caracteriza, com um apelo à tranquilidade próprio de quem conhece há muito as regras do jogo e pretende optar pelo calculismo preventivo de quem quer saber primeiro com quem poderá contar, e em que condições, para depois tomar uma posição política mais concreta. Vem isto a propósito da anunciada intenção (?) dos partidos da oposição de esquerda se construírem uma coligação política eleitoral, visando as autárquicas de 2009 no Funchal, mas que não me repugna pudesse alargar-se às legislativas nacionais para a Assembleia da República. Ressalvando que não acredito, que os socialistas mantenham em 2009 os resultados eleitorais de 2005, acho pouco provável que o PS local – como é sua intenção – consiga arrebanhar o PCP e o Bloco de Esquerda, numa posição de submissão total. Como tudo o que diga respeito a questões eleitorais, tem a ver com resultados, vamos a factos:
· Nas autárquicas de 2001, a esquerda toda junta – incluindo a coligação do CDS, com os socialistas na capital – obteve no Funchal 21.524 votos, 40,9% do total e distante dos 28.938 votos e 55,72% dos social-democratas. Não seria neste ano…
· Nas legislativas nacionais de 2002, os 21.703 votos (com o CDS de fora…) correspondentes a 39,23% insuficientes face aos 26.336 votos, 46,4%, da maioria social-democrata. Nas regionais de 2002, os 27.153 votos e 43% da oposição, ficaram aquém dos 35.696 votos e 46,54% da maioria social-democrata;
· Nas legislativas de 2005, as coisas mudaram de figuram, porque o PSD com 23.592 votos e 38,2% era superado pelos 30.796 votos da esquerda, correspondentes a 49,9%;
· Nas autárquicas do mesmo ano, 2005, o PSD totalizou 29.210 votos, correspondentes a 50,2% do total contra 22.390 votos da esquerda, 38,5% do total;
· Finalmente, nas regionais de 2007, o descalabro foi maior, já que o PSD totalizou 35.696 votos, 59,5% contra 27,2% da oposição, correspondentes a 16.633 votos.
O que eu recomendo, sobretudo ao PS que parece estar a liderar este cenário de coligações à esquerda, excluindo imediatamente o CDS (quanto ao PND e ao MPT também não foram contabilizados os resultados anteriores a 2007), é que tenha presente que o espectro de uma coligação eleitoral à esquerda, no que ao Funchal diz respeito, não representa, por si só qualquer garantia de sucesso, bem pelo contrário. E podem acreditar que estas “ameaças” de pretensas coligações eleitorais, não amedrontam minimamente o PSD da Madeira, até porque – e podem “tirar o cavalinho da chuva”… – os social-democratas também sabem fazer, e bem, as suas contas. E, mais do que isso, os social-democratas sabem que há uma tradição eleitoral na Madeira, em grande medida cimentada pela bipolarização que continua hoje a subsistir, que, até prova em contrário, não deve ser desprezada pelo PS e pelos seus pretensos parceiros a um entendimento eleitoral…
Luís Filipe Malheiro (publicado no "Jornal da Madeira, 12 de Março de 2008)
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