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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Opinião: PRECAUÇÕES

Ninguém duvida, por muito forte, atractiva e aliciante que seja a propaganda, que os tempos não auguram motivos para grandes esperanças. A crise, que finalmente chegou a Portugal – pelos vistos o nosso país não conseguiu passar ao lado do ricochete da crise iniciada nos EUA e que o Presidente do Banco Europeu ainda esta semana disseque o pior nem sequer tinha ainda passado… - afecta a vida dos portugueses e das empresas, vão condicionar fortemente a política governativa, pode impedir a tomada de medidas agendadas pata o ultimo trimestre deste ano mas sobretudo para o ano eleitoral de 2009, pelo que recomenda o bom senso que os portugueses não se envolvam em grandes aventuras, que controlem os níveis consumistas, que tanto quanto possível (não sei bem como, mas…) comecem a poupar e que não se endividem para além de níveis aceitáveis. Não se trata de querer ser alarmista ou de cair no exagero de querer insinuar sequer que o “inferno” vem aí. Nada disso. Trata-se, tão-somente, de apelar ao bom senso e á inteligência de perceber realidades – os meios de comunicação social são fundamentais nessa ajuda – que muitas vezes os políticos não querem que as pessoas percebam na sua amplitude e dimensão real. Existem notícias, recentes, que recordo resumidamente, que ajudam a perceber – assim espero – os motivos dos meus apelos à reforçada precaução, ao redobrado cuidado e á recusa em aventurar-se em compromissos que depois acabam por penalizar os orçamentos familiares, desequilibrando-os e criando problemas que nalguns casos podem ser graves:
- “Os portugueses precisarão este ano de trabalhar 139 dias só para pagar impostos, o que quer dizer que até ao passado dia 19 de Maio trabalhamos todo para cumprirmos essa obrigação. Só depois de 20 de Maio o salário se torna verdadeiro rendimento líquido, indica um estudo apresentado no denominado “Dia de Libertação dos Impostos”, em que a cobertura da carga fiscal pelos rendimentos dos cidadãos fica completa. O estudo do Gabinete de Análise Económica da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com a Associação Industrial Portuguesa “não adianta nada em relação às contrapartidas que o Estado presta aos contribuintes pelo cumprimento das suas obrigações fiscais” mas sempre foi lembrando que os suecos precisam de trabalhar até meados de Junho para atingirem o seu DLI, neste caso “sem qualquer sentimento de insatisfação, uma vez que as contrapartidas que recebem do Estado em serviços e o retorno da carga fiscal em benefícios sociais são vistos como largamente compensadores”;
- O número de trabalhadores por conta de outrem aumentou 1,1% no primeiro trimestre do ano, face ao período homólogo, em parte sustentado no incremento de 11% dos contratados a termo. Indicadores do Instituto Nacional de Estatística confirmam que no final do primeiro trimestre deste ano havia em Portugal quase 4 milhões de trabalhadores por conta de outrem, mais 42,2 mil indivíduos do que no mesmo período do ano de 2007. Havia 718,1 mil trabalhadores com contratos a termo no primeiro trimestre, mais 71,4 mil do que no período homólogo transacto, enquanto que o número de trabalhadores com contrato sem termo caiu 0,8% (menos 22,9 mil indivíduos). O INE diz que “mais de 60% dos trabalhadores com contratos a termo encontrava-se no sector dos serviços e 34% no sector da indústria, construção, energia e água”. Os contratos a prazo, afectam envolviam mais os homens (51%) do que as mulheres (49%);
- Por outro lado, os salários dos administradores executivos das empresas que integram o chamado PSI-20 desceram 2% no ano passado, acompanhando o recuo de 1,7% nos lucros das cotadas, conforme revelou um estudo divulgado pelo "Jornal de Negócios". De acordo como periódico, atenuou-se também a diferença entre os salários dos administradores e os trabalhadores das respectivas empresas, na medida em que enquanto que em 2006 um trabalhador tinha de trabalhar, em média, 30 meses para ganhar o mesmo que um administrador ganha mensalmente, no ano passado esse fosso diminui (em 2007, os administradores tinham um ordenado 23 vezes maior do que os trabalhadores). Quanto às remunerações dos gestores, o panorama de 2007 evidenciou uma inversão em relação a 2006, já que os salários dos administradores tinham crescido cerca 9% e os lucros das empresas subido pouco mais de 2,5%. Mas o ano e 2007 foi de descidas, maiores nas remunerações do que nos lucros. O “JN” revela que apenas oito empresas diminuíram os salários das suas administrações, o que quer dizer que, não fossem os fortes cortes do Millennium BCP ou da Semapa, as remunerações do grupo das empresas do chamado PSI-20 teriam subido novamente. Na lista das empresas cotadas que melhor pagam aos seus gestores, o BCP diminui para 1,7 milhões de euros o salário de cada administrador, contra os cerca de 3 milhões que recebiam no ano anterior. A Semapa fez o mesmo que o banco, já que os seus administradores executivos viram a remuneração cair 74%, passando dos 1,8 milhões de euros (em 2006) para 466 mil (em 2007). No outro extremo aparecem a Sonae e a Portugal Telecom, as empresas que pagam os salários mais elevados aos seus gestores. Na PT cada administrador executivo ganhou, em média, 2,2 milhões de euros, 99 vezes mas do que um trabalhador da empresa, enquanto que a Sonae SGPS, aprovou uma subida de 138% nas remunerações da administração do grupo, totalizando os 10,8 milhões de euros;
- O governo socialista de José Sócrates, garante o “Diário Económico”, continua longe da meta dos 150 mil, traçada para a legislatura, revelam os dados do INE. Isto porque desde que o executivo tomou posse apenas foram criados 96,6 mil novos empregos. Isto porque desde que o governo tomou posse, no final do primeiro trimestre de 2005, foram criados 96.600 postos de trabalho. “Os dados sobre o mercado do emprego, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística revelam que os primeiros meses de 2008 permitiram atenuar a destruição de emprego verificada no final do ano passado, mas ainda assim continuam a faltar 53.400 postos de trabalho para que o Executivo cumpra o que prometeu”, diz o “DE”. Em termos globais, no final do primeiro trimestre de 2008, a população portuguesa empregada situava-se nos 5.191 milhões, mais 55,3 mil pessoas do que os registados no período homólogo e mais 2,8 mil do que no final de 2007;
- O Produto Interno Bruto (PIB) português avançou 0,9% no primeiro trimestre, face ao período homólogo, menos 0,9 pontos percentuais que no trimestre anterior, de acordo com um estimativa do Eurostat, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística. Segundo o INE, "este abrandamento estará relacionado com o menor dinamismo da procura interna, particularmente do investimento, e reflectirá também efeitos de calendário significativos". O documento adianta que nos primeiros três meses do ano, o consumo privado terá estabilizado devido a uma aceleração do consumo corrente e do abrandamento do duradouro. A contribuir para este abrandamento esteve ainda uma desaceleração do investimento, nomeadamente na área da construção, garante o “Jornal de Negócios”. Na Zona Euro, o Eurostat estima que o PIB terá crescido 2,2% no primeiro trimestre deste ano, uma variação idêntica à verificada no trimestre anterior, estabilização que resulta de "um comportamento heterogéneo das principais economias da Área Euro, destacando-se a aceleração verificada na Alemanha, a estabilização em França e o abrandamento em Espanha".
Dúvidas?


Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 22 de Maio de 2008)

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