Opinião: DE FORA…
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Mas sobre este tema prefiro que sejam os meios de comunicação, que estiveram presentes na conferência de imprensa, a abordá-lo e a destacar o que eles consideram ter sido os aspectos ou as passagens (da declaração) mais importantes. Há muito que as pessoas perceberam o que eu penso de todo este processo. E fosse qual fosse a decisão tomada por Alberto João Jardim - esta que ontem revelou, a opção pensada e reflectida por uma posição de expectativa, estrategicamente pensada, fosse a decisão de avançar com a sua candidatura, independentemente de se tratar de um perigoso aventureirismo e de não se conhecerem os resultados que dela resultariam - eu estaria ao seu lado, apoiando-o. Salvo quanto a uma opção por ele tomada, na medida em que, com a mesma liberdade que reconheço a qualquer pessoa de escolher e decidir em função da sua consciência, ao contrário do que o Presidente do PSD da Madeira revelou – o seu apoio a Santana Lopes – recuso, em consciência e com convicção, dar o meu voto a uma pessoa, contra a qual nada de move em termos pessoais, como aliás facilmente se imagina, mas porque no plano político e partidário, além de não o considerar uma mais-valia para o PSD, não concebo que a revolução que eu entendo que o PSD precisa, urgentemente, nunca se fará com pessoas que protagonizam a continuidade, mais do mesmo, um passado desastroso do qual foi protagonista. Ou será que podemos esquecer, três escassos anos depois (!) que foi com Santana Lopes que o PSD obteve um dos seus piores resultados de sempre e, pior do que isso, que foi com Santana Lopes que os socialistas conseguiram o que nunca antes lograram alcançar, nem com o líder histórico e seu fundador, Mário Soares: uma maioria absoluta em nome da qual conseguiram, há que reconhecer, alguns aspectos positivos, mas em nome da qual, também cometeram também alguns abusos perfeitamente dispensáveis sobretudo quanto à forma como trataram com a Madeira.
Por natural falta de espaço, e para não ser muito incomodativo, particularmente para os que se derem ao trabalho de me lerem, limitar-me-ei, nesta parte final, a afirmar que continuo a pensar que Cavaco Silva, directa ou indirectamente, até pelo relacionamento que tem com Manuela Ferreira Leite, não pode deixar de ter sido ouvido previamente pela candidata quanto à decisão tomada. Confesso que não acredito que o Presidente das República, naturalmente que não nessa qualidade, mas enquanto amigo pessoal da sua conselheira de Estado (Ferreira Leite é membro do Conselho de Estado por escolha directa de Cavaco Silva), e independentemente do facto de tudo ter feito, durante a sua visita à Madeira – altura em que começaram estes problemas todos – para distanciar-se de tudo o que se passava no PSD, não tenha sido abordado, situação que me parece, pelo que referi anteriormente, perfeitamente natural. A questão que gostaria de colocar - mas que desenvolverei amanhã - tem a ver com o facto de saber o que é que mais interessa a Cavaco Silva na perspectiva da reeleição, se um PSD com capacidade de vencer as eleições legislativas, hipótese que em certa medida ameaçaria o seu natural desejo de reeleição em 2010, ou se um PSD enfraquecido e na oposição, hipótese que estaria mais próxima da opção dos portugueses que sempre recusaram a possibilidade – sonhada por Sá Carneiro – de uma maioria, um Governo e um Presidente, todos da mesma área política. Ou seja, importaria saber se a Cavaco Silva, para viabilizar a reeleição presidencial, o importante será ou não uma realidade política e parlamentar idêntica, ou próxima da actual, sendo quem, neste caso, a fragilidade dos social-democratas estaria directamente relacionada com a respectiva liderança. Parece complicado? Garanto que não .Como veremos….
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 15 de Maio de 2008)
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