PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

ARTIGO: Escroques

Há por aí uns tipos, oportunistas e intriguistas da pior espécie, que me dão pena, mas que passam o dia a dizer mal de tudo e de todos, vivendo bem na podridão mal-cheirosa que representa o mundo que eles construíram e onde vivem, mergulhados nas suas frustrações e habilidades, espalhando dejectos no seu caminho, e apenas sentindo-se satisfeitos com a maledicência, ora política, ora por coisas menores, sempre e em qualquer dos casos, sem serem capazes de esconder que o seu principal problema continua a ser a inveja, a frustração de não serem importantes, graças ao combate feitas contra essa ambição desmedida por parte de quem conhece o tipo de ralé com que lida e tem toda a legitimidade para mantê-los à distância. Eles bajulam, até demais, porque querem sobreviver politicamente, precisam dos tachos. Mas depois, libertos desse “ónus”, ei-los cuspindo no prato onde comem as lentilhas, alegadamente porque nunca lhes dão o que eles querem, o penacho. São os oportunistas que mancham a política, prejudicam os partidos e abalam a confiança que muitas vezes as pessoas depositam nos líderes. Julgam-se importantes, abraçam empresários, lambem-lhes as botas, vivem à custa deles e dos empregos que estes lhes dão, sempre vendendo a ideia de que são capazes de manipular pessoas ou decisões. Deixam um rasto de suspeição, de polémica, de incompetência e soluções “milagrosas” que depois se desmoronam, transformando respeitáveis instituições, empresariais ou institucionais, em exemplares do descrédito. Ei-los, arrogantes e convencidos, andando por aí quais importantões, julgando que alguém lhes passa cartão, acreditando que influenciam ou manipulam sejam quem for, só porque berram alto, em vez de falarem. Vendem essa ideia e dela tiram proveitosos rendimentos (quem sabe se um dia…), porventura nem olham para o passado, por vergonha. Mas quanto a língua afiada, eles são os maiores. Enterrados no areal do Porto Santo ou apascentados nos cafés ali nas bandas da Sé, eles são os mesmos de sempre, incuráveis, intratáveis. Pior que lixo. Querem ser tudo na vida, queriam ser tudo na política. São apenas uns miseráveis, dos quais sentimos pena, porque já nem do ridículo eles se apercebem. Repito, deles temos pena. Não mais do que isso. Entram em desespero, numa paranóia doentia e incontrolável que não é de hoje, porque se apercebem que a hora deles está a chegar. Ninguém mais tem paciência para os aturar, estes eternos candidatos a qualquer coisa, sistematicamente adiados (e ainda bem). Por isso quando outros, bem ou mal, conseguem alguma coisa — com esforço e apenas por aposta na valorização profissional — gozam, tentam ridicularizar, nos cafés, junto de outros oportunistas do mesmo partido, que se aos poucos, pela sede de tachos e de protagonismo, se transformam em capangas dispostos a servir de paus-mandados de tudo e para tudo. Mas não se apercebem de algo essencial: a credibilidade que ninguém lhes dá, a má fama que granjearam para si. Gente que não vale um cêntimo, que por enquanto ainda anda na política, política que espera (e desespera) pelo momento de os ver pelas costas, definitivamente, para que finalmente seja possível dar mais um passo em frente na credibilidade que ela precisa. Hipócritas convencidos, incompetentes mas afamados “gestores” de falências camufladas, quais inigualáveis aves de arribação. Neste Natal a nossa bondade é ignorá-los a todos. Como? Concedendo-lhes o desprezo que a mediocridade merece. Falam alto pelos cafés, tal como o fazem na praia, berram, gesticulam, dizem mal de companheiros que depois passam a mão nas costas, como se os outros fossem obrigados a ouvi-los. Levam a intriga ao extremo, tentando derrubar pessoas com as quais trabalham e às quais devem respeito, mais não seja pela idade mais avançada, só para lhes conquistarem a cadeira e o lugar. Vivem dos e para os tachos, e bufam que se fartam. Sempre cheirando mal. Telefonam muito, para terem visibilidade, para que deles façam notícias. Tudo serve, desde que deles falem, que os coloquem no pedestal de onde há muito caíram. E se os outros começarem a falar deles, do passado, de factos ainda hoje sob suspeição, de decisões tomadas, das causas para elas, dos fretes consumados, de manipulações, de jogos e maquinações económicas, das histórias de relações pessoais (e não só) terminadas em conflitualidade levado ao extremo, de interesses obscuros, de traições e oportunismos, de facadas nas costas, etc., será que eles continuavam, sequer, de cabeça erguida, olhando-se ao espelho? Pateticamente “importantes”, mediocramente rafeiros da pior espécie. Eles são assim. O problema é que temos que aturar isto e semelhante gente. Depois, quando for tarde, procurem as causas para as derrotas, para os votos que se perdem. Então, infelizmente, será tarde de mais, porque não houve, enquanto foi tempo, a coragem de afastar quem se serve em vez de servir, quem usa em vez de partilhar, quem ataca em vez de defender, quem sistematicamente cospe no prato onde come lentilhas. E não me venham com a treta de que o inimigo está lá fora. Está sim senhor, mas não só. O inimigo está, muitas vezes, dentro de casa, demasiado perto de nós, movendo-se traiçoeiramente, ambicioso, dizendo mal de tudo e de todos, até daqueles que têm sido, todos estes anos, o principal colchão dessa gente sem escrúpulos. O inimigo está realmente lá fora, eu seu disso. Mas tenho o direito de dizer que me borrifo nesta gentalha miserável e escroque, tal como tenho o dever ético de lembrar que estarei sempre do outro lado da barricada, até porque nunca precisei de andar noutros partidos, de ser candidato e só depois entrar no PSD, pela porta das traseiras, ainda por cima comportando-se como se se tratassem de laranjas desde pequeninos. Os partidos podem ter memória curta. Mas não perdem a sua história.

Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 15 de Dez 2006

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