PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Governo britânico considerou dar independência à Irlanda do Norte

Mortes em série e poucos sinais de progresso político na Irlanda do Norte no início de 1976 levaram o chefe do Executivo britânico na altura, Harold Wilson, a temer que líderes unionistas declarassem unilateralmente a independência e a considerar assim concedê-la a Belfast. A revelação consta de documentos agora desclassificados dos arquivos nacionais de Kew, em Londres.
Harold Wilson, que via o seu mandato chegar ao fim, estava assustado com o evoluir da situação, segundo os documentos, citados pelo diário britânico The Times. Em 1975 o IRA tinha quebrado o cessar-fogo após o falhanço do acordo de Sunningdale, que previa um governo autónomo com divisão de poder entre unionistas e nacionalistas. Em Janeiro do ano seguinte, 15 pessoas tinham morrido em vários ataques na Irlanda do Norte. Nas oito páginas do documento intitulado Nota Apocalítica Para Registo, Wilson descrevia como "os assim chamados lealistas" poderiam "tornar-se incontroláveis" e tentarem separar-se do Reino Unido "ao estilo da Rodésia".
O primeiro-ministro pediu "planos de contingência para um cenário de declaração unilateral de independência". Neste caso, temia Wilson, Londres enfrentaria um período de "terrorismo inspirado no Ulster" vindo de Glasgow e Liverpool.
O resto do Executivo, diz ainda o Times, não partilhava desta visão apocalíptica do primeiro-ministro, que se demitiu dois meses depois, queixando-se de ser escutado pelos serviços secretos.
Os documentos revelam ainda outras curiosidades, como o modo como os britânicos troçavam de Giscard d"Estaing, segundo o diário francês Le Monde.
Os responsáveis britânicos notavam que o então presidente francês vinha "sem dúvida da alta burguesia francesa, uma casta que se distingue pela sua riqueza, os seus privilégios e a certeza sublime de que tem o direito a liderar", escreveu o embaixador britânico em Paris, Nicholas Henderson.
"As suas maneiras um tanto ou quanto pouco didácticas não parecem irritar os franceses, que não se mostram incomodados com o seu hábito de morder os lábios e de dizer cada sílaba com uma clareza afectada", continua o diplomata numa carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros. Na época era preparada uma viagem do Presidente francês ao Reino Unido.
Fonte: Maria João Guimarães, Publico

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast