Chineses juntam "striptease" aos enterros
Numa localidade da China as famílias com grande poder económico homenageiam os seus defuntos com cerimónias fúnebres eróticas onde não falta nada (mas mesmo nada) e as sessões de "striptease" merecem mais atenção do que o próprio morto. Um funeral lotado é, seja qual for a cultura, uma honra para o defunto e para a sua família. Por cá, as demonstrações de pesar são contidas e as cerimónias fúnebres não são razão para festejos. Mas em algumas regiões da China, um bom enterro mede-se pela sua assistência. A cerimónia tem de conseguir atrair muita gente, mesmo que o defunto não passe de um desconhecido para grande parte dos presentes. Para garantir a audiência e amenizar os funerais, as famílias encontraram uma fórmula ideal. Muita música, teatro e até representações de opera são "condimentos" obrigatórios. Mas nos últimos anos, na localidade de Fonte Quente (Wen Quan) – uma zona de economia afortunada graças às suas potencialidades termais – a palavra enterro ganhou uma nova dinâmica. Os espectáculos fúnebres eróticos, cada vez mais célebres, são garantia imediata para um funeral lotado. E se o defunto fica honrado com a afluência ao seu enterro, a satisfação dos presentes parece ser, sem dúvida, muito maior. Em Fonte Quente (designação que nada tem a ver com esta sugestiva forma de honrar os mortos), um enterro é uma actividade lúdico-cultural e para as companhias artísticas, um negócio bastante lucrativo. Muitos grupos de teatro já se especializaram neste segmento de mercado rentável, onde há sempre negócio, e preferem um bom enterro a um espectáculo tradicional menos intimista.
De fazer corar o morto
Quanto mais remota e pequena é a aldeia, mais picantes são os funerais, com nus integrais e aproximações eróticas ao público capazes de fazer corar até o mais sabido dos espectadores. Como manda a tradição, as famílias mais poderosas contratam não uma mas duas companhias que competem entre si, com outros talentos que não o teatro ou a música e onde tudo pode acontecer. Mas a proliferação desta sui generis forma de dizer adeus trouxe a público a realidade social degradante em que vivem cerca de 140 milhões de trabalhadores migrantes da China. Deslocados para esta próspera zona, situada na Província Oriental de Jiangsu, estes operários que vivem afastados das famílias encontram nos funerais eróticos uma fonte de satisfação gratuita.
Remédio para mal social
Segundo um estudo do Ministério da Saúde daquele país, “88% destes trabalhadores sofrem de depressão sexual, o que os leva a recorrer a filmes pornográficos e, nos casos mais extremos, à violação”. Wu Yiming, decano do Departamento de Sociologia da Universidade de Nanquim, explica que “o escândalo suscitado por este funerais trouxe á luz do dia as necessidades dos trabalhadores migrantes rurais que vivem nos centros industriais chineses, em precárias condições de vida, com regimes exaustivos de trabalho, afastados das suas famílias e sem tempo ou recursos para satisfazerem os seus desejos sexuais”. O especialista considera que é urgente apresentar medidas que assegurem a melhoria das condições de vida destes operários. “Ignorar esta questão levará ao acentuar de problemas físicos e psicológicos com forte impacto social”, alerta. Entre as várias propostas de Wu Yiming estão a punição dos patrões que abusem destes trabalhadores, a criação de centros de lazer onde possam jogar às cartas e ver filmes (saudáveis) ou a distribuição de preservativos gratuitos para evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis. O académico acredita ainda que uma boa alternativa aos funerais eróticos é a criação dos "Ninhos de Amor", apartamentos baratos alugados aos trabalhadores quando recebem as visitas das mulheres. Até lá, os funerais continuam a ser uma alternativa crescente de distracção, na China. Uma opinião só contrariada pelo defunto que, de resto, nunca expressou essa posição publicamente.
De fazer corar o morto
Quanto mais remota e pequena é a aldeia, mais picantes são os funerais, com nus integrais e aproximações eróticas ao público capazes de fazer corar até o mais sabido dos espectadores. Como manda a tradição, as famílias mais poderosas contratam não uma mas duas companhias que competem entre si, com outros talentos que não o teatro ou a música e onde tudo pode acontecer. Mas a proliferação desta sui generis forma de dizer adeus trouxe a público a realidade social degradante em que vivem cerca de 140 milhões de trabalhadores migrantes da China. Deslocados para esta próspera zona, situada na Província Oriental de Jiangsu, estes operários que vivem afastados das famílias encontram nos funerais eróticos uma fonte de satisfação gratuita.
Remédio para mal social
Segundo um estudo do Ministério da Saúde daquele país, “88% destes trabalhadores sofrem de depressão sexual, o que os leva a recorrer a filmes pornográficos e, nos casos mais extremos, à violação”. Wu Yiming, decano do Departamento de Sociologia da Universidade de Nanquim, explica que “o escândalo suscitado por este funerais trouxe á luz do dia as necessidades dos trabalhadores migrantes rurais que vivem nos centros industriais chineses, em precárias condições de vida, com regimes exaustivos de trabalho, afastados das suas famílias e sem tempo ou recursos para satisfazerem os seus desejos sexuais”. O especialista considera que é urgente apresentar medidas que assegurem a melhoria das condições de vida destes operários. “Ignorar esta questão levará ao acentuar de problemas físicos e psicológicos com forte impacto social”, alerta. Entre as várias propostas de Wu Yiming estão a punição dos patrões que abusem destes trabalhadores, a criação de centros de lazer onde possam jogar às cartas e ver filmes (saudáveis) ou a distribuição de preservativos gratuitos para evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis. O académico acredita ainda que uma boa alternativa aos funerais eróticos é a criação dos "Ninhos de Amor", apartamentos baratos alugados aos trabalhadores quando recebem as visitas das mulheres. Até lá, os funerais continuam a ser uma alternativa crescente de distracção, na China. Uma opinião só contrariada pelo defunto que, de resto, nunca expressou essa posição publicamente.
fonte: Cátia Mateus (semanário “Expresso”)
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