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quarta-feira, 14 de março de 2007

Curiosidades: Se os gelos se derreterem mesmo, como ficará a Terra?

Se todo o gelo da Antárctida se derretesse, o nível dos mares subiria uns 80 metros. Adeus Lisboa, Londres, Nova Iorque... A cabeça do Cristo Rei, em Almada, poderia ainda ficar de fora de água, pois está 113 metros acima do nível do mar. O mundo tornar-se-ia mais azul, certamente, mas as grandes cidades, onde vive a maior parte da população mundial, ficam sobretudo em zonas costeiras. E essas ficariam debaixo de água. Este é o principal motivo pelo qual o início do Ano Polar Internacional, que se iniciou a 1 de Março, é um assunto que diz respeito a toda a gente, em todo o mundo. Os pólos são talvez o factor estabilizador do clima mais importante do planeta, e são os locais da Terra onde os efeitos do aquecimento global se fazem sentir mais e mais depressa. "As alterações climáticas têm de ser a preocupação número um para o futuro próximo durante este século. Por causa da importância desta região, pode-se fazer aqui investigação vital, nos oceanos e em terra", disse o ministro da Ciência britânico, Malcom Wicks, durante a visita que fez à estação científica da British Antarctic Survey em Rothera, perto da ponta da Península Antárctida, o dedo de gelo que se estende na direcção da América do Sul. Um dos objectivos do Ano Polar Internacional é precisamente juntar todos os cientistas que estudam os pólos - desde as espécies animais que lá vivem até à velocidade com que se deslocam os glaciares, a variedade é enorme - para trabalharem em conjunto, criando bases de dados que possam ser usadas por todos. Para que todos trabalhem em conjunto, e não cada um no seu cantinho. Espera-se que participem 50.000 pessoas, de mais de 60 países - entre os quais Portugal. As nações devem gastar cerca de 1500 milhões de dólares em investigação científica sobre os pólos. A iniciativa é lançada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM, uma agência das Nações Unidas) e pelo Conselho Internacional para a Ciência, uma organização não-governamental que reúne uniões internacionais e agências nacionais de ciência. O Ano Polar vai prolongar-se até Março de 2009 - são na verdade dois anos, porque uma estação polar completa tem de funcionar durante 18 meses, para abarcar um ciclo de Verão-Inverno-Verão, explica o site da iniciativa (em http://www.ipy.org). Só assim é possível instalar instrumentos, durante o primeiro Verão e recolhê-los no seguinte, para ter resultados, porque durante o Inverno os pólos são impraticáveis. "O Ano Polar surge num momento de encruzilhada para o futuro do planeta: a divulgação este mês da primeira fase da quarta avaliação feita pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas mostra que as regiões polares são altamente vulneráveis à subida de temperatura", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "Mas há pouco material e instalações para fazer observações meteorológicas e ambientais nos pólos", continuou Jarraud. "É essencial instalar mais e aumentar a cobertura por satélites, para obter uma melhor visão panorâmica de quão rapidamente estas regiões estão a mudar, e qual o impacto global dessas mudanças." A colaboração internacional para o estudo dos pólos tem uma história de 125 anos, desde o primeiro Ano Polar, em 1882-1883 (o segundo foi em 1932-1933). Mas o que começa agora será o maior programa de investigação científica internacional dos últimos 50 anos, com 228 projectos. Conhecer o estado ambiental das regiões polares, quantificar e compreender as mudanças ambientais e as suas consequências sociais, avançar no entendimento das interacções entre os pólos e o resto do globo são algumas das vertentes dos projectos de investigação. Mas o isolamento dos pólos torna-os interessantes para estudar até o Universo, como a radiação cósmica ou os misteriosos neutrinos que vêm do Sol. Nem o céu é o limite para explorar as grandes vastidões brancas do nosso planeta - ainda que ameacem ficar cada vez mais escuras.
Fonte: Clara Barata, Publico (texto e foto)

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