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quarta-feira, 14 de março de 2007

Artigos: Eleições regionais (VII)

A “guerra” de cartazes de propaganda eleitoral entre o PS e o Governo Regional, obrigando este a ter que responder com recurso a publicidade institucional, promete. Jacinto Serrão já reclamou que os socialistas vão continuar a utilizar a sua “verdade” para atacar o Governo Regional, numa clara tentativa de branquear a responsabilidade e os erros do poder socialista em Lisboa e, pior do que isso, branquear cumplicidades e responsabilidades locais, apenas compreensíveis em situações de falta de ética, falta de nível e ausência total de princípios. Desde quando se pode premiar nas urnas um partido que aprovou e aplaudiu uma lei que tira à Madeira, só este ano, mais de 6 milhões de contos, mas que até 2014 prejudica a Região em cerca de 500 milhões de euros a preços correntes, tudo para alimentar megalomanias e estranhas (esquisitíssimas) insistências em projectos megalómanos e multimilionários, como a OTA e o TGV, que parecem esconder outros interesses bem mais complicados? Algum madeirense com inteligência e orgulho próprio aceita comportamentos deste género por parte de indivíduos que se dizem políticos e que, pior que tudo isto, ainda se dizem dispostos a tomar o poder regional para melhor “servirem” o povo? Dizia há dias Serrão — eu ouvi-o numa rádio… — num pretendo “aviso” aos departamentos do governo e sociedades de desenvolvimento, que podem continuar a responder ao que o PS for denunciando nos seus cartazes de propaganda, que eles vão continuar com a mesma orientação, vão continuar a contar as “verdades” deles para que o povo vote, imagine-se, devidamente esclarecido. Será que o povo madeirense, o eleitorado da nossa Região, para poder votar de forma “esclarecida” precisa de aturar as encenações propagandísticas dos socialistas locais? A propósito, está mais do que evidente que há uma campanha orquestrada, envolvendo alguns meios de comunicação social, visando ampliar o ruído socialista local, criando factos políticos em torno de menoridades confrangedoras, dando da Região uma paupérrima imagem de gente tonta, de mentecaptos sem nível. Eu sei — e eles sabem que eu sei… — que existe um propósito de levar para o exterior uma imagem degradada da realidade regional, uma ideia deprimente do exercício da política na Madeira, como se os socialistas fossem os grandes salvadores, empenhados numa luta contra os caciques, corruptos, incompetentes, bêbados, etc. nesta ordem, de ideias, os cartazes socialistas são um “maná” caído dos céus para alimentar os eleitores esfomeados de liberdade e de verdade, enquanto que os esclarecimentos do Governo Regional publicados em publicidade, são uma espécie de mensagem demoníaca. Isto faz-me lembrar aquela treta das eleições intercalares em vez de antecipadas e outras encenações, compras e vendidas com propósitos claramente opostos aos princípios éticos do jornalismo e que se exigem aos seus profissionais. Há dias vimos o Ministro Mário Lino, um dia depois do PSD ter criticado a OTA, insistir no projecto, criticar os social-democratas e afirmar que termos um aeroporto da Ota antes de 2017 é "um compromisso pessoal". Um compromisso pessoal? Então o governo socialista funciona à base de compromissos pessoais que envolvem milhões de milhões de euros? Eu acho bem que o Governo Regional responda ao PS da forma que entender, tal como Mário Lino, Correia de Campos e outros Ministros respondem ao PSD e demais partidos da oposição, por declarações políticas ou recorrendo à publicidade institucional. Lembro, a propósito, o recente caso na revista “Fortune” que trouxe polémica sobre os gastos em marketing e a forma como o Executivo socialista de Lisboa lida com os media. E lembrar que, para custos de publicidade, o Orçamento de Estado inclui para este ano uma verba de quase 40 milhões de euros, 8 milhões de contos! O caso da “Fortune” é uma pouca-vergonha que revela o descaramento reinante nos corredores do poder lisboeta. Tratou-se de uma campanha de promoção às reformas do Governo (que chegou a colocar em causa Cavaco Silva), em vez de divulgar o País. Mas a verdade é que ninguém diz quem encomendou o trabalho nem quanto custou. Andy Bush, director editorial da ‘Fortune’, limitou-se a dizer que estes casos são “delicados e confidenciais”. E depois tudo ficou na mesma, porque os meios de comunicação social portugueses, obviamente que não estão interessados em aprofundar muito o assunto. Porque será?!…
Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 14 de Março 2007

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