PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Pobreza atinge um em cada cinco portugueses

Manuela Silva não tem dúvidas: os números da pobreza em Portugal “são chocantes”. Se um em cada cinco portugueses vive abaixo do limiar de pobreza, isso é dizer que “foi privado de um direito humano fundamental”. “E isto não é um problema dos pobres. É um problema da sociedade e de todos nós”. Ex-ministra do Plano, economista, professora e membro da Comissão Nacional de Justiça e Paz, é uma das responsáveis pela conferência que, ontem, decorreu em Lisboa. Entre o debate e o retrato da realidade portuguesa, a Comissão apresentou um estudo sobre a pobreza com indicadores-padrão e números comparativos com a Europa. E Portugal sai bastante mal do retrato: tem maior percentagem de cidadãos a viver abaixo do limiar da pobreza (20% contra 16% da média europeia), a miséria é mais persistente e o fosso entre ricos e pobres é quase o dobro dos seus parceiros da UE. No concreto, o estudo revela que dois milhões de portugueses têm rendimentos baixos, isto é, em números, um casal com dois filhos não ganha mais do que 800 euros mensais, enquanto um adulto sozinho consegue atingir mensalmente apenas 356 euros. A esta situação acresce ainda um outro indicador, que regista a desigualdade de rendimentos, ou seja, o rácio entre o total de rendimentos recebidos pelos 20% da população com maiores vencimentos e o mesmo total obtido pelos 20% de menores rendimentos. O número registado no estudo bate todas as tabelas europeias: em Portugal é de 8,2 pontos, quando a média da Europa não chega aos 5 pontos, e na Suécia ou na Dinamarca pouco ultrapassa os 3. “Isto indica como é maior, em Portugal, a distância entre ricos e pobres”, explica Manuela Silva. A última década não trouxe alterações significativas nos resultados. “Temos uma pobreza mais persistente que na Europa”, explica a economista. Parece ter vindo para ficar. Dificilmente se quebra o ciclo, existe mobilidade social ou, sequer, se alteram os protagonistas. “Os grupos mais vulneráveis à pobreza são as mulheres, os velhos e as crianças”, diz Manuela Silva. Pior ainda quando se fala de mulheres sozinhas a criar os filhos ou de idosos isolados a gerir a custo um orçamento deficitário.“Este problema tem solução”, garante a responsável da Comissão Justiça e Paz. “Num país pequeno e com recursos, nem é pedir muito que se erradique a pobreza”. O dedo fica apontado para “o Governo e para a sociedade civil” que tem de ser capaz “de dar voz a quem não a tem: os pobres”. “É preciso conhecer a realidade e acabar com o preconceito: a pobreza não é uma fatalidade ou surge por falta de virtude dos pobres. Nas sociedades da abundância, é produzida pelo modelo económico. É um problema de todos”, conclui (fonte: Expresso)

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast