Artigo: AS ILHAS NA EUROPA (I)
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· Preços mais elevados devidos à interacção dos mercados cativos e custos de transporte suplementares,
· Salários baixos devidos à interacção de possibilidades de procura desfavoráveis,
· Dificuldade de acesso ao mercado único,
· Rarefacção das matérias-primas (recorrentemente importadas),
· Aumento dos custos energéticos,
· Relevo frequentemente difícil (montanhas),
· Infra-estruturas deficientes,
· Emigração e imigração,
· Pouca diversificação de actividades (frequentemente limitadas à agricultura, à pesca e ao turismo),
· Vulnerabilidade em relação aos riscos ambientais susceptíveis de afectar o turismo (tsunamis, ciclones, terramotos, marés negras, conflitos regionais).
Em geral, os choques económicos afectam de uma forma mais grave as economias das regiões insulares que as das regiões continentais que se debatem com o mesmo tipo de problema. Tal fica a dever-se ao facto de as suas economias se caracterizarem pela dependência em relação a um número reduzido de actividades que reflectem a escassez de recursos. Daí resulta que a sua capacidade de reagir positivamente às mutações económicas fica extremamente reduzida e que a solução seja frequentemente desastrosa. Numa região continental, o declínio de um sector de actividade particular pode com frequência ser facilmente compensado pelo mercado do emprego de uma região vizinha. Numa região insular, uma crise grave que afecte a actividade predominante terá repercussões nas estatísticas de desemprego ou na emigração.
Por outro lado, muitas ilhas, incluindo as que registam um elevado índice de desemprego, podem ter necessidade de recrutar mão-de-obra para serviços que a população local não pode assegurar. Médicos, enfermeiros, engenheiros devem assim compensar os inconvenientes relacionados com a vida insular - nomeadamente salários inferiores, serviços de saúde e de ensino deficientes - mediante vantagens intangíveis como o clima, o ambiente e o modo de vida. Ao pesar os prós e os contras, as empresas continentais podem hesitar em investir nestas regiões apesar dos salários inferiores e do custo menos elevado dos terrenos em comparação com os custos adicionais relacionados com o acesso ao mercado único ou a institutos de investigação ou a universidades, ou aos contactos com indústrias semelhantes ou conexas”.
Tudo o que acima está transcrito não é da minha autoria, mas sim de Francesco Musotto, deputado do Parlamento Europeu, autor do relatório desta instituição comunitária, de Dezembro de 2006, sobre as ilhas e os condicionalismos naturais e económicos no contexto da política regional. Amanhã trarei a posição assumida pelo deputado relativamente à Ultraperiferia.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 23 de Agosto 2007
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