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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Artigo: Oásis…

Noticiava há dias um jornal de Lisboa que o montante de crédito malparado nos empréstimos concedidos pela banca aos particulares portugueses tinha batido em Maio um novo recorde, na medida em que os calotes das famílias à banca atingiram os 2,235 mil milhões de euros. A informação constava do próprio boletim estatístico do Banco de Portugal. Dizia o banco central que entre Abril e Maio, o crédito malparado aumentou em 50 milhões de euros, ou seja, uma média diária de acréscimo de 1,6 milhões de euros. A percentagem do crédito de cobrança duvidosa representa 1,86 do total dos empréstimos concedidos pela banca aos particulares, sendo a taxa de incumprimento mais elevada no crédito ao consumo e para outros fins que no crédito à habitação. O banco explica esta situação de uma clara inequivocamente clara…: “isso é natural porque as casas estão hipotecadas e quem não paga os empréstimos, arrisca-se a ficar sem habitação”!Esclarece o Banco de Portugal que o crédito à habitação representa a principal fatia dos empréstimos concedidos pela banca a privados (95,8 mil milhões de euros em 119,991 mil milhões) ou seja, pouco mais de metade dos calotes (1,22 mil milhões de euros). Basicamente o Banco de Portugal reconhece que “a subida de juros está a ter consequências devastadoras nos orçamentos das famílias endividadas”, lembrando que a taxa de juro média do empréstimo à habitação em Portugal rondava os 4,63%, muito superior aos 3,93% que vigoravam há um ano. Refere o jornal que venho citando que o BP não esconde que a subida da taxa de juros, “uma tendência que se irá agravar no decorrer deste ano, está a travar a concessão de novos empréstimos, mas o ritmo de crescimento ainda é significativo”. Portanto, quer isto dizer que não só não se prevê alteração desta situação, como se admite, perante a realidade económica e os orçamentos das famílias e respectivos rendimentos dos seus membros, que esta situação de dificuldades com o cumprimento de compromissos assumidos com a banca tenderá obviamente a aumentar, com todas as consequências daí resultantes.E como se já nada faltasse a este “oásis” à beira mar plantado, eis que ficamos a saber esta semana que o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que o Banco Central Europeu (BCE) vai precisar de aumentar mais as taxas de juro para travar a inflação numa economia onde "as perspectivas são as melhores desde há anos". Num estudo anual sobre a economia da zona euro, o FMI entende que, com a capacidade de produção próxima do seu limite e o desemprego a diminuir, o BCE vai precisar de aumentar a sua principal taxa directora, actualmente nos 4%, o seu nível mais alto em seis anos. "Um novo movimento de política monetária será provavelmente necessário", escreve o FMI. Os investidores esperam um novo aumento das taxas de juro do BCE, cujos governadores se reúnem depois de amanhã em teleconferência, somente no regresso do período de férias, em Setembro. Elogiando uma economia que "está passar da retoma para um crescimento mais acelerado", o FMI insiste num crescimento europeu de 2,6% este ano e de 2,5% em 2008.Ontem foi a vez do Banco Central responder (?), mantendo o preço do dinheiro nos 4%. Contudo, o contestado Presidente do Banco, Trichet, reafirmou a necessidade de "uma forte vigilância" para assegurar que os riscos inflacionistas não se materializem, e não excluiu aumentos futuros da taxa de juro de referência, provavelmente já em Setembro, para os 4,25%, embora muitos analistas digam ser inevitável mais outra subida entre o final de 2007 e o início de 2008. nP.S.: Há dias li uma notícia curiosa: “Portugal está no 48.º lugar da lista mundial de países em matéria de orçamentos de defesa, segundo os dados publicados este ano pelo Centro para o Controlo de Armas e não Proliferação (EUA). Embora mantendo o mesmo orçamento -2,4 mil milhões de dólares — do ano anterior, Lisboa perdeu um lugar (para a República Checa) relativamente à lista que foi publicada por esta mesma organização no ano de 2006. A tendência geral das despesas militares em Portugal — que, nas tabelas da NATO, inclui o orçamento da GNR — não registou, em termos globais, uma evolução significativa ao longo das últimas duas décadas. A reduzida taxa de utilização dos vultosos montantes inscritos nas leis de reequipamento militar contribuiu para isso (…) A recente tentativa de aumentar o orçamento da Defesa com recurso à venda de material de guerra não passa disso mesmo. Exemplos: os helicópteros Puma continuam guardados, os caças F-16 dependem de autorização prévia dos EUA, a venda das fragatas João Belo ao Uruguai — por cerca de 13 milhões de euros — foi vetada em Junho passado pelo Ministério das Finanças de Montevideu”.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 03 de Agosto 2007

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