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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Gaffe do futuro primeiro-ministro sobre o hino belga interpretada como posição separatista pró-flamenga

Passaram vários dias, mas os belgas continuam a interrogar-se sobre as razões que levaram o seu futuro primeiro-ministro, o conservador flamengo Yves Leterme, a confundir o hino nacional La Brabançonne, com o hino francês A Marselhesa. No último dia da Bélgica em comemoração da prestação de juramento do seu primeiro rei, Leopold I, a 21 de Julho de 1831, Yves Leterme, confrontado pela televisão pública francófona RTBF sobre o seu conhecimento do hino nacional, começou a cantar A Marselhesa: "Allons enfants de la patrie! Le jour de gloire est arrivé!" Para logo acrescentar: "Não sei." Imediatamente antes, Leterme tinha mostrado não saber que evento é comemorado a 21 de Julho, ao responder "a proclamação da Constituição". De acordo com as sondagens, 80 por cento dos belgas também não sabem e muitos não conhecerão a letra da Brabançonne. Esta realidade não suscita habitualmente grandes interrogações num país que não tem ainda dois séculos de existência e que é formado por duas comunidades linguísticas - francófona e flamenga - de culturas diferentes e relações historicamente atribuladas. Para muitos belgas francófonos, no entanto, a gaffe de Leterme tem uma leitura política grave. Este é o homem que afirmou há um ano em entrevista ao jornal francês Libération que os francófonos não estão "em estado intelectual" de aprender a falar neerlandês, a língua da Flandres. Leterme, a par do seu partido CDeV e respectivo aliado NV-A, claramente separatista, é igualmente um ardente defensor de uma nova reforma do Estado para reforçar a autonomia da Flandres nalgumas das últimas áreas que ainda competem ao Estado central, como a segurança social ou o emprego. Esta posição é terminantemente recusada pelos partidos francófonos, sobretudo os liberais e humanistas que deverão integrar a futura coligação governamental, mas cujas negociações se arrastam desde as eleições legislativas de 10 de Junho. Depois de ter começado por reagir mal ao episódio do hino, Leterme mostrou-se recentemente mais conciliador: "Conheço a letra da Brabançonne em neerlandês, mas como me pediram para a cantar em francês, as circunstâncias fizeram com que me tivesse enganado. Reconheço, apesar de tudo, que se trata de um erro, mas não foi intencional e lamento as conclusões que alguns quiseram tirar", afirmou à televisão pública flamenga VRT (fonte: Isabel Arriaga e Cunha, Público, Bruxelas)

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