Etiópia Como a Mossad salvou a vida de milhares de judeus
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Um país hostil
De 1982 a 1984, a partir de instruções via rádio chegadas de Telavive, os israelitas viajavam entre a estância e as áreas interiores onde haviam localizado 800 judeus etíopes. Viajando de noite por estradas esburacadas, a distâncias de 440 quilómetros, sempre conscientes do facto de se encontrarem num país profundamente hostil ao Estado judaico, os homens da Mossad levaram centenas de refugiados para uma praia, onde eles eram recolhidos por comandos navais israelitas e transportados por ferry até ao seu novo lar nacional. "Ainda me lembro como era a aparência deles na caixa de carga dos camiões, pálidos e andrajosos, velhos e crianças agarrados uns aos outros em busca de apoio. Olhavam para nós espantados, com uma confiança total, e nunca se queixaram", recorda Shimron. Houve muitos problemas. Um dos sócios de Shimron foi detido pelas forças de segurança sudanesas, e só conseguiu escapar através da vidraça de uma esquadra. Noutra ocasião, um dos camiões de Shimron - na altura vazio - foi mandado parar pela polícia. O anterior condutor do veículo tinha passado por um checkpoint. "Felizmente, o polícia em questão tinha uma imaginação muito machista, e alegava ter alvejado o camião quando o motorista se recusara a parar. Fiz-lhe notar a ausência de buracos de balas na viatura, e ele deixou-me ir embora". Contratempos como este e o abrandamento do ritmo das evacuações por mar persuadiram Israel a tentar algo mais dramático. Altos responsáveis de Cartum foram subornados para "virarem a cara para o lado" quando vissem aviões de carga israelitas a voar para bases no deserto onde iriam buscar os restantes refugiados. Posteriormente, Israel foi buscar mais 22 mil judeus etíopes, em pontes aéreas conhecidas como Operação Moisés e Operação Salomão. Assimilar os recém-chegados de Áfrca também não aconteceu sem reveses. Alguns queixaram-se de ter sido abandonados a uma vida de pobreza nas margens da sociedade israelita. Eclodiram motins quando se soube que o Ministério da Saúde tinha uma política de deitar fora o sangue doado pelos imigrante etíopes - por receio de contaminação. Milhares de etíopes, muitos deles com dificuldades em provar a sua ascendência judaica no âmbito das restritas directivas estabelecidas pelo Rabinato Ortodoxo, ainda esperam autorização para viverem em Israel. No final de 2008, prometem as autoridades, já todos se terão mudado."Os etíopes com os quais me mantive em contacto não lamentam ter vindo para Sião", apesar das dificuldades", assevera Shimron (fonte: Dan Williams, Reuters, Jerusalém, in Publico)
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