PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

domingo, 30 de dezembro de 2007

Opinião: NOTAS NATALÍCIAS (I)

No final de 2006, foi noticiado que 36,5 milhões de americanos, viviam abaixo do limiar da pobreza, valor que está a subir desde 2000, no último ano a taxa de pobreza passou de 12,6% para 12,3% da população, a mais baixa da última década. Pior outro lado, e segundo a comunicação social, aumentou do número de pessoas que não têm seguro de saúde – de 44,8 milhões, em 2005, passou para 47 milhões. Uma agência noticiosa internacional referiu, a propósito que “o pequeno recuo na percentagem de pobres deve-se sobretudo à melhoria do nível de vida da comunidade hispânica (44 milhões de pessoas). Enquanto brancos, negros e asiáticos mantiveram valores semelhantes a 2005, o número de hispânicos pobres diminuiu 1,2%, de 21,8% para 20,6%. Mesmo assim a comunidade negra (40 milhões de pessoas) continua a ser mais a pobre: 24,3% vivem com dificuldades”. Refira-se que segundo a entidade promotora dos censos nos Estados Unidos, “um agregado familiar de duas pessoas é pobre se o seu rendimento anual for inferior a 13167 dólares (9676 euros). Numa família de três pessoas o limite é de 16079 dólares”.
E para se comprovar a gravidade desta realidade naquele que é regularmente considerado o país mais rico e um dos mais desenvolvidos do mundo, constate-se este comentário: “Os menores de 18 anos, um quarto da população dos EUA, constituem 35% dos pobres (12,8 milhões). Quanto aos idosos (mais de 65 anos), com 3,4 milhões de pobres (9,4%), atingem a menor percentagem desde 1959. Em termos geográficos, os estados do Sul dos EUA (como a Luisiana ou o Mississipi) são, em média, mais pobres do que os do Norte (como New Jersey ou Connecticut). Mark Rank, um dos autores do estudo diz que "a pobreza pode não ser tão visível nos EUA, mas está mais disseminada". Para os analistas americanos, o aumento das pessoas sem seguro de saúde – de 44,8 milhões, em 2005, para 47 milhões em 2006 – é o número mais preocupante deste estudo, na medida em que "estas estatísticas são mesmo uma má notícia. Significam que, ou cada vez mais americanos vão viver sem assistência médica, ou o Governo terá uma factura mais pesada a pagar", explicou o economista Ron Haskins”.
Num outro nível ficamos também a saber que apesar do mundo ter feito grandes progressos na luta contra a pobreza extrema, a verdade é que continua longe de atingir os oito objectivos definidos na Cimeira do Milénio, em 2000: “Entre 1990 e 2004, o número de pessoas a viver com menos de um dólar por dia baixou de 32 para 19%, uma redução que aumenta a esperança da ONU em atingir até 2015 (data escolhida para apresentar os resultados finais da luta contra a pobreza) os "Objectivos do Milénio". As reduções mais expressivas ocorreram no sul, sudeste e leste da Ásia, enquanto que na Ásia Ocidental a miséria aumentou para mais do dobro. Quanto à África sub-saariana, continua a ser a zona mais pobre do planeta”.
De facto, quando falamos na África falamos de pobreza, mas falamos também de ausência de respeito pelos direitos humanos em muitos países e de SIDA que persiste em ser um problema já que “o relatório revela que o número de mortes provocadas pela doença aumentou de 2,2 milhões para 2,9 milhões entre 2001 e 2006. Para além disso, todos os anos há mais de meio milhão de mulheres que morrem devido a complicações relacionadas com o parto”.
A contrastar com tudo isto constata-se que 10% da população da Noruega com rendimentos Maios baixos ganham mais do que os 10% mais ricos em 57 países considerados num estudo divulgado recentemente pelo PNUD no seu Relatório de Desenvolvimento Humano, entre eles Ucrânia, Egipto, Índia e Paquistão. Mas há que ter presente que a Noruega aparece na posição cimeira do índice de desenvolvimento humano do PNUD e que a diferença entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres na Noruega é de apenas seis vezes. Segundo os dados do PNUD divulgados na comunicação social, em sete países (Noruega, Japão, Finlândia, Irlanda, Suécia, Áustria e Bélgica) o rendimento anual dos 10% mais pobres ultrapassa os 10 mil dólares anuais. Do outro lado, constata-se que em 42 países o rendimento médio dos 10% mais ricos não ultrapassa os referidos 10 mil dólares, casos da na Índia, no Paquistão, em Bangladesh e no Vietname.
Meditemos nestas tristes realidades, tantas vezes esquecidas.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 21 de Dezembro 2007)

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast