Opinião: PRESUNÇÕES…
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Eu quero lá saber por onde andaram as pessoas, onde estudaram, que cursos têm, que países visitaram no âmbito do se percurso formativo? Cada um sabe o que sabe, na certeza que há sempre alguém, muita gente, que sabe mais do que nós, em determinadas áreas, mas sem qualquer falsa modéstia também temos o direito de não abdicarmos de afirmar que sabemos muito mais do que certos indivíduos noutras áreas que há mais de 30 anos fazem parte do quotidiano da nossa via e actividade profissional. Esclarecida, penso que definitivamente, esta questão e algumas infelizes picardias impróprias, ainda por cima em torno de uma questão meramente periférica.
O que é facto, é que estamos numa conjuntura onde as opções políticas e as militâncias partidárias, acabam por ter uma ascendência fundamental nas análises, projecções, especulações ou manipulações. E isto nada tem a ver com formações adquiridas, e muito bem, com “sabedorias” ou pretensas “ignorâncias” das pessoas. Ainda recentemente, e felizmente, tivemos dois exemplos que provam toda a razão que me assiste e confirmam exactamente tudo o que acabo daqui referir, quanto aos indicadores do PIB regional na Europa.
Os dados do INE sobre o desemprego em Portugal, reportados a 2007, foram pretexto para contradições resultantes da festa por parte de Sócrates e de críticas pela oposição. Mas não serão, para uns e para outros, os mesmos indicadores? A propósito dos valores do PIB nacional, o INE divulgou uma informação confirmando a subida desse indicador nacional, dias depois do “Eurostat” também o ter feito. As opiniões, totalmente diferentes, voltaram a confundir as pessoas: por um lado, o governo socialista apareceu satisfeito da vida, apesar do pequeno aumento do desemprego em 2007, a reafirmar a meta dos 150 mil novos empregos até 2009, vangloriando-se de tudoo que fez neste domínio. A oposição e os sindicatos, quase consensualmente, falarem de crise social, de um “problema grave”, desvalorizando essa informação do INE e tentando garantir que a economia portuguesa não tinha crescido e que os indicadores não eram reais. Mas afinal, e uma vez mais, não eram os mesmos valores, para o poder e para a oposição? Ora transportando esta contradição para uma situação exactamente igual - o caso do PIB da Madeira - obviamente que as pessoas percebem que Alberto João Jardim – no dia em que o organismo europeu de estatística divulgou os seus dados – tivesse manifestado satisfação na RTP, contrastando com a oposição que ou fez silêncio sobre o assunto, passando-lhe ao lado, ou tentou desvalorizar o valor do PIB regional confrontando-o com níveis de pobreza e de carência social que ninguém nega porque estaria a ser hipócrita. Mas será que Londres (centro), considerada a zona mais rica entre as 271 regiões estudadas pelo “Eurostat”, não tem pobreza, sem abrigos, fome, droga, violência, segregação racial, marginalidade, etc? Vão lá e façam-me o favor de vero que realmente ali se passa, sobretudo quando as luzes da cidade se acendem porque a noite a cobriu.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 18 de Fevereiro de 2008)
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