Opinião: PRESUNÇÕES…
Quando afirmo, e mantenho, que a divulgação pelo “Eurostat” dos indicadores do PIB regional de 271 regiões europeias – os quais permitem sempre várias leituras políticas, tal como acontece com todos os demais indicadores estatísticos oficiais, ou porque são favoráveis, ou porque são adversos, mas que não negam a factualidade da informação divulgada – constituiu uma questão incomodativa para oposição política na Madeira, porque lhe retira algum espaço de manobra (que certamente seria diferente se se verificasse, por exemplo, um agravamento do indicador relativo à Madeira), faço essa apreciação apenas influencia por uma perspectiva exclusivamente política. Não me preocupo, nem sequer me interessa correr esse risco, em “desvendar” os pretensos “mistérios” que alguns, poucos, melhor e mais formados que eu no assunto, garantem existir e que se esforçam, sem sucesso, até ao limite para tentarem defender o indefensável ou negar o inegável. Diz o povo que “amor, presunção e água benta cada um toma a que quer”. Mas tal como recuso, veementemente, as “verdades empacotadas” – sejam elas oriundas do poder, venham elas da oposição, ou lá de quem for, porque cada qual tem as suas “razões” e porque acredito que tudo isto tem a ver apenas com a presunção de quem não sabe respeitar a opinião alheia e reconhecer que existem vários patamares de análise de uma questão em concreto -muito menos tolero a arrogância inconcebível dos donos da “verdade absoluta e exclusiva”, que recusam admitir sequer que existem razões concretas nos seus opositores. Francis Bacon dizia que “os vaidosos são o escárnio dos homens sábios, a admiração dos tolos, os ídolos dos parentes, os escravos das suas próprias jactâncias”.
Eu quero lá saber por onde andaram as pessoas, onde estudaram, que cursos têm, que países visitaram no âmbito do se percurso formativo? Cada um sabe o que sabe, na certeza que há sempre alguém, muita gente, que sabe mais do que nós, em determinadas áreas, mas sem qualquer falsa modéstia também temos o direito de não abdicarmos de afirmar que sabemos muito mais do que certos indivíduos noutras áreas que há mais de 30 anos fazem parte do quotidiano da nossa via e actividade profissional. Esclarecida, penso que definitivamente, esta questão e algumas infelizes picardias impróprias, ainda por cima em torno de uma questão meramente periférica.
O que é facto, é que estamos numa conjuntura onde as opções políticas e as militâncias partidárias, acabam por ter uma ascendência fundamental nas análises, projecções, especulações ou manipulações. E isto nada tem a ver com formações adquiridas, e muito bem, com “sabedorias” ou pretensas “ignorâncias” das pessoas. Ainda recentemente, e felizmente, tivemos dois exemplos que provam toda a razão que me assiste e confirmam exactamente tudo o que acabo daqui referir, quanto aos indicadores do PIB regional na Europa.
Os dados do INE sobre o desemprego em Portugal, reportados a 2007, foram pretexto para contradições resultantes da festa por parte de Sócrates e de críticas pela oposição. Mas não serão, para uns e para outros, os mesmos indicadores? A propósito dos valores do PIB nacional, o INE divulgou uma informação confirmando a subida desse indicador nacional, dias depois do “Eurostat” também o ter feito. As opiniões, totalmente diferentes, voltaram a confundir as pessoas: por um lado, o governo socialista apareceu satisfeito da vida, apesar do pequeno aumento do desemprego em 2007, a reafirmar a meta dos 150 mil novos empregos até 2009, vangloriando-se de tudoo que fez neste domínio. A oposição e os sindicatos, quase consensualmente, falarem de crise social, de um “problema grave”, desvalorizando essa informação do INE e tentando garantir que a economia portuguesa não tinha crescido e que os indicadores não eram reais. Mas afinal, e uma vez mais, não eram os mesmos valores, para o poder e para a oposição? Ora transportando esta contradição para uma situação exactamente igual - o caso do PIB da Madeira - obviamente que as pessoas percebem que Alberto João Jardim – no dia em que o organismo europeu de estatística divulgou os seus dados – tivesse manifestado satisfação na RTP, contrastando com a oposição que ou fez silêncio sobre o assunto, passando-lhe ao lado, ou tentou desvalorizar o valor do PIB regional confrontando-o com níveis de pobreza e de carência social que ninguém nega porque estaria a ser hipócrita. Mas será que Londres (centro), considerada a zona mais rica entre as 271 regiões estudadas pelo “Eurostat”, não tem pobreza, sem abrigos, fome, droga, violência, segregação racial, marginalidade, etc? Vão lá e façam-me o favor de vero que realmente ali se passa, sobretudo quando as luzes da cidade se acendem porque a noite a cobriu.
Eu quero lá saber por onde andaram as pessoas, onde estudaram, que cursos têm, que países visitaram no âmbito do se percurso formativo? Cada um sabe o que sabe, na certeza que há sempre alguém, muita gente, que sabe mais do que nós, em determinadas áreas, mas sem qualquer falsa modéstia também temos o direito de não abdicarmos de afirmar que sabemos muito mais do que certos indivíduos noutras áreas que há mais de 30 anos fazem parte do quotidiano da nossa via e actividade profissional. Esclarecida, penso que definitivamente, esta questão e algumas infelizes picardias impróprias, ainda por cima em torno de uma questão meramente periférica.
O que é facto, é que estamos numa conjuntura onde as opções políticas e as militâncias partidárias, acabam por ter uma ascendência fundamental nas análises, projecções, especulações ou manipulações. E isto nada tem a ver com formações adquiridas, e muito bem, com “sabedorias” ou pretensas “ignorâncias” das pessoas. Ainda recentemente, e felizmente, tivemos dois exemplos que provam toda a razão que me assiste e confirmam exactamente tudo o que acabo daqui referir, quanto aos indicadores do PIB regional na Europa.
Os dados do INE sobre o desemprego em Portugal, reportados a 2007, foram pretexto para contradições resultantes da festa por parte de Sócrates e de críticas pela oposição. Mas não serão, para uns e para outros, os mesmos indicadores? A propósito dos valores do PIB nacional, o INE divulgou uma informação confirmando a subida desse indicador nacional, dias depois do “Eurostat” também o ter feito. As opiniões, totalmente diferentes, voltaram a confundir as pessoas: por um lado, o governo socialista apareceu satisfeito da vida, apesar do pequeno aumento do desemprego em 2007, a reafirmar a meta dos 150 mil novos empregos até 2009, vangloriando-se de tudoo que fez neste domínio. A oposição e os sindicatos, quase consensualmente, falarem de crise social, de um “problema grave”, desvalorizando essa informação do INE e tentando garantir que a economia portuguesa não tinha crescido e que os indicadores não eram reais. Mas afinal, e uma vez mais, não eram os mesmos valores, para o poder e para a oposição? Ora transportando esta contradição para uma situação exactamente igual - o caso do PIB da Madeira - obviamente que as pessoas percebem que Alberto João Jardim – no dia em que o organismo europeu de estatística divulgou os seus dados – tivesse manifestado satisfação na RTP, contrastando com a oposição que ou fez silêncio sobre o assunto, passando-lhe ao lado, ou tentou desvalorizar o valor do PIB regional confrontando-o com níveis de pobreza e de carência social que ninguém nega porque estaria a ser hipócrita. Mas será que Londres (centro), considerada a zona mais rica entre as 271 regiões estudadas pelo “Eurostat”, não tem pobreza, sem abrigos, fome, droga, violência, segregação racial, marginalidade, etc? Vão lá e façam-me o favor de vero que realmente ali se passa, sobretudo quando as luzes da cidade se acendem porque a noite a cobriu.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 18 de Fevereiro de 2008)
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