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quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

ARTIGO: Sondagens

A grande novidade política da quadra natalícia foi-nos dada pelo dirigente socialista local, Jacinto Serrão, ao anunciar durante uma jantarada a existência de uma sondagem que, segundo ele, daria à oposição, toda junta, a maioria dos mandatos no parlamento regional — caso as eleições se realizassem hoje — independentemente do facto do PSD ganhar as eleições. Outro dirigente socialista, continuando a rábula em torno deste coelho tirado da cartola, foi mais longe e garantiu, solenemente, que o PSD madeirense até tinha encomendado uma sondagem cujos resultados “desastrosos” estariam na origem da recusa de Alberto João Jardim em se demitir da presidência do governo e enfrentar eleições antecipadas. Confesso que achei uma enorme piada a tudo isto, sobretudo porque revela a capacidade de invenção e de mentira dos socialistas locais, no seu frenesim pré-eleitoralista! Desde logo porque eles sabem que eu sei que não existiu sondagem nenhuma — se ela existisse já a tinham passado para alguns meios de comunicação social locais, como habitualmente fazem. Houve apenas um conjunto de projecções, uma espécie de tentativa de “estudo” futurologista — ou “adivinhação”, como diz o povo… — feito pelos cérebros locais da rua do Surdo, relativamente ao que poderia ocorrer hoje, caso as eleições regionais tivesse lugar nos tempos mais próximos, projecções essas que retiraram ao PSD uma determinada percentagem de votos, em função da média apurada nos actos eleitorais anteriores. O problema desse “estudo” — e eles sabem que foi isso que eles fizeram — é que o PS estava sempre a subir, ou seja, para os mentores da palhaçada socialista, eles não eram penalizados pelas patifarias que têm feito e pelas mentiras usadas ao longo destes dois anos de poder em Lisboa. Ora, é mais do que evidente que, retirando votos a todos os outros partidos, mas mantendo os do PS (e uma vez mais eles escolheram o melhor resultado eleitoral dos socialistas que nem foi em eleições regionais!!!), nem mesmo assim eles conseguiam os desfechos que pretendiam, já que só a oposição toda junta, nas contas deles, teria mais deputados (que não votos) que o PSD. Estudos destes faço-os eu, frequentemente, mas com seriedade, comparando eleições semelhantes entre si (regionais com regionais, legislativas nacionais com legislativas nacionais, etc.), nunca cruzando actos eleitorais diferentes só porque os resultados nos interessam. E eu sei que, por muito espremida que seja a “laranja”, o sumo é sempre a favor dos social-democratas. Salvo se alguma hecatombe ocorrer em 2008 ou se o PSD não tiver o juízo que neste momento deve ter e entregar o “ouro ao bandido”. A segunda parte desta história ainda é mais patética que a primeira — ou talvez não, se atendermos à origem: o PSD da Madeira não fez nenhuma sondagem, não se preocupa com essa questão, neste momento, pelo simples facto de entender que não existem motivos para tal. Nem alguma vez Alberto João Jardim pensou demitir-se, de nada valendo andarem os socialistas a dizer o contrário. Mas isso não invalida — e talvez seja bom que os socialistas tenham presente esta realidade — que o PSD da Madeira esteja sempre disponível para qualquer cenário eleitoral, normal ou antecipado, sem temores, confiante, porque está convencido que o ganhará com o apoio do povo, porque acredita que os madeirenses, por muitas razões de queixa que possam ter, jamais admitirão os atentados contra a sua dignidade colectiva e os seus direitos que tem sido sistematicamente lançados pelos socialistas em Lisboa com a cumplicidade e o aplauso histérico dos socialistas locais. Portanto, confesso de novo, foi um Natal politicamente muito bem passado, graças a “notícias” que nos divertem. Mesmo que elas não tenham merecido primeiras páginas, porque, compreensivelmente, os próprios jornalistas desconfiaram (apenas uma estação de rádio repetiu a “homilia” de Serrão, proferida num bem regado jantar de Natal, onde, por causa disso, tudo se perdoa). Curiosamente ninguém mais falou no assunto. Com o PSD “crucificado” e ninguém mais fala na tal, “sondagem” socialista?! E porque motivo o PS não a colocou cá fora? Agora pode inventar tudo o que quiser porque já ninguém lhe dará credibilidade, muito menos a inventonas que reflectem, mais do que a falta de seriedade, o desespero dos organizadores da jantarada, perante a necessidade de um qualquer facto passível de o estimular — porque a mobilização em autocarros não foi suficiente — na medida em que dificilmente era escondido um evidente mal-estar entre muitos dos presentes, postura que nada tem a ver com as suas opções eleitorais socialistas.

Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 28 de Dez 2006

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