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quarta-feira, 14 de março de 2007

Curiosidades: Tratamento de veteranos causa escândalo

Os feridos de guerra estavam num centro médico com humidade, roedores e baratas. Os doentes falhavam as consultas porque o hospital nem sabia que eles existiam. Um militar estava deitado num colchão onde tinha urinado sem que ninguém o mudasse. Passar pelo centro de Walter Reed, em Washington - a mais famosa unidade de cuidados médicos a veteranos de guerra dos Estados Unidos -, era considerada uma experiência stressante para os militares que necessitavam de tratamentos. Num país onde os veteranos e os militares feridos em guerra são heróis nacionais, isto é inaceitável. Mais inaceitável ainda para uma administração que tem contado com o apoio dos veteranos em questões-chave - por exemplo, são dos poucos que mantêm ainda a aprovação à guerra contra o Iraque. Depois da revelação destas condições "deploráveis", cabeças rolaram - o secretário do Exército, Francis J. Harvey, foi demitido na sexta-feira, o responsável pelo centro, George Weightman, no dia anterior.
Inaceitável para Bush
Entretanto, o presidente, George W. Bush, anunciou uma comissão bipartidária de inquérito às condições de Walter Reed e veio afirmar ontem, no seu discurso semanal radiofónico: "Esta situação é inaceitável para mim, é inaceitável para o nosso país, e não vai continuar". Foi sintomático, e apontado em vários jornais norte-americanos, que o habitual embargo das palavras da emissão radiofónica não tenha sido imposto, de modo a que todos pudessem acompanhar as notícias sobre o escândalo de Walter Reed. "Estes homens e mulheres merecem os agradecimentos do nosso país, e merecem os melhores cuidados que a nossa nação lhes puder dar", afirmou Bush. "Por isso fiquei profundamente perturbado pelas recentes informações sobre más condições no Centro Médico Militar de Walter Reed." As revelações sobre o centro médico são especialmente incómodas já que é muitas vezes palco de visitas de responsáveis políticos, que vêem os soldados feridos (normalmente vão à ala dos amputados) e prometem mais meios, nota o jornal New York Times. Mas ao lado das salas imaculadas do edifício principal estava um outro edifício, um antigo hotel com 50 quartos, sem nenhumas condições, onde computadores em segunda mão se empilhavam em cima de mobília antiga. A privatização dos funcionários tinha baixado o pessoal de 300 trabalhadores no início de 2006 para apenas 60 no início deste ano. E ainda que muitos digam agora que não sabiam, há relatos de várias queixas a diferentes graus de responsabilidade. Um membro de uma associação de defesa dos veteranos, Steve Robinson, lembra-se de ter recorrido ao então responsável pelo centro ainda a guerra no Iraque mal tinha começado, há quase quatro anos. Contou-lhe das "pessoas que estavam a beber até à morte, das que tomavam drogas, ou não estavam a receber tratamentos", lembrou ao Post. "Havia tipos que não iam a consultas porque o hospital nem sabia que eles estavam ali", continuou. Numa audição do Congresso, em 2005, um sargento ferido no Afeganistão contou que em Walter Reed o sistema era "disfuncional": "Há soldados que passam meses sem receber, que não têm onde viver, com consultas médicas canceladas." Walter Reed era a "jóia da coroa" da medicina militar dos EUA. Mas cinco anos e meio de guerra transformaram-no num local em que militares têm alta apesar de ainda precisarem de tratamento e onde outros vivem em quartos bafientos com ratos e baratas, descreve The Washington Post. Jeremy Duncan, ferido no Iraque, recupera agora num quarto em que metade da parede está caída, envolta em bolor negro. Quando toma duche, consegue ver a banheira de cima por um buraco no tecto. A burocracia afecta qualquer pedido em Walter Reed: substi-tuir um uniforme rasgado ou dar comida a familiares de visita podem ser problemas sem solução. George W. Bush criou uma comissão de inquérito e classificou a situação descrita pelo Post como "inaceitável"

Fonte: Maria João Guimarães, Publico

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