A tal cimeira...
No final de Janeiro realizou-se em Londres uma cimeira entrre os quatro grandes da União. O jornalista Sérgio Aníbal, do Publico, acompanhou (aqui) um encontro que agora recordo: "Desconforto e mal-estar: a minicimeira que reuniu em Londres os quatro maiores países da União Europeia (UE) - França, Alemanha, Reino Unido e Itália - para discutir a crise financeira internacional está longe de ser consensual entre os restantes Estados-membros.Assumida por Gordon Brown, a iniciativa é largamente interpretada como uma tentativa de contrariar a imagem de distância face à UE que deu de si próprio nomeadamente com a assinatura atrasada do novo Tratado de Lisboa.Brown começou por convidar a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, na lógica de que cabe aos três maiores países assumir a liderança da UE. Depois dos protestos de Roma, o convite estendeu-se ao primeiro-ministro italiano, agora cessante, Romano Prodi. Oficialmente, Londres justificou o encontro por se tratar dos quatro membros europeus do G7 que teriam de preparar a reunião dos respectivos ministros das Finanças a 9 de Fevereiro, em Tóquio.Perante o desconforto que a iniciativa suscitou entre vários dos países mais pequenos, Brown decidiu incluir Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia. O convite, feito à última hora, pretende fornecer uma "caução europeia" à iniciativa.Mas nem a presidência eslovena da UE foi convidada - uma bofetada tanto mais séria quanto a estabilidade financeira é uma das prioridades para o actual semestre - nem o porta-voz do euro, o primeiro ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker. Profundamente incomodados, os eslovenos limitam-se a afirmar que o tema discutido em Londres interessa à totalidade dos Vinte e Sete, e que a UE dispõe das instâncias apropriadas de discussão e decisão.A mesma posição foi assumida pelo ministro português das Finanças: "Ao nível europeu, temos órgãos próprios para discutir essa matéria", afirmou Teixeira dos Santos na semana passada, referindo-se às cimeiras de lideres e aos conselhos de ministros das Finanças da UE. O seu homólogo dos Negócios Estrangeiros tem uma posição diferente: "Não tenho nenhuma dificuldade em aceitar um modelo de participação na solução das grandes questões internacionais em função de uma geometria variável", afirmou Luís Amado.As maiores críticas partiram do primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt: "A Europa não é feita unicamente para os grandes, mas para todos os cidadãos europeus, Estados e populações, incluindo os pequenos", disse. Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas".
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