Opinião: GAMA
Eu não tenho obviamente nada a ver com o que Jaime Gama pensa ou deixa de pensar sobre a Madeira ou sobre Alberto João Jardim, até porque não será por causa daquilo que ele disser ou não, que, por exemplo, o PSD da Madeira ganha eleições ou o PS perde-as. O que ocorre é que os socialistas, depois do desaire estrondoso de Maio de 2007, estão convencidos (vá lá saber-se porquê) que nas eleições de 2009, quer as legislativas, quer as autárquicas (nem envolvo as europeias), vão ganhá-las na Madeira, mesmo que Gouveia tenha já reconhecido que o PS não está ainda preparado para ganhar seja o que for e tenha mesmo excluído o objectivo de vencer qualquer Câmara Municipal ou Junta de Freguesia, oposição que pelos vistos não incomodou o seu partido.
Admito, e há que reconhecê-lo, o incómodo que tais declarações causam no seio do PS local, maior partido da oposição, sobretudo, pensam os seus dirigentes, por as mesmas poderem dar ao PSD argumentos que mais tarde utilizará contra os socialistas, possuidores de um discurso político que nada tem a ver com o que Gama afirmou.
Portanto, estamos perante uma questão partidária, circunscrita aos interesses políticos dos socialistas locais, que diz respeito ao PS local, que deve ser resolvida pelo PS local e que ultrapassou os limites do partido em questão graças ao empolamento na comunicação social que o assunto foi objecto, um empolamento esse que tem obviamente muito a ver, tudo a ver, diria melhor, com o conteúdo das declarações produzidas e o seu contraste face a declarações ou documento do PS local.
Em segundo lugar, penso não estar a exceder-me no campo de análise, o assunto não diz respeito nem ao PSD, nem ao Governo Regional, nem a Alberto João Jardim, nem sequer aos madeirenses de uma maneira geral, que admito possam olhar para tudo o que se tem passado com um visto de estupefacção e gozo, em grande medida devido ao facto de serem mais dúvidas que as certezas, devido nomeadamente a uma espiral, de críticas públicas, umas mais contundentes que outras, mas que praticamente diabolizaram um homem que ficou conhecido por há 17 anos ter criticado no hemiciclo de São Bento, e violentamente, Alberto João Jardim.
Mas toda esta polémica – alas como todas – tem um reverso da medalha, neste caso penoso para o PS e prejudicial para a estratégia socialista, a qual resulta da ideia que se vai aos poucos criando entre as pessoas, entre os cidadãos eleitores, de que para o PS local, só é tolerável, bom e elogiável, tudo o que disser mal da Madeira, do que foi feito nestes 30 anos de governação regional, mas sobretudo tudo e quem disser mal de Alberto João Jardim.
Há inquestionavelmente - sempre ouve - um problema comunicacional entre os socialistas locais, e que tem mais a ver com a dificuldade em fazerem passar coerentemente a sua mensagem política e traçar metas eleitorais, do que propriamente pelo conteúdo da mesma, até porque os resultados eleitorais na Região, desde 1976 até hoje, mostram qual o grau de receptividade propiciado pelos madeirenses a esse discurso.
Se para o PS local o Presidente da Assembleia da República – porque era nessa qualidade que falava no congresso da ANAFRE – se excedeu nos elogios a Jardim e deveria ter evitado as que fez, então acho que o assunto deveria ser debatido no local próprio, resolvido da forma politicamente mais correcta, em vez de vermos hoje pessoas sem qualquer moral política para criticar Jaime Gama, sobretudo o seu passado político, na política portuguesa, mas sobretudo no PS. E isso é que é lastimável. Como é possível que algumas pessoas, hoje no PS local, subitamente se tenham esquecido do seu percurso passado, surgindo com agora com a espada de Demóstenes em punho, ansiosos por esquartejar um Jaime Gama fundador do PS e que nunca andou, que eu saiba, por convicção ou “perdido” noutros partidos. Não se trata de defender Jaime Gama porque sei separar o trigo do joio, tenho a consciência absoluta que ele nunca seria um apoiante muito menos uma aliado do PSD da Madeira e de João Jardim. Nem sequer dou qualquer valor às declarações proferidas, na medida em que sei como a política funciona, como a conjuntura determina muita coisa e como o PSD local tem que ganhar eleições, alheio a tudo isto. Os madeirenses não votam no PSD da Madeira nem em Jardim por causa do que Jaime Gama ou qualquer outra pessoa, do PS ou de outro partido da oposição, disseram, de bem ou de mal, ao longo destas décadas, mas sim por factores que os socialistas locais conhecem bem, sabem quais são e que não podem tentar desvalorizar com polémicas que, sendo internas e dizendo respeito a protagonistas em concreto, não dizem nada ao povo eleitor nem vai influenciar a sua decisão eleitoral quando for esse o momento.
Uma nota final: por conhecimento pessoal, e para ser coerente e justo com a minha consciência, tenho que afirmar que Jaime Gama, enquanto Presidente da Assembleia da República, tem manifestado, sempre, uma preocupação em envolver as Assembleias Legislativas em muitas das iniciativas desencadeadas por São Bento e pugnado pela sua audição prévia em matérias de interesse específico e quem, neste contexto, fez muito mais do que o seu antecessor, também açoriano, o social-democrata, Mota Amaral.
Admito, e há que reconhecê-lo, o incómodo que tais declarações causam no seio do PS local, maior partido da oposição, sobretudo, pensam os seus dirigentes, por as mesmas poderem dar ao PSD argumentos que mais tarde utilizará contra os socialistas, possuidores de um discurso político que nada tem a ver com o que Gama afirmou.
Portanto, estamos perante uma questão partidária, circunscrita aos interesses políticos dos socialistas locais, que diz respeito ao PS local, que deve ser resolvida pelo PS local e que ultrapassou os limites do partido em questão graças ao empolamento na comunicação social que o assunto foi objecto, um empolamento esse que tem obviamente muito a ver, tudo a ver, diria melhor, com o conteúdo das declarações produzidas e o seu contraste face a declarações ou documento do PS local.
Em segundo lugar, penso não estar a exceder-me no campo de análise, o assunto não diz respeito nem ao PSD, nem ao Governo Regional, nem a Alberto João Jardim, nem sequer aos madeirenses de uma maneira geral, que admito possam olhar para tudo o que se tem passado com um visto de estupefacção e gozo, em grande medida devido ao facto de serem mais dúvidas que as certezas, devido nomeadamente a uma espiral, de críticas públicas, umas mais contundentes que outras, mas que praticamente diabolizaram um homem que ficou conhecido por há 17 anos ter criticado no hemiciclo de São Bento, e violentamente, Alberto João Jardim.
Mas toda esta polémica – alas como todas – tem um reverso da medalha, neste caso penoso para o PS e prejudicial para a estratégia socialista, a qual resulta da ideia que se vai aos poucos criando entre as pessoas, entre os cidadãos eleitores, de que para o PS local, só é tolerável, bom e elogiável, tudo o que disser mal da Madeira, do que foi feito nestes 30 anos de governação regional, mas sobretudo tudo e quem disser mal de Alberto João Jardim.
Há inquestionavelmente - sempre ouve - um problema comunicacional entre os socialistas locais, e que tem mais a ver com a dificuldade em fazerem passar coerentemente a sua mensagem política e traçar metas eleitorais, do que propriamente pelo conteúdo da mesma, até porque os resultados eleitorais na Região, desde 1976 até hoje, mostram qual o grau de receptividade propiciado pelos madeirenses a esse discurso.
Se para o PS local o Presidente da Assembleia da República – porque era nessa qualidade que falava no congresso da ANAFRE – se excedeu nos elogios a Jardim e deveria ter evitado as que fez, então acho que o assunto deveria ser debatido no local próprio, resolvido da forma politicamente mais correcta, em vez de vermos hoje pessoas sem qualquer moral política para criticar Jaime Gama, sobretudo o seu passado político, na política portuguesa, mas sobretudo no PS. E isso é que é lastimável. Como é possível que algumas pessoas, hoje no PS local, subitamente se tenham esquecido do seu percurso passado, surgindo com agora com a espada de Demóstenes em punho, ansiosos por esquartejar um Jaime Gama fundador do PS e que nunca andou, que eu saiba, por convicção ou “perdido” noutros partidos. Não se trata de defender Jaime Gama porque sei separar o trigo do joio, tenho a consciência absoluta que ele nunca seria um apoiante muito menos uma aliado do PSD da Madeira e de João Jardim. Nem sequer dou qualquer valor às declarações proferidas, na medida em que sei como a política funciona, como a conjuntura determina muita coisa e como o PSD local tem que ganhar eleições, alheio a tudo isto. Os madeirenses não votam no PSD da Madeira nem em Jardim por causa do que Jaime Gama ou qualquer outra pessoa, do PS ou de outro partido da oposição, disseram, de bem ou de mal, ao longo destas décadas, mas sim por factores que os socialistas locais conhecem bem, sabem quais são e que não podem tentar desvalorizar com polémicas que, sendo internas e dizendo respeito a protagonistas em concreto, não dizem nada ao povo eleitor nem vai influenciar a sua decisão eleitoral quando for esse o momento.
Uma nota final: por conhecimento pessoal, e para ser coerente e justo com a minha consciência, tenho que afirmar que Jaime Gama, enquanto Presidente da Assembleia da República, tem manifestado, sempre, uma preocupação em envolver as Assembleias Legislativas em muitas das iniciativas desencadeadas por São Bento e pugnado pela sua audição prévia em matérias de interesse específico e quem, neste contexto, fez muito mais do que o seu antecessor, também açoriano, o social-democrata, Mota Amaral.
Luís Filipe Malheiro (in Jornal da Madeira, 01 de Abril de 2008)
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