Um blogue escrito em Cuba para os 'balseros' virtuais

Segundo a jornalista Susana do DN de Lisboa, "Yoani Sánchez veste-se de turista e entra confiante num hotel de Havana, território proibido para os cubanos. Mas ela, de aspecto jovial nos seus 32 anos, cumprimenta o porteiro em alemão e, com um sorriso, dirige-se para os computadores com Internet. O texto que escreveu sobre o seu dia-a-dia na ilha está guardado numa pen e são necessários poucos minutos para o pôr online, num post do blogue mais popular escrito em Cuba: Generación Y. Y de Yoani, mas também de Yanisleidi, Yoandri, Yusimí ou Yuniesky. "Nascidos na Cuba dos anos 70 e 80, marcados pelas escolas no campo, os desenhos animados russos, as saídas ilegais e a frustração", escreveu esta filóloga apaixonada pela informática na entrada do blogue (http/desde cuba.com/generaciony), lido por 1,2 milhões de pessoas em Fevereiro. É na Net que encontra espaço para escrever sobre a ilha, para lá do que diz a propaganda do regime no Granma. Mas o desafio não é fácil. Em Cuba o acesso (legal) à Internet restringe-se quase só aos hotéis, empresas internacionais e embaixadas, algumas companhias estatais e a um único cibercafé, no centro de Havana, onde uma hora a navegar custa 3,25 euros, o equivalente a um terço do ordenado médio cubano. Ainda assim, a escrita de blogues está a desenvolver-se, com os seus autores a não hesitarem em colocarem o seu currículo e fotografia, optando por não se esconder atrás de pseudónimos. É o caso de Yoani. Nascida em Havana em 1975, estudou Filologia e defendeu uma tese "incendiária" sobre a literatura latino-americana das ditaduras. Em 2000, começou a trabalhar numa editora, mas o baixo salário acabaria por levá-la a dar aulas de Espanhol a turistas alemães que visitavam Havana. "Era a etapa (prolongada até aos dias de hoje) em que os engenheiros preferiam conduzir um táxi, os professores faziam o impossível para trabalhar num hotel e nos balcões das lojas podias ser atendida por um neurocirurgiã ou um físico nuclear", diz".