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terça-feira, 20 de março de 2007

Artigo: CDS

Paulo Portas protagonizou, no final do último Conselho Nacional do CDS/PP, um espectáculo triste no final, de protagonismo pessoal a todo o custo, numa demonstração de incontrolável ânsia de visibilidade na comunicação social. Tratou-se, isso já não é novidade para ninguém, de uma reunião tempestuosa em relação à qual, consta pela comunicação social, só faltou uma cena de “batatada” generalizada. Maria José Nogueira Pinto, pela primeira vez, e felizmente, foi posta da ordem, dado que se trata de uma pessoa com a mania que é uma referência no CDS e que, por isso, manda nos destinos do partido impunemente, interferindo por tudo e por nada. O seu anúncio de que não sabe se vai continuar no CDS pode ser, pelo menos é essa a minha opinião, uma boa notícia para o partido, independentemente de quem vier a ser líder. Eu até acho que ela se deve juntar a Santana Lopes na criação do tal novo partido da direita portuguesa, quem sabe uma espécie de oposição “queque” e “betinha”.
Ribeiro e Castro, já o disse várias vezes, é, em meu entender, um “caso perdido”. Não convence ninguém, não tem perfil, não consegue unir o partido, não sabe ser líder (julgo que está mais do que demonstrado que foi eleito líder no último Congresso por um mero acaso, sem o querer), continua a querer ser oposição mantendo ao mesmo tempo o tacho no Parlamento Europeu, pelo que acaba por não ser nem uma coisa nem outra. Não me parece que a oposição portuguesa à actual maioria socialista fique a perder seja o que for com a saída de Ribeiro e Castro da liderança do CDS/PP. Mas também não sei o que é que o CDS/PP pode ficar a ganhar com a entrada de Paulo Portas.
De facto, que dizer de Portas? Fiquei estupefacto com a lata, e a afirmação de que nunca “abandonou o CDS/PP”. Demitiu-se em Fevereiro de 2005, depois da derrota, abandonou o barco por não ter a coragem para assumir erros e responsabilidades. Andou dois anos agarrado ao penacho na Assembleia da Republica, já que a pretensa ida para os Estados Unidos (dar aulas ou estudar) não passou, desde o início, de mais uma das suas encenações, de um embuste. Depois do referendo sobre o aborto resolveu tirar a máscara e assumir-se como candidato à liderança do CDS/PP, depois de ter andado dois anos a boicotar, via grupo parlamentar (constituído por “aves” escolhidas por ele, dado que foram todos eleitos em 2005), Ribeiro e Castro.
Mas afinal, o que é que quer Portas?
Portas não quer um Congressos porque teme que a actual máquina do CDS/PP, quem tem o poder partidário, possa garantir a eleição dos delegados suficientes para derrotarem o pretendendo ao “trono”. Os “portistas” não querem sujeitar-se a um vexame desses. Convém lembrar, a propósito, que enq1uanto foi líder do CDS, Portas nunca introduziu as “directas” que agora reclama. Curioso... A opção passa pelo recurso a “directas”, já que Portas está convencido que ganha a eleição se o líder do partido for eleito directamente pelos militantes. Eu também tenho dúvidas que Ribeiro e Castro se a contento nesta opção, o que explica a sua insistência no Congresso antecipado. Por isso Portas está a escolher a única alternativa que lhe serve e que o pode favorecer.
É neste quadro de indefinição e de uma clara confrontação entre duas propostas diametralmente opostas, que se realiza um Conselho Nacional pressionando, por um lado, pelo mediatismo e pela ambição de Portas e seus apoiantes, e por outro, por um pedido de realização de um Congresso, subscrito por mais de 1000 filiados e apoiado por Ribeiro e Castro, e que ao que consta, passa a ser obrigatório, nos termos estatutários. A investida organizada de Portas e sua corte, apostados em obrigar o Conselho Nacional a votar pelas directas, parece que teve sucesso, na medida em que consta que a proposta das “directas” terá vencido, o que mais uma vez mostra a tremenda incompetência de Nogueira Pinto a liderar estes trabalhos. Aliás, não se percebe bem o que queria a “dona” do CDS, obrigada a abandonar os trabalhos mais cedo.
O que é estranho é que, depois de todas estas cenas, destes insultos e desta palhaçada de um partido que vale o que vale, ninguém da direcção tenha dado uma explicação ou feito um comentário. Esta omissão foi hábil mas pateticamente aproveitada por Portas que surgiu perante os jornalistas como o “bom da fita”, a pedir ”desculpa” aos eleitores em nome do partido por factos que acontecerem também porque ele próprio foi protagonista desses acontecimentos e, directa ou indirectamente, terá alimentado a peixeirada que teve lugar naquela sala de hotel.
Eu estou-me borrifando para o que se passa ou não no CDS/PP, mas é bom que as pessoas percebam que há por aí uns “santarrões” de meia-tijela que embora parecendo una cambada de inocentes todos vestidos de branco, escondem uma cauda bem preta debaixo da fralda. É o caso. Não se deixem iludir, mesmo sabendo que o peso do CDS na sociedade portuguesa é quase nulo. Mas, enfim, deixemo-los divertirem-se com estas cenas. Ainda vão chegar ao Olimpo, provavelmente a reboque, mais do que certo, dos socialistas que pretensamente dizem combater. Como referia o DN de Lisboa ontem, frase que parece reflectir com precisão o que se passa no CDS neste momento, o “PP avança para congresso em clima de caos total”.Que sejam felizes!
Luís Filipe Malheiro

Jornal da Madeira, 20 de Março 2007

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