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segunda-feira, 23 de abril de 2007

Artigo: Turismo

Acho que não existem dúvidas – ainda por cima quando se multiplicam os que falam, insistentemente, no tal “novo ciclo”, em que o investimento privado afia motores e garras para tomar o lugar do investimento público (como se os madeirenses fossem parvos para pensarem de uma forma tão simplista e ingénua…) — que o turismo e a nossa potencialidade natural, diria a nossa vocação colectiva, pelo que tudo o que for feito nesta terra que prejudique esta actividade, que destrua a nossa paisagem, é criminoso. De que servem andarmos a construir hotéis aos pontapés, alguns deles de qualidade duvidosa e que nada têm a ver com o tal chavão do “turismo de qualidade”, durante anos tão repetidamente utilizado, se os clientes fogem por não encontrarem nada de atractivo nesta terra, ou porque ela simplesmente não foi capaz de defender-se dos abutres? O problema é que sempre que se discute turismo na Madeira, há uma espécie de “corte” que se posiciona sempre na primeira fila, que procura impor de forma unilateral as regras do jogo e o modelo de apreciação do sector, comportando-se como se fossem eles os “donos” de uma actividade económica de grande importância para a Madeira, ainda por cima deixando passar a ideia de que não passam de um grupinho de meninos de coro, bem pensantes e puros, que resistem penosamente contra todas as investidas economicistas dos empresários do “poder”. Grandes negociatas foram feitas, são feitas, por pessoas que de poder têm tanto como eu de filiado no PCP. Portanto, não partidarizemos o sector, nem se caia no erro de catalogar os “bons” ou os “maus” em função do cartão de militância partidária que têm na carteira ou, também como é o caso, se o têm nem o exibem.
Mas indo aos “finalmente”, vem tudo isto a propósito dos indicadores recentes do INE, acerca do turismo. Ficamos a saber, por exemplo, que em Fevereiro deste ano, todas as regiões registaram acréscimos homólogos nas dormidas que no caso da Região Autónoma da Madeira, foram de 1,8%. De acordo com a mesma entidade, ficamos a saber que os destinos preferenciais dos turistas não residentes foram o Algarve (40,9%) e a Região Autónoma da Madeira (27,1%), enquanto que no caso dos residentes, os principais destinos escolhidos foram a região de Lisboa (25,0%), o Centro (22,0%) e o Norte (21,0%).
Ainda com base nos indicadores de Fevereiro, os estabelecimentos hoteleiros (hotéis, hotéis-apartamentos, apartamentos turísticos, aldeamentos turísticos, motéis, pousadas, estalagens e pensões) registaram uma taxa líquida de ocupação-cama de 30,5%, mais 1,1% relativamente ao período homólogo anterior. Por regiões, os valores mais elevados para este indicador foram observados na Região Autónoma da Madeira (54,7%), Lisboa (33,6%) e Algarve (30,4%). A estada média geral na hotelaria portuguesa foi de 2,9 noites e as regiões que apresentaram melhores resultados foram a Região Autónoma da Madeira (5,8 noites), o Algarve (5,2) e os Açores (3). Quanto aos proveitos, embora o INE não separe os valores por regiões, ficamos a saber que, a hotelaria registou 85,9 milhões de euros de proveitos totais e 54,8 milhões de euros de proveitos de aposento, revelando variações homólogas positivas de 1,7% e 4,3%, respectivamente. Só nos dois primeiros meses de 2007, os proveitos totais atingiram 167,7 milhões de euros — os proveitos de aposento foram de 107,1 milhões de euros — o que se traduziu em acréscimos homólogos de 2,8% e 5,5%, respectivamente. Neste período, o rendimento médio por quarto foi de 17,3 euros, mais 5,5% que no período anterior. Quer isto dizer que devemos preservar as características naturais desta terra, aproveitar as suas potencialidades turísticas, gerar condições para que a promoção externa seja uma realidade crescente e consistente. E ser implacavelmente duros, convictamente punitivos, para tudo e para todos os que, em nome do turismo e dos interesses da Região, estejam a destruir a Madeira por causa de comportamentos de libertinagem sôfrega que não podem encontrar cumplicidades ou ganhar tolerância.

P.S.: Do site dos socialistas locais, retirei esta informação que revela o desespero, o vale-tudo, para que os eleitores sejam enganados e manipulados, inclusive por campanhas de desinformação que revelam muito mau carácter e falta de dignidade e de isenção: “O presidente-demissionário (do Governo Regional) encomendou um estudo ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas sobre a reestruturação da Administração Pública Regional. O estudo já foi entregue e aponta para o despedimento de 30% dos funcionários públicos na Madeira. Alberto João Jardim garante que vai cumprir o que o estudo determina. Não há espaço para dúvidas: se o PSD ganhar as eleições, 30% dos funcionários públicos madeirenses serão despedidos!”. Tudo isto já foi desmentido. O estudo não foi concluído, por isso não foi entregue, Alberto João Jardim já disse que com ele não haverá despedimentos na função pública, pelo que as pessoas, principalmente os visados, ou acreditam ou não acreditam. Ninguém os obriga a escolher. Trata-se de uma questão pessoal, de convicção, nada mais. O que é espantoso, é esta demonstração de uma imperdoável falta de lata e a sem-vergonha dos socialistas locais: prometeram menos 75 mil funcionários públicos até 2009, conseguiram 10 mil despedimentos ou rescisões, estão a alimentar a lista dos “dispensáveis” (em nome da tal mobilidade) que terão milhares de pessoas, reduziram 256% das chefias pondo em causa em muitos casos a eficácia e funcionalidade de muitos serviços, e, apesar de tudo isto, têm lata de andarem a criticar os outros recorrendo à mentira e à deturpação deliberada dos factos, próprios de quem se comporta vivendo na mentira, alimentando-se da mentira, propondo a mentira.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 23 de Abril 2007

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