Artigo: COISAS DO PAÍS (I)…
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- No âmbito da guerra, patética, no seio do BCP – que não diz nada à esmagadora maioria dos portugueses (sem dinheiro para as suas despesas, muito menos para andarem a queimar dinheiro em bancos privados que dão esta triste imagem…) – que tem apenas como causa principal a luta pelo poder interno, ou sejam, pelo controlo da instituição, e a luta pela “sobrevivência” pessoal e pelo acesso a milionárias mordomias que envergonhariam qualquer cidadão português, caso delas tivesse conhecimento (o que não acontecerá enquanto essas despesas forem consideradas “secretas”…) – eis que o empresário madeirense Joe Berardo surgiu há dias a criticar os “gastos excessivos do banco com membros dos seus órgãos sociais, especialmente com o presidente do conselho geral e de supervisão, acusando que existe uma fraude de colarinho branco" no maior banco privado português”. Esta declaração de Berardo - que continuo a pensar que precisa urgentemente de ser aconselhado na preservação da sua imagem pública, concretamente na comunicação social, e na forma como aborda as questões para que não dê uma imagem que depois se vira em seu próprio desfavor – foi feita durante uma entrevista a um canal de televisão, na qual foi dada como exemplo de tudo o que acabara de dizer quanto aos gastos excessivos “o facto de o fundador do banco e actual presidente do conselho geral e de supervisão, Jorge Jardim Gonçalves, ter ganho 50 milhões de euros do banco, apenas num ano” (Berardo é accionista do BCP com 6,8%). A gravidade das acusações de Berardo não se fica por aqui: “A polícia e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários têm de levar isto a sério. Isto não pode acontecer". Obviamente que o ex-presidente do banco, o também madeirense Jardim Gonçalves, veio admitir colocar uma acção judicial contra Berardo depois de este o ter acusado de ter cometido uma "fraude de colarinho branco", mas apesar da formalidade cumprida – porque é disso que se trata – Jardim Gonçalves nunca desmentiu nem esta história dos 50 milhões de euros, nem o facto de continuar a utilizar apenas os aviões privados do banco, de dispor de um grupo de segurança pessoal pago pelo banco e de despesas domésticas suportadas pelo banco, tudo acusações feitas há uns meses por Berardo. Continuo a manter a ideia de que estas “guerras” tontas, pelo poder e pelo dinheiro, não devem interessar aos portugueses, apesar das televisões e dos jornais terem transformado guerras pessoais e ajustes de contas pessoais ou entre grupos de accionistas num acontecimento à escala nacional. Os portugueses têm outras preocupações que passam também, e por exemplo, pelos lucros acumulados pelos bancos, à custa dos consumidores, de milhares de pessoas que a eles recorreram mas que não andam a saltar de assembleia-geral em assembleia-geral porque nem de 0,1% do capital de um banco são detentores…
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 15 de Agosto 2007
Jornal da Madeira, 15 de Agosto 2007
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