PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Artigo: COISAS DO PAÍS (I)…

- Foi há dias noticiado na imprensa que o lucro da Galp Energia aumentou 71% no primeiro semestre deste ano, face a igual período de 2006, atingindo o valor de 285 milhões de euros, “superando desta forma a expectativa dos analistas”. Alguns analistas referidos pelos meios de comunicação social admitem que o lucro semestral da empresa tinha sido estimado nos 257,7 milhões de euros, pelo que os valores finais apurados acabaram por se situar acima do esperado. A ajudar o lucro a subir esteve o forte aumento da margem de refinação, segundo a empresa, com uma subida de 25%, ou 1,3 dólares por barril, face ao primeiro semestre do ano passado; a forte procura de gasolina no mercado internacional; e o aumento da produção própria de petróleo da Galp. O que me parece estranho é que no meio de todas estas “festança” causadas pelo lucro da empresa, não seja feita referência aos constantes aumentos dos combustíveis no mercado nacional (ou a Galp deixou de ser vencedora de combustíveis?...) e ao facto de serem os consumidores os mais penalizados por políticas empresariais que os prejudicam na sua capacidade de compra – que mais poderia acontecer senão isso mesmo?! – mas que defendem, e bem, os interesses de empresas que se comportam como se vivessem numa espécie de capitalismo selvagem. Estão a ver?! Ainda dizem que não somos um país moderno e desenvolvido. Até temos empresas que acumulam lucros milionários para depois andarem a abrir poços de exploração petrolífera em países subjugados por regimes totalitários ou disporem de recursos financeiros para andarem a brincar aos investimentos no estrangeiro porque, “cá dentro”, só para as tais ”escapadinhas de três dias”…

- No âmbito da guerra, patética, no seio do BCP – que não diz nada à esmagadora maioria dos portugueses (sem dinheiro para as suas despesas, muito menos para andarem a queimar dinheiro em bancos privados que dão esta triste imagem…) – que tem apenas como causa principal a luta pelo poder interno, ou sejam, pelo controlo da instituição, e a luta pela “sobrevivência” pessoal e pelo acesso a milionárias mordomias que envergonhariam qualquer cidadão português, caso delas tivesse conhecimento (o que não acontecerá enquanto essas despesas forem consideradas “secretas”…) – eis que o empresário madeirense Joe Berardo surgiu há dias a criticar os “gastos excessivos do banco com membros dos seus órgãos sociais, especialmente com o presidente do conselho geral e de supervisão, acusando que existe uma fraude de colarinho branco" no maior banco privado português”. Esta declaração de Berardo - que continuo a pensar que precisa urgentemente de ser aconselhado na preservação da sua imagem pública, concretamente na comunicação social, e na forma como aborda as questões para que não dê uma imagem que depois se vira em seu próprio desfavor – foi feita durante uma entrevista a um canal de televisão, na qual foi dada como exemplo de tudo o que acabara de dizer quanto aos gastos excessivos “o facto de o fundador do banco e actual presidente do conselho geral e de supervisão, Jorge Jardim Gonçalves, ter ganho 50 milhões de euros do banco, apenas num ano” (Berardo é accionista do BCP com 6,8%). A gravidade das acusações de Berardo não se fica por aqui: “A polícia e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários têm de levar isto a sério. Isto não pode acontecer". Obviamente que o ex-presidente do banco, o também madeirense Jardim Gonçalves, veio admitir colocar uma acção judicial contra Berardo depois de este o ter acusado de ter cometido uma "fraude de colarinho branco", mas apesar da formalidade cumprida – porque é disso que se trata – Jardim Gonçalves nunca desmentiu nem esta história dos 50 milhões de euros, nem o facto de continuar a utilizar apenas os aviões privados do banco, de dispor de um grupo de segurança pessoal pago pelo banco e de despesas domésticas suportadas pelo banco, tudo acusações feitas há uns meses por Berardo. Continuo a manter a ideia de que estas “guerras” tontas, pelo poder e pelo dinheiro, não devem interessar aos portugueses, apesar das televisões e dos jornais terem transformado guerras pessoais e ajustes de contas pessoais ou entre grupos de accionistas num acontecimento à escala nacional. Os portugueses têm outras preocupações que passam também, e por exemplo, pelos lucros acumulados pelos bancos, à custa dos consumidores, de milhares de pessoas que a eles recorreram mas que não andam a saltar de assembleia-geral em assembleia-geral porque nem de 0,1% do capital de um banco são detentores…

Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 15 de Agosto 2007

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