EUA contratam grupo de rock para melhorar imagem no mundo
Quando a sua manager lhes disse que o Departamento de Estado os queria contratar para uma série de concertos em países árabes, com vista a melhorar a imagem dos EUA, os Ozomatli não acreditaram. Os nove membros do grupo de Los Angeles, que nasceu há 12 anos numa manifestação em defesa dos direitos dos imigrantes, são críticos ferozes da Administração Bush e da guerra no Iraque. Mas acabaram por aceitar um desafio que os levou a actuar no Egipto, Jordânia e Tunísia para "dar uma imagem diferente da América". Com o antiamericanismo a crescer, sobretudo nos países de maioria muçulmana (na Jordânia 85% da população tem opinião desfavorável dos EUA, segundo um estudo do Pew Research Center), a Administração Bush concluiu que dar a conhecer a música do seu país era uma boa forma de contrariar as imagens de soldados americanos a combater os rebeldes no Iraque, que chegam diariamente às televisões. De origens ét- nicas variadas - África, Japão, Índia -, os Ozomatli foram a escolha do Departamento de Estado para mostrar o outro lado dos EUA. Com nome de divindade asteca, a banda não esconde a sua oposição à política do Presidente George Bush, mas o saxofonista Ulises Bella explicou ao Los Angeles Times estar "totalmente empenhado em dar uma imagem da América diferente da que esta deu nos últimos cinco anos". Presença assídua em eventos antiguerra, os Ozomatli não resistiram ao convite para uma viagem com tudo pago ao Egipto, Jordânia e Tunísia. Em entrevista ao site USINFO, o vocalista, Raul Pacheco, disse ter sentido "muito apreço e amor" nos concertos que deram nestes países. Escolhidos por sugestão de um diplomata que os ouviu na rádio e se deixou contagiar pelo seu ritmo latino, que mistura o rock e o hip hop, os Ozomatli já haviam actuado, no Inverno passado a convite do Departamento de Estado na Índia e no Nepal. Mas a iniciativa de usar músicos como embaixadores do país partiu de Karen Hughes. A assessora de Bush durante os primeiros anos do seu mandato é, desde 2005, subsecretária de Estado para a Diplomacia e os Assuntos Públicos. A ideia de usar a cultura como veículo de aproximação não é, contudo, nova. Já durante a Guerra Fria, o Departamento de Estado dos Estados Unidos recrutava músicos de jazz como emis- sores culturais que actuavam em todo o mundo, inclusive em países comunistas. Para o embaixador dos EUA no Egipto, Francis Ricciardone, este género de iniciativas, não é apenas "um poder suave" mas sim "um verdadeiro poder", explicou o diplomata ao Los Angeles Times. O seu sucesso é que parece ser relativo. No Cairo, por exemplo, o concerto dos Ozomatli contou com pouco mais de mil espectadores, um número no mínimo modesto para quem procura conquistar a simpatia dos cerca de 1600 milhões de muçulmanos que existem no mundo. (fonte: DN de Lisboa)
<< Página inicial