AQUECIMENTO ABRE CORRIDA AO ÁRCTICO
Começou a corrida ao Árctico. Em parte porque a Rússia está a tentar provar que o Pólo Norte faz parte de uma cadeia montanhosa (Dorsal de Lomonosov) que é o prolongamento geológico da sua plataforma continental, tendo assinalado essa reivindicação, colocando há dias a sua bandeira no fundo do oceano, a mais de 4300 quilómetros de profundidade. A partir desse momento, EUA, Canadá, Dinamarca e Noruega desdobraram-se em iniciativas mais ou menos mediáticas com um único objectivo: deixar claro que a Rússia não é a única potência com interesses territoriais na região do Árctico, onde é suposto existirem um quarto das reservas mundiais de petróleo e gás, além de urânio, diamantes e outros minérios.É isso que motiva estes cinco países, tendo em conta que o direito internacional prevê que eles possam reivindicar a sua soberania sobre algumas extensões territoriais do Árctico. Com base numa convenção da ONU que regula os limites das plataformas continentais e que estabelece um prazo de dez anos a contar da sua ratificação para que os interessados apresentem as suas pretensões. O que, no caso da Rússia, significa que Moscovo tem até 2009 para se pronunciar. Já o prazo-limite do Canadá vai até 2013 e o da Dinamarca aponta para 2014.Praticamente ignorado ao longo da História, com excepção do período da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a ex-URSS, o Árctico ganhou uma nova projecção nos últimos anos por força do aquecimento global. De acordo com os mais recentes estudos científico, a temperatura média na região está a crescer ao dobro da velocidade registada no resto do mundo, explicando, por exemplo, o descongelamento dos glaciares ou as razões por que a área de mar coberta por gelo tem vindo a diminuir no Verão entre 15% e 20% relativamente ao que sucedia ainda há 30 anos.O que, em termos práticos, significa que a temperatura média no Árctico poderá vir a subir entre quatro e sete graus Celsius nas próximas décadas. Uma perspectiva muito superior ao aumento previsto para o resto do planeta, se nada for feito para conter os efeitos de estufa provocados pelas emissões de dióxido de carbono (CO2): dois a três graus.Abrindo, assim, novas perceptivas à exploração do Árctico. Tanto no mar como no subsolo. Ao ponto de alguns responsáveis russos e canadianos já terem começado a referir-se a esta corrida como as Descobertas do século XXI, numa alusão aos Descobrimentos dos séculos XV e XVI.Mas para além do acesso às reservas de gás e de petróleo que ali existem, países como o Canadá, EUA e Rússia parecem também interessados em abrir novas rotas ao tráfego marítimo e até ao turismo
Canadá quer impor novas rotas
A médio prazo, a Passagem do Nordeste, situada no interior do círculo polar árctico, junto à costa norte do Canadá e dos EUA, poderá transformar-se numa alternativa às rotas de transporte marítimo entre o Atlântico e a Ásia, passando pelo estreito de Bering. Essa é, pelo menos, a pretensão dos canadianos e do primeiro-ministro Stephen Harper, que anunciou a intenção de construir uma base naval e um porto na região.Só que entre o plano das intenções e a realidade há factores que podem alterar tudo. A começar pelas condições atmosféricas, que, neste momento, tornam a Passagem do Nordeste praticamente intransitável durante todo o ano. Um cenário que pode, contudo, vir a mudar por via do aquecimento global, obrigando países e armadores a refazerem as suas contas, investindo nesta rota. Levando também a Rússia a abrir a Passagem do Noroeste ao tráfego marítimo internacional, repetindo no mar aquilo que já acontece com a maior parte do tráfego aéreo entre o Norte da Europa, do Canadá e da Ásia.A avaliar pelos cálculos elaborados esta semana pelo portal de notícias Asian Times, o frete marítimo através da Passagem do Nordeste teria, à partida, um custo inferior em quase 50% aos preços praticados nos canais de Suez e do Panamá. Mas o mesmo Asian Times debruça-se depois sobre o preço dos seguros que seriam exigidos por via dos riscos que ainda subsistem - ventos, marés e icebergues - para concluir que o custo desses fretes tenderia a aumentar. Pelos menos por enquanto, sendo ainda necessário que Canadá, EUA e Rússia construíssem as infra-estruturas necessárias à navegação na região. Designadamente portos, apostando na abertura desta rota durante os meses de Verão, altura em que o turismo poderia proporcionar também algumas receitas adicionais (fonte: DN de Lisboa)
Canadá quer impor novas rotas
A médio prazo, a Passagem do Nordeste, situada no interior do círculo polar árctico, junto à costa norte do Canadá e dos EUA, poderá transformar-se numa alternativa às rotas de transporte marítimo entre o Atlântico e a Ásia, passando pelo estreito de Bering. Essa é, pelo menos, a pretensão dos canadianos e do primeiro-ministro Stephen Harper, que anunciou a intenção de construir uma base naval e um porto na região.Só que entre o plano das intenções e a realidade há factores que podem alterar tudo. A começar pelas condições atmosféricas, que, neste momento, tornam a Passagem do Nordeste praticamente intransitável durante todo o ano. Um cenário que pode, contudo, vir a mudar por via do aquecimento global, obrigando países e armadores a refazerem as suas contas, investindo nesta rota. Levando também a Rússia a abrir a Passagem do Noroeste ao tráfego marítimo internacional, repetindo no mar aquilo que já acontece com a maior parte do tráfego aéreo entre o Norte da Europa, do Canadá e da Ásia.A avaliar pelos cálculos elaborados esta semana pelo portal de notícias Asian Times, o frete marítimo através da Passagem do Nordeste teria, à partida, um custo inferior em quase 50% aos preços praticados nos canais de Suez e do Panamá. Mas o mesmo Asian Times debruça-se depois sobre o preço dos seguros que seriam exigidos por via dos riscos que ainda subsistem - ventos, marés e icebergues - para concluir que o custo desses fretes tenderia a aumentar. Pelos menos por enquanto, sendo ainda necessário que Canadá, EUA e Rússia construíssem as infra-estruturas necessárias à navegação na região. Designadamente portos, apostando na abertura desta rota durante os meses de Verão, altura em que o turismo poderia proporcionar também algumas receitas adicionais (fonte: DN de Lisboa)
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