PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Artigo: SINA?

Parece uma sina. De Verão. Há uns anos a esta parte, há sempre alguma coisa, algum episódio, alguma “novela” que vai sendo projectada em pequenos ou grandes episódios. No ano passado também estive envolvido num papel secundário num qualquer episódio de uma qualquer novela que visava também divergências no seio do PSD da Madeira.
Não vou ao ponto de desvalorizar totalmente o assunto, na medida em que existe o facto, existem protagonistas, existe a necessidade de um epílogo para tudo isto, até para que as pessoas percebam o que se passou e se acabe de uma vez por todas com a especulação, que me parece estar a crescer a vários níveis, ultrapassando mesmo os limites do razoável no que a ataques pessoais diz respeito, não faltando, como ainda ontem ouvi, notícias indiciando a pressão dos socialistas para a destituição (!) do Presidente da Câmara do Funchal, numa atitude absurda, reveladora da ausência de princípios essenciais que também na política devem estar presentes. No fundo o que o PS local pretende fazer é condenar o autarca funchalense, sem conhecer o documento, sem saber se existe matéria para essa condenação, sem conhecer qualquer decisão que será tomada pelas entidades competentes. É condenar alguém apenas porque politicamente lhes interessa, provavelmente porque continuam, cerca de dois anos depois, a não ser capazes de digerir uma copiosa e inesperada derrota eleitoral nas autárquicas, depois de uma campanha particularmente violenta e na qual a corrupção, ou melhor dizendo, a insinuação especulativa e a acusação indiscriminada, marcou presença quase diária no combate político então realizado.
Neste caso concreto há um processo, nascido há cerca de três anos – provavelmente mal nascido, ou nascido nas condições não mais recomendáveis – que foi evoluindo, porque inevitavelmente teria que evoluir da forma como aconteceu, que culminou com a elaboração de um documento (relatório) ao qual foi dado, segundo dizem os responsáveis, e eu acredito, o andamento legalmente estabelecido. Ou seja, não há anda uma conclusão para tudo isto, pelo que a tentativa errada de se querer condenar pessoas, sem esperar pelo veredicto, parece-me desajustado.
É sabido que o PSD madeirense terá em Março de 2008 um congresso regional, destina do, em meu entender, a preparar o partido para o momento decisivo, agendado para Outubro de 2010, um ano antes das regionais de 2011. O PSD da Madeira precisa, neste momento, de tranquilidade interna, de coesão na diferença de opiniões e de uma concentração de esforços para que ele se mantenha blindado a pressões que naturalmente surgirão de fora para dentro, visando influenciar opções e, pior do que isso, apostando no condicionamento da liberdade de opção e na decisão dos seus filiados. Alberto João Jardim já anunciou uma alteração estatutária que não pode ser, nem vai ser, cirúrgica, servindo apenas num determinando contexto ou a uma determinada perspectiva de análise das coisas. Foi o próprio Jardim que anunciou que provavelmente o partido deixará de ter Vice-Presidentes da Comissão Política, para que não existiam diferentes patamares de importância política, facilitando desta forma o processo de decisão interna. Foi também o líder do PSD da Madeira quem anunciou que a Comissão Política a sair do próximo Congresso de 2008, poderá ter mão mais de 12 a 15 membros, já que provavelmente a comissão permanente será abolida. Não me parece que, neste contexto de mudança, faça sentido manter nas “directas” a obrigatoriedade, que aliás não existe em mais lado nenhum, de impor aos militantes a votação numa comissão política e num secretariado, remetendo para o congresso apenas a eleição dos demais órgãos incluindo o conselho regional que Alberto João Jardim já anunciou pretender ver reforçada a sua importância, e que é eleito em Congresso. Mas estas alterações são matéria da competência do próprio Alberto João Jardim, que está certamente atento a tudo isto, que melhor do que ninguém percebe os com tornos, a montante e a jusante destas questões estatutárias, e que se prepara no Conselho Regional de Setembro para apresentar uma proposta inicial que será sujeita a apreciação e discussão interna, visando a aprovação de Dezembro deste ano, no Conselho Regional, das alterações estatutárias propostas. Depois disso, as “directas” para o Congresso de Março de 2008 realizar-se-ão com base nos novos estatutos. Esta reforma estatutária tem que apostar em 2011 e na estabilidade interna do partido, não vai servir facções, nem institucionalizar qualquer modelo de controlo partidário que seria absurdo, desajustado e perigoso Soluções de recurso, ou a reboque de “sugestões” com intencionalidades facilmente adivinháveis, opções assentes na fragilidade politica que acabarão por ruir, certâmen te que não serão toleradas por Alberto João Jardim.
O PSD da Madeira está consciente de tudo isto, os seus militantes e eleitores sabem que precisamos que ter um partido pós-Alberto João Jardim que sendo obviamente diferente – porque ninguém pode ter a veleidade tonta de querer ser uma espécie de “clone” de uma liderança carismática e profundamente marcante no partido e na região – pelo que as prioridades do partido, são essencialmente as de se manter fora de tudo isto, apostando apenas no essencial e nas responsabilidades que aos poucos lhe serão pedidas.
Este caso teria conseguido o mesmo mediatismo, a mesma amplitude informativa, a projecção até nos meios de comunicação social nacionais, se, por exemplo, não tivéssemos saído recentemente de eleições na Câmara de Lisboa, em circunstâncias de todos conhecidas, ou se João Cunha e Silva e Miguel, Albuquerque não fossem ambos mais do que supostos ”delfins” – porque continuo a acreditar que há uma diferença entre o querer ser e o permitir que os outros, particularmente os meios de comunicação social, continuem a dizer que eles são… - dois Vice-Presidentes do PSD da Madeira?
Quando afirmei que o PSD estava à margem deste assunto, obviamente que não estou mandatado - e tive a preocupação de o referir – pelo partido para falar em seu nome e, muito menos, falar em nome da consciência e da liberdade de pensamento de cada militante, até porque os partidos são constituídos por pessoas que certamente lêem jornais e ouvem notícias. Disse claramente que era essa a minha dedução. Porque no passado já nos confrontamos com situações semelhantes, e conseguimos manter o equilíbrio, a unidade e a inteligência de saber separar o “trigo do joio”.

Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 16 de Agosto 2007

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast