Artigo: TRANSPORTES AÉREOS (I)
Quando se fala na problemática dos transportes aéreos para as ilhas – um sector de fundamental importância para elas – há que ter em consideração as diversas componentes de um problema que assume uma relevância transcendente, sobre tudo porque estamos a falar de ilhas:
· a perspectiva do poder político que quer transportes eficazes e sem problemas;
· o entendimentos dos hoteleiros que querem os transportes ao serviços dos seus interesses empresariais e dos índices de capacidade hoteleira ambicionados;
· o entendimento da companhia aérea, seja a TAP ou outra;
· os condicionamentos e constrangimentos existentes, incluindo as tarifas aplicadas nos aeroportos;
· o modelo de gestão da companhia de bandeira, as obrigações que, por decorrência desse estatuto, ela deveria estar obrigada, o descontrolo quanto à qualidade do serviço prestado, a inexistência de penalizações, incluindo internas (na empresa) para atrasos e outras situações vergonhosa se abusivas (veja-se a pouca vergonha que aconteceu recentemente com o F.C.Porto que no regresso da Holanda, viu o seu avião desviado para Lisboa para que, devido ao atraso, não fosse afectada uma ligação que seria efectuada pelo mesmo aparelho para Paris!);
· o próprio modelo de gestão dos aeroportos.
Como facilmente se depreende, não há nem uma uniformidade de pontos de vista, nem muito menos um consenso em termos de especificidade do serviço a ser prestado. A TAP, desde que entrou numa fobia “compradora” (fracassado o negócio dos brasileiros da VARIG, eis que o “bicho-papão” se apoderou de uma quase falida Portugália) e no cumprimento de resultados de gestão visando a eventual privatização da companhia, tem vindo a evidenciar sinais de degradação do serviço, não só aéreo, com constantes atrasos e sobreposições de voos, mas sobretudo uma degradação indesmentível dos serviços prestados em terra, a todos os níveis, a que se junta, conforme me foi dado conhecimento, um clima laboral de permanente insatisfação e de conflitualidades latentes, que em nada na abonam a favor da empresa. A “invenção” da “Ground Force”, que substituiu em terra a TAP, desde os check-in ao manuseamento de bagagens e apoio aos aviões em tráfego nos aeroportos, não resolveu os problemas e as insuficiências estão cada vez mais à vista de todos. Quanto muito permitiu à TAP reduzir, com recurso a esta habilidade administrativa o número de funcionários.
Não se trata – porque recuso alinhar nessa fobia – de atacar a TAP, ou porque subitamente passou a estar na moda, ou porque é ”chique”. Eu sempre me afirmei um defensor da nossa companhia de bandeira, acho que a sua presença na Madeira dificilmente será substituída seja por quem for – muito menos por projectos de alguns empresários que mão passam de “patos-bravos” sem dinheiro nem credibilidade, mas que andam a tentar vender localmente a ideia de que há alternativa à TAP quando sabem, sabemos todos, que não existe. O que se passa é que a TAP tem descuidado várias componentes do serviço que presta, tem descuidado as suas obrigações para com os “seus” passageiros (que são passageiros da TAP e não do aeroporto A,B ou C), situação que tem vindo a vulnerabilizar a sua posição, permitindo que ela se exponha à critica, por vezes contundente da opinião pública em geral, do poder político e dos empresários de turismo e hotelaria. O que precisamos, em meu entender, que não sou especialista nem quero ser, neste tema, é que estas insuficiências sejam rapidamente superadas, que a administração da TAP seja confrontada pelo governo socialista de Lisboa com a exigência de intervenção (em vez do brasileiro que a preside andar distraído com o mercado brasileiro, a querer impor-nos à força, sabe-se lá porquê, a OTA, ou a querer comprar mais alguma companhia aérea brasileira falida), mas em matéria de serviço aéreo tudo deverá ser pensado em termos de complementaridade, tendo a companhia de bandeira como o epicentro. Caso contrário, corremos o risco da opção apontar para soluções pateticamente tidas por “milagrosas”, arquitectadas por interesses, mas que em nada melhoram o serviço a ser prestado a uma ilha com as necessidades específicas como a Madeira.
Eu creio que ao longo destes anos tive oportunidade de defender, mesmo em contra-ciclo, a TAP e não seria agora que alteraria a minha opinião. Basta referir, a atestar o que acabo de afirmar, que nunca, repito, nunca, utilizei até hoje, por questão de princípio, outra companhia para as ligações para fora da Madeira que não a TAP. Sinto-me à vontade, totalmente, para criticar a empresa.
O “Terminal-2”, no aeroporto de Lisboa, sobre o qual não comento pelo simples facto de que ainda não o utilizei até esta data, revela uma atitude discriminatória e reveladora da forma como os passageiros nacionais são encarados por uma tutela que continua a dar mais importância às “milagreiras” “low cost” do que às ligações internas. Esse desprezo talvez explique e ajude a perceber o desleixo em que mergulhou a TAP, no que ao serviço em terra diz respeito e a alguma vergonhosa sucessão de atrasos operacionais, cronicamente atribuídos à “chegada tardia” do avião ou ao “tráfego nos aeroportos XPTO”, de nada valendo a fúria, por vezes descontrolada, dos passageiros. Voltarei a este assunto.
· a perspectiva do poder político que quer transportes eficazes e sem problemas;
· o entendimentos dos hoteleiros que querem os transportes ao serviços dos seus interesses empresariais e dos índices de capacidade hoteleira ambicionados;
· o entendimento da companhia aérea, seja a TAP ou outra;
· os condicionamentos e constrangimentos existentes, incluindo as tarifas aplicadas nos aeroportos;
· o modelo de gestão da companhia de bandeira, as obrigações que, por decorrência desse estatuto, ela deveria estar obrigada, o descontrolo quanto à qualidade do serviço prestado, a inexistência de penalizações, incluindo internas (na empresa) para atrasos e outras situações vergonhosa se abusivas (veja-se a pouca vergonha que aconteceu recentemente com o F.C.Porto que no regresso da Holanda, viu o seu avião desviado para Lisboa para que, devido ao atraso, não fosse afectada uma ligação que seria efectuada pelo mesmo aparelho para Paris!);
· o próprio modelo de gestão dos aeroportos.
Como facilmente se depreende, não há nem uma uniformidade de pontos de vista, nem muito menos um consenso em termos de especificidade do serviço a ser prestado. A TAP, desde que entrou numa fobia “compradora” (fracassado o negócio dos brasileiros da VARIG, eis que o “bicho-papão” se apoderou de uma quase falida Portugália) e no cumprimento de resultados de gestão visando a eventual privatização da companhia, tem vindo a evidenciar sinais de degradação do serviço, não só aéreo, com constantes atrasos e sobreposições de voos, mas sobretudo uma degradação indesmentível dos serviços prestados em terra, a todos os níveis, a que se junta, conforme me foi dado conhecimento, um clima laboral de permanente insatisfação e de conflitualidades latentes, que em nada na abonam a favor da empresa. A “invenção” da “Ground Force”, que substituiu em terra a TAP, desde os check-in ao manuseamento de bagagens e apoio aos aviões em tráfego nos aeroportos, não resolveu os problemas e as insuficiências estão cada vez mais à vista de todos. Quanto muito permitiu à TAP reduzir, com recurso a esta habilidade administrativa o número de funcionários.
Não se trata – porque recuso alinhar nessa fobia – de atacar a TAP, ou porque subitamente passou a estar na moda, ou porque é ”chique”. Eu sempre me afirmei um defensor da nossa companhia de bandeira, acho que a sua presença na Madeira dificilmente será substituída seja por quem for – muito menos por projectos de alguns empresários que mão passam de “patos-bravos” sem dinheiro nem credibilidade, mas que andam a tentar vender localmente a ideia de que há alternativa à TAP quando sabem, sabemos todos, que não existe. O que se passa é que a TAP tem descuidado várias componentes do serviço que presta, tem descuidado as suas obrigações para com os “seus” passageiros (que são passageiros da TAP e não do aeroporto A,B ou C), situação que tem vindo a vulnerabilizar a sua posição, permitindo que ela se exponha à critica, por vezes contundente da opinião pública em geral, do poder político e dos empresários de turismo e hotelaria. O que precisamos, em meu entender, que não sou especialista nem quero ser, neste tema, é que estas insuficiências sejam rapidamente superadas, que a administração da TAP seja confrontada pelo governo socialista de Lisboa com a exigência de intervenção (em vez do brasileiro que a preside andar distraído com o mercado brasileiro, a querer impor-nos à força, sabe-se lá porquê, a OTA, ou a querer comprar mais alguma companhia aérea brasileira falida), mas em matéria de serviço aéreo tudo deverá ser pensado em termos de complementaridade, tendo a companhia de bandeira como o epicentro. Caso contrário, corremos o risco da opção apontar para soluções pateticamente tidas por “milagrosas”, arquitectadas por interesses, mas que em nada melhoram o serviço a ser prestado a uma ilha com as necessidades específicas como a Madeira.
Eu creio que ao longo destes anos tive oportunidade de defender, mesmo em contra-ciclo, a TAP e não seria agora que alteraria a minha opinião. Basta referir, a atestar o que acabo de afirmar, que nunca, repito, nunca, utilizei até hoje, por questão de princípio, outra companhia para as ligações para fora da Madeira que não a TAP. Sinto-me à vontade, totalmente, para criticar a empresa.
O “Terminal-2”, no aeroporto de Lisboa, sobre o qual não comento pelo simples facto de que ainda não o utilizei até esta data, revela uma atitude discriminatória e reveladora da forma como os passageiros nacionais são encarados por uma tutela que continua a dar mais importância às “milagreiras” “low cost” do que às ligações internas. Esse desprezo talvez explique e ajude a perceber o desleixo em que mergulhou a TAP, no que ao serviço em terra diz respeito e a alguma vergonhosa sucessão de atrasos operacionais, cronicamente atribuídos à “chegada tardia” do avião ou ao “tráfego nos aeroportos XPTO”, de nada valendo a fúria, por vezes descontrolada, dos passageiros. Voltarei a este assunto.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 20 de Agosto 2007
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