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terça-feira, 28 de agosto de 2007

O menino judeu que se tornou mascote dos nazis

Marc Kurzem cresceu a ouvir o pai contar histórias: como chegou à Austrália aos 15 anos apenas com uma velha mala castanha e como trabalhou com elefantes num circo. Mas houve uma história que Alex Kurzem nunca contou. Durante 50 anos, este judeu escondeu de todos que aos cinco anos foi "adoptado" pelos nazis. Só em 1997, decidiu revelar o passado e reconstruir o percurso que o levou da aldeia natal na Bielorrússia, então parte da URSS, até Melbourne - agora editado em livro pelo seu filho.Em A Mascote, Marc Kurzem conta como o pai fugiu da sua aldeia perto de Minsk a 20 de Outubro de 1941, dia em que esta foi invadida pelos nazis. "Lembro-me de os alemães alinharem os homens na praça principal para os executar", explicou Alex Kurzem, em entrevista à BBC. O septuagenário (desconhece a sua idade exacta) explicou que a mãe lhe disse que o pai tinha morrido e que "íamos todos ser assassinados". Foi nessa noite que decidiu fugir.Do alto de uma colina, o menino viu a mãe e os irmãos serem mortos, bem como todas as mulheres e crianças da aldeia. Terminado o tiroteio, Kurzem, cujo nome verdadeiro é Ilya Galperin, refugiou-se na florestaApós nove meses a vaguear, a criança foi entregue à polícia letã que veio a integrar as SS, o corpo de elite nazi. Kurzem ainda recorda como deve a vida a um militar que, no dia em que se preparavam para executar os prisioneiros, decidiu salvá-lo apesar de saber que era judeu. "Vens comigo, vou dar-te outro nome e dizer que és um órfão russo", terá dito o sargento Jekabs Kulis Kurzem passou então a ser apresentado como "o mais jovem nazi do Reich" e até recebeu um uniforme feito à sua medida. "Davam-me pequenos trabalhos - engraxar sapatos, carregar água, acender fogueiras", recorda. O seu ar ariano - louro de olhos azuis - ajudou a manter o embuste. Em 1944, com a derrota cada vez mais perto, os nazis entregaram o rapaz a uma família letã. Cinco anos depois, chegava à Austrália, onde viria a trabalhar na reparação de televisores. Em declarações ao diário australiano The Age, o homem disse perceber os que gostariam de o ouvir dizer que odeia os nazis, mas "eu não odeio ninguém". (fonte: HELENA TECEDEIRO, DN de Lisboa)

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