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Opinião e coisas do nosso mundo...

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Política ou negócio?

A pergunta que serve de título principal a este trabalho tem a resposta que se lhe queira dar. Como se percebe lendo os vários depoimentos recolhidos, há opiniões para todos os gostos. O ponto de partida é, ainda assim, consensual: ninguém contesta que os políticos portugueses são efectivamente mal remunerados quando comparados com os quadros de topo da privada - como Paulo Macedo desassombradamente lembrou na entrevista que publicámos na última edição. Mas já ninguém se atreve a dizer que €5000 (ou mesmo €3500, que é quanto aufere um deputado) é um mau ordenado num país cuja média salarial, segundo os dados oficiais, é de €700. Esse é, de resto, o argumento avançado pelos políticos em funções para, sincera ou calculadamente, se recusarem a abordar um assunto controverso (e com previsíveis custos eleitorais). Ainda esta semana o ouvi, em privado, a um ministro. Que aliás acrescentou que, num momento em que se pedem sacrifícios aos contribuintes, seria no mínimo imoral propor o aumento do vencimento dos políticos. Acresce que há uma componente não tangível na remuneração dos políticos. A seu tempo, aqueles que cessam funções públicas e resolvem (seguindo o conselho de Mário Soares) ir ‘governar-se’ para a privada, não se dão mal. Vista desta forma, a carreira política é como um investimento em bolsa: pode até perder-se dinheiro no imediato, mas a perspectiva de lucro, a médio prazo, é sempre atraente. O que muito provavelmente explica a razão pela qual nunca um partido deixou de concorrer a eleições por falta de candidatos. Não é, pois, expectável que as coisas mudem. Até porque, apenas três meses depois de tomar posse, este Governo mereceu o aplauso generalizado por ter cortado num conjunto de privilégios dos titulares de cargos políticos, nomeadamente a possibilidade de acumulação de reformas públicas e privadas e as subvenções vitalícias. Fui das que aplaudi. A actividade política é, por definição, serviço público e espírito de missão. No dia em que deixar de o ser, já não falaremos de política. Mas de negócio. (fonte: Expresso)

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