Luso-americano ganha processo inédito contra a American Airlines
Um luso-americano que foi detido pela polícia depois de ter sido considerado suspeito de terrorismo num voo da American Airlines vai receber 400 mil dólares (308 mil euros) de indemnização da companhia aérea. Um porta-voz da American Airlines afirmou que a decisão do júri "não é apoiada pelos factos ou pela lei", pelo que a companhia está "a avaliar a s suas opções jurídicas". Um tribunal de Boston, no estado do Massachussetts, decidiu que a American Airlines terá que pagar 400 mil dólares de indemnização a John Cerqueira, 39 anos, que no dia 28 de Dezembro de 2003 foi forçado a sair de um avião com destino a Fort Lauderdale, na Florida, porque os funcionários suspeitaram de que fosse terrorista. Cerqueira, que nasceu em Portugal mas cresceu em Fall River, perto de Boston, estava sentado ao lado de dois cidadãos israelitas cujo comportamento levantou suspeitas entre os assistentes de bordo. O comandante John Ehlers considerou que os três passageiros tinham feito "comentários impróprios e suspeitos". A polícia forçou então os três passageiros a abandonar o avião, mas acabou por libertá-los duas horas depois. Apesar da decisão policial, a American Airlines proibiu a entrada de John Cerqueira nos seus aviões e devolveu-lhe o valor do bilhete. Na altura, o luso-americano disse à imprensa ter sido tratado "como um terrorista" e que não teve possibilidade de "poder provar que não tinha feito ou dito algo" de errado. Cerqueira disse ainda que os dois israelitas sentados ao seu lado "falavam alto" mas sublinhou que não os conhecia.
Decisão envia mensagem às companhias aéreas
"Estou grato ao júri por ter enviado uma mensagem à American Airlines de que não pode usar o pretexto da segurança para cometer ilegalidades", disse Cerqueira em declarações ao "Boston Globe". "Eles pensaram que podiam ir a tribunal e dizer que era uma questão de segurança para estarem acima da lei. O júri disse que não podem fazer isso", acrescentou. O advogado David Godkin argumentou que Cerqueira foi expulso do avião apenas pela sua aparência física. "Se Cerqueira fosse uma mulher loira de meia-idade teria acontecido o mesmo?" interrogou Godkin, em declarações a um outro jornal, o "Boston Herald". "Seria normal que tivessem apresentado desculpas e que o tivessem colocado em primeira classe, garantindo que chegaria ao seu destino nesse mesmo dia, mas não o fizeram", lamentou. O luso-americano disse estar consciente de que os ataques de 11 de Setembro "ainda pesam nas consciências". "Se me tivessem colocado noutro voo, nada disto se teria acontecido", admitiu. Desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, em que a American Airlines perdeu dois aviões, têm-se registado vários incidentes idênticos, que reflectem o nervosismo da indústria aérea norte-americana. Em Novembro do ano passado, seis clérigos muçulmanos, alguns dos quais com nacionalidade norte- americana, foram impedidos de embarcar num avião da US Airways, no Minnesota, depois de terem sido acusados de "actividade suspeita" pelo pessoal de bordo. Os seis clérigos tinham rezado antes de entrarem no avião. Em Maio do ano passado, quatro membros das Forças Armadas angolanas foram detidos por breves momentos no aeroporto internacional de Newark por terem "actuado de forma suspeita" num voo proveniente de Dallas, no Texas, para essa cidade. Um quinto passageiro de cidadania israelita, que viajava com os angolanos, foi também detido e interrogado. Os angolanos e o israelita tinham levantado a suspeita dos assistentes de bordo por terem trocado várias vezes de lugar e estarem a ler manuais de voo. Descobriu-se posteriormente que tinham terminado um curso de voo de helicópteros no Texas. Tantos têm sido os casos que o Departamento de Transportes dos Estados Unidos já avisou a American Airlines, a Continental e a Delta de que situações do género violam leis federais contra a discriminação. O caso de Cerqueira foi contudo o primeiro a chegar a tribunal e a ganhar um processo, daí a controvérsia que está a gerar. Fonte: Lusa
Decisão envia mensagem às companhias aéreas
"Estou grato ao júri por ter enviado uma mensagem à American Airlines de que não pode usar o pretexto da segurança para cometer ilegalidades", disse Cerqueira em declarações ao "Boston Globe". "Eles pensaram que podiam ir a tribunal e dizer que era uma questão de segurança para estarem acima da lei. O júri disse que não podem fazer isso", acrescentou. O advogado David Godkin argumentou que Cerqueira foi expulso do avião apenas pela sua aparência física. "Se Cerqueira fosse uma mulher loira de meia-idade teria acontecido o mesmo?" interrogou Godkin, em declarações a um outro jornal, o "Boston Herald". "Seria normal que tivessem apresentado desculpas e que o tivessem colocado em primeira classe, garantindo que chegaria ao seu destino nesse mesmo dia, mas não o fizeram", lamentou. O luso-americano disse estar consciente de que os ataques de 11 de Setembro "ainda pesam nas consciências". "Se me tivessem colocado noutro voo, nada disto se teria acontecido", admitiu. Desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, em que a American Airlines perdeu dois aviões, têm-se registado vários incidentes idênticos, que reflectem o nervosismo da indústria aérea norte-americana. Em Novembro do ano passado, seis clérigos muçulmanos, alguns dos quais com nacionalidade norte- americana, foram impedidos de embarcar num avião da US Airways, no Minnesota, depois de terem sido acusados de "actividade suspeita" pelo pessoal de bordo. Os seis clérigos tinham rezado antes de entrarem no avião. Em Maio do ano passado, quatro membros das Forças Armadas angolanas foram detidos por breves momentos no aeroporto internacional de Newark por terem "actuado de forma suspeita" num voo proveniente de Dallas, no Texas, para essa cidade. Um quinto passageiro de cidadania israelita, que viajava com os angolanos, foi também detido e interrogado. Os angolanos e o israelita tinham levantado a suspeita dos assistentes de bordo por terem trocado várias vezes de lugar e estarem a ler manuais de voo. Descobriu-se posteriormente que tinham terminado um curso de voo de helicópteros no Texas. Tantos têm sido os casos que o Departamento de Transportes dos Estados Unidos já avisou a American Airlines, a Continental e a Delta de que situações do género violam leis federais contra a discriminação. O caso de Cerqueira foi contudo o primeiro a chegar a tribunal e a ganhar um processo, daí a controvérsia que está a gerar. Fonte: Lusa
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