Pais acusados de raptar filha para evitar casamento
Pouco ou nada se soube da primeira sessão do julgamento de Lemuel e Julia Redd, os pais de uma jovem de 21 anos do Utah (EUA) que a terão raptado na véspera do seu casamento e a terão mantido por mais de 24 horas fora das fronteiras do estado, de forma a evitar a realização da cerimónia. O plano terminou, porém, em fracasso: depois de convencer os pais a levá-la de volta para a cidade de Provo, onde frequenta a universidade, Julianna acabaria mesmo por casar-se três dias depois da data prevista. Mas o incidente valeu a Lemuel e Julia um inesperado e invulgar confronto com a lei: os dois foram acusados dos crimes de conspiração e rapto, puníveis com uma pena de prisão até 15 anos e dez mil dólares de multa.
O caso atraiu a curiosidade nacional e internacional, não tanto pelo drama familiar mas por causa do processo judicial. Na sala de audiências juntou-se uma multidão de repórteres e curiosos. "Os meus clientes, dois simples agricultores do sul do estado do Utah, não cometeram crime nenhum. Estavam apenas a exercer os seus direitos e deveres como pais, preocupados com o futuro da filha. Toda esta atenção pública é deveras desconfortável para eles", comentou o advogado de defesa, Gregory Skordas.
Na primeira presença em tribunal a acusação limitou-se a explicar ao juiz que o processo tinha resultado da investigação de uma queixa por desaparecimento, apresentada na esquadra da polícia local. O autor da queixa foi Perry Myers, o noivo de Julianna, que na altura a esperava para um jantar com a família: quando a jovem não apareceu, não atendeu o telefone e comprovadamente não estava em casa, Myers recorreu às autoridades para encontrar a noiva.
Segundo reconstituiu o Ministério Público, nesse dia os pais de Julianna foram ter com a filha a Provo logo pela manhã e sob o pretexto de que queriam ir às compras tê-la-ão "violentamente arrastado" para o automóvel e iniciado um percurso de quase 400 quilómetros que os levou até Grand Junction, no Colorado, onde pernoitaram, contra a vontade da rapariga.
No dia seguinte, a filha terá conseguido argumentar com os pais, que a trouxeram de regresso a Provo. Como explicou Julianna à imprensa local, os pais discordavam da sua decisão de se casar e "implicavam" com o noivo, que consideravam insolente e abusivo. "No princípio, quando o conheceram, até pareceram gostar dele. Mas de repente, quando eu comecei a planear o casamento, a minha mãe começou a dizer mal dele e a dizer que eu não sabia o que estava a fazer", contou.
"Magoada com a atitude deles"
Sobre o incidente Julianna disse apenas que a sua única preocupação foi a impossibilidade de contactar o noivo para o avisar de que não poderia atender ao jantar de família que este tinha preparado. Nunca teve medo dos pais: "Eles só me queriam levar para fora de Provo. Têm as suas razões, que na minha opinião são razões religiosas muito estranhas e com as quais não concordo, mas não quero falar sobre isso", disse a jovem ao jornal da sua universidade. Julianna e Perry Myers, de 23 anos, conheceram-se na Brigham Young University, em Provo, onde estudam. Os dois acabaram por conseguir cumprir os seus planos de casamento, três dias depois da data original de 5 de Agosto. Julianne, que não compareceu à primeira sessão do julgamento, está grávida. "Não estou zangada nem procuro nenhuma vingança. Neste momento não falo com os meus pais porque me sinto magoada com a atitude deles [a mãe ter-lhe-á enviado uma carta a condenar o casamento], mas não quero vê-los na cadeia. O que está a acontecer é entre eles e o estado, que é o responsável pelo processo."
Rita Siza, Washington (Publico)
O caso atraiu a curiosidade nacional e internacional, não tanto pelo drama familiar mas por causa do processo judicial. Na sala de audiências juntou-se uma multidão de repórteres e curiosos. "Os meus clientes, dois simples agricultores do sul do estado do Utah, não cometeram crime nenhum. Estavam apenas a exercer os seus direitos e deveres como pais, preocupados com o futuro da filha. Toda esta atenção pública é deveras desconfortável para eles", comentou o advogado de defesa, Gregory Skordas.
Na primeira presença em tribunal a acusação limitou-se a explicar ao juiz que o processo tinha resultado da investigação de uma queixa por desaparecimento, apresentada na esquadra da polícia local. O autor da queixa foi Perry Myers, o noivo de Julianna, que na altura a esperava para um jantar com a família: quando a jovem não apareceu, não atendeu o telefone e comprovadamente não estava em casa, Myers recorreu às autoridades para encontrar a noiva.
Segundo reconstituiu o Ministério Público, nesse dia os pais de Julianna foram ter com a filha a Provo logo pela manhã e sob o pretexto de que queriam ir às compras tê-la-ão "violentamente arrastado" para o automóvel e iniciado um percurso de quase 400 quilómetros que os levou até Grand Junction, no Colorado, onde pernoitaram, contra a vontade da rapariga.
No dia seguinte, a filha terá conseguido argumentar com os pais, que a trouxeram de regresso a Provo. Como explicou Julianna à imprensa local, os pais discordavam da sua decisão de se casar e "implicavam" com o noivo, que consideravam insolente e abusivo. "No princípio, quando o conheceram, até pareceram gostar dele. Mas de repente, quando eu comecei a planear o casamento, a minha mãe começou a dizer mal dele e a dizer que eu não sabia o que estava a fazer", contou.
"Magoada com a atitude deles"
Sobre o incidente Julianna disse apenas que a sua única preocupação foi a impossibilidade de contactar o noivo para o avisar de que não poderia atender ao jantar de família que este tinha preparado. Nunca teve medo dos pais: "Eles só me queriam levar para fora de Provo. Têm as suas razões, que na minha opinião são razões religiosas muito estranhas e com as quais não concordo, mas não quero falar sobre isso", disse a jovem ao jornal da sua universidade. Julianna e Perry Myers, de 23 anos, conheceram-se na Brigham Young University, em Provo, onde estudam. Os dois acabaram por conseguir cumprir os seus planos de casamento, três dias depois da data original de 5 de Agosto. Julianne, que não compareceu à primeira sessão do julgamento, está grávida. "Não estou zangada nem procuro nenhuma vingança. Neste momento não falo com os meus pais porque me sinto magoada com a atitude deles [a mãe ter-lhe-á enviado uma carta a condenar o casamento], mas não quero vê-los na cadeia. O que está a acontecer é entre eles e o estado, que é o responsável pelo processo."
Rita Siza, Washington (Publico)
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